A INVASÃO DAS RÃS / FROGS (1972) - ESTADOS UNIDOS

BATRACOFOBIA

Clint (Adam Roarke) e sua irmã Karen (Joan Van Ark) em um passeio de barco acidentalmente abalroam a canoa de Pickett Simth, (Sam Elliott), um fotografo que se encontrava no local tirando fotos para uma revista de ecologia. A dupla reboca a canoa de Pickett e lhe oferece uma breve estadia, como convidado, na ilha para a comemoração anual do aniversário de Jason (Ray Milland), pai da dupla, um homem idoso que através de seu dinheiro exerce o poder sobre toda a família, além da comemoração do dia independência americana. Pickett  acaba passando a noite quando descobre que as linhas telefônicas estão mudas.  No mesmo local encontram-se a esposa de Clint, Jenny (Lynn Borden), seus dois filhos pequenos Jay (Hal Hodges) e Tina (Dale Willingham); A tia de Clint, Iris Martindale (Holly Irving) com seu marido Stuart (George Skaff), além dos filhos destes, Michael (David Gilliam) e Kenneth (Nicholas Cortland) este último com a namorada Bella (Judy Pace). E os empregados Maybelle (Mae Mercer) e Charles (Lance Taylor, Sr.).

Pela manhã, quando Pickett resolve partir, Jason lhe solicita um favor: que encontre um empregado encarregado de espalhar veneno nas proximidades e erradicar uma infestação de sapos. Pickett encontra o homem morto, envolto por várias serpentes, e resolve voltar e comunicar o que vira a Jason que pede para guardar segredo e não estragar sua festa.  Quando Maybelle e Charles encontram uma venenosa cobra d’agua na sala, a verdade vem a tona: a abundancia de animais e repteis torna-se uma ameaça aos visitantes o que gera um clima estranho e impalpável no ar. 

Lançado três anos antes de Tubarão, A Vingança dos Sapos, ao contrário do que o cartaz do filme sugere não é sobre sapos gigantes engolidores de Homo (pouco) Sapiens. É um terror ecológico. Na verdade o que eles fazem exatamente não fica muito claro. Seriam sapos secientes e telepatas ? Por que dar um título a um filme (Frogs – Sapos) em que os sapinhos saltitantes (??) não matam ninguém e nem venenosos são? Bom, elas estão sempre lá. Assistindo.  Mas a pergunta mais interessante talvez seja por que Sam Elliott (Tombstone, Matador de Aluguel) e Ray Milland (Oscar por Farrapo Humano) aceitaram encarar um roteiro tão sem noção?

Em algum momento o cinema americano começou a pensar que personagens de carne e osso  já não despertavam tanto interesse e que a morbidez crescente do público revelar-se-ia um mercado bem interessante. E a invasão das rãs resolveu apostar em toda sorte de animais peçonhentos e na repulsa natural de certos espectadores.  O  roteiro superficial não explica como esses seres conseguem criar suas "estratégias". Os sapos são os mais inteligentes e comandam o bando. George Orwell, se vivo, acharia interessante essa variação pantanosa de seu livro “A Revolução dos Bichos”.

té o final da narrativa muitos perecerão nessa família disfuncional e Picket e Karen percebem que devem fugir da ilha. As mortes são bizarras e exageradas, sedo que a morte mais convincente é a que não vemos: a do faz tudo, já encontrado enrolado por um bando de cobras no meio do pântano. De resto temos Stuart fugindo de crocodilos e sendo morto por eles (reparem que a boca do animal está fechada com uma fita enquanto Stuart luta com ele !!), Um dos homens é morto por asfixia em uma estufa quando lagartos derrubam produtos químicos (???!!!);  a tia Iris, caçadora de borboletas, que cai na lama sendo tomada por sanguessugas  ainda levando uma picada de uma cascavel. Mas, o mais incrível, vem a seguir: um dos personagens carrega uma espingarda, dá um tiro acidental no pé (!!!!) e tarântulas caem por cima dele com uns cipós que rapidamente fecham com teias (acreditem !!!). Enquanto isso Sam Elliott, Ray Milland, Joan Van Ark e Judy Pace tentam levar seus papéis a sério e dar alguma consistência ao filme. 

