terça-feira, 3 de setembro de 2024

OPERAÇÃO FRANÇA / THE FRENCH CONNECTION (1971) - ESTADOS UNIDOS

UM DOS MELHORES FILMES DOS ANOS 70

Em Marselha (França), um investigador da polícia é assassinado. Em Nova York, os detetives Jimmy “Popeye” Doyle (Gene Hackman) e Buddy Russo (Roy Scheider) estão em uma batida policial. Eles ainda não sabem, mas em breve estarão investigando a maior operação de contrabando de heroína naquele país

Alain Charnier (Fernando Rey), um “homem de negócios”, e seu pistoleiro contratado Pierre Nicoli (Marcel Bozzuffi) elaboram um esquema para contrabandear, um carregamento de $ 32 milhões de heroína de alta qualidade para os Estados Unidos, persuadindo um famoso ator da TV francesa (Frédéric de Pasquale), em dificuldades financeiras, sem que este saiba, a transportar por navio, um veículo para uso em um documentário que ele está fazendo. Enquanto isso, em uma boate, a dupla observa atentamente Sal Boca (Tony Lo Bianco) que parece torrar dinheiro no local. Investigando, descobrem que Sal e sua esposa Angie (Arlene Farber), são proprietários de uma pequena loja de conveniência e lanchonete cujos rendimentos não sustentariam seus gastos, além de que ambos já tiveram problemas com a lei no passado. Popeye desconfia que o local é uma fachada para atividades criminosas. Poucos dias depois, os detetives percebem que Charnier e Sal estão se encontrando, mas o francês se mostra muito escorregadio.

Extraído do livro “The French Connection: A True Account of Cops, Narcotics, and International Conspiracy” (1969) de Robin Moore, Operação França surpreendeu muitos críticos, ao se mostrar um filme policial conquistando cinco Oscars (Melhor Ator, Melhor Diretor, Melhor Filme, Melhor Roteirista e Montador - dos sete indicados, que incluía ainda Melhor Fotografia e Som) e brigando com filmes como “A Laranja Mecânica” e “A Última Sessão de Cinema”. O diretor William Friedkin ainda era apenas um diretor promissor e Gene Hackman era mais conhecido por papeis de coadjuvantes, na qual chegara a ser indicado duas vezes: “Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas” (1968) e “Meu Pai, um Estranho” (1971). Tudo isso numa época em que normalmente um filme com grande orçamento era sinônimo de várias estatuetas. Operação França fora rodado em um custo estimado de US$ 1.800.000 (gerando uma receita mundial de US$ 51.702.099). Hoje o filme possui o seu lugar no panteão dos grandes filmes dos anos 70 sendo conhecido principalmente por ter a melhor sequência de perseguição de carro da história do cinema – um título desde então ainda não superado e pela maneira como foi concebido, muito longe de perder sua posição.

Operação França se inicia de uma forma mais cadenciada e, aos poucos, acelera, tornando a história (baseada em fatos reais) cada vez mais intensa e interessante. Frente ao livro, o roteiro (de Ernest Tidyman – de “Shaft” e “O Estranho Sem Nome”) alterou nomes e fez alguns ajustes na história, mas, em linhas gerais, manteve o escopo central. Freidrick considerou ter filmado uma “impressão do caso” e que sua inspiração narrativa e estética pseudodocumental veio do filme “Z” (1969) do diretor Costa-Gavras, assim como a famosa sequência de perseguição elaborada sobre a música “Black Magic Woman” (Santana - A música não aparece no filme). Mas é na montagem da fantástica cena de perseguição de Popeye, ao trem no elevado (em simultaneidade), que o filme se destaca. Apesar dessa cena ser a mais lembrada e celebrada, temos ótimas cenas adicionais como o jogo do “vai e vem” no metrô com Doyle e Charnier (um ótimo enquadramento de cada um deles por cima do ombro do outro, quase que copiando um “pas de deux”); a do atirador no telhado; e a cena do tiro na escada. Claro que não há como deixarmos de citar a cena final que se encerra com uma amarga nota de ironia, ao impor ao espectador um final tão desalentador. Essa ousadia deu ao filme uma quebra na convencionalidade, fugindo dos finais que seus congêneres não tiveram coragem de transpor para as telas.

