ESSA TAL CONDIÇÃO
HUMANA
1984. Berlim
Oriental. A Alemanha está dividida entre a parte Ocidental e a Oriental. Hauptmann
Gerd Wiesler (Ulrich Mühe) é um capitão da Stasi, a Polícia Secreta Alemã, escalado
para investigar a vida do prestigiado dramaturgo Georg Dreyman (Sebastian Koch), a pedido do
Ministro da Cultura Bruno Hempf (Thomas Thieme), que confidencia
acreditar que Dreyman (o único leal ao partido) estaria ligado a grupos subversivos. Gerd entra em ação e
passa a vigiá-lo, colocando diversas escutas e até uma câmera
no apartamento do artista, tudo sendo transcrito em uma máquina de escrever velha para
ser enviado ao partido.
Gerd é um homem altamente disciplinado, de poucas palavras, metódico, com um rosto sempre sério e atitudes medidas. Pensa, mas não deixa transparecer sua emoções. Começa a ser pressionado a encontrar uma evidência, mas algo começa a incomodá-lo: o ministro que tanto quer descobrir algo errado com o dramaturgo parece nutrir sentimentos pela namorada deste, Christa-Maria Sieland (Martina Gedeck), uma famosa atriz, revelando que as reais motivações não atendem o interesse do Estado, mas de uma pessoa poderosa que usufrui de um cargo privilegiado. Gerd passa a questionar o seu papel dentro de um sistema que não deveria ser usado para tal finalidade.
Gerd se dá conta que entrou em jogo do poder perigoso: não pode
inventar provas, pois seria contra sua ética, crenças e valores, mas tem que encontrar
algo que o todo poderoso ministro deseja, para
este ficar com a namorada do teatrólogo, além do seu chefe imediato que seria beneficiado diretamente no caso. Dreyman parece ser uma pessoa
normal, criar uma prova nesse regime não seria difícil e sua carreira poderia
ser bem gloriosa. Mas aprisionar um homem inocente para agradar a outro? Destruir a vida de um casal? Uma dualidade que passa a atormentar Gerd, que procura um meio de
evitar que o sistema seja corrompido de dentro pra fora. Mas, e se Dreyman for culpado no final das contas?
"A Vida dos Outros" é um premiadíssimo filme que, merecidamente,
levou o Oscar de
Melhor Filme Estrangeiro de 2007. Um retrato de como o poder pode ser
desvirtuado
em prol de interesses próprios. Gerd acredita
no
sistema que defende e usa suas habilidades pra evitar que
"opositores" desse regime possam minar aquilo que considera o melhor
para sua sociedade. Seu papel é descobrir informações que identifiquem
esses "inimigos do socialismo", seja através de escutas ou longos
interrogatórios. O regime é
duro. As pessoas são vigiadas. Uma palavra mal colocada pode levar
um cidadão a ser preso ou ficar marcado pelo resto da vida.
Escrito e dirigido por Florian Henckel von Donnersmarck, em seu primeiro longa, é um filme passado na pré-queda do Muro de Berlim e sua produção (apesar de ser baixo custo) é de primeira: estória, fotografia, direção e atores. Tudo funciona em perfeita harmonia. O filme parece caminhar em uma direção em que tudo ficará no modo de como Gerd seguirá com esta questão. Só que o filme começa a revelar outras situações que o espectador não esperava. O temido agente parece se humanizar, algo o vai lentamente transformando. Conviver com a situação do casal lhe mostra um outro mundo, um novo ponto de vista e isso pode tornar-se muito perigoso para Gerd.
O trunfo de "A vida dos Outros" é mostrar uma estória de um modo tocante, envolvente, poético na qual o rumo dos personagens e circunstâncias mudam constantemente. Aliado a isso temos uma performance de altíssimo nível de Ulrich Mühe, falecido um ano depois. Se o Oscar fosse uma premiação globalizada, Ulrich, poderia levar até mesmo o prêmio de melhor ator.
"A Vida dos Outros' não centra apenas em uma estória sobre a Alemanha Oriental e a Stasi, mas sobre personagens e seus envolvimentos dentro desse contexto, mostrando um painel da vida daquelas pessoas e como o sistema corrupto, delator e totalitário as tratavam de um modo muitas vezes assustador e opressor. Como cereja do bolo temos um final de uma incrível sutileza.
