FAÇA A DIFERENÇA
Ron e Debbie (Greg Kinnear e
Renee Zellweger) são um casal passando por uma crise conjugal devido a traição
de Ron. Debbie aceita perdoar Ron, que prometera
fazer qualquer coisa para reconquistá-la, lhe desafiando, como forma de
penitência, a ser voluntário em
uma cozinha local na Union Gospel Mission de Fort Worth que ajuda a aplacar a
fome dos sem-teto locais. Debbie teve
um sonho em que via um estranho senhor pobre e sábio, mas não conseguiu
compreender qual seria o seu significado. Ron, um rico negociante de obras de
arte do Texas, entende que preencher um cheque resolveria mais rapidamente o
problema sem precisar “arregaçar as mangas”, mas a persistência da esposa o
obriga a ficar, a contragosto, naquele local que considera “inadequado” e possivelmente
repleto de germes desconhecidos.
Um sem teto local invade furiosamente o local com um taco de beisebol quebrando vários objetos, inclusive uma vidraça interna. Seu nome: “Suicide” (“Suicídio”). Debbie percebe que aquele homem insano é o misterioso homem de seu sonho e pede que Ron descubra um pouco mais sobre ele, mas o encontro de ambos termina com Ron tendo a janela de seu carro quebrada por “Suicide” (Djimon Hounsou). Debbie inspira Ron a superar seu medo e este oferece um prato de comida aquela pessoa anti-social. O ato chama atenção de "Suicide". E Ron começa a descobrir quem realmente é a pessoa que existe por trás das aparências, sua vida, suas dificuldades e dores, ao mesmo tempo que tenta lidar com o pai alcoólatra Earl (Jon Voight) e o descobrimento do câncer de Debbie.
Baseado em um livro de memórias autobiográfico de Ron Hall (Same Kind of Different as Me – que ficou três anos e meio na lista dos mais vendidos do New York Times) e marcando a estreia de Michael Carney, seu único filme até o momento, como diretor, atuando também como produtor executivo do filme, Somos Todos Iguais é um filme bem-intencionado e sincero, estrelado por artistas vencedores e indicados do Oscar. Foi filmado em Canton, Mississippi, mesmo local onde "Tempo de Violência" (A Time to Kill- 1996) foi filmado. Sua mensagem é poderosa: um pequeno gesto ou um reconhecimento pode fazer toda a diferença para mudar a vida de alguém; que doar de si mesmo pode ter mais valor do que preencher um cheque deixando que outros se envolvam; que juntar dinheiro para a caridade ajuda, mas que ajudar diretamente pessoas transformam ambos os lados, que ninguém sai indiferente de uma experiência desse tipo e que subestimamos a nossa crença de fazer a diferença nas decisões que tomamos, todos os dias.
O filme é contado da perspectiva de Ron, que encontra "Suicide" e que revela chamar-se Denver Moore possuindo memórias brutais: um menino que viveu na Louisiana (um dos estados mais racistas dos EUA), ficando com a avó enferma, cujo incêndio o tornou um órfão. Seu batismo à beira do rio. Seu trabalho na coleta de algodão em um regime de semiescravidão (não recebia dinheiro, lhe negaram estudo e notícias do mundo à sua volta, completamente afastado do movimento pelos direitos civis). Seu espancamento por membros do KKK quando adolescente. Sua fuga daquele local, indo parar em uma cidade. Sua prisão por 10 anos, na brutal prisão de Angola (Louisiana), e sua descrença na humanidade, isolado do mundo, como muitos atualmente, mas que não o impediu de ajudar uma pessoa que já não pode cuidar de si mesma. Pessoas que tiveram um sonho como todos nós, mas, em algum momento, se desviaram desse caminho ou foram desviados pelas circunstâncias. É através de Denver que Ron e Debbie começam a entender o sentido da abnegação, do valor do próximo e da cura de seu próprio casamento. Um relacionamento destinado a mudar suas vidas.
Há uma aura de dura verdade em torno dos flashbacks da infância de Denver, assim como quando um dos colegas de Ron em um clube de campo o chama e sugere que nem todos "concordam" que levar Denver aquele local seja adequado. Ou, até mesmo, quando Ron e Denver visitam um museu de arte e Ron prova ser um crítico astuto, mesmo sem formação escolar básica, de Pablo Picasso, um homem da qual nunca tinha ouvido falar. Esse drama fascinante e empático baseado na fé, baseado em fatos reais, de uma conexão improvável, tem pouco aceite do público que, muitas vezes, se sente mais confortável com filmes que tragam maior brutalidade, maior realidade e façam maior sentido nesse mundo frio que vivemos, sem a necessidade de uma reflexão mais profunda. E Hollywood não perde tempo em segmentar suas produções de acordo com o gosto de seus consumidores.
O elenco é muito bom. Djimon Hounsou (de "Diamante de Sangue", Amistad", "Forças Especiais") tem uma atuação poderosa ao nos mostrar suas duas faces: a resistência à mudança e o aceite dessa amizade que teme ser como as pescarias dos ricos: “pesque e largue (solte)”. Hounsou torna o filme possível na mensagem que seu personagem transmite, que se torna peça fundamental para extinguir a divisão entre Ron e Debbie e entre Ron e Earl. Greg Kinnear ("Pequena Miss Sunshine", "Melhor Impossível") tem outra atuação no gênero em um filme bem interessante: "O Céu é de Verdade" ("Heaven Is for Real"). Sua atuação de um personagem revestido de incredulidade inicial, contrastando com sua dedicação final, torna o filme ainda mais inspirador. Renee Zellweger ("O Diário de Bridget Jones") é o elo de ligação entre os personagens e sua personagem tem muita importância na história. A destacar John Voight como o pai alcoólatra de Ron que tem imensa dificuldade de se relacionar com o filho.