Não há como não deixar de abrir um hiato e falar sobre a famosa cena de “Popeye” em perseguição ao personagem Pierre Nicoli,  explicando sua metodologia e sua difícil concepção. Friedkin e Greenberg nos presentearam com dois desastres diferentes, mas praticamente acontecendo de forma simultânea como pedia a estória. A cena começa com “Popeye”, confiscando o carro de um motorista e iniciando uma “caçada sem tréguas”, com um olho no trafego e transeuntes à frente e outro fixando-se ao objeto de sua perseguição. Uma cena tensa, complexa em sua feitura e que merece ser apreciada de uma forma especial pelos fãs da sétima arte. Observem como essas (várias) cenas foram difíceis de serem concebidas: foram feitas em separado (algumas com as câmeras posicionadas em ângulos diferentes) e depois montadas na sala de edição na sequência que vemos.  Nada feito de forma digital, tudo feito através de criatividade, realismo (poucas foram as cenas de estúdio em todo o filme), muito empenho e uma incrível competência para pensar as cenas, filmá-las, conjecturando como se encaixariam na tela. A perseguição foi filmada sem obter completa autorização das autoridades de Nova York (o diretor anos depois disse me entrevista que foi uma sorte não ter ocorrido um acidente grave), pois apesar de isolarem o tráfego por aproximadamente cinco quarteirões em cada direção e controlarem os semáforos nas ruas por onde passava o carro de perseguição (com um “giroflex” no topo do carro para alertar que estivesse assistindo a cena na rua), a produção continuou outras cenas sem autorização, em locais sem o controle do tráfego, com isso eles tiveram que fugir do tráfego real e de pedestres. Muitas das (quase) colisões no filme foram, portanto, reais e não planejadas (com exceção, claro, do quase acidente da senhora com o carrinho de bebê). No para-choque, foi colocado uma câmera para as tomadas do ponto de vista do carro. Um dublê fez as cenas mais perigosas, com Friedkin filmando sozinho do banco de trás, visto que os outros operadores de câmera eram casados e tinham filhos, e ele não. A câmera foi reduzida para 18 quadros por segundo para aumentar a sensação de velocidade (vejam a cena de um carro em um sinal vermelho cujo escapamento está soltando fumaça em uma taxa acelerada). Já a cena do acidente, não foi planejada e foi incluída por causa do seu realismo. O motorista, cujo carro foi atingido, tinha acabado de sair de casa e não sabia que uma perseguição estava sendo filmada. Os produtores mais tarde pagaram a conta dos reparos. Havia duas câmeras Arriflex, uma no banco de trás para filmar o motorista de um ponto de vista ligeiramente acima dos ombros e outra, no banco da frente, para filmar o motorista em close, de perfil.

Quanto ao elenco, há curiosidades interessantes (aproveitem para pensar como seriam os outros atores nos papéis). Quanto ao papel de “Popeye”, Adam West e Charles Bronson foram considerados. Friedkin quase escalou Rod Taylor (A Máquina do Tempo), uma escolha aprovada pelo estúdio. Steve McQueen foi sondado, mas não queria atuar em papéis policiais depois de Bullitt (1968). Lee Marvin também foi convidado, mas ele o rejeitou porque não gostava de filmes policiais (apesar de já tê-los feito) e desejava que seu personagem tivesse problemas / atritos  com as autoridades. Friedkin disse que Paul Newman era outra de suas principais escolhas, mas os produtores disseram que ele estava fora do orçamento.  Robert Mitchum afirmou ter recusado o papel porque odiava a história. Jackie Gleason era uma das escolhas de Freidrick , mas a 20th Century Fox não o queria devido ao fracasso de bilheteria de “Gigot” (1962). Já Gene Hackman, aos 40 anos, não acreditava que conseguiria o papel principal (nem seu agente). Compôs um personagem inesquecível, um policial com comportamentos morais dúbios (se apresenta como racista, intransigente e violento em suas abordagens e coloca em perigo as pessoas durante a cena de perseguição), mas com uma vontade férrea de desbaratar a organização criminosa mesmo que implique em sua integridade física. Um personagem a provar para outros e a si mesmo que sua carreira não era um fracasso, mas ainda assim falho. Seu papel lhe deu um Oscar e uma carreira posterior com grandes atuações em ótimos filmes. Roy Scheider (“Tubarão” e “Trovão Azul”) estava convencido de que havia perdido o papel de “Cloudy” Russo (Parceiro de “Popeye”) quando saiu furioso de sua audição. Essa, de fato, foi a razão pela qual ele foi escalado. E pensar que William Shatner foi considerado para o papel.  Já Fernando Rey foi escalado por engano; Friedkin queria o ator de “A Bela da Tarde” (1967), e o diretor de elenco pensou que era Fernando Rey. Somente ao chegar ao aeroporto para encontrar Rey foi que Friedkin constatou que não era o ator que desejara; para sua grande consternação, Rey era espanhol e não falava francês. Friedkin ligou para o diretor de elenco, e percebeu que ele o havia confundido com o ator Francisco Rabal. Friedkin pensou em demitir Rey, mas mudou de ideia quando soube que Rabal não estava disponível e não falava inglês. Os verdadeiros Eddie Egan (como o capitão Walt Simonson) e Sonny Grosso (o agente Clyde Klein) aparecem rapidamente no filme e atuaram também como consultores. Embora seus nomes reais tenham sido alterados para Jimmy “Popeye” Doyle e “Buddy” Russo respectivamente, Egan e Grosso foram na verdade apelidados de 'Popeye' e “Cloudy” como seus colegas no filme.

