terça-feira, 14 de maio de 2019

MAX ROSE (2013) - ESTADOS UNIDOS



ÚLTIMO FILME COMO PROTAGONISTA

Max (Jerry Lewis) é  ex-pianista de jazz, de 87 anos, que acabou de perder a esposa em um lindo relacionamento de 65 anos. Eva (Claire Bloom) era o seu porto seguro, a mulher que o manteve em equilíbrio por toda a sua vida. Era feliz por ter a esposa ao seu lado. Agora, solitário, resta apenas a agradável companhia da neta Annie (Kerry Bishe) e o conturbado relacionamento com o filho Chris (Kevin Pollak), tornando a convivência entre ambos repleta de mágoas e rancores. Com a descoberta de um estojo de maquiagem e uma misteriosa dedicatória à sua esposa na década de 50, no dia em que saíra de casa para gravar seu disco, Max passa a se perguntar se todo o amor e dedicação que vivera com Eva fora uma grande mentira. Desesperado, procura por informações que levem ao “homem desconhecido” e que aplaque uma dor maior que surgiu em seu coração.




Após um hiato de 10 anos Jerry Lewis voltaria a atuar, mas não em uma comédia e sim em um drama sobre a perda, a idade e a infidelidade.  Para aqueles que possuem admiração pela obra de Lewis (cultuado mais, particularmente, na França, do que nos EUA) esse é um material bem curioso de ser visto, pois Lewis interpreta um personagem melancólico e desesperado por respostas.



Joseph Levitch , nome de batismo do ator, estreou aos 5 anos, ao lado dos pais, em um teatro,  cantando "Brother, Can you Spare a Dime ?" Lewis começou a parceira (aos 20 anos) com o então crooner na época, Dean Martin em uma boate de Atlantic City  que duraria dez anos e 16 filmes, começando em 1946 e desfazendo a dupla depois do longa “Ou Vai ou Racha” (1956). Só voltariam dividir um momento juntos  no Teleton americano de 1976 quando Frank Sinatra trouxe Dean (falecido em 1995) ao palco. Em 1972 escreveu, dirigiu e interpretou "The Day The Crown Cried" (“O Dia Em Que o Palhaço Chorou”), nunca lançado. Em 2014 doou a única cópia conhecida à Biblioteca do Congresso Americano com a condição de só poder ser exibido 10 anos depois. Lewis passou por problemas de Coração e Câncer de Próstata ao longo das décadas de 70 e 80 respectivamente fazendo, em 1983, “O Rei da Comédia” do diretor Martin Scorsese, ao lado de Robert de Niro. Lewis receberia elogios por sua atuação fora do seu metier habitual: a comédia, mas o público não deu o mesmo aval nas bilheterias que deram em “O Bagunceiro Arrumadinho”, “De Caniço e Samburá”, “O Terror das Mulheres”, “O Mensageiro Trapalhão” e o seu maior sucesso “O Professor Aloprado”, entre outros




Max Rose talvez seja o menos memorável dos filmes de Lewis, um gigante da comédia, que dominou o cenário Hollywoodiano nos idos dos anos 50 e 60 e influenciou uma gama de artistas como Jim Carrey, Steve Martin e Eddie Murphy e a admiração de atores como Robin Williams e De Niro. Carrey chegou a cunhar a seguinte frase: "Eu sou porque ele era". É verdade que o papel de Max derrubaria uma gama de atores, mas Lewis o faz com uma sensibilidade que prende o espectador, mas alguns problemas não ajudaram a produção.



O porquê de Lewis aceitar ser dirigido por um diretor que tinha apenas 1 filme realizado (Twelve, de 2001) é uma incógnita, ainda mais que o filme não era sequer um drama e sim um filme de suspense / mistério.  Daniel Noah que também roteirizou, alegou ter baseado o roteiro na vida de seus próprios avós. O filme estreou em Cannes em 2013, mas somente três mais anos tarde seria distribuído em alguns poucos cinemas americanos. Por aqui foi direto para o mercado de vídeo. Lewis teria dito que o papel de Max foi o que lhe atraiu ao filme. Mas o que realmente faz com que possamos ver o filme é o elenco onde Dean Stockwell (em uma rápida aparição) e Kevin Pollak são os grandes destaques. Até porque o ritmo do filme sofre algumas alternâncias e os momentos que Max "fala" com a esposa são poucos inspiradores.




Max Rose se concentra em Lewis em seu último papel de protagonista (o ator faleceria aos 83 de causas naturais em 2017) e o ator, visivelmente envelhecido, que sempre teve presença cênica em seus filmes fez o que pode com um papel que não esteve à sua altura, não em uma comédia como muitos esperariam, mas em um drama sobre tristeza, solidão, a dor da perda e os efeitos na idade no corpo.  Há bons momentos? Sim, o velório, onde Lewis devastado pela descoberta do estojo com dedicatória de um suposto amante faz um discurso de "mea culpa" que chama a atenção e é um dos grandes momentos do filme. Outro momento acontece quando Max é internado em uma casa de idosos, o filme parece caminhar para o melodramático, mas a participação de outros 3 atores Mort Sahl, Rance Howard e Lee Weaver permite um alívio cômico que o filme precisava naquele momento. E, por fim, a revelação sobre o mistério que tanto atormenta a alma de Max:  é interessante, mas faltou um diálogo mais rico. O filme acabou acelerando em um momento que deveria ter cadenciado a narrativa e extraído o melhor da dupla.




