JUSTICEIRO “MADE IN BRAZIL”
Miguel Montesanti (Kiko Pissolato) é um dos agentes da
DAE (Divisão Armada Especial), uma unidade de elite da Polícia Federal. Cabe a
ele e outros agentes a prisão do governador
Sandro Correa (Eduardo Moscovis) por desvios de verbas públicas. Claro
que o governador não ficará muito tempo preso e Miguel sofre com uma tragédia pessoal que o faz voltar-se contra o sistema corrupto reinante, tornando-se “O
Doutrinador”, um justiceiro que resolve liquidar um grupo de homens que a lei
não alcança.
Oriundo das histórias em quadrinhos nacionais (até quem
enfim!) surge um herói, ou seria anti-herói?, disposto a desbravar um gênero
até então completamente desconhecido pelo público: filme de herói brasileiro. Criado por Luciano Cunha, O Doutrinador fez ruído o
suficiente para sobressair-se as demais publicações congêneres. O
personagem emergiu após as manifestações de 2013 (aquele do famoso
"O Gigante Despertou"!!) e estaria na casa dos 62 anos (“Batman - O
Cavaleiro das Trevas”, a HQ de Frank
Miller?) sendo um ex-soldado com vasto treinamento (sem família) que, ao
conhecer uma jovem guerrilheira (o período seria a Ditadura Militar), se revoltaria contra o sistema. Só que o que
funciona em quadrinhos normalmente não
funciona quando transportada para telona (claro que há exceções como “Watchmen”
e “Sin City”), são mídias diferentes: leitores e espectadores. Então em algum
lugar (na cidade fictícia “Santa Cruz”) e época desconhecidos começa nosso
filme.
Nesse desenvolvimento do roteiro a oito mãos, de um
universo próprio, bem estilo ao estilo Hell’s Kitchen (Cozinha do Inferno) do
Demolidor , Gotham City de Batman, São Paulo e Brasília, acrescido de cenários
por computação gráfica, que dão um visual realista à cidade imaginária, com
claras inspirações em Batman, O Justiceiro, Watchmen, V de Vingança, Tropa de
Elite entre outros, nosso Doutrinador (bem mais jovem e mais humanizado do que nas HQS) se esgueira a punir aqueles que provocam
as mazelas diárias: os políticos e empresários corruptos. E resolve fazer justiça pelas próprias
mãos em plena campanha presidencial com a inesperada ajuda de uma ativista hacker chamada Nina (Tainá Medina).
Há uma pequena quantidade de incongruências na obra como: o encontro do Doutrinador com Nina; os vilões que são pouco realistas (as gargalhadas dos vilões são engraçadas de tão fora de contexto); alguns diálogos parecem “artificiais”; o Led vermelho na máscara do herói (ficou legal, mas não espere explicações). Mas há boas coisas a serem elogiadas: a direção de arte por Margherita Pennachi (de Superpai e Órfãos do Eldorado) que criou belas tomadas de uma cidade com luzes de neon; uma trilha sonora adequada à trama (ver lista abaixo); a ótima fotografia de Rodrigo Carvalho (Pacto de Sangue e O Negócio); boas cenas de ação e uma montagem dinâmica.
Quanto aos atores,
Miguel Montesanti está a vontade no papel de herói e dá crivo ao
personagem; Tainá Medina está muito bem no papel da Hacker Nina (seria algo
como a “Oráculo” de Batman ou “Micro” do Justiceiro?); Eduardo Moscovis é um
ponto a parte no filme. Creio que o apresentado em cena lhe daria a
oportunidade de ser um ótimo vilão até o final do filme, mas elegeram como
vilão “o sistema” e essa falta de um antagonista ao Doutrinador pode não ter
sido a melhor das escolhas já que a troca não aprofundou na questão da
corrupção nem levou a reflexão como “Tropa de Elite”. O restante do elenco tem
altos e baixos com alguns demasiadamente caricatos e outros eficientes.