Além da bela fotografia, o grande mérito é do montador do filme que tenta nos fazer acreditar que há realmente uma interação dos atores com os animais, numa técnica a muito abandonada nos tempos da era digital. Nos cinemas e tevê, a velocidade das imagens permitiam certas cenas passar despercebidas, mas na era no "pause" em VHS, DVD e agora em Streaming não há como não pegar as falhas. O filme talvez tenha impressionado nos cinemas porque há uma magia particular que a diferencia da telinha, onde as pessoas (de todo o tipo) estão juntas, no escuro, mas não normalmente não se comunicam, a projeção é contínua e não sofre interrupções que distraiam quem ali se encontra. No cinema não há meio termo: ou assiste até o final ou abandona a projeção. Em casa basta apertar o controle e mudar para uma atração diferente. Por isso muitos filmes de terror que fizeram sucesso no passado são intrigantes para a nova geração que os assiste em casa compartilhando ruídos de carros, música de vizinhos, latidos, comerciais e etc. Tudo isso ameniza a sensação de "desconforto" que o ambiente de cinema produz, até mesmo porque as dimensões da tela influenciam muito no psicológico de quem assiste. Seria algo como ir a um museu e ver um imenso quadro ou receber um folheto em papel A4 da imagem. Mas é inegável  que, ainda que  a televisão tire o impacto da magia, coloca o filme ao alcance de um publico ainda maior, o que beneficia a ambos, principalmente as franquias, além de permitir visibilidade a atores, atrizes, diretores .... 

Filmado em locações em Walton County, Flórida; A Vingança dos Sapos foi um filme que fez muito sucesso no Brasil quando foi exibido na Tevê (estreou na TVS em 25 de janeiro de 1981 e foi reexibido dois dias depois pela emissora) transitando na Globo, na sessão “Casa do Terror” (1983 e 1984), na Coruja Colorida em 1985 e depois no Supercine .... desaparecendo progressivamente das programações.  Foi um filme que impressionou muito na época (os pais ficaram assustados com que os filhos viam), mas com a evolução da violência gráfica no cinema tornou-se um passatempo ingênuo e engraçado.

 

Trailer:

 

 

Curiosidades:

Muitas das 500 rãs da Flórida e 100 sapos gigantes sul-americanos comprados para uso no filme escaparam durante a produção.

Em uma crítica para "Entrevista de Andy Warhol", o escritor Fran Lebowitz chamou este filme de "o melhor filme ruim que já vi na minha vida".

Devido ao baixo orçamento do filme, nenhum pássaro vivo foi usado para a cena de ataque de pássaros. Imagens de pássaros voando foram sobrepostas às imagens do elenco em execução.

O Florida Holiday Inn usado pela equipe não permitia que as cobras venenosas, aranhas ou escorpiões negros usados ​​no filme fossem trazidos para o hotel.

Este foi o primeiro de muitos filmes de "eco-terror" dos anos 1970, inspirado no sucesso de bilheteria surpresa de Calafrio (1971).

Ray Milland usou uma peruca durante as filmagens. Ele suou tanto que caiu da cabeça várias vezes.

O filme foi capa da revista Famous Monsters of Filmland. A capa mostrava um sapo carrancudo com uma mão humana saindo da boca, diferente do pôster do filme.

A mansão usada para a residência da família Crockett é a Wesley House, construída em 1897. Faz parte do Eden Gardens State Park, em Santa Rosa Beach, Flórida.

Os grandes lagartos pretos e brancos que atacam Kenneth na estufa são os Tegus, nativos da Argentina. Várias lagartixas e iguanas também foram usadas para a cena.

A princípio, Iris deveria ser atraída para um buraco de areia movediça por borboletas e se afogar. A cena foi filmada, mas foi considerada muito boba para o filme final. A cena foi refeita para que Iris fosse morta por uma cascavel. Clipes da cena da morte original apareceram no trailer do filme.

O final implica que o incidente na ilha não foi isolado e que uma revolução animal apocalíptica começou também no continente.

Ray Milland odiou tanto a produção que saiu três dias antes. Grande parte da cena da morte de Jason Crockett teve que ser filmada com um dublê.

