domingo, 29 de janeiro de 2023

ÊXITO FUGAZ / YOUNG MAN WITH A HORN (1950) - ESTADOS UNIDOS


UM FILME QUE CARREGA A ESSÊNCIA DO JAZZ

(O TEXTO CONTÉM SPOILERS)

Smoke (Hoagy Carmichael), sentado ao piano, recorda a vida de seu amigo Rick Martin (Kirk Douglas), uma das lendas do Jazz. Sua descoberta da música, seu aprendizado, sua ligação com a banda de Art Hazzard (Juano Hernandez), suas poderosas interpretações, suas crises de melancolia e solidão. Smoke nos revela também duas mulheres na vida de Rick: a cantora JoJo (Doris Day) e a milionária diletante Amy Northe (Lauren Bacall) e seu envolvimento com a mais destrutiva, levando-o à uma vertiginosa queda.  

Êxito Fugaz se baseia em um livro escrito por Dorothy Baker em 1938, que conta a vida de Bix Beiderbecke, uma das lendas do Jazz dos anos 20 que viria a falecer, aos 27 anos, de pneumonia. O diretor Curtiz de "Casablanca" nos mostra duas fases da vida de Rick Martin: da obscuridade à gloria, a decadência e o alcoolismo. Talvez por não ter muito em particular com o livro escrito por Baker, como muitos especialistas afirmam, optou-se por informar que o filme era livremente inspirado em fatos reais, trocando-se o nome do protagonista.

Êxito Fugaz é um interessante título nacional para o original “Young Man With a Horn”, que causou problemas na Austrália e Grã-Bretanha, este último o lançou como "Young Man of Music”, possivelmente por não compreenderem o sentido da palavra “Horn” (que é mais conhecida como “chifre” e cuja gíria americana designava o trompete) nos anos 50.

As qualidades desta produção são variadas: há uma sensação de reprodução fidedigna do ambiente e personagens do jazz, colocando o gênero musical como o principal elemento descritivo desse ambiente; as variações dos temas musicais valorizam o filme e o estado íntimo dos personagens; outro mérito do filme é não forçar situações para que os números musicais surjam, algo muito comum nos filmes; é repleto de ensinamentos humanos e personagens com identidade própria. Nesta produção, a trilha sonora é mais do que uma força complementar. É a própria alma do filme, porque se fosse menos intensa e atraente aos ouvidos, o filme simplesmente não funcionaria. Algumas cenas poderão ficar gravadas na memória dos que o assistirem: a sequência do menino Rick (Orlay Lindgram) assistindo da bandeira da porta uma “jam-session” de Art Hazzard; as cenas do Night Clube Galba's que, sob um “hot-jazz”,  Rick e Art voltam a se encontrar; os números musicais de Jo Jo; uma conversa entre o “Jazz-man” Rick e Art (a cena mais pungente do filme) e a cerimonia fúnebre. Talvez possa ter sido o melhor filme de Jazz produzido até aquele momento. E o cinema já lançou algumas produções que apresentaram o Jazz e seus músicos autênticos escrevendo “jazz scores” para filmes, como Duke Ellington para “Anatomia de um Crime” (1959); John Lewis e Modern Quartet para “Homens em Fúria” (1959); Herbei Hancock para “Blow-up - Depois Daquele Beijo”; J.J Johnson para “Shaft”; Miles Davis para “Ascensor do Cadafalso(1957)... e, nos anos 80, com “”Cotton Club” (1985); “Por Volta da Meia-Noite” (1986) e; Bird (1988) do “jazzófilo” Clint Eatwood. Mais recentemente, tivemos “Whiplash:Em Busca da Perfeição” (2014). Aqui tivemos (1916 - 1983) Harry James, que dublou Douglas. Ainda que para muitos especialistas Harry tivesse um estilo próprio e talento, estaria muito distante do "jazz puro" de Beiderbecke, mas há um consenso de seu belo trabalho.

