“SINTO QUE ESTOU PERDENDO TODAS AS MINHAS FOLHAS”
(o texto contém spoilers)
Anthony (Anthony Hopkins) é um viúvo octogenário e engenheiro aposentado que mora em um sofisticado apartamento no oeste de Londres, recebendo visitas regulares de sua filha de meia-idade Anne (Olivia Colman). Ela lhe dá a notícia que em breve se mudará para Paris ao encontro de um novo relacionamento, mas que ele não poderá ficar sozinho. Anthony tem problemas com cuidadoras da qual a última acusa de roubo. Sua filha lhe informa que conseguiu uma nova, porém é preciso que ele entenda a necessidade de não rejeitá-la.
Anne sai do apartamento e Anthony descobre que não está sozinho: há um estranho (Mark Gatiss) lendo jornal em sua sala e afirmando ser o marido de Anne, Paul, mas Anne se divorciou dele. A reação do octogenário é de perplexidade, mas, para sua salvação, Anne retorna. Mas retorna diferente, não é a mesma Anne fisicamente que saíra do apartamento. Horas mais tarde, o Paul (Rufus Sewell) que Anthony realmente conhece está em sua casa e vivendo com sua filha. Paul se mostra pouco afetivo e pouco feliz com a presença de Anthony lhe dizendo que o idoso é seu hóspede. O que Anne não revela ao pai é que ele possui demência há algum tempo, quadro irreversível, em estágio avançado, que só tenderá a piorar.
Meu Pai é baseado na peça francesa Le Père (2012), do dramaturgo Florian Zeller, que estreou na direção deste longa-metragem tendo Christopher Hampton a adaptá-la para o cinema e traduzi-la para o inglês. Hampton, também dramaturgo, se tornou conhecido como roteirista de filmes como “Ligações Perigosas” (1988 – Oscar de Melhor Roteiro), “O Americano Tranquilo” (2002) e “Desejo e Reparação” (2007). Para a estreia na Broadway americana em 2016, Frank Langella (“Mestres do Universo” e “Frost /Nixon”) e Kathryn Erbe (do seriado “Lei e Ordem: Crimes Premeditados”) reprisaram os papéis de pai/filha. No Brasil, a peça teve o ator Fúlvio Stefanini no papel central. Foi a terceira colaboração entre Anthony Hopkins e o escritor Christopher Hampton. Os filmes anteriores foram: “A Casa das Bonecas” (1973) e “Amor e Vingança” (1985).
O filme aborda um tema difícil de ser transposto para as telas: a demência e o doloroso declínio cognitivo de um pai amado, uma sensação de perda de batalha contra a senilidade e uma deterioração de sua relação com a realidade. O que há de tão assustador é que Anthony retém apenas o suficiente de si para entender que algo está terrivelmente errado e, como qualquer um de nós, ele acredita no que vê. Para o espectador, a neve está descendo sobre a mente de Anthony de forma rápida e o que nos impressiona é que estamos juntando as peças mesmo quando ele as perde, uma a uma.
A jogada engenhosa do filme é nos dar pequenas pistas para nos orientarmos e depois nos arremessar no labirinto de Anthony: sua mente. Sua filha é ou foi casada? A mobília está mudando? A casa está diferente? O que aconteceu com o quadro? Onde está a filha mais nova de Anthony? Anne vai ou não vai para Paris? Quem são os estranhos que frequentam a casa de Anthony e tentam confundi-lo? Uma cena que parecia seguir a anterior sequencialmente acaba por tê-la precedido... O que percebemos ao longo da projeção é que não fica claro o tempo todo exatamente onde Anthony está, ou quando ele está. O editor Yorgos Lamprinos faz mudanças discretas (e isso é muito complicado de ser feito) no cenário que resultam em uma resposta muito interessante: a nossa mente não nos informará diretamente as mudanças, mas há alguma coisa que nos fará pensar que tem algo diferente. Como o espectador em vários momentos será os olhos de Anthnony, estaremos inseridos dentro de sua percepção ou a falta dela, do que acontece ao redor. Essa sensação de desconforto provocada em quem assiste (ou a sensação de que não prestamos atenção direito ao filme) nos dá uma ótima dimensão de como o cérebro processa (ou deixa de processar) as informações e os lapsos de tempo em quem possui a Demência / Alzheimer nessa mistura turva de passado e presente que insiste em se confundir.
