sábado, 17 de novembro de 2018

AS DAMAS DO BOSQUE DE BOULOGNE / LES DAMES DU BOIS DE BOULOGNE / THE LADIES OF THE BOIS DE BOULOGNE (1945) - FRANÇA



"A VINGANÇA É UM PRATO QUE SE COME FRIO "

Hélène (a atriz espanhola María Casares) e Jean (Paul Bernard 1898–1958) mantém um relacionamento que começa a deteriorar-se. Certo dia Jean esquece de um compromisso que marcara com Heléne. Ao chegar em casa,  Hélène, contrariada, mas sem demonstrar, resolve lhe dizer que o relacionamento esfriou e que já não possui os mesmos sentimentos de antes. Para espanto da  Hélène, Jean lhe revela estar na mesma condição, o que a obriga a seguir com sua mentira e aceitar sua separação. Porém Heléne sentindo-se desprezada e traída, resolve iniciar uma vingança. Ela procura uma antiga amiga, Mme. D (Lucienne Bogaert 1892–1983), que perdeu todas as suas posses e vive com sua filha  Agnès (Elina Labourdette), uma jovem e bonita dançarina de cabaret, que possui amantes, que lhe mantém socialmente, mesmo que com um certo contragosto.



Hélène resolve retirar as duas daquela situação e lhes hospedar em um apartamento, até que consigam um meio melhor de se sustentarem. O que ela não revela é que utilizará a beleza de Ágnes para atrair Jean e a ótima posição social deste para fazer com que a jovem vislumbre uma nova oportunidade. A vingança de  Hélène será casar Jean (que se apaixona imediatamente) com uma mulher cuja vida a sociedade desaprova e assim transformar sua vida em um escândalo e escárnio.
 


Interessante melodrama valorizado por uma ótima fotografia em preto e branco. O filme, visto hoje, pode ser considerado por alguns como lento, sem emoção e arrastado, mas o diretor soube explorar, com certas sutilezas, o tema e inseriu elementos que o tornam interessante. A atuação de María Casares (1922–1996), como  Hélène, talvez seja a grande atração deste filme. Maria transmite, ao longo do filme, diversas alternâncias:  frieza, raiva, desejo, frustração. Manipuladora e com um ar indisfarçável de femme fatale, muito comum às produções da época, Casares consegue seguir com seu plano de vingança que vai se encaixando aos poucos.



Elina Labourdette (1919–2014) faz uma Agnès de bom coração, com a intenção de mudar de vida, porém não consegue devido a sua fama como dançarina, numa época que as cidades não eram populosas e quase todo mundo se conhecia. Agnès vislumbra seu futuro como um sonho perdido e fica na dualidade de amar alguém que possa descobrir sua origem e trabalho ou entregar-se a um amor que possa dá-la uma esperança de virar essa página de sua vida. Paul Bernard faz um Jean completamente apaixonado e que vê na sua ex-esposa a única chance de lhe ajudar a conseguir convencer a jovem de seu verdadeiro amor. Jean vira uma espécie de confidente junto a Helene, exatamente a mulher que mais lhe amou e lhe entende. Como Hélène lhe revelou não querer continuar seu relacionamento, acredita que a ex o faz por uma compensação "por ter lhe abandonado", não sabendo das reais intenções.



É um filme carregado de sutilezas que vai crescendo até o final, onde as cartas serão colocadas sob a mesa e os personagens se revelarão. O diretor Robert Bresson soube dosar muito bem a trama, mesmo que algumas interpretações tenham ficado, por vezes, demasiadamente teatrais. O final merecia um aprofundamento maior da situação e dos personagens, mas o diretor resolveu dar uma solução rápida, o que parece ter destoado um pouco do filme.



Em suma: é um filme mediano, mal recebido por parte da crítica na época, mas que ganhou o cunho de "filme de arte" com o passar dos anos e análises sobre a obra do diretor e seus filmes. Indicado para quem gosta de filmes franceses, em preto e branco, com boas interpretações e uma história interessante.


Trailer:



Curiosidades:
O diálogo foi escrito pelo escritor e cineasta Jean Cocteau.

É uma adaptação moderna de Jacques, o Fatalista, de Denis Diderot (1796).

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