Um dos melhores filmes dos anos 70, que influenciaria várias outras produções ao longo dos anos, Operação França é um daqueles casos em que os prêmios conquistados são plenamente justificáveis. Após assistirmos ao filme, todas as cenas de filmes com perseguição de carros parecem uma tentativa de sobrepor a sequência desse filme, mas nesse quesito talvez Bullitt, feito três anos antes, seja o outro mais lembrado. Teve uma sequência bem interessante, com outro diretor, mas inferior ao original. Se o Exorcista (considerado “O” Filme de Terror) foi realizado, podemos dizer que foi porque a competência de Friedkin impressionou aqui a todos. Em pensar que o estúdio não gostou do título e insistiu em chamar o filme de "Popeye". A sorte foi que o diretor insistiu que o título original do livro fosse mantido. Houve também uma continuação disfarçada, pouco conhecida em nosso país, chamada “The Seven-Ups” com Roy Scheider e Tony Lo Bianco e baseado nas façanhas reais de Sonny Grosso e Eddie Egan.


Trailer:

 



Curiosidades:

O filme ganhou o Globo de Ouro nas categorias Melhor Filme, Diretor e Ator

William Friedkin (1935-2023) faleceu aos 87 de problemas cardíacos e pneumonia

Roy Scheider sofria de mieloma múltiplo há vários anos e morreu de complicações de uma infecção estafilocócica, aos 75 anos

Fernando Rey faleceu de câncer de Bexiga aos 76 anos

Tony Lo Bianco faleceu aos 87 anos de câncer de próstata

Marcel Bozzuffi faleceu aos 59 anos de câncer

Eddie Egan (1930-1995) saiu da polícia e chegou a fazer alguns filmes e participar de séries como "Police Woman", "Carro Comando", "Mike Hammer" e "Missão Huston". Faleceu aos 65 anos de câncer de cólon

Sonny Grosso (1930-2020) esteve em filmes como "O Poderoso Chefão" (1973) e "Parceiros da Noite" (1980). Faleceu aos 89 anos de causas não reveladas

Eddie Egan achava que Gene Hackman não era adequado para ser escalado como "Popeye" Doyle. O principal motivo era que Hackman não era de Nova York.

De acordo com Friedkin, o significado do chapéu de na janela traseira do carro de Doyle e Russo foi que, naquela época, era um sinal universal no Departamento de Polícia de Nova York de que havia policiais disfarçados no carro, de serviço. 

 A cena inicial em que Doyle e Russo perseguem um traficante de drogas enquanto Doyle está vestido com uma fantasia de Papai Noel foi baseada em uma tática da vida real usada por Eddie Egan e Sonny Grosso. Enquanto estavam em vigilância em Bedford-Stuyvesant, Egan e Grosso descobriram que traficantes de drogas podiam facilmente localizar policiais disfarçados, e eles frequentemente fugiam da cena antes que os policiais pudessem prendê-los. Em um Natal, Egan teve a ideia de se vestir com uma fantasia de Papai Noel, imaginando que os traficantes nunca suspeitariam que ele fosse um policial. Conforme retratado no filme, Egan andou pelas ruas do bairro como Papai Noel, cantando canções de natal com crianças locais. Quando viu um negócio de drogas acontecendo, Egan cantou "Jingle Bells" como um sinal para seus parceiros se trocarem e fazerem a prisão. A tática funcionou perfeitamente, e Egan e seus parceiros fizeram dezenas de prisões de Natal ao longo de vários anos. 

