segunda-feira, 28 de agosto de 2017

LADY MACBETH (2016) - REINO UNIDO






INTENSO E ENVOLVENTE



Inglaterra. Século 19.  Katherine (Florence Pugh) é uma jovem recém casada com Alexander (Paul Hilton). Estranhamente o marido demonstra pouco interesse por sua esposa, inclusive na questão sexual. Katherine logo percebe que seu marido é comandado pelo austero pai, Boris (Christopher Fairbank), um aristocrata arrogante e grosseiro. Katherine percebe também que sua liberdade será cerceada pela dupla que dá ordens a empregada Anna (Naomi Ackie) de vigiá-la e impedi-la até de tomar um ar fresco fora da casa. Alexandre viaja sem informar quando voltará e Boris a trata com desprezo. Tudo muda ao Katherine sair de casa e encontrar Sebastian (Cosmo Jarvis), um criado que passa a frequentar a sua cama na ausência do marido. O relacionamento torna-se mais intenso até que trágicos acontecimentos passam a ocorrer.


Lady Macbeth (2016) vem recheado de premiações e indicações em vários festivais, onde vem colhendo ótimas críticas da mídia especializada. Mas é tudo isso?
O filme dirigido pelo cineasta William Oldroyd, em seu primeiro longa, é uma obra bem profunda. Foi classificado como uma história de resistência feminina, mas é bem mais do que isso. O filme não entrega toda a história de imediato deixando que o espectador descubra os fatos de acordo com que surjam. Poderia ser classificado como: até que ponto o amor pode instigar pessoas a cometerem atos insanos e vis  ?



As primeiras cenas nos mostram a entediante vida de Katherine: sendo acordada todo dia no mesmo horário pela criada Anna (a ótima Naomi Ackie), na qual aos poucos passa a ser uma das poucas pessoas que pode manter contato, mas Anna é introspectiva demais e tem um pavor em desobedecer as ordens de seus patrões. Katherine acorda, se arruma (esperando o nada), fica completamente sem ter o que fazer em casa e depois dorme para repetir sua entediante vida no dia seguinte. Só que uma paixão avassaladora surge e ela percebe que, se quiser manter seu amado, terá que se arriscar e não pensar nas consequências. E, claro, as  consequências serão impactantes. É nesse ponto que o filme cresce. Aquela quase menina começa a ganhar a força de uma mulher convicta e o espectador se percebe em um outro filme, em uma outra história. E nessa história há momentos duros e cruéis. O marido obviamente em algum momento voltará. A sociedade é altamente conservadora e partriarcal. A personalidade de Katherine muda ao não aceitar sua resignação e o filme muda com ela. O resultado de todos esses elementos, o espectador colhe no fim.


Adaptado do romance russo  "Lady Machbeth do Distrito de Mitsenk", de 1865, por Nicolai Leskov, a obra já havia sido levada às telas no ano de 1962 pelo diretor polonês Andrzej Wajda com o título "Lady Macbeth Siberiana" e a história se passava na Iugoslávia. Há diferenças do livro para o filme? Há. A protagonista do livro é movida por ambição e aqui por paixão, ódio e vingança. O título "Lady Macbeth" remete diretamente à obra de William Shakespeare "Macbeth", onde o próprio e sua esposa (a Lady) cometem um assassinato e a esposa passa a ser atormentada pelo ato. Nossa Lady, como verá o espectador, terá seus fantasmas a atormentá-la, mas serão outros e como ela lidará com isso é a polêmica do filme.



Muito desta obra se encontra na força de seus atores, que estão ótimos.  Em seu segundo filme para o cinema, o primeiro foi "The Falling - 2014", onde contracenou com a atriz Maisie Williams (A Ayra de "Games of Thrones"), Florence Pugh, aos 21 anos, mostra desenvoltura, talento e personalidade para encarar a protagonista. Seu papel é forte e nada fácil de encenar e revela ser uma atriz de grande futuro. Cosmo Jarvis faz um Sebastian que se torna amante e depois se envolve numa teia difícil de se desenroscar. Uma atuação também bem desenvolvida. Naomi Ackie está excelente na pele da criada que acaba sabendo de tudo, mas nada pode falar. Seu pavor é crescente diante das situações e passa todas as sensações que o papel exige.  Paul Hilton e Christopher Fairbank não apareceram tanto, mas passaram o que seus papéis exigiam.




Lady Machbeth, em cartaz, é filme intenso com momentos fortes, boa fotografia e ótimos atores. Para quem curte "filmes cult" é um passatempo que brinda o espectador com uma obra fina e de sensibilidade e que mereceu os prêmios conquistados até o momento.

Trailer:





Premiações:
Dublin Film Critics Circle Awards 2017
Golden Trailer Awards 2017
Jameson Dublin International Film Festival 2017
Les Arcs European Film Festival 2016
Montclair Film Festival (MFF) 2017
Palm Springs International Film Festival 2017
San Sebastián International Film Festival 2016
Thessaloniki Film Festival 2016
Zurich Film Festival 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá Cinéfilos.
Obrigado por visitarem minha página.
Estejam à vontade para comentarem, tirarem dúvidas ou sugerirem análises.
Os comentários sofrem análises prévias para evitar spans. Tão logo sejam identificados, publicarei. Quaisquer dúvidas, verifiquem a Política de Conduta do blog.
Sua opinião e comentários são o termômetro do meu trabalho. Não esqueça de informar o seu nome para que possa responder.
Visitem a minha página homônima no Facebook onde coloco muitas curiosidades sobre cinema , séries e quadrinhos (se puderem curtir ajudaria). Comentários que tragam e-mails e telefones não serão postados
Bem-vindos.
Cinéfilos Para Sempre