"A VINGANÇA É UM PRATO QUE SE COME FRIO "
Hélène (a atriz espanhola
María Casares) e Jean (Paul Bernard 1898–1958) mantém um relacionamento que começa a
deteriorar-se. Certo dia Jean esquece de um compromisso que marcara com Heléne.
Ao chegar em casa,
Hélène, contrariada, mas sem demonstrar, resolve lhe dizer
que o relacionamento esfriou e que já não possui os mesmos sentimentos de
antes. Para espanto da
Hélène, Jean lhe revela estar na mesma condição, o que a
obriga a seguir com sua mentira e aceitar sua separação. Porém Heléne
sentindo-se desprezada e traída, resolve iniciar uma vingança. Ela procura uma
antiga amiga, Mme. D (Lucienne Bogaert 1892–1983), que perdeu todas as suas posses e vive
com sua filha Agnès (Elina Labourdette),
uma jovem e bonita dançarina de cabaret, que possui amantes, que lhe mantém
socialmente, mesmo que com um certo contragosto.
Hélène
resolve retirar as duas daquela situação e lhes hospedar em um apartamento, até
que consigam um meio melhor de se sustentarem. O que ela não revela é que
utilizará a beleza de Ágnes para atrair Jean e a ótima posição social deste
para fazer com que a jovem vislumbre uma nova oportunidade. A vingança de
Hélène será casar Jean (que se apaixona imediatamente) com uma mulher cuja vida
a sociedade desaprova e assim transformar sua vida em um escândalo e escárnio.
Interessante
melodrama valorizado por uma ótima fotografia em preto e branco. O filme, visto hoje, pode ser
considerado por alguns como lento, sem emoção e arrastado, mas o diretor soube
explorar, com certas sutilezas, o tema e inseriu elementos que o tornam
interessante. A atuação de María Casares (1922–1996), como
Hélène, talvez seja a grande atração deste filme. Maria transmite, ao longo do filme, diversas alternâncias: frieza, raiva, desejo, frustração.
Manipuladora e com um ar indisfarçável de femme fatale, muito comum às
produções da época, Casares consegue seguir com seu plano de vingança que vai
se encaixando aos poucos.
Elina
Labourdette (1919–2014) faz uma Agnès de bom coração, com a intenção de mudar de vida,
porém não consegue devido a sua fama como dançarina, numa época que as cidades
não eram populosas e quase todo mundo se conhecia. Agnès vislumbra seu futuro
como um sonho perdido e fica na dualidade de amar alguém que possa descobrir
sua origem e trabalho ou entregar-se a um amor que possa dá-la uma esperança de
virar essa página de sua vida. Paul Bernard faz um Jean completamente
apaixonado e que vê na sua ex-esposa a única chance de lhe ajudar a conseguir
convencer a jovem de seu verdadeiro amor. Jean vira uma espécie de confidente
junto a Helene, exatamente a mulher que mais lhe amou e lhe entende. Como
Hélène lhe revelou não querer continuar seu relacionamento, acredita que a ex o
faz por uma compensação "por ter lhe abandonado", não sabendo das
reais intenções.
É
um filme carregado de sutilezas que vai crescendo até o final, onde as cartas
serão colocadas sob a mesa e os personagens se revelarão. O diretor Robert
Bresson soube dosar muito bem a trama, mesmo que algumas interpretações tenham
ficado, por vezes, demasiadamente teatrais. O final merecia um aprofundamento
maior da situação e dos personagens, mas o diretor resolveu dar uma solução
rápida, o que parece ter destoado um pouco do filme.
Em
suma: é um filme mediano, mal recebido por parte da crítica na época, mas que
ganhou o cunho de "filme de arte" com o passar dos anos e análises
sobre a obra do diretor e seus filmes. Indicado para quem gosta de filmes
franceses, em preto e branco, com boas interpretações e uma história
interessante.
Trailer:
Curiosidades:
O diálogo foi escrito pelo escritor e cineasta Jean Cocteau.
É uma adaptação moderna de Jacques, o Fatalista, de Denis Diderot (1796).
Curiosidades:
O diálogo foi escrito pelo escritor e cineasta Jean Cocteau.
É uma adaptação moderna de Jacques, o Fatalista, de Denis Diderot (1796).
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