Roy Scheider e Gene Hackman patrulharam com Eddie Egan e Sonny Grosso por um mês para entender os personagens. Hackman ficou enojado com as cenas que viu durante essa patrulha. Em um incidente, ele teve que ajudar a conter um suspeito no carro da polícia e depois ficou preocupado que seria processado por se passar por um policial. 

Ao filmar a lendária cena de perseguição de carro, Friedkin precisava da aprovação da Autoridade de Trânsito de Nova York. Ele expôs exatamente o que precisava, ao que o funcionário da TA (algumas fontes dizem que foi o condutor) respondeu que, "para aprovar isso, preciso de quarenta mil dólares e uma passagem só de ida para a Jamaica". Quando perguntado por que só de ida, ele respondeu "porque, Sr. Friedkin, quando seu filme for lançado, serei demitido". O diretor William Friedkin e os produtores atenderam ao pedido do homem. A cena acabou se tornando uma das mais notoriamente perigosas já filmadas, após o que o funcionário da TA foi prontamente demitido por negligência. Seu paradeiro atual é desconhecido.

De acordo com Friedkin em seu comentário do DVD, a cena em que o químico de Weinstock testa a pureza da heroína, ele usa heroína de verdade, e não farinha, amido de milho ou algum outro substituto comumente usado 

O caso real, narrado pelo livro, ocorreu entre 7 de outubro de 1961 e 24 de fevereiro de 1962. Os detetives Jimmy Doyle (Gene Hackman) e Buddy Russo (Roy Scheider) foram baseados nos verdadeiros policiais do caso

O condutor do trem do metrô era um condutor real, cujo nome era Bob Morrone. O ator que deveria interpretar o condutor não apareceu no dia em que a cena seria filmada, mas a Autoridade de Trânsito se recusou a permitir que um ator operasse um trem do metrô. Além disso, o maquinista, William Coke, era um maquinista real da NYCTA 

A principal cena de perseguição de carro foi amplamente considerada a melhor já feita em filme na época, ultrapassando "Bullitt" (1968), também produzido por Phillip D' Antoni. William Friedkin mais tarde tentou se superar com uma sequência de perseguição em "Viver e Morrer em Los Angeles" (1985) .

Gene Hackman teve grande dificuldade em entrar na mentalidade rabugenta 'Popeye' Doyle, então o diretor Friedkin empregou várias táticas para provocar a raiva de Hackman. Uma técnica era mostrar insatisfação com Hackman suspirando pesadamente, repetidamente, e balançando a cabeça após uma tomada, mesmo quando Hackman tinha feito uma ótima performance. O truque quase funcionou bem demais, pois Hackman ficou tão bravo que, segundo relatos, quase desistiu no segundo dia de filmagem. 

Para o lançamento do Blu-ray de 2009, William Friedkin alterou controversamente o tempo de cor do filme para dar a ele uma aparência mais fria. O diretor de fotografia do filme, Owen Roizman, ficou indignado com isso e chamou a nova transferência de "atroz".

William Friedkin chamou o romance original de "cabeça-dura" e se recusou a lê-lo

William Friedkin credita sua decisão de dirigir o filme a uma discussão com o diretor de cinema Howard Hawks, cuja filha estava morando com Friedkin na época. Friedkin perguntou a Hawks o que ele achava de seus filmes, ao que Hawks respondeu sem rodeios que eles eram "ruins".   Hawks recomendou que ele "Fizesse uma boa perseguição. Uma melhor do que qualquer um já fez."

A colisão dos dois trens do metrô foi feita por meio de movimento de câmera e truques fotográficos, já que a produção não teve permissão para realmente colidir dois trens elevados.

Antes da cena de perseguição começar, Doyle tenta parar dois carros: um Volkswagen verde e um cupê Mercury azul claro. Durante a perseguição, o mesmo Mercury bate no carro de Doyle. 

Com a morte do ator Tony Lo Bianco em 11 de junho de 2024, aos 87 anos, apenas Gene Hackman é o último membro sobrevivente do elenco principal.