Quanto ao elenco, Kirk Douglas recebeu muitos elogios por sua caracterização e uso do instrumento em cena (aprendera por 3 meses). Seu complexo personagem, de individualismo inquebrantável, que não conhecera o pai e perdera a mãe aos 9 anos, passando a morar com a irmã, transformando-o de um garoto solitário e infeliz em um dos maiores trompetistas de todos os tempos, ainda que tenha se tornado um homem solitário e infeliz, funcionou muito bem e Douglas segurou o papel com muita garra e tenacidade. Hoagy Carmichael era amigo de Bix Beiderbecke na vida real e ajudou Douglas em seu papel. Carmichael recebeu uma carta de agradecimento do diretor Michael Curtiz por sua valiosa contribuição em diversas áreas da produção deste filme. O ator / pianista torna-se o único amigo de Rick e talvez o único a conhecê-lo de verdade. Carmichael brilhou atrás do teclado com os vocais de Doris Day em canções como “The Very Thought Of You”. Primeira atuação dramática de Doris Day (entre 48 e 64 fez muitos musicais e filmes românticos). A atriz, posteriormente, escreveu que esteve infeliz fazendo este filme, que trouxe de volta memórias estressantes de seu início de carreira como cantora de banda, e também porque Kirk Douglas e Lauren Bacall (tendo namorado uma vez Bacall na vida real) pareciam excluí-intencionalmente, fazendo-a se sentir indesejada. Mas os seus números musicais são ótimos e seu papel de uma mulher mais apática foi proposital para poder criar um contraste com sua rival no filme. Lauren Bacall fez a milionária dúbia, de beleza gélida e voz rouca, a tradicional “femme fatale” dos “filmes noir” (há uma pitada desse gênero em alguns momentos), uma intelectual frustrada que, assim como quase tudo em sua vida, perdeu também rapidamente o interesse por Rick. Juano Hernandez como o mestre do herói e, posteriormente idoso “jazz-man”, um ator pouco conhecido por aqui,  surpreendeu, com uma atuação de alto nível e que roubou todas as cenas em que participou.

“Êxito Fugaz” insere o Jazz na estória para caracterizar um personagem ou intensificar a ação. A carreira de Bix Beiderbecke / Rick Martin pode lembrar a de vários artistas que o sucederam, independente do gênero e, apesar de ter um desfecho tradicional,  estaria em completo desacordo com a verdade dos fatos, mas este final estranho e otimista deveu-se exclusivamente à vontade do chefe do estúdio, Jack L. Warner. Kirk Douglas e Michael Curtiz fizeram lobby por um final mais pessimista e realista, mas prevaleceu a decisão de Warner, na minha opinião um equívoco, que impediu o impacto em seu final. É um filme de muitas camadas, que não só mostra a vida do artista, mas sua revolta ante o comercionalismo, através de um “Band-leader”, que insiste em oferecer "música de dança" e o seu desanimo em face da indiferença desse público. Nos mostra também, ainda que de modo sutil, as famosas orquestras  "brancas" e "colored", numa américa de forte segregação racial. Ainda que as relações entre o cinema e o jazz quase nunca permitiram se completarem, "Êxito Fugaz" agradará aos apreciadores de um gênero muito importante para a história da música.

 

Trailer:

 


 

Curiosidades:

Ao fazer este filme, Kirk Douglas tentou alertar Doris Day sobre receber conselhos financeiros de seu então empresário Martin Melcher. Douglas foi “queimado” por Melcher e achou Day ingênua por confiar tanto nele. Day não apenas ignorou o conselho de Douglas, como mais tarde se casou com Melcher e, após sua morte em 1968, descobriu que ele havia desperdiçado a fortuna que ela ganhou durante seus 20 anos de carreira no cinema e a deixou seriamente em dívida com o Imposto de Renda Americano.

O LP de estúdio de 10 polegadas da Columbia com Doris Day e Harry James alcançou o primeiro lugar na parada de álbuns populares da "Billboard".

No romance de Dorothy Baker, no qual este filme é baseado, os personagens interpretados por Hoagy Carmichael e Doris Day eram afro-americanos.

O filme contém uma referência à homossexualidade, embora o “Hays Office” - o código de censura da indústria - exigisse que qualquer menção fosse sutil. A personagem de Amy (Lauren Bacall) tem atração por mulheres e é por isso que Rick (Kirk Douglas) a abandona. Muitas décadas depois, Bacall disse a um entrevistador da Turner Classic Movies que a referência era tão sutil (e ela era tão jovem e ingênua na época) que ela só percebeu anos depois.

Mesmo casado com a pin-up Betty Grable, Harry James era conhecido por ser mulherengo. Peter Levinson, em sua biografia de James ("Trumpet Blues") observa que durante as filmagens deste filme, James contatou o empresário de Doris Day para perguntar quais eram as chances de James "conhecer" Day.