O medo permeia a mente de Anthony, mesmo que ele não perceba que está destruindo sua sanidade. Esse é um sentimento que a sua mente não se omite de trazer à tona: o medo de perder um relógio, medo de perder seu apartamento e, o mais importante, medo de perder Anne. E não podemos nos esquecer que Anthony não aceitou (mesmo que sua parte consciente não mais se lembre) a perda de sua filha Lucy. Ele continua esquecendo o presente (que não cria mais novas memórias), mas o passado parece permanecer firme, o qual ele se situa cada vez mais. O filme não julga se Anne faz a escolha certa ou errada, mas qualquer que seja sua escolha será punida: se abrir mão de sua felicidade, já na meia-idade, poderá não ter mais tempo de ser feliz (já que o primeiro casamento deu errado - e dificilmente encontrará quem fique com ela e o pai na mesma casa). Se for em busca da felicidade, o sentimento de remorso lhe cobrará uma pena duradoura ainda que o estágio avançado de Anthony lhe negará até a lembrança em algum momento.
Há momentos realmente impactantes no filme, através de sutilezas e simbolismos, que o roteiro de poucas certezas e muitos talvez nos traz: o relógio a que Anthony se apega obsessivamente pode significar o tempo se esvaindo entre suas mãos ou sua melhor conexão com a realidade; ou quando Anthony se comporta de maneira bastante cruel ao dizer que Anne nunca foi sua filha preferida, que ela “não é muito inteligente” ou que ela deseja sua morte para se apoderar de seu apartamento. As mudanças de humor, diminuição das inibições e a falta de decoro social (mas também há lampejos de bondade e gratidão) penetram como uma lança na alma de Anne, que sabe que é uma das causas da doença, só lhe restando oferecer sorrisos estilhaçados, demonstrando assim sua vulnerabilidade. Anthony clama pela mãe e não pela filha - a mãe simboliza o passado em que era feliz, na qual se sentia protegido e recorria a esta quando estava em apuros. Quando crianças, quando ainda não conseguimos entender o mundo, admiramos nossas mães. Agora ele está "nu", nas mãos de “estranhos” e deve se perguntar o que fez para merecer o "abandono". Na cena da visita à medica, Anthony é visto sentado atrás de uma janela fechada. Simbolicamente, sua mente também está presa. O discurso final de Hopkins poderá levar alguns espectadores às lágrimas.
O elenco está impecável: o diretor Florian Zeller queria Anthony Hopkins especificamente para o papel. Enviou o roteiro ao ator em 2017 e esperou por uma resposta. A espera foi recompensadora. Hopkins entrega uma das melhores atuações de sua carreira (para muitos, a melhor) o que lhe garantiu o Oscar de Melhor Ator (Hopkins não foi a cerimonia acreditando que não ganharia). O ator apenas com gestos e olhares conseguiu passar toda a carga de emoção que o personagem precisava. Difícil pensar em outro ator interpretando esse papel no filme. Segunda indicação ao Oscar de Olivia Colman, após sua vitória por seu papel em “A Favorita” (2018). Em ambos os filmes, sua personagem se chama Anne. Sua personagem é uma heroína silenciosa e solitária ao cuidar, dar carinhoso e até suportar ofensas daquele que sofre pela mente começar a "dar defeito", parecendo que é o mundo que está partido. Rufus Sewell faz Paul, o marido que já não suporta mais a situação e que culpa Anthony pelo fracasso de seu casamento. A cena em que não sabemos se agrediu ou não Anthony (particularmente acredito que sim) causa um misto de indignação e revolta, nos lembrando que muitos “Anthony(s)” passam por essa condição por estarem em estado de vulnerabilidade. Mark Gatiss e Olivia Williams tem pouca participação, mas que se mostrará muito relevante. Imogen Poots interpreta Laura, a jovem cuidadora e a doutora Sarai é interpretada por Ayesha Dharker (a outrora menina protagonista do filme “Manika – A Menina que Nasceu Duas Vezes).