Popeye dobra sua fatia de pizza antes de comê-la, na melhor tradição de Nova York. Isso seria visto mais tarde em Os embalos de Sábado à Noite (1977), feito por John Travolta como Tony Manero.

A cena em que Jimmy Doyle (Hackman), atira em Pierre Nicoli (Bozzuffi), com este caindo escada abaixo, lembra uma cena em Death for Sale (1961) da série de TV Os Intocáveis (1959) onde o personagem Ed Getty, interpretado por Neil Rosso , é baleado por Eliot Ness (Robert Stack) , e cai escada abaixo até uma estação ferroviária. Ambos os personagens foram baleados de forma semelhante enquanto tentavam escapar de serem presos por atividade ilegal de drogas.

O momento em que Nicoli arranca e come um pedaço da baguete (bisnaga) do detetive segundos depois de assassiná-lo não foi roteirizado e sim improvisado pelo ator. 

No final dos créditos, um aviso diz: "O evento, personagens e empresas retratados neste filme são fictícios. Quaisquer semelhanças com pessoas reais, vivas ou mortas, ou eventos ou empresas reais, são mera coincidência." 

De acordo com Friedkin em sua autobiografia, "The Friedkin Connection", embora Gene Hackman tenha gostado do filme e do efeito positivo que ele teve em sua carreira, ele nunca pareceu ter gostado de assistir ao filme e nunca disse a Friedkin se gostava ou não.

Listado postumamente como um dos 100 filmes favoritos de Akira Kurosawa.

Somente em 27 de dezembro de 1981 o filme foi exibido na tevê aberta, em duas partes (em dois dias consecutivos: 27  e 28). No dia 29, foi exibido Operação França 2 parte 1; no dia 30 Operação França 2 parte 2. Todos na Rede Bandeirantes

SPOILERS DO FILME (SE NÃO VIU, NÃO LEIA)

No final do filme, uma legenda sobreposta nos informa que Popeye e Cloudy foram transferidos da Narcóticos e realocados. Eddie Egan sempre ficava chateado que o filme desse modo implicava que isso aconteceu com ele e Sonny Grosso depois da Operação França; na realidade, os dois policiais foram separados durante quatro anos e dois casos de narcóticos igualmente grandes depois.

Na cena final, é revelado que Charnier (Fernando Rey) escapou do país. O homem que foi a inspiração para Charnier também escapou da justiça, fugiu do país e morreu pacificamente na França (então Operação França II (1975) é uma continuação completamente fictícia da história, e não baseada em eventos reais). Enquanto o personagem Sal Boca (Tony Lo Bianco) é morto no final, sua contraparte da vida real foi capturada, mas passou apenas um breve tempo na prisão. Friedkin afirmou que o fato de um homem ter escapado de um cordão policial tão apertado e o outro ter cumprido apenas um tempo mínimo de prisão sugere que houve "subornos envolvidos nos mais altos níveis de aplicação da lei".

Nunca é explicado exatamente por que Sal tirou da garagem o Lincoln Continental cheio de milhões de dólares em heroína e o estacionou na rua, onde poderia ser vandalizado, como quase aconteceu.

Popeye Doyle ( Gene Hackman) atirando acidentalmente no agente Mulderig ( Bill Hickman), no final, não aconteceu no caso da vida real. No entanto, o consultor técnico Eddie Egan, que foi a inspiração para Doyle, concordou, pois ele supostamente odiava o verdadeiro agente do FBI que Mulderig interpretou, e não se importaria em atirar nele de verdade. O verdadeiro agente do FBI teria ficado bastante bravo quando viu o que aconteceu com sua contraparte fictícia.

De acordo com William Friedkin no comentário do DVD, muitos policiais, incluindo aqueles que foram conselheiros do set do filme, se opuseram à cena em que Doyle atira em Nicoli pelas costas como aparentando um assassinato, não em legítima defesa. No entanto, o verdadeiro "Popeye" Doyle, Eddie Egan, estava no set durante a maior parte das filmagens e deu a Friedkin sua aprovação. Quando o filme foi exibido para uma audiência, a cena até recebeu uma ovação de pé, então uma foto estática do tiro foi usada em anúncios para o filme.