Este foi apenas o quarto filme em que Doris Day apareceu e o primeiro papel a desafiar suas habilidades dramáticas. O diretor Michael Curtiz ficou impressionado o suficiente com seu trabalho para recomendar que a Warner Brothers considerasse escalá-la para um papel dramático direto. Sua sugestão rendeu a Day seu papel mais importante até agora, o da irmã mais nova de Ginger Rogers (que morre nas mãos do KKK) no Alerta de Tempestade de 1951.

Esta foi a terceira das quatro vezes que Michael Curtiz dirigiu Doris Day, que ele havia descoberto e escalado para seu primeiro filme Romance em Alto-Mar (1948). O contrato de sete anos que Day assinou ao aceitar o primeiro papel foi com Curtiz pessoalmente, mas mais tarde foi comprado pela Warner Brothers. As outras duas colaborações entre Curtiz e Day foram Meus Sonhos Te Pertencem (1949) e Sonharei com Você (1951).

Várias vezes Kirk Douglas é visto batendo seu bocal em seu trompete. Isso nunca é feito por músicos profissionais, pois faz com que o bocal fique preso no instrumento.

O Nome de Batismo de Lauren Bacal era Joan Perske. A atriz faleceu um mês antes e completar 90 anos de derrame.

A primeira música que o jovem Rick pede a Art Hazzard para tocar foi "Moanin' Low", a mesma canção que Gaye Dawn (Claire Trevor) cantou sem nenhum acompanhamento musical em Paixões em Fúria (1948), também estrelado por Lauren Bacall.

Juano Hernandez faleceu dois dias de pois de completar 74 anos, de hemorragia cerebral.

Hoagy Carmichael faleceu aos 82 anos de Ataque Cardíaco

Doris Mary Ann von Kappelhoff (nascida Doris Mary Kappelhoff) , ou Doris day faleceu aos 97 anos de pneumonia

Kirk Douglas faleceu de causas naturais aos 103 anos


 

Trilha Sonora:

In the Sweet By and By - "Coral" 

Moanin' Low - Juano Hernandez (dublado por Jimmy Zito)

Shadow Waltz - Harry James

Chinatown, My Chinatown - Jean Schwartz (1910) - Instrumental

The Very Thought of You - Doris Day com Harry James no Trompete

Baby Face - Harry James

Get Happy - Hoagy Carmichael, Harry James e outrox

Sweet Georgia Brown - Hoagy Carmichael e Harry James

Lovin' Sam (The Sheik of Alabam) -  Hoagy Carmichael e Kirk Douglas

Silent Night, Holy Night -  Harry James

Ain't She Sweet - Harry James

Too Marvelous for Words - Doris Day

The Blue Room - Harry James

Can't We Be Friends? - Harry James

I Only Have Eyes for You - Phil Morrison Orchestra

Tea for Two -  Harry James

The Man I Love -  Harry James

I May Be Wrong (but I Think You're Wonderful) - Doris Day

What Is This Thing Called Love? - Banda desconhecida

'S Wonderful - Harry James

Limehouse Blues -  Hoagy Carmichael, Harry James e outros

Swing Low, Sweet Chariot - Coral

Nobody Knows the Trouble I've Seen - Coral

Someone to Watch Over Me - "Phil Morrison Orchestra" e Harry James

With a Song in My Heart - Doris Day

Carolina in the Morning - Desconhecido

The Japanese Sandman - Hoagy Carmichae

Pretty Baby - Desconhecido

Love for Sale - Desconhecido

If I Could Be with You - desconhecido

Nocturne, Op. 9, No. 2 in E Flat Major - Chopin

 

Cartaz







 






Filmografia Parcial

Kirk Douglas (1916-2020)  