Somos Todos Iguais (título brasileiro com sentido diferente de seu título original. Talvez o título francês elucide melhor a frase: "Ces différences qui nous rapprochent" -"Diferenças que nos unem") traz a mensagem que todos podemos dar um pouco de nossa contribuição para um mundo mais justo, que atos aleatórios de bondade surgem efeito e que o ser humano perdeu um pouco o entendimento do que um pequeno ato de bondade pode fazer com seu semelhante. Que há muitos esperando ser apenas resgatados, sair da invisibilidade diária, a qual a sociedade os relegam. A improvável união de Ron e Denver arrecadou mais de 100 milhões de dólares e fez a diferença para milhares de pessoas ao redor dos Estados Unidos.
Trailer:
Curiosidades:
Disponível no catálogo da Netflix
Esta produção foi originalmente definida para ser o primeiro filme de Renée Zellweger em seis anos. Tinha uma data de lançamento em abril de 2016, mas foi posteriormente adiado para fevereiro de 2017 e O Bebê de Bridget Jones (2016) se tornou sua primeira aparição na tela grande após seu hiato.
O elenco inclui dois vencedores do Oscar: Renée Zellweger e Jon Voight; e dois indicados ao Oscar: Greg Kinnear e Djimon Hounsou.
Custo: $15.000.000,00 Arrecadado: $6.423.605,00
Recebido o prêmio de Melhor Filme pelo Grande Júri no "Winnipeg Real to Reel Film Festival 2018"
Indicado ao prêmio de Filme Inspirador do Ano no "GMA Dove Awards 2018"
Quando Ron Hall (Greg Kinnear) diz a sua esposa, Debbie (Renée Zellweger), que a ama, ela responde "Eu sei". Todo fã de Star Wars conhece a história: quando a princesa Leia (Carrie Fisher) finalmente professa seu amor por Han Solo (Harrison Ford) em "Star Wars: Episódio V - O Império Contra-Ataca" (1980), sua resposta roteirizada foi "Eu te amo, também". Em vez disso, Harrison disse: "Eu sei".
Djimon Gaston Hounsou (1964) é ator, dançarino e modelo originário da República do Benim (África Ocidental). Naturalizado americano.
O Livro:
Cartaz:
Trilha Sonora:
STUBBORN ANGEL - BRAD
PAISLEY
O Trio Principal
Filmografia Parcial:
Greg Kinnear
Assassinato no Mississipi (1990); Dillinger (1991); Sabrina (1995); Melhor é Impossível (1997); Mens@gem para Você (1998); Heróis Muito Loucos (1999); O Otário (2000); O Dom da Premonição (2000); Alguém como Você (2001); Ligado em Você (2003); O Enviado (2004); Pequena Miss Sunshine (2006); O Invencível (2006); Zona Verde (2010); Numa Fria (2011); Ligados Pelo Amor (2012); O Céu é de Verdade (2014); Melhores Amigos (2016); As Aventuras de Brigsby Bear (2017); Somos Todos Iguais (2017); House of Cards (seriado 2018); Phil (2019); Frankie (2019); Missão no Mar Vermelho (2019); Dreamland (2020)
Renee Zellweger
O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno (1994); Caindo na Real (1994); 8 Segundos (1994); Jerry Maguire - A Grande Virada (1996); Procura-se uma Noiva (1999); Eu, Eu Mesmo e Irene (2000); O Diário de Bridget Jones (2001); Deixe-me Viver (2002); Cold Mountain (2002); Bridget Jones, no Limite da Razão (2004); Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei (2008); Caso 39 (2009); O Bebê de Bridget Jones (2016); Somos Todos Iguais (2017); Segredos e Despedidas (2018); Judy: Muito Além do Arco-Íris (2019); Judy: Muito Além do Arco-Íris (2019)
Djimon Hounsou
Obsessão Fatal (1992); Stargate - A Chave para o Futuro da Humanidade (1994); Amistad (1997); Tentáculos (1998); Gladiador (2000); Corridas Clandestinas (2003); Constantine (2005); A Ilha (2005); Diamante de Sangue (2006); A Tempestade (2010); Forças Especiais (2011); Guardiões da Galáxia (2014); Velozes & Furiosos 7 (2015); Exorcistas do Vaticano (2015); Sem Ar (2015); A Lenda de Tarzan (2016); Rei Arthur: A Lenda da Espada (2017); Aquaman (voz 2018); Somos Todos Iguais (2017); Capitã Marvel (2019); Shazam! (2019); As Panteras (2019); Kingsman: The Great Game (2020); King's Man: A Origem (2020); Um Lugar Silencioso - Parte II (2020); Blazing Samurai (2021); King's Man: A Origem (2021)
John Voight
Perdidos na
Noite (1969); O Dossiê de Odessa (1974); Amargo Regresso (1978); O Campeão
(1979); Expresso Para o Inferno (1985); Fogo Contra Fogo (1995); Missão:
Impossível (1996); O Massacre de Rosewood (1997); Anaconda (1997); Procurado (1997);
Inimigo do Estado (1998); Pearl Harbor (2001); Ali (2001); Sob o Domínio do Mal (2004); A Lenda do
Tesouro Perdido (2004); Transformers (2007); A Lenda do Tesouro Perdido: Livro
dos Segredos (2007); Drácula - O Príncipe Das Trevas (2013); Animais
Fantásticos e Onde Habitam (2016).
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