Cartazes:



 

Filmografias Parciais:

Gene Hackman






Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas (1967); Operação França (1971); O Destino do Poseidon (1972); A Conversação (1974); Operação França II (1975); Superman: O Filme (1978); Superman II - A Aventura Continua (1980); Sob Fogo Cerrado (1983); De Volta Para o Inferno (1983); Superman IV: Em Busca da Paz (1987); Inimigo do Estado (1988), Entrega Mortal (1989); Mississipi em Chamas (1989); De Frente Para o Perigo (1990); Os Imperdoáveis (1992); A Firma (1993); Geronimo - Uma Lenda Americana (1993); Rápida e Mortal (1995); Maré Vermelha (1995); Medidas Extremas (1996); Poder Absoluto (1997); Os Excêntricos Tenenbaums (2001); Atrás das Linhas Inimigas (2001); O Júri (2003).

 

Roy Scheider (1932–2008): 






Klute, O Passado Condena (1971); Operação França (1971); Tubarão (1975); Maratona da Morte (1976);  Comboio do Terrror (1977); Tubarão 2 (1978); O Show Deve Continuar (1979); Na Calada da Noite (1982); Trovão Azul (1983); 2010 - O Ano Em Que Faremos Contato (1984); Nenhum Passo em Falso (ou A Hora da Brutalidade) (1986); A Casa da Rússia (1990); Mistérios e Paixões (1991); Drácula 2 - A Ascenção (2003); O Justiceiro (2004).

 

Fernando Rey (1917-1994)






Rainha Santa (1947); Delírio de Amor (1948); Senhora de Fátima (1951); Marcelino Pão e Vinho (1955);  Os Amores de Dom Juan (1956); Horas de Pânico (1957); Os Últimos Dias de Pompéia (1959); A Revolta dos Escravos (1960); Golias Contra o Gigante (1961); Odisseia de um Bravo (1963); O Califa de Bagdá (1963); Cerimônia Macabra (1963); A Nova Cinderela (1964); O Filho do Pistoleiro (1965); Viva Gringo (1965); A Volta dos Sete Homens (1966); O Jovem Rebelde (1967); A Revolta dos Sete Homens (1969); O Preço do Poder (1969); Tristana, Uma Paixão Mórbida (1970); O Farol do Fim do Mundo (1971); Operação França (1971); À Sombra das Pirâmides (1972); O Discreto Charme da Burguesia (1972); Presas Brancas (1973); Operação França II (1975); A Viagem dos Condenados (1976); Jesus de Nazaré (1977); Esse Obscuro Objeto do Desejo (1977); Quinteto (1979); A Dama das Camélias (1981); Monsenhor (1982); O Cavaleiro Estelar (1985); Luar sobre Parador (1988); 1492: A Conquista do Paraíso (1992); Madregilda (1993) 

Tony Lo Bianco (1936-2024)






Operação França (1971); Serpico (1973); A História de José e Jacó (1974); Jesus de Nazaré  ( 1977); F.I.S.T. (1978);  Irmãos de Sangue (1978); Rocky Marciano (1979); Cidade Ardente (1984); Jessie (1984); A Dama de Ouro (seriado - episódio piloto); Um Policial Como Poucos (1991); Tyson, o Mito (1995); Nixon (1995); A Jurada (1996); A Um Passo da Destruição (1997); Máfia! (1998); Rocky Marciano (1999); Caçada Sem Trégua (2002); O Anel de Noivado (2005); O Mafioso (2011); '79 Parts (2016) 

Marcel Bozzuffi (1929-1988) 





Os Amores do Filho de Carolina (1955), Antro do Vício (1955), Chantagem (1955), Noites de Bruma (1955), Correntes da Violência (1955), Ele, Ela... e o Outro (1956), Assassinato em Montmartre (1957), Gângsteres de Paris (1957), Escapada (1957), Asfalto (1959), Tintin e o Mistério do Tosão de Ouro (1961), O Dia e a Hora (1963), Crime no Carro Dormitório (1965), Crime no Asfalto (1966), Os Profissionais do Crime (1966), Z (1969), O Homem que Eu Amo (1969), Tempo de Lobos (1970), Vertigem de um Assassino (1970), Operação França (1971), Ange, O Gangster (1973), Morte ao Sol (1973), Valdez, o Mestiço (1973), A Grande Burguesia (1974), Profissão: Capanga (1975), O Cigano (1975), Cadáveres Ilustres (1976), Sanguinários E Corruptos (1977), Sanguinários E Corruptos (1977), Marcha ou Morre (1977), Passageiros do Inferno (1979), A Herdeira (1979), Luca, o Contrabandista (1980), A Gaiola das Loucas 2 (1980), Identificação de uma Mulher (1982)