O filme sugere que a maioria dos animais se voltou contra os humanos. O cão da família de Crockett permanece leal até o fim, o que pode significar que os cães não fazem parte da revolução animal. Isso apoiaria o ditado popular de que "os cães são os melhores amigos do homem".

Cartazes:

Filmografia Parcial:

Ray Milland (1907–1986)

Papai Solteirão (1931); Castigo do Céu (1932); Muitas Felicidades (1934); Princesa da Selva (1936); Conquistadores do Ar (1938); Beau Geste (1939); Esposa de Mentira (1940); Fúria Branca (1940); Com Qual dos Dois? (1941); Vendaval de Paixões (1942); A Incrível Suzana (1942); O Solar das Almas Perdidas (1944); Farrapo Humano (1945); Meu Pecado (1946); Alma Negra (1948); O Enviado de Satanás (1949); O Vale da Ambição (1950); Na Voragem do Vício (1952); O Mistério da Casa Grande (1953); Disque M para Matar (1954); O Escândalo do Século (1955);  Lisboa (1956); Matar para Viver (1957); Obsessão Macabra (1962); O Homem dos Olhos de Raio-X (1963); Love Story: Uma História de Amor (1970); A Invasão das Rãs (1972); O Monstro de Duas Cabeças (1972); Terror in the Wax Museum (1973); O Último Magnata (1976); Trama Sinistra (1977); O Cruzeiro do Terror (1978); Galactica: Astronave de Combate (1978); A História de Oliver (1978); Fuga de um Pesadelo (1979); Rota do Perigo ou S.O.S Starfight (1983); The Gold Key (1985)

Sam Elliott

Butch Cassidy (1969); A Invasão das Rãs (1972); Verão de Ilusões (1976); Assassinato no Texas (1981); Marcas do Destino (1985); No Rastro da Violência (1987); Mercadores da Morte (1987); Matador de Aluguel (1989); Tem um Morto ao Meu Lado (1990); Rush - Uma Viagem ao Inferno (1991); Tombstone - A Justiça Está Chegando (1993); O Último Detonador (1996); O Grande Lebowski (1998); A Conspiração (2000); Fomos Heróis (2002); Hulk (2003); Obrigado por Fumar (2005); Motoqueiro Fantasma (2007); A Bússola de Ouro (2007); Cadê os Morgan? (2009); O Herói (2017); Nasce uma Estrela (2018) 

Joan Van Ark

A Invasão das Rãs (1972); A Juíza (1972); Big Rose: Double Trouble (1974); A Grande Farsa (1975); O Último Dinossauro (1977); Red Flag: The Ultimate Game (1981); Escândalo em Sunset Strip (1988); Cara & Coroas (1988); Menu for Murder (1990); Lembre-se de que te Amo (1990); Cult Rescue - O Culto do Medo (1994); Quando a Morte Chama (1995); Resgate no Pântano (2000); .Com para Morrer (Net Games) (2003); The Young and the Restless (seriado 2004 a 2005); Diamond Zero (2005); Watercolor Postcards (2013); Psycho Wedding Crasher (2017) 

Judy Pace

A Moderna Mata Hari (1963); Confidências de Hollywood (1966); Uma Loura por um Milhão (1966); Crown, o Magnífico (1968); Three in the Attic (1968); Rififi no Harlem (1970); De Poeta e Louco... Todo Mundo tem um Pouco (1970); Glória e Derrota (1971); A Invasão das Rãs (1972); A Essência de um Roubo (1972); Código das Ruas (2004); The Divorce (2014) 

Lynn Borden (1937–2015)

Vício Maldito (1962); Carrossel de Emoções (1964); Arma Secreta contra Matt Helm (1968); Bob, Carol, Ted E Alice (1969); A Invasão das Rãs (1972); Black Mama White Mama (1973); Com as Próprias Mãos (1973); Interlúdio de Amor (1973); Fuga Alucinada (1974); Cinco Dias de Conspiração (1976); Dog and Cat (1977); Savannah Smiles (1982); Buraco Infernal (1985)

 Mae Mercer (1932–2008)

Dois São Culpados (1962); Perseguidor Implacável (1971); A Invasão das Rãs (1972); The Swinging Cheerleaders (1974); Menina Bonita (1978); Homer e Eddie (1989)