Indicado a seis prêmios da Academia (levou também o de Roteiro Adaptado), Meu Pai é um pungente retrato da frágil condição humana, que assusta muito mais que alguns filmes de terror, por sua mensagem inequívoca e verdadeira, apoiado por um design de produção que sutilmente vai transformando o ambiente ao redor, além de uma montagem inspirada que torna o filme tenso e reflexivo, mas em nenhum momento cansativo. Um final que mostra o quanto o cinema pode ser capaz de emocionar.
Trailer:
Curiosidades (contém spoilers):
Disponível, atualmente, na
plataforma NETFLIX
Zeller dirigiu, em 2022, outra de suas produções "Le Fils" ("Um Filho" com Hugh Jackman que também traz Hopkins) e que fala sobre a depressão.
Anthony diz sua data de
nascimento, 31 de dezembro de 1937; Esta é a data real de nascimento de Sir
Anthony Hopkins.
Anthony Hopkins ganhou o Oscar
de Melhor Ator aos 83 anos por seu papel neste filme, o que o tornou o vencedor
mais velho de um Oscar na categoria atuação, batendo o recorde anterior estabelecido por
Christopher Plummer, que ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante aos 82 anos
em “Toda Forma de Amor” (2010) pouco menos de uma década antes e havia falecido
pouco menos de três meses antes da cerimônia do Oscar de 2021.
Anthony Hopkins tinha tanta
certeza de que perderia o Oscar de Melhor Ator para o falecido Chadwick
Boseman (o ator de "Pantera Negra" concorrendo por "A Voz Suprema do Blues") que não compareceu à premiação, optando por ficar em sua terra natal, o
País de Gales. Ele teria pedido aos produtores para fazerem uma aparição via
Zoom, mas estes recusaram a oferta. Contra a tradição, o vencedor do
prêmio de Melhor Ator foi anunciado por último, após a premiação do vencedor de
Melhor Filme. Os produtores admitiram mais tarde que isso foi feito
porque também esperavam que Boseman vencesse e queriam que a cerimônia
terminasse com sua família aceitando o prêmio. Hopkins até foi dormir cedo,
perdendo o anúncio de que havia vencido (o ator Joaquin Phoenix aceitou o
prêmio em seu nome). Depois de acordar e ouvir a notícia, Hopkins rapidamente
divulgou um discurso de aceitação no Instagram, no qual admitiu que
"realmente não esperava por isso" e prestou homenagem a Boseman.
Florian Zeller compartilhou uma contribuição que Anthony Hopkins fez para o filme: uma ária da ópera de Georges Bizet, "The Pearl Fishers / Les Pêcheurs de Perles": "Isso foi algo que surgiu de nossa conversa. Ele adora música; eu também. Um dia, ele me disse: ' Uma das minhas músicas favoritas é esta ária', e ele me contou esta história: Quando ele tinha 30 anos, ele estava fazendo uma peça no Reino Unido e uma noite ele ouviu aquela música pela primeira vez. Ele veio de volta ao hotel onde havia um piano e ele começou a tentar achar a melodia. Ele deixou todo mundo maluco, porque demorou uns três dias para achar a melodia. Ele me disse: 'Eu sempre sonhei em fazer um filme com esta música nele.'" Zeller concluiu, "Então eu tentei realizar seus sonhos como ele realizou os meus."
A peça teatral em si tem muitos
diálogos, então a maior tarefa de Florian Zeller e Christopher Hampton ao
adaptar o roteiro foi diminuir a quantidade de falas no filme. Isso se reflete
nas múltiplas cenas de Anthony Hopkins olhando ao seu redor perplexo. Em vez de
fazer o personagem falar, eles confiaram na habilidade facial do ator para
contar a história.