5 comentários:

  1. Luís, td bem?
    Reassisti Operação França por conta desta sua crítica.
    Realmente é quase um documentário, trilha sonora zero, abordagem diferente, coragem do diretor. Hoje nenhum estúdio deixaria, as platéias não têm paciência para 3 minutos sem diálogo, quanto mais as cenas excruciantes da câmpana de Popeye naquele frio miserável de Nova York.
    Aliás, poucas vezes pude ver uma NY tão suja e deteriorada como aqui em OF, principalmente quando as cenas cortavam sequencialmente para Marselha. Que belo desserviço nosso Friedkin fez pela Big Apple, não? Deve ser adorado pela prefeitura de lá até hoje…
    Curioso que da cena da perseguição me agrada mais a tensão no trem lá em cima do que as batidas lá embaixo. Sei lá, tirando o desafio técnico ( quase irresponsável ) de filmá-la, não achei tão emocionante. Uma cena de perseguição que gosto está em Ronin. Essa é 10.
    Vc falou do furo do roteiro quanto ao longo abandono do carro e é verdade mesmo, não consegui encaixar isso na estória. E pra mim também não consigo justificar a tentativa de assassinato de Popeye, afinal seria um ato que chamaria a atenção, tornaria aquilo pessoal para a Polícia e em nada lembra a descrição e a frieza de Charnier. Enfim, não bate.
    Não sabia da informação do chapéu no banco traseiro. Interessante.

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  2. Bem, quanto ao elenco.
    Fernando Rey faz um trabalho muito bom. Um diplomata do crime. A cena do metrô é ótima.
    Tenho uma simpatia por Roy Scheider. Gosto muito de seu papel em Maratona da Morte (um grande thriller, heim? ). Seu maior filme é fácil, mas qual terá sido sua melhor interpretação? Um amigo fala sempre de O Show Deve Continuar. Eu não assisti, mas parece uma boa pedida.
    Antes de Gene Hackman, uma coisa que achei ótima em seu Popeye foi o divertido fascínio por mulheres com botas. Uma tara saudável, dessas que Freud tenta explicar.
    Agora, Gene Hackman: um artista que não veremos mais, pois deixou de atuar, se tornou escritor. Em OF está neurótico, obsessivo, vive e respira apenas sua perseguição. Tem comportamentos asquerosos e deve ser um chato que poucos toleram. Mas sua eficiência está justamente aí e todos tem que engoli-lo. Da lista dos que que poderiam fazer Popeye não há como imaginar outro ator ( Adan West, já pensou?).
    Pra mim seus melhores trabalhos são A Firma, Os Imperdoáveis e Mississipi em Chamas. Mas — de novo — não vi tudo dele para dizer mais. Apenas sei que é um daqueles atores que fazem muita falta. Pena.
    Ah, lembrei de uma coisa: será que foi Operação França que abriu a porteira pra todos os títulos com “Operação” que vieram desde então?
    Luís, espero aparecer logo por aqui. Um abraço!