Max Rose não será lembrado como um grande filme do ator, mas não é de todo ruim. Lewis merecia um filme com maiores recursos e um diretor com mais experiência, mas para os fãs desse grande ator de inúmeros filmes de sucesso (na vida real era tido como uma pessoa de difícil convívio dentro e fora dos sets de filmagens) fica a curiosidade de vê-lo atuando pela última vez à frente de uma produção. Lewis merecia mais e seu público também. Filme difícil de ser encontrado, mas que vale uma olhada para quem foi e ainda é fã dos filmes do ator.

Trailer:



Curiosidades:

O filme não foi visto nos Estados Unidos até sua estreia no Museu de Arte Moderna em homenagem ao aniversário de 90 anos de Jerry Lewis.

Esta é a primeira aparição de Jerry Lewis em um filme de ação ao vivo desde Rir é Viver (1995).

O filme foi exibido no Festival de Cinema de Cannes em maio de 2013 como parte de uma homenagem ao trabalho de Jerry Lewis, uma homenagem que o festival concede a cada ano em uma "figura imponente no cinema".

A canção que Max canta tarde da noite enquanto sua neta dorme no sofá é "Somebody" escrito para a produção de 1960 "Cinderelo sem Sapato", estrelado por Jerry Lewis, que realizou o número naquele filme . 

Quando Max está limpando seu armário de remédios, descartando todos os produtos de sua falecida esposa, na prateleira de baixo está uma garrafa de "Kelp's Kool Tonic". Uma homenagem a "O Professor Aloprado". 

Há uma referência ao filme Curso de Verão (1987) no DVD alugado pelo personagem de  Kevin Pollak   


Filmografia  

Jerry Lewis (1926–2017)













O Palhaço do Batalhão (1950); Os Malucos do Ar (1952);  O Meninão (1955);  O Rei do Laço (1956); Ou Vai ou Racha (1956); O Delinquente Delicado (1957); O Bamba do Regimento (1957); Bancando a Ama-Seca  (1958); A Canoa Furou  (1959); O Mensageiro Trapalhão (1960); O Terror das Mulheres (1961); O Professor Aloprado  (1963); Deu a Louca no Mundo  (1963); Errado pra Cachorro  (1963); O Otário  (1964);  Bagunceiro Arrumadinho  (1964); Um Biruta em Órbita  (1966); O Fofoqueiro  (1967); De Caniço e Samburá (1969); O Rei da Comédia  (1982); Cracking Up - As Loucuras de Jerry Lewis  (1983); Arizona Dream - Um Sonho Americano (1993); Max Rose (2013); Até que a Sorte nos Separe 2 (2013); A Sacada  (2016)

Kevin Pollak
 











O Mistério de 4 Milhões de Dólares (1987); Willow: Na Terra da Magia (1988); Avalon (1990); Questão de Honra (1992); Quanto Mais Idiota Melhor 2 (1993); Dois Velhos Rabugentos (1993); Os Suspeitos (1995); Cassino (1995); Dois Velhos Mais Rabugentos (1995); The Wonders: O Sonho Não Acabou (1996); Uma Família Quase Perfeita (1996); Fim dos Dias (1999); Meu Vizinho Mafioso (2000); O Casamento dos Meus Sonhos (2001); 3000 Milhas para o Inferno (2001); Dr. Dolittle 2 (2001); Meu Papai é Noel 2 (2002); Juwanna Mann (2002); Meu Vizinho Mafioso 2 (2004); Refém (2005); Meu Papai é Noel 3 (2006); O Grande Ano (2011); O Reencontro (2012); Max Rose (2013); Grace: Entre a Fé e a Fama (2013); Perseguição na Floresta (2015); O Favorito (2018); Benjamin (2019)

Kerry Bishé
 











Gente de Sorte (2008); Os Amores de Johnny (2010); Seita Mortal (2011); Argo (2012); Max Rose (2013); Próxima Parada: Apocalipse (2018) 

Dean Stockwell
 












Marujos do Amor (1945); Estranha Obsessão (1959); Longa Jornada Noite Adentro (1962); Busca Alucinada (1968); O Altar do Diabo (1970); O Homem com a Lente Mortal (1982); Paris, Texas (1984); Duna (1984); A Lenda de Billie Jean (1985); Viver e Morrer em Los Angeles (1985); Veludo Azul (1986); Um Tira da Pesada II (1987) De Caso com a Máfia (1988); Tucker: Um Homem e seu Sonho (1988); Encontro com a Máfia (1988); Jorge, um Brasileiro (1988); O Jogador (1992); Contra Tempos (seriado 1989 a 1993);  Almas Nuas (1996); Força Aérea Um (1997); Vidas Ocultas (1999); Inferno (2002); Max Rose (2013);  Terror na Escuridão (2014); Persecuted (2014).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá Cinéfilos.
Obrigado por visitarem minha página.
Estejam à vontade para comentarem, tirarem dúvidas ou sugerirem análises.
Os comentários sofrem análises prévias para evitar spans. Tão logo sejam identificados, publicarei. Quaisquer dúvidas, verifiquem a Política de Conduta do blog.
Sua opinião e comentários são o termômetro do meu trabalho. Não esqueça de informar o seu nome para que possa responder.
Visitem a minha página homônima no Facebook onde coloco muitas curiosidades sobre cinema , séries e quadrinhos (se puderem curtir ajudaria). Comentários que tragam e-mails e telefones não serão postados
Bem-vindos.
Cinéfilos Para Sempre