Com sua vitória para este
filme, Anthony Hopkins se tornou a primeira pessoa a estar publicamente no
espectro do autismo a ganhar um Oscar. Embora Hopkins já tivesse ganhado um
Oscar por "O Silêncio dos Inocentes" (1991), ele ainda não havia sido
diagnosticado com Asperger, muito menos revelou o diagnóstico publicamente.
O papel do pai foi
interpretado no palco por Frank Langella, tornando este o segundo de seus
papéis no palco a ser interpretado por Anthony Hopkins. Anteriormente,
ambos interpretaram Richard Nixon. Hopkins desempenhou o papel em Nixon (1995),
Langella em Frost/Nixon (2008). Curiosamente, ambos interpretaram Don Diego De
La Vega em filmes separados do Zorro.
Esta é a segunda adaptação da peça de Florian Zeller. Foi filmado anteriormente como “A Viagem de Meu Pai” (2015).
Olivia Colman interpreta outra
filha de um pai que sofre de demência em "A Dama de Ferro" (2011).
Olivia Williams filmou sua
cena final ao lado de Sir Anthony Hopkins separadamente em cenas em que não
estavam juntos, já que ela disse que teria sido impossível para ela manter a
compostura em reação ao momento em que ele desmoronou espontaneamente.
A fim de transmitir melhor ao
público a experiência da memória que se esvai na peça original "Le
Père", à medida que o drama avançava, itens como mobília seriam
gradualmente removidos do palco até que, no final da peça, o cenário seria
essencialmente nu, mas para os atores. Para a adaptação cinematográfica, o
apartamento de Anthony, o apartamento de sua filha Anne e a casa de repouso que
ele ocupa, todos se desenrolam no mesmo espaço dentro da arquitetura
permanente. Como forma de imergir o espectador na mente falha de Anthony, o
desenhista de produção Peter Francis fez alterações sutis e contínuas nos
esquemas de cores, trocando gradualmente objetos familiares do dia-a-dia neste
espaço, de modo que, à medida que a história avança, o espectador fica quase
tão incerto de seus arredores quanto o próprio Anthony. Imagens diferentes
foram penduradas em arranjos semelhantes nas paredes ao longo do filme,
aumentando ainda mais a confusão visual do espaço de Anthony (e nosso).
Na cena final, toda a equipe foi reduzida às lágrimas. Não há closes de Olivia Williams durante todo o monólogo porque ela mesma não conseguia parar de chorar durante a cena.
Cartazes:
Bastidores:
Trilha
Sonora:
Cold Wind Var. 1 - Day 1 -
Ludovico Einaudi
Cold Wind Var. 1 - Day 2 -
Ludovico Einaudi
Low Mist Var. 1 - Day 5 -
Ludovico Einaudi
Low Mist Var. 2 - Day 1 -
Ludovico Einaudi
Low Mist Var. 2 - Day 5 -
Ludovico Einaudi
Cold Wind Var. 2 - Day 4 -
Ludovico Einaudi
My Journey - Ludovico Einaudi
King Arthur, or The British
Worthy (1691), Act 3: What Power Art Thou? (Henry Purcell)
Interpretado por Andreas
Scholl, Accademia Bizantina, Stefano Montanari
Norma, Act 1: Casta Diva
(Norma, Chorus) - Maria Callas
Les Pêcheurs de Perles -
Romance: Je crois entendre encore (Georges Bizet) Interpretado por Cyrille
Dubois, L'Orchestre National de Lille, Alexandre Bloch
Hospital Nightmare - Written
by David Menke
Ocean Currents - Joshua Pacey
Legends of Rub'al Khali -
Barnaby Taylor
On the Hour - Max Cameron
Filmografia
Parcial:
Anthony Hopkins
Hamlet
(1969); Juggernaut: Inferno em Alto-Mar (1974); As Duas Vidas de Audrey Rose (1977); O Homem Elefante (1980); O Corcunda de Notre Dame (1982); Rebelião em Alto Mar (1984);