Com um orçamento de 14 milhões - oito para o filme e 6
para uma série em oito episódios a serem veiculados pelo Canal Space, O
Doutrinador é uma evolução no gênero. Se o público, acostumado a produções
“Made in Usa”, for comparar com a miríade de congêneres americanos lançados
podemos dizer que é um produto mediano, mas se for considerado como um pontapé
inicial no gênero "Heróis Made in Brazil” podemos dizer que é uma produção mais
do que bem vinda, basta vermos a gama de bons profissionais que o filme traz em sua consecução. Que venha
a série e que venham novas adaptações de heróis em quadrinhos brasileiros que a
grande maioria do público ainda desconhece totalmente.
Trailer:
Curiosidades:
O primeiro diretor cogitado foi o paulista Afonso Poyart ("Dois Coelhos" e "Presságios de um Crime") depois Johnny Araujo ('Depois de Tudo") que chegou a dirigir algumas cenas e finalmente Gustavo Bonafé ("Legalize Já: Amizade Nunca Morre" e "Chocante") e Fábio Mendonça ("A Noite da Virada").
Foram utilizados 200 figurantes no Teatro Municipal de São Paulo.
Pissolato fez todas as cenas de ação a não ser aquelas em que habilidades especiais se tornavam um requisito essencial como o Pakour ou que extrapolavam a segurança física do ator.
As sequências de luta ficaram a cargo dos coordenadores de dublês Dani Hu (Police Story, O Protetor - com Jackie Chan, Faroeste Caboclo e Contra todos) e Júlio Freire (Jogo de Decapitações, O Mecanismo e Operações Especiais).
Sete episódios da série já foram divulgados: Despertar / Alianças / Tática / Máscara / Colateral / Duelo / Ressurreição.
Jerônimo, O Herói do Sertão veio do rádio (1953) foi para os quadrinhos, para a Tv e chegou aos cinemas em 1972
As sequências de luta ficaram a cargo dos coordenadores de dublês Dani Hu (Police Story, O Protetor - com Jackie Chan, Faroeste Caboclo e Contra todos) e Júlio Freire (Jogo de Decapitações, O Mecanismo e Operações Especiais).
Sete episódios da série já foram divulgados: Despertar / Alianças / Tática / Máscara / Colateral / Duelo / Ressurreição.
Jerônimo, O Herói do Sertão veio do rádio (1953) foi para os quadrinhos, para a Tv e chegou aos cinemas em 1972
A Revista "Mundo dos Super Heróis" lançou uma ótima edição nacional sobre o filme:
Trilha Sonora:
Black Hole Sun –
Soundgarden
I Am The Enemy – Sepultura
Refuse / Resist –
Sepultura
Cult of Personality –
Livin Colour
We Die Youn - Alice
in Chains
Proteção – Plebe Rude
Forever Brown – Black
Label Society
Symphony of
Destruction - Megadeth
The Right to Go
Insane - Megadeth
Still Unbroken – Lynyrd Skynyrd
Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro – o Rappa
Cobra – Far From Alaska
Ostentação à Pobreza – Ricon Sapiência
Erro +55 – Project 46
Na Vala - Project 46
Somos Uno – De La Tierra
Madume – Emicida, Drick Barbosa e outros
Vote With a Bullet – Corrosion
of Conformity
Brasil Com “P” – GOG
Filmografia Parcial:
Kiko Pissolato
Os Dez Mandamentos: O Filme (2016); O Doutrinador (2018)
Tainá Medina
A Alegria (2010); A Casa de Cecília (2015); O Doutrinador (2018)
Eduardo Moscovis
A Casa de Açúcar (1996); O Que é Isso, Companheiro? (1997); Bela Donna (1998); Bendito Fruto (2004); Sem Controle (2007); Os Homens São de Marte... E é pra Lá que Eu Vou! (2014); O Outro Lado do Paraíso (2014); Pequeno Dicionário Amoroso 2 (2015); Berenice Procura (2017); O Doutrinador (2018);
Tuca Andrada
Super Xuxa Contra o Baixo Astral (1988); Quem Matou Pixote? (1996); Guerra de Canudos (1997); Doces Poderes (1997); As Três Marias (2002); Lara (2002); Mulheres do Brasil (2006); A Pelada (2013); Jogo de Xadrez (2014); O Doutrinador (2018); Possessões (2018)
Helena Ranaldi
Bodas de Papel (2008); O Doutrinador (2018)
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