Trailer:
Curiosidades:
Consta do livro "1001 Filmes Para Se Ver Antes de Morrer";
O ator Ulrich Mühe faleceu, aos 54 anos, de câncer no estômago. Ela era da Alemanha Oriental e teria sido também vigiado pela Stasi. Sua participação sempre foi maior no teatro que no cinema;
O filme custou em torno de $ 2.000.000,00 e faturou mais $ 77.000.000,00 ao redor do mundo;
O próprio ator Sebastian Koch tocou "Sonata Para Um Homem Bom", ao piano, no filme;
Em um livro descrevendo os bastidores do filme Ulrich revelou que sua ex-esposa, Jenny Gröllmann (1947–2006), seria uma suposta informante do regime;
Supõe-se que um em cada dez cidadãos estavam ligados de algum modo à Stasi;
Após a queda do Muro de Berlim os cidadãos tiveram acesso as informações sobre quem era investigado;
O símbolo da Stasi era a espada e o escudo. A Stasi foi uma das mais eficentes e implacáveis polícias secretas do bloco soviético;
O roteiro foi escrito durante o retiro do diretor em um Mosteiro.
Fontes:
IMDB
Jornal O Globo
1001 Filmes Para se Ver Antes de Morrer
Globo.com
The New York Times
Veja.com
Escrito e dirigido por Florian Henckel von Donnersmarck, em seu primeiro longa, é um filme passado na pré-queda do Muro de Berlim e sua produção (apesar de ser baixo custo) é de primeira: estória, fotografia, direção e atores. Tudo funciona em perfeita harmonia. O filme parece caminhar em uma direção em que tudo ficará no modo de como Gerd seguirá com esta questão. Só que o filme começa a revelar outras situações que o espectador não esperava. O temido agente parece se humanizar, algo o vai lentamente transformando. Conviver com a situação do casal lhe mostra um outro mundo, um novo ponto de vista e isso pode tornar-se muito perigoso para Gerd.
O trunfo de "A vida dos Outros" é mostrar uma estória de um modo tocante, envolvente, poético na qual o rumo dos personagens e circunstâncias mudam constantemente. Aliado a isso temos uma performance de altíssimo nível de Ulrich Mühe, falecido um ano depois. Se o Oscar fosse uma premiação globalizada, Ulrich, poderia levar até mesmo o prêmio de melhor ator.
"A Vida dos Outros' não centra apenas em uma estória sobre a Alemanha Oriental e a Stasi, mas sobre personagens e seus envolvimentos dentro desse contexto, mostrando um painel da vida daquelas pessoas e como o sistema corrupto, delator e totalitário as tratavam de um modo muitas vezes assustador e opressor. Como cereja do bolo temos um final de uma incrível sutileza.
Trailer:
Curiosidades:
Consta do livro "1001 Filmes Para Se Ver Antes de Morrer";
O ator Ulrich Mühe faleceu, aos 54 anos, de câncer no estômago. Ela era da Alemanha Oriental e teria sido também vigiado pela Stasi. Sua participação sempre foi maior no teatro que no cinema;
O filme custou em torno de $ 2.000.000,00 e faturou mais $ 77.000.000,00 ao redor do mundo;
O próprio ator Sebastian Koch tocou "Sonata Para Um Homem Bom", ao piano, no filme;
Em um livro descrevendo os bastidores do filme Ulrich revelou que sua ex-esposa, Jenny Gröllmann (1947–2006), seria uma suposta informante do regime;
Supõe-se que um em cada dez cidadãos estavam ligados de algum modo à Stasi;
Após a queda do Muro de Berlim os cidadãos tiveram acesso as informações sobre quem era investigado;
O símbolo da Stasi era a espada e o escudo. A Stasi foi uma das mais eficentes e implacáveis polícias secretas do bloco soviético;
O roteiro foi escrito durante o retiro do diretor em um Mosteiro.
Fontes:
IMDB
Jornal O Globo
1001 Filmes Para se Ver Antes de Morrer
Globo.com
The New York Times
Veja.com
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