Nunca Te Vi, Sempre Te Amei (1987); Horas de Desespero (1990); O Silêncio dos Inocentes (1991); Freejack:
Os Imortais (1992); Retorno a Howards End (1992); Drácula de Bram Stoker
(1992); Chaplin (1992); Vestígios do Dia
(1993); Terra das Sombras (1993); Lendas da Paixão (1994); Nixon (1995); No
Limite (1997); Amistad (1997); A Máscara do Zorro (1998); Instinto (1999);
Hannibal (2001); Dragão Vermelho (2002); Alexandre (2004);
Desafiando os Limites (2005); A Lenda de Beowulf (2007); O Lobisomem
(2010); O Ritual (2011); Thor (2011); Hitchcock
(2012); RED 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos (2013); Thor: O Mundo Sombrio
(2013); Noé (2014); Má Conduta (2016); Transformers: O Último Cavaleiro (2017);
Thor 3: Ragnarok (2017); Dois Papas (2019); Meu Pai (2020), Um Filho (2022)
Olivia Colman
Um Casamento Original (2006), Chumbo Grosso (2007), Nunca é Tarde para Amar (2007), Nunca é Tarde para Amar (2007), Skins - Juventude à Flor da Pele (2007), Os Assassinatos de Midsomer (1997), O Mundo dos Pequeninos (2010), A Dama de Ferro (2011), Um Final de Semana em Hyde Park (2012), Dou-lhes Um Ano (2013), A Décima Terceira História (2013), Ritmo Cubano (2014), O Lagosta (2015), O Gerente da Noite (2016), Assassinato no Expresso do Oriente (2017), A Favorita (2018), Uma Grande Aventura (Minissérie 2018), Meu Pai (2020), A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (2021), O Domingo das Mães (2021), A Vida Eletrizante de Louis Wain (2021); A Filha Perdida (2021), Império da Luz (2022)
Rufus Sewell
Um Homem Sem Importância (1994); Carrington - Dias de Paixão (1995); Hamlet (1996); Cidade das Sombras (1998); A Filha da Luz (2000); Coração de Cavaleiro (2001); A Lenda do Zorro (2005); Tristão & Isolda (2006); O Ilusionista (2006); O Amor Não Tira Férias (2006); Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros (2012); O Jogo Mortal (2013); Hércules (2014); Quem Matou Jesus? (2015); Deuses do Egito (2016); Vitória: A Vida de uma Rainha (2016), Judy: Muito Além do Arco-Íris (2019), O Homem do Castelo Alto (seriado - 2015), Meu Pai (2020), Tempo (2021)
Olivia Williams
Emma (1996); O Mensageiro
(1997), Três é Demais (1998), O Sexto Sentido (1999), Na Mira do Inimigo
(2000), O Último Romântico (2000), O Corpo (2001), Um Golpe de Sorte (2001),
Confissões de um Sedutor (2001), Meu Amor, Minha Perdição (2002), Submersos
(2002), Morte ao Rei (2003), Peter Pan (2003), Agatha Christie: A Life in
Pictures (2004), Valiant: Um Herói que Vale a Pena (2005), Aprendendo a Viver (2005),
X-Men: O Confronto Final (2006), Srta. Austen Lamenta (2007), Reflexos da
Inocência (2008), O Escritor Fantasma (2010), Um Final de Semana em Hyde Park
(2012), Agora e para Sempre (2012), Anna Karenina (2012), O Planeta Vermelho
(2013), Justin e a Espada da Coragem (2013), Sabotagem (2014), Europa: A
Trajetória de Worricker (2014), Mapas para as Estrelas (2014), O Sétimo Filho
(2014), Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha (2017), Jounterpart: Mundo
Paralelo (seriado - 2017), Meu Pai (2020)
Imogen Poots