O Tempo Não Apaga (1946); Fuga do Passado (1947); As Muralhas de Jericó (1948); O Invencível (1949); A Montanha dos 7 Abutres (1951); Assim Estava Escrito (1952); Ulysses (1954); 20.000 Léguas Submarinas (1954);  Sede de Viver (1956); Sem lei e Sem Alma (1957); Vikings, Os Conquistadores (1958); Duelo de Titãs (1959); Spartacus (1960); Sua Última Façanha (1962); Sede de Vingança (1963); Sete Dias de Maio (1964); Os Heróis de Telemark (1965); À Sombra de um Gigante (1966); Sangue de Irmãos (1968); Movidos Pelo Ódio (1969); A Fúria (1978); Cactus Jack, o Vilão (1979); Saturno 3 (1980); Nimitz - De Volta ao Inferno (1980); Caçada Impiedosa (1983); Os Últimos Durões (1986); Oscar - Minha Filha Quer Casar (1991); Os Puxa-Sacos (1994); Acontece Nas Melhores Famílias (2003);  Illusion (2004); Meurtres à l'Empire State Building (2008) 


Lauren Bacall







Uma Aventura na Martinica (1944); Quando os Destinos Se Cruzam (1945); Um Trono por um Amor (1946); À Beira do Abismo (1946); Prisioneiro do Passado (1947);  Paixões em Fúria (1948); Êxito Fugaz (1950); Cinzas ao Vento (1950); Como Agarrar um Milionário (1953); O Mundo é da Mulher (1954); Paixões Sem Freios (1955); Rota Sangrenta (1955); Teu Nome é Mulher (1957); Sangue Sobre a Índia (1959); Condenado por Vingança (1964); O Caçador de Aventuras (1966); Assassinato no Expresso Oriente (1974); O Último Pistoleiro (1976); O Fã: Obsessão Cega (1981);  O Elétrico Mr. North (1988); Louca Obsessão (1990); O Espelho tem Duas Faces (1996);  Dogville (2003); Reencarnação (2004); Amália Traída (2004)


Doris Day (1922-2019)







Romance em Alto-Mar (1948);  Meus Sonhos Te Pertencem (1949); Êxito Fugaz (1950); Conquistando West Point (1950); Dilema de uma Consciência (1951); Rouxinol da Broadway (1951); Meus Braços Te Esperam (1951);  Sonharei com Você (1951); Estrelas em Desfile (1951); Combinação Invencível (1952); Lua Prateada (1953); Ardida como Pimenta (1953); Com o Céu no Coração (1954); Ama-me ou Esquece-me (1955); O Homem que Sabia Demais (1956); Um Pijama para Dois (1957); Um Amor de Professora (1958); O Túnel do Amor (1958); A Viuvinha Indomável (1959); Confidências à Meia-Noite (1959); Já Fomos tão Felizes (1960); A Teia de Renda Negra (1960); Volta Meu Amor (1961); Carícias de Luxo (1962); A Mais Querida do Mundo (1962); Tempero do Amor (1963); Eu, Ela e a Outra (1963); Não me Mandem Flores (1964); Favor Não Incomodar (1965); A Espiã de Calcinhas de Renda (1966); A Indomável (1967); Tem um Homem na Cama da Mamãe (1968) 


Juano Hernandez  (1896-1970)







A Garota de Chicago (1932); Uma Cabana no Céu (1943); O Mundo não Perdoa (1949); Êxito Fugaz (1950); O Testamento de Deus (1950);  Redenção Sangrenta (1950); A Morte num Beijo (1955); A Fúria dos Justos (1955); Decisão Amarga (1956); Sangue Sobre a Terra (1957); A Marca do Gavião (1957); Lamento Negro (1958); Nas Selvas das Caraíbas (1958); Audazes e Malditos (1960); Um Raio em Céu Sereno (1961); Dois Amores (1961); As Aventuras de um Jovem (1962);  O Homem do Prego (1964);  O Extraordinário Marinheiro (1969);   Os Rebeldes (1969); Noite Sem Fim (1970)


Hoagy Carmichael(1899-1981)







A Dupla do Outro Mundo (1937); Uma Aventura na Martinica (1944); Paixão Selvagem (1946);  Os Melhores Anos de Nossa Vida (1946); Melodia da Noite (1947); Caminho do Futuro (1949); Êxito Fugaz (1950); A Caminho do Pecado (1952); A Família do Gênio (1952); Os Tiranos Também Morrem (1955) e participação em seriados.


