terça-feira, 20 de julho de 2021

UM ANJO DA GUARDA / ANGEL - A (2005) - FRANÇA

 


VELHOS HÁBITOS SÃO DIFÍCEIS DE MORRER

André (Jamel Debbouze) é um imigrante marroquino trambiqueiro que vive em Paris e que colheu várias dívidas junto a gangsteres ao fracassar na administração de um negocio de azeite de oliva na América do Sul.  Agora lhe é dado um ultimato: terá 24 horas para sanar suas dívidas e suas opções de sucesso são muito poucas. Sem alternativas, decide por fim a vida ao pular na ponte do rio Sena.  Porém, antes que André execute seu ato, percebe que uma mulher alta e loira mergulha no rio. André salta para salvá-la, sendo bem sucedido. A misteriosa mulher diz chamar-se Ângela (Rie Rasmussen), se oferecendo para fazer o que Andre quiser. Diante da misteriosa oferta, Andre percebe-se ainda mais confuso quando Ângela se mostra capaz de convencer seu principal credor a desistir de matá-lo. Ângela procurará mostrar a André que os problemas que colheu ao longo de sua vida e no que se tornou talvez tenham solução, mas tudo depende de André. Angela se aventurará pela bela Paris, mostrando ao seu novo amigo que a vida tem os seus mistérios, mas também suas soluções. Ângela é apenas uma mulher que deseja retribuir a ajuda a seu salvador ou existem forças além da compreensão que a movem?

Um Anjo da Guarda revela-se no título original, uma mistura de “A Felicidade Não se Compra” e “Asas do Desejo” com uma pitada de estilo Noir. Filmado em deslumbrante preto e branco pelo diretor de fotografia Thierry Arbogast, o filme mostra-se uma declaração de amor à Paris, com suas lindas imagens e revestida de um charme romântico excêntrico.  De certa forma, podemos dizer que o personagem principal do filme é a própria Cidade da Luz em um conto de fadas moderno.

O diretor Luc Besson nos mostra um casal atípico, na melhor linha “os oposto se atraem”. André se considera uma pessoa totalmente indigna de amor, solitário, sem autoestima, um vigarista mesquinho sem sorte e cheio de defeitos. Uma alma que Ângela precisa resgatar. A essa altura o leitor perceberá que “Ângela é um anjo” e que sua missão não será nada fácil. E esse anjo não é exatamente como imaginamos:  Ângela” bebe, fuma e, aparentemente, até se usa de seus encantos sexuais para conseguir o que deseja enquanto arrasta Andre por uma Paris cinzenta como a alma do vigarista. Só que, enquanto esse anjo de aparência etérea e beleza hipnotizante tenta mostrar a André como reverter sua vida autodestrutiva, ela própria possui suas angústias: ela não possui lembranças sobre sua vida passada terrena e isso a incomoda muito, além de que quanto mais ela se aproxima de André, mais ela se afeiçoa sentimentalmente, o que pode tornar-se sua ruína, diante de um André completamente apaixonado.

Há várias camadas a serem observadas no filme de Besson:  na visão do diretor um anjo pode ser um alter ego da pessoa a quem veio ajudar e pode guardar uma tristeza secreta. Ângela tem uma missão, mas funciona como terapeuta celestial; reverter a baixa estima de uma pessoa e trazer sua bondade interior pode ser algo bem difícil; quando André passa a gostar de si próprio, passa a amar Ângela apaixonadamente; Ângela tenta de vários artifícios  para libertar André de suas dificuldades: tudo que ele tenta dá errado, tudo que ela sugere parece estranho, mas funciona. Ângela  precisa revelar André a si mesmo, precisa que este supere o ódio que sente por si próprio. E que para ter sucesso na vida, é preciso ter respeito próprio e autoconfiança.

A dinamarquesa Rie Rasmussen (do filme Femme Fatale) tem forte presença cênica revestida de um mistério erótico, sedução irresistível e uma fúria incontida. Ela ensina André a se olhar no espelho e dizer “Eu te amo” (um dos melhores momentos do filme). Há muita sinceridade e muita convicção no personagem de Rasmussen o que a torna muito simpática junto ao espectador.  Jamel Debbouze foi o contraponto que o filme precisava, seu André é frustrado, inflamável e um perdedor e falador desleixado. André se revela paciente e médico; salvado e salvador. A dupla trouxe uma excelente química e se o filme consegue funcionar, muito se deve a atuação desses dois atores.

O grande mérito de “Angel –A” é ser um filme francês. Se Hollywood colocasse as mãos na história seria uma escrita totalmente diferente. É um filme repleto de mensagens, com um quê de conto de fadas e incredulidade em como Besson construiu sua visão de um anjo. Um filme bem diferente do que costumamos ver, mas que se mostra simpático e divertido revelando ao fundo um lindo passeio turístico por Paris.


Trailer:



Curiosidades:

Na vida real, Jamel Debbouze perdeu o uso do braço direito em um acidente em 1990. É por isso que seu personagem no filme mantém a mão no bolso o tempo todo.

Luc Besson uma vez afirmou que dirigiria no máximo 10 filmes. Um Anjo da Guarda (2005) é o seu décimo filme. Obviamente, Besson quebrou essa promessa - o lançamento de A Família (2013) em 2013 marcou seu 16º filme.

O primeiro filme de Luc Besson em preto e branco desde sua estreia, O Último Combate (1983).

Filmado durante um período de nove semanas.


Cartazes:




Filmografia Parcial:

Rie Rasmussen







Femme Fatale (2002);  Um Anjo da Guarda (2005); Human Zoo (2009)


Jamel Debbouze







Pai de Aluguel (1996);  O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001);  Asterix e Obelix: Missão Cleópatra (2002); Elas Me Odeiam, Mas Me Querem (2004); Um Anjo da Guarda (2005); Dias de Glória (2006); Asterix nos Jogos Olímpicos (2008); Enquanto o Sol Não Vem (2008); Fora da Lei (2010); Hollywoo (2011); A Marcha (2013); A Incrível Jornada de Jacqueline (2016); Alad'2 (2018)


Luc Besson (Diretor)

O Último Combate (1983); Subway (1985); Imensidão Azul (1988); Nikita: Criada para Matar (1990); O Profissional (1994); O Quinto Elemento (1997); Joana D'Arc (1999); Um Anjo da Guarda (2005); Arthur e os Minimoys (2006); As Múmias do Faraó (2010); Arthur: A Guerra dos Dois Mundos (2010) Além da Liberdade (2011);  Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (2017); Anna: O Perigo Tem Nome (2019) .

4 comentários:

  1. Bom dia Marcos.
    É um ótimo filme, mas nem todo público apreciará. Apesar de serem pouco exibidas em nosso país, as produções franceses são muito boas. Obrigado por mais este comentário. Um grande abraço.

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  2. Um péssimo filme, repetitivo, fraco e vazio.

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  3. Boa tarde. (Você não mencionou o seu nome).
    Uma pena o filme não ter agradado. Obrigado por comentar, volte sempre e um grande abraço.

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