V de Vingança (2005), Extermínio (2002), Srta. Austen Lamenta (2007), Eu e Orson Welles (2008), Sedução (2009), O Solteirão (2009), Centurião (2010), Chat: A Sala Negra (2010), O 30º Dia (2010), Jane Eyre (2011), A Hora do Espanto (2011), Regra Número Três (2011), Saudações de Tim Buckley (2012), O Último Concerto (2012), O Olhar do Amor (2013), Filth - O nome da ambição (2013), Namoro ou Liberdade (2014), Uma Longa Queda (2014), Need for Speed: O Filme (2014), Um Amor a Cada Esquina (2014), Cavaleiro de Copas (2015), Sala Verde (2015), Fazendo as Pazes com o Passado (2015), Frank & Lola: Amor obsessivo (2016), Popstar: Sem Parar, Sem Limites (2016), Doce Virginia (2017), Caçadora de Gigantes (2017), Eu Não Posso Esperar (2018), No Fundo do Poço (2019), Natal Sangrento (2019), Meu Pai (2020), Saída à Francesa (2020)
Mark Gatiss
A Isca Perfeita (2001), Todo Mundo Quase Morto (2004), Agatha Christie: A Life in Pictures (2004), Ponto Final: Match Point (2005), Os Assassinatos de Midsomer (1997), Boy George - A Vida é Meu Palco (2010), Ser Humano (2008), O Exército do Papai (2016), Nosso Fiel Traidor (2016), Absolutely Fabulous: O Filme (2016), Negação (2016), Somente o Mar Sabe (2018), Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível (2018), A Favorita (2018), Meu Pai (2020), O Soldado Que Não Existiu (2021) .
Ayesha Dharker
Fontes:
The Guardian
The Washington Post
Variety
IMDB
The New York Times
Empire
Los Angeles Times
O Globo
Hollywood Reporter
Luís, td bem?
ResponderExcluirGostaria de ter feito um comentário antes, pois assim que vi esta sua postagem me animei muito, afinal — independente da premiação — Meu Pai é um grande filme.
Vi na TV, infelizmente não venho tendo tempo para o cinema.
Realmente é uma interpretação que poucos poderiam dar, visto as muitas nuances que o personagem central exigia: deslocamento, indignação, aturdimento, desolação, fragilidade, orgulho ferido. Enfim, um grande desafio, que ao ler a crítica ( e as informações trazidas pela sua análise ) me fez querer rever o tanto de esforço que esse filme consumiu de seus atores e de seus produtores.
Quanto ao trabalho de Anthony Hopkins, com o tempo parece tão natural vê-lo, que até nos esquecemos de lembrar que ali na nossa frente está uma interpretação. Veja só o grande artista: faz da farsa uma verdade.
Difícil dizer se foi seu maior papel, pois parece que revendo em memória seus personagens anteriores, muito do efeito em cena que causa ao espectador se deve ao homem, não só o ator, visto que ele apenas estar apenas ali já parece criar uma imagem eloquente, um discurso implícito. De Niro me parece assim também. Mérito ou demérito?
Enfim, a frase “sinto que estou perdendo todas as minhas folhas” vai assombrar para sempre nossa memória. Ou enquanto a tivermos…
Tem de ser dito que Meu Pai deixa uma importante contribuição para a sensibilização das pessoas frente as doenças demenciais ( tema doloroso, ficaríamos horas nisso sem sairmos do lugar ). Essa é o maior legado da arte: tornar a sociedade melhor. Palmas para todos que o fizeram!
Quanto a sutil e constante mudança de cenário que vc observou, acho que foi a primeira vez num filme que enxerguei isto como recurso para criar a percepção da inquietante irrealidade que se processava aos olhos do personagem. A alegoria da casa cada vez mais vazia também foi um excelente recurso, simples e forte ao mesmo tempo. Idem para a referência ao relógio perdido e das constantes confusões sobre a vida da filha.
Embora seja um filme triste, Meu Pai mostra que a tolerância e a compaixão é o que nos faz maiores em momentos como os ali vividos. Isso muito me emocionou.