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  3. Boa Noite Mario. Tudo bem ? Desculpe a demora em responder, mas só agora pude acessar o blog. Dia corrido.
    Essa foi uma questão na época levantada pelos jornais americanos: como NY estava sendo retratada. Foi uma escolha interessante filmar no inverno, mas também foi um imposição de prazo pelos produtores, ou começava a produção de imediato ou nada feito. Então por que não tirar proveito da situação e mostrar o contraste entre as duas cidades ? Há uma entrevista no site "deadline.com", de uma entrevista do diretor, de 2015, muito interessante, na qual ele de uma forma muito lúcida compara os filmes dos anos 60 e 70 com os daquele momento e porque filmes como "Operação França" e o "Exorcista" não são mais feitos. Inclusive, ele fala da tremenda irresponsabilidade que foi filmar as cenas de Operação França colocando várias pessoas em situações de risco. Ele cita que foi incrível não ter ocorrido uma tragédia, assim como cita o fato de que colocar a quase jovem Linda Blair num filme daquele (O Exorcista) foi outra loucura, mais tarde ele refletiria que a atriz poderia ter sofrido danos psicológicos. Como hoje basta clicar em traduzir site, então vale a pena a conferida. Para facilitar coloque o nome do diretor + 2015 + deadline no Google.
    Quanto a lista, Adam West me chamou muita a atenção por isso coloquei essa informação junto com os outros. Friedkin disse que Hackman não era nem sua décima opção, mas que o ator entregou um trabalho fantástico. Concordo. Além dos filmes que você citou diria que "Maré Vermelha" (1995) é um filme que merece estar nessa lista e ainda tem Denzel Washington em grande atuação. E claro, a quadrilogia Superman (com seus altos e baixos) com um Lex Luthor que se encaixou dentro do que a estória (e como a narrativa foi desenvolvida) pedia. Na época, não gostei muito de sua atuação. Com o tempo ( e vendo outros atores no papel), passei a ver que foi um bom trabalho afinal
    Ronin é muito bom, realmente. Maratona da Morte está merecendo uma análise: Dustin Hoffman , Laurence Olivier e Roy Scheider estão muito bem. Vou procurar o filme e até mês que vem deve pintar por aqui (está difícil analisar os filmes atuais - a safra não está boa - e olha que tenho assistido vários)
    É provável que Operação França tenha influenciado vários títulos e, pensando agora, Operação Dragão de Bruce Lee (outro que devo falar por aqui). All That Jazz - O show Deve Continuar é muito bem citado pela crítica, o vi muito jovem e merece uma olhada agora com um olhar mais maduro. O show de Truman vi no cinema e gostei da crítica que ele se propõe a fazer da sociedade. me lembrei agora de "Quiz Show - A Verdade dos Bastidores" (1994), outro filme que considerei muito interessante (com outro elenco). Um filme puxa outro ... vou parar por aqui rsss
    Quanto a Fernando Rey, comecei a percebê-lo no início dos anos 90 quando aluguei na locadora "O Discreto Charme da Burguesia" (1972) e "Esse Obscuro Objeto do Desejo" (1977), ambos do diretor Luis Buñuel, da qual vi outros filmes.
    Mario, muito obrigado por mais esse comentário dentre as dezenas que você faz por aqui. Sempre destaco ser importante essa interação, pois também aprendo com seu conhecimento e de outros que aqui passam e deixam, as vezes, apenas poucas palavras.
    Essa semana não devo postar, apenas pesquisar e preparar. Estou vendo dentre as minhas antigas anotações aquelas que estão quase prontas, por causa do tempo. Logo, talvez só deva postar entre segunda e quarta (preciso também terminar alguns livros, tenho deixado eles de lado - o que não me agrada - a leitura é importante)
    Um grande abraço e até a próxima.

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  4. Luís
    Curioso seu elogio a Gene Hackman nos 4 Superman, pois como entendia o personagem pela ótica dos quadrinhos, tive um grande estranhamento ao irônico e sorridente Luthor que ele deu corpo na telona. Todos que se seguiram depois senti o mesmo. O de Jesse Eisenberg com toda certeza é o pior. Ah, lembrei: o da Liga da Justiça Sem Limites é otimo.
    Sou um grande fã de Maratona da Morte, todos estão bem e o tema do Nazismo entre as sombras cai muito interessante.
    A dica da entrevista na Deadline é boa, vou ver.
    É isso. Tudo de bom, Luís!

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  5. A grande verdade é que li muitos quadrinhos: lia muito Marvel (desde a Ebal que era fácil de alguém ter anos anos 70) como Disney, Asterix, Tin tin... . Pouco conhecia da DC. Após Superman 3, comecei a ler a DC através de um amigo que tinha uma ótima coleção. (Hoje no site "Guia Ebal" dá para baixar coleções inteiras). Então Lex era um personagem que conhecia pouco, mas depois fui me familiarizando pelos quadrinhos. Gosto muitos dos dois primeiros . O terceiro e quarto (este último poderia ser ainda pior depois que vi os extras) não gostei. Vi todos no cinema e ganhei um inesperado Box de presente. Concordo que o da Liga da Justiça sem Limites é muito bom.
    O tema do Nazismo é muito amplo. Vi algumas series no History Channel sobre o assunto e é amplo. Maratona da Morte é exatamente isso : entre as sombras e Laurence Olivier "atuava fácil". Dustin Hoffman também ótimo e me lembrou logo Tootsie que vi no cinema. Grande comédia. Um grande abraço.

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