A CASA DO MEDO - INCIDENTE EM GHOSTLAND / GHOSTLAND / INCIDENT IN A GHOSTLAND (2018) - FRANÇA / CANADÁ

PRESENTE E PASSADO, SONHO OU REALIDADE ?

Uma família composta da mãe Pauline (Mylène Farmer) e suas duas filhas, Beth (Emilia Jones) e Vera (Taylor Hickson) herdam a casa de campo isolada de uma tia falecida e se se mudam para o local. Na primeira noite são atacas por duas pessoas e Pauline entra em confronto com os invasores. Anos depois Beth (interpretada agora por Crystal Reed) mora na cidade grande onde se tornou uma escritora de sucesso, enquanto sua irmã mais nova não se recuperou psicologicamente dos acontecimentos ocorridos naquele fatídico dia. Beth recebe uma tenebrosa ligação da irmã (interpretada agora por Anastasia Phillips) e resolve visitar a mãe e Vera que ainda moram no local, onde se depara com um cenário macabro.

Definir "A Casa do Medo - Incidente em Ghostland" não é uma tarefa fácil. O diretor francês Pascal Laugier, no filme Mártires, dividiu o público ao apresentar uma produção tida como ultra violenta. Confesso que não assisti o de 2008, mas seu nome circulou pelo meio cinematográfico como alguém a ser observado. Filmes de terror e / ou horror tem vários estilos e elementos, assim como seu público: há os que gostam de filmes no estilo O Exorcista,  Poltergeist, Sexta-feira 13, Halloween, Jogos Mortais, O Albergue, A Hora do Espanto, A Hora do Pesadelo e até filmes como O Enigma do Outro Mundo ou o terror espacial dos primeiros Aliens. Há gosto para tudo e público na mesma escala. Aonde  A Casa do Medo se encaixa nesse gênero?

A produção, antes de tudo, não é do tipo que possa se falar muito sem estragar as surpresas preparadas por Laugier. A premissa do filme revela pouco e de acordo com que avança, o espectador começa a entrar em um quebra-cabeças a respeito do que está acontecendo. A confusão não é à toa: há o interesse de se esconder o máximo possível do filme, esconder o mistério por trás dos acontecimentos daquela noite e prender o espectador até o fim.

O problema para alguns está em como o cineasta expõe o roteiro de sua autoria. Laugier quer deixar o espectador angustiado, especulando a respeito da realidade que lhe é apresentada. E o conceito de realidade e fantasia começa a instigar quem o assiste. O que realmente está se passando? Só que Laugier resolve colocar pitadas de violência na estória de Ghostland (que alguém achou melhor complementar com o título "A casa do Medo"). É uma violência que choca? Diante dos filmes cada vez mais violentos no gênero até que muito fica subtendido, o que não evitará que certas pessoas ainda assim sintam-se incomodadas. Se é o seu estilo de filme talvez até considere o filme light em sua proposta.

O filme talvez tenha ficado mais conhecido pelo incidente ocorrido com a atriz Taylor Hickson (Vera), vista também em  Deadpool, que processou os produtores ao sofrer danos na face, lhe gerando uma enorme cicatriz, em uma cena em que se choca contra uma porta de vidro e que lhe teriam dado a informação de total segurança na execução.  Há os clichês do gênero? Sim. Há situações que ficaram devendo uma melhor explicação? Também. Os vilões parecem meio que caricaturados e sem profundidade? Sem dúvida. Mas isso importa nesse gênero? Depende do espectador. Se a ideia é ver um filme com um clima tenso que desafie algumas percepções a respeito da estória, podemos dizer que é valida a conferida. E ainda há uma homenagem explícita ao escritor H. P. Lovecraft (ou Howard Phillips Lovecraft 1890 - 1937), um mestre da loucura e realidade (ou a falta dela).

Quanto ao elenco temos a cantora pop francesa Mylène Farmerc (muito famosa nos anos 80 e 90) como a mãe das adolescentes, e quatro atrizes interpretando duas personagens em fases diferentes. Os vilões monossilábicos impressionam mais no início e assustam mais para o final.

Produção franco-canadense que tenta trazer algo mais voltado ao terror mais bruto. Parece um conto de fadas perverso, pois os a dupla de invasores lembram um ogro (Rob Archer) e uma bruxa (Angela Asher - voz) e a casa da tia lembra uma casa macabra de bonecas. Mas não se enganem, essa tentativa de colocar lugares e personagens insólitos não diminui a temática forte do filme e muitos poderão ter sensações de desconforto pelo clima violento e sociopata que o roteiro procura transmitir. Laugier brinca com a percepção do espectador que não sabe se está presenciando sonho ou realidade, mas que indubitavelmente terá os seus esclarecimentos ao final da projeção

Trailer:

Curiosidades:

O menino Amish no início do filme é provavelmente uma referência a Colheita Maldita (1984)

Pascal Laugier e Mylene Farmer trabalharam juntos  em um de seus videoclipes para a música "City Of Love". 

Clip da atriz Mylène Farmer nos anos 90 "Désenchantée"

Filmografia Parcial:

Crystal Reed 

 

Skyline - A Invasão (2010);  Amor a Toda Prova (2011); Paixão Mortal (2013); Teenwolf (seriado 2011 a 2016);  A Casa do Medo - Incidente em Ghostland (2018); Gotham (seriado 2017 a 2018); O Monstro do Pântano (seriado 2019)

Anastasia Phillips
 

 

Na Onda (seriado 2009 a 2011); Bomb Girls (seriado 2012 a 2013); A Casa do Medo - Incidente em Ghostland (2018)

Emilia Jones
 

Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas (2011); Um Dia (2011); O Que Nós Fizemos no Nosso Feriado (2014); Juventude (2015); No Topo do Poder (2015); Amaldiçoada (2016); A Casa do Medo - Incidente em Ghostland (2018); Patrick (2018); Horrible Histories: The Movie (2019) 

Taylor Hickson
 

O Protetor (2015); Deadpool (2016); Aftermath (seriado 2016); Tudo e Todas as Coisas (2017); A Casa do Medo - Incidente em Ghostland (2018); Deadly Class (seriado 2018 a 2019)

Rob Archer
 

O Monge à Prova de Balas (2003); Repo Men: O Resgate de Órgãos (2010); RED: Aposentados e Perigosos (2010);  Jogos do Crime (2012); Kick-Ass 2 (2013); Pixels (2015); Defiance (seriado 2013 a 2015); A Christmas Horror Story (2015); Darken (2017); A Casa do Medo - Incidente em Ghostland (2018); Homem-Formiga e a Vespa (2018); The Circuit (2019)