MEU NOME É JEEG ROBOT / LO CHIAMAVANO JEEG ROBOT / THEY CALL ME JEEG (2015) - ITÁLIA

O SUPER-HERÓI ITALIANO

Enzo Ceccotti (Claudio Santamaria) é um ladrão que vive de pequenos golpes. Ao tentar fugir da polícia cai no poluído Rio Tibre e entra em contato com uma substância toxica proveniente de um barril que lhe dá super força e resistência. Ao voltar para casa depois de se envolver em uma perigosa situação com drogas, acaba salvando  Alessia (Ilenia Pastorelli) das mãos de Zingaro (Luca Marinellli) e seu bando que estavam à procura do pai desta. Enzo sabe que seu amigo e vizinho foi morto nessa operação malsucedida onde estava presente e que sua filha Alessia sofreu um trauma na infância que a deixou fora da realidade tendo como único passatempo assistir um antigo anime japonês, cujo nome do herói era “Jeeg Robot”. A jovem tenta convencer Enzo de que ele deve se transformar em herói e deixar sua outra vida para trás, mas ele não vê a situação dessa forma.

 

Meu Nome é Jeeg Robot é um filme curioso. Um herói  legitimamente italiano com várias referências trazidas dos quadrinhos. Enzo ao adquirir seus poderes rouba um caixa eletrônico e carrega pra casa. Alessia entende que "com grandes poderes vem grandes responsabilidades" (não, não há essa frase no filme, mas o espectador perceberá que a ideia central é essa). E como todo super herói que se preza tem que ter um bom vilão, temos Zigaro, um rapaz que é uma mistura de mau, violento e idiota. Pratica vários roubos, mas seu sonho é ser famoso desde que se apresentou em um programa que muitos confundem com o "Big Brother". E se o mundo do crime lhe fornecer fama ele o abraçará. Ao ver pela primeira vez o "homem encapuzado" fica muito surpreso, para depois, ver que este teve muitas visualizações na internet que o transformaram em um fenômeno de audiência instantâneo. Mais do que tudo Zingaro que ser o encapuzado, mesmo que não saiba que este é  Enzo  que surgiu com poderes especiais.

Não há como não percebermos que o personagem de Zíngaro seja uma referência ao Coringa (mais dos quadrinhos  do que do cinema). Jeeg parece ter sido uma junção de vários heróis: O personagem de Bruce Wills  em "Corpo Fechado" (tem o capuz e ossos que não se quebram), tem super força, mas pode ser ferido. Tem um fator de cura (meio confuso) - Lembrou Wolverine?. Não tem super velocidade e nem voa. Me lembrou até o filme “O Vingador Tóxico” (sem a deformidade)

 

O que tornou "Jeeg" tão famoso a ponto de virar um filme cult? Primeiro o filme não se leva à sério. Tem boas sequências de ação, algumas cenas de sexo simulado e situações meios sem noção com uma leve crítica social. O roteiro (a verdadeira força do filme) é bem criativo, os diálogos são engraçados e o vilão Zingaro que se acha um ótimo cantor vai aos poucos conquistando a plateia. Tem um pouco de romance e efeitos especiais bem interessantes.

 

Enzo começa a enxergar naquela jovem meio louca a única pessoa que lhe deu afeto e esta vê nele um herói ou o "cavaleiro na armadura reluzente" que resgatará sua princesa do mal (o mundo) que a cerca. Zíngaro agora quer os poderes de Enzo, mas se envolveu com a máfia que não está disposta a escutar suas desculpas, ouvir suas músicas, nem seus delírios de poder. Querem o dinheiro das drogas que se perderam com a morte do pai de Alessia. Há boas tiradas cômicas e frases sarcásticas que envolve toda narrativa. É um filme diferente sem dúvida.

A dupla de roteiristas, Nicola Guaglianone e Roberto "Menotti" Marchionni com o diretor e produtor Gabriele Mainetti (em seu primeiro longa), apostou num molde bem diferente de herói que Hollywood produz: um herói que falha, sente medo e nem sempre tira uma solução da cartola. Colocar Jeeg como uma pessoa real talvez tenha aproximado mais uma parcela do público que percebeu que o formato segue as histórias em quadrinhos, o que permite (e aí alguns podem não gostar) liberdades e exageros que essas estórias costumam trazer.

Não podemos deixar de fora o elenco: Claudio Santamaria (de "007 Cassino Royale") teve ótima química com a estreante Ilenia Pastorelli (que na vida real participara do "Big Brother" italiano). Seu improvável biotipo para super herói ficou ótimo. Enzo faz aquela cara de "o que eu faço com esses poderes?" que vai, aos poucos, descobrindo o senso de responsabilidade e Ilenia Pastorelli conseguiu passar muita simpatia com sua personagem meio maluca meio criança, mas de bom coração. Agora quem rouba a cena é Luca Marinellli, com seu vilão de imprevisibilidades, um completo louco, caricato e bem violento. Esses ingredientes do vilão Zingaro trouxe para o filme um elemento que fortaleceu a narrativa. Mesmo que o espectador já visualize o que acontecerá com o vilão (o roteiro não escapou dessa armadilha), ainda assim ficou uma caracterização bem interessante, mesmo que em alguns momentos exagerada.

Com a ideia transposta de um anime japonês chamado “Steel Jeeg”,  criado por Go Nagai, que tornou-se popular na década de 1980 na Itália, Meu Nome é Jeeg Robot  mostra que volta e meia que a indústria cinematográfica precisa sair do tradicional. Mostra também que um bom roteiro e bons atores podem entregar um produto de qualidade dentro de um modesto orçamento e ainda deixa aberta uma possibilidade futura de vermos uma nova aventura desse “Super Herói Italiano".

Trailer:

Curiosidades:

Em determinado momento Enzo é perguntado se seus poderes vem da mordida de um morcego. Claudio Santamaria fez a voz de Bruce Wayne/Batman na dublagem italiana da trilogia "Batman" de Christopher Nolan, assim como, na animação Lego Batman - O Filme.


Steel Jeeg

Trilha Sonora:

Un'emozione da poco  -  Luca Marinelli
Latin Lover  - Simona Ranucci
Non sono una signora - Stefania Caracciolo
Ti stringerò - Nada Malanima
Jeeg Robot, l'uomo d'acciaio - Claudio Santamaria
Mmiezo a 'sta gente  - Larry Del Prete 

Filmografia Parcial:

Claudio Santamaria

 

Assédio (1998); O Último Beijo (2001); O Quarto do Filho (2001); Jogador  Misterioso (2004); Ágata e a Tempestade (2004); Ligações Criminosas (2005); Apnea (2005); 007 - Cassino Royale (2006); Terra Vermelha (2008); Beije-me Outra Vez (2010); Meu Nome é Jeeg Robot (2015).

Luca Marinelli

A Solidão dos Números Primos (2010); A Grande Beleza (2013); Não Seja Mau (2015); Meu Nome é Jeeg Robot (2015); Deixe Ir (2017); Fabrizio De André: Principe libero (2018); Trust (seriado 2018); Entre Tempos (2018); Martin Eden (2019); The Old Guard (2020); Diabolik (2020)