Fontes: 

The New York Times

IMDB

Jornal do Brasil

Jornal O Globo

3 comentários:

  1. Luís, como vai?
    Posso dizer que Êxito Fugaz ( belo nome ) marcou minha vida pois ao assistí-lo recebi um convite que a mudaria. Tinha 12 para 13 anos e comecei a partir dali a tocar numa banda de colégio da minha cidade. Trompete.
    Aquela experiência de participar de um grupo e ter nele um papel diferenciado foi o primeiro grande passo na auto-afirmação do adolescente que estava me tornando. Assim, evolui na prática do instrumento e passei a participar de grupos melhores, até que então passei a me manter — talvez por uns 5 ou 6 anos — apenas com os frutos que tirava da música.
    Como nunca deixei de ser um estudante que mirava a carreira universitária, não enxergava o instrumento como o meu destino maior, apesar da alegria e excitação que ele me proporcionava. Mesmo jovem havia uma boa dose de pragmatismo nessa minha escolha e hoje sou muito grato ao anjo que soprou isso ao meu ouvido.
    Enfim, fiz amigos eternos naquele período, vivi estórias que preencherão minhas memórias pra sempre e aprendi a olhar a música de dentro pra fora, o que de fato se tornou um tesouro para mim. Um parênteses: quanto a isso, creio que para se apreciar integralmente a BOA música não é implícito tornar-se um instrumentista posto que sua percepção qualitativa pode acontecer simplesmente ouvindo-a e sentindo-a. Mas essa experiência ganharia muito se fosse oferecida ao ouvinte, ás pessoas, de um modo sistemático na educação, como vejo esparsamente no Brasil e percebo mais enraizado na Europa. Fim do parênteses.
    Já me perguntei antes se eu não tivesse assistido Êxito Fugaz qual resposta daria áquele convite. Acho que o mesmo sim, mas… What if?
    Quanto ao filme, Kirk Douglas era único em tudo que fazia. O acho uma das estrelas maiores de todos os tempos da sétima arte. Ele conseguia incorporar o que quisesse aos seus personagens e só para nos atermos a Young Man with a Horn fica aqui sua interpretação convincente do homem que se faz sozinho e sozinho vai á bancarrota moral e pessoal. Sabe, concordo com sua colocação que um final mais realista daria certamente um outro tamanho ao filme, que oportunidade perderam. Bom saber que Michael Curtiz e KD enxergaram isso.
    Ainda sobre Kirk Douglas, deveria ser dificílimo contracenar com ele, tamanho sua presença em cena. Vc vê assim também, Luís?
    Lauren Bacall era um felino no ecrã ( essa vai para nossos patrícios de além-mar ). Está linda, lindíssima, etérea e — sim, vc colocou bem, — uma femme fatale. Gostaria de ter visto mais filmes com ela.
    Doris Day está o doce de sempre. Realmente tinha uma bela voz, que soa um pouco empostada ás vezes, mas era um padrão naquele momento. Sua carreira não é de arroubos dramáticos mas é interessante.
    A trilha sonora confesso que terei de reouvir para julgar seu tamanho. Mas recordo da boa ambientação que dava.
    O personagem de Juano Hernandez não sei porquê me lembrava Louis Armstrong, não pelo tipo físico e a personalidade, claro, mas por suas dolorosas lições de humildade que só um homem calejado e de bom coração poderia dar e que Rick só ouviu tarde demais.
    Êxito Fulgaz ainda é um filme que pode ensinar algo ás platéias. Sobre como nossas escolhas nos fazem subir e cair.
    Quanto lhe sugeri/pedi esta análise não imaginava quanto material inédito vc traria para mim, que tanto gosto desse filme. Nossa!, que boa surpresa. Muito obrigado!
    Um forte abraço, Luís!