Quanto ao elenco, Rufus Sewell é tão severo comparado com o personagem de Mark Gattis que não achei que a confusão entre eles poderia ter se dado. RF é pouco exigido aqui ( recomendo muito The Man in the High Castle, para mim seu maior trabalho ). E sim, concordo que houve a agressão a Anthony, essa é uma cena que chega a causar mal-estar.
Olivia Colman parece sempre estar bem em tudo que faz. Os papéis emotivos e contidos lhe caem bem, uma escolha acertado da direção.
E quanto justamente a direção, posso estar enganado mas Florian Zeller me fez lembrar de Zagallo na copa de 70: apenas deixou as estrelas brilharem. Ora, isso é bom, não acha?
Adorei a música-tema de Bizet e a estória de sua introdução no filme, muito legal. Entrou pra minha playlist de óperas.
Uma curiosidade: hoje, aqui na cidade de São Paulo, está em cartaz a peça Meu Pai, com Fúlvio Stefaninni. Dizem que em alguns momentos as pessoas até riem. Amarelo, provavelmente. Tentarei ver com a patroa.
Agora, tenho de deixar uma impressão minha quanto aos fatos da premiação do Oscar e peço antecipadamente desculpas se vier a magoar alguém:
Esperar que o prêmio de melhor ator fosse para Chadwick Boseman em sua atuação em Pantera Negra diante do que fez Anthony Hopkins mostra que 1) a meritocracia defitivamente não importa e 2) ainda que o Oscar seja um prêmio da indústria do cinema, para gente séria ele cada vez representa menos e menos e menos.
Bom, é isso.
Um abraço, Luís. Como sempre, grato por mais este bom texto.
Olá Mario.
Excluir"Meu Pai" também não vi no cinema, mas estava ansioso por assistir. Quando estreou em streaming, corri para ver. Anthony Hopkins consegue transmutar a cada papel feito, como você bem citou: fazer da farsa uma realidade. Seu trabalho no seriado “Westworld” me chamou muita atenção, quando ele saiu da série penso que muito se perdeu.
Quanto a Fúlvio Stefanini, quando fiz a análise, a peça já não estava mais aqui no Rio. Uma pena. Considero-o um grande ator e deve estar em grande interpretação. Vale a ida ao teatro.
Olivia Colman é uma grande atriz que agora os holofotes da sétima arte estão se voltando a ela. Com certeza ainda falaremos muito dela no futuro. Por sinal, sua performance em “A Favorita” foi decisivo para o filme ter sucesso.
Herdei um pouco do gosto da música erudita através de minha falecida mãe que conhecia uma quantidade gigantesca delas, além das músicas e as ouvia diariamente nas rádios e cds. Gostava tanto de música que começou a aprender perto dos 60 anos e tocou vários instrumentos até o fim da vida.
Quanto a Chadwick, não vi ainda "A Voz Suprema dos Blues", mas esse prêmio dificilmente não iria para as mãos de Hopkins. Mas ainda verei (são tantos filmes que a gente sempre esquece algum - você citou De Niro e ontem, por acaso, revi Taxi Driver. Acredita que só tinha visto uma única vez? Me fez pensar em uma análise...) Quanto ao Oscar, é uma premiação política que às vezes acerta e em outras não. Apesar de sempre citar nas análises, já não considero também tão importante. Mas é uma forma de reconhecimento para estes profissionais e muita divulgação para essa indústria. Papo para quem sabe num futuro virar análise especial por aqui.
Muito obrigado por sempre comentar e um grande abraço. Até a próxima.
Luís
ResponderExcluirEstória bonita, essa de sua mãe. Ter pessoas sensíveis na nossa família é um presente de Deus.
Sou assinante do Estadão e recentemente pude ler um artigo do seu xará Luiz Zanin ( A Arte da Crítica ). Leia, vale a pena, achei que fala algumas verdades do momento atual da cinefilia.
Quero também que saiba que esta sua análise foi uma das suas melhores que li, texto muito bom, bem escrito. Parabéns!
Grande abraço, até a próxima!