    ResponderExcluir
  2. Olá Mario
    Muito legal a sua história com a música e, particularmente, o trompete. A estória do filme nos revela algo interessante: todos possuem um dom, poucos conseguem descobri-lo ao longo da vida. Aquele garoto podia ter se tornado um funcionário de uma empresa, ou ter outro tipo de atividade, nunca encontrando a música. Mas a música o encontrou ou os "seus ouvidos" encontraram a música. A capacidade de autoaprendizagem mostrava ali o seu futuro. "Rick" , no filme, era uma figura intensa, mas os fantasmas do passado moldaram sua personalidade de uma forma bem diferente dos demais. Não deu sorte, encontrou pelo caminho uma pessoa confusa que, ao invés de guiá-lo, fez com que ele se perdesse ainda mais dentro de si. Quanto a Kirk Douglas, só se tornou um rosto conhecido para mim após "Spartacus" (eu estava entrando na adolescência, início dos anos 80). Quando um filme surgia na telinha eu sabia que era o ator do épico (até porque o ator sempre teve um rosto muito expressivo). Nessa época, pouco conhecia os filmes anos 40 e 50, mas o contato com essas produções, de maneira sazonal, me fez perceber que era um grande ator. E é sempre uma surpresa vermos um filme antigo de um ator que só tomamos conhecimento décadas depois. Êxito Fugaz é um filme bem "desconhecido", nos dias atuais onde o filme ou série do momento é o que mais importa. Não acredito que tão cedo essa panorama mudará.
    Fico contente que algumas informações tenham chegado como surpresa. A minha proposta sempre foi pesquisar e publicar, com o tempo o caminho se torna mais fácil, pois tenho uma ideia de onde conseguirei a informação, muitas retiradas de publicações da época (as vezes de outros países) em que o filme foi veiculado nos cinemas. Hoje, infelizmente a moda é "CRLT C + CRTL V", muitas vezes com informações equivocadas. e todos com as mesmas informações, pelo menos eu sei onde busquei as informações e sei que são críveis, outras são de leituras, me lembro e vou em busca de encontrar onde havia lido.
    Espero que, com a publicação desta análise, o filme atraia um público a descobri-lo. Quem sabe? Muito obrigado pela sugestão do filme e pelos comentários de sempre. Um grande abraço e até a próxima !

    ResponderExcluir
  3. Luís, não sei se conheci KD com Spartacus, puxa, essa tá difícil.
    Acho que é uma questão filosófica — e não sociológica — o quanto das escolhas de uma pessoa são determinadas respectivamente por sua própria natureza e valores ou pela força do meio e seus costumes. Mas tenho medo dos pré-julgamentos que estão dentro de nós. Portanto, admito que ao analisar a jornada de Rick temos que levar em conta o mundo cão de onde ele veio. O seu ponto de vista é abrangente nesse ponto, Luís.
    Quanto a mudar o panorama da cinefilia contemporânea, acho que aqueles como nós que amamos o bom cinema é quem devemos dar o primeiro passo, ainda que ás custas próprias. Tenho o sonho de ver um cineclube prosperar. Ou então, a realização de pequenos festivais temáticos de cinema, tipo um por semana / 4 por mês ( filmes noir, comédias românticas da década de 50-60, filmes de tribunal, por aí vai ), seja em escolas, seja em condomínios, seja até em presídios ( já imaginou exibir Um Sonho de Liberdade na cadeia? ). Não falo por falar, não: a arte transforma, não é? Bom, temos que primeiro sonhar, depois vemos o resto.
    Luís, deveria ter te dado um retorno antes sobre os títulos que vc citou que pretendia resenhar. Admito que não assisti todos, alguns até nem sei a sinopse, mas há um tanto maior ali que são filmes incríveis, obras que sozinhas marcaram a história do cinema. Para citar um em particular, A Filha de Ryan considero em resgate mais que merecido do seu atual esquecimento.
    Há um outro fime — que vc usou como exemplo na crítica de Que o Céu Espere — que é O Fantasma Apaixonado ( eu que bato palmas para os títulos nacionais considero este uma lamentável exceção ), bem, o acho maravilhoso. Não sei se vc o viu, portanto paro por aqui com os comentários. Apenas digo que a discussão que o filme nos apresenta do que é “viver”, seja na vida, seja na morte, o torna muito tocante, uma linda lembrança de que o amor é eterno e indestrutível.
    Até a próxima, Luís.
    Tudo de bom!

    ResponderExcluir

Olá Cinéfilos.
Obrigado por visitarem minha página.
Estejam à vontade para comentarem, tirarem dúvidas ou sugerirem análises.
Os comentários sofrem análises prévias para evitar spans. Tão logo sejam identificados, publicarei. Quaisquer dúvidas, verifiquem a Política de Conduta do blog.
Sua opinião e comentários são o termômetro do meu trabalho. Não esqueça de informar o seu nome para que possa responder.
Visitem a minha página homônima no Facebook onde coloco muitas curiosidades sobre cinema , séries e quadrinhos (se puderem curtir ajudaria). Comentários que tragam e-mails e telefones não serão postados
Bem-vindos.
Cinéfilos Para Sempre