UMA NARRATIVA QUE TERIA EXISTIDO COM UM HERÓI QUE NÃO EXISTIU
Asano (Min Tanaka) é o
senhor do domo Akô em Edo. Certo dia recebe a visita de lorde Kira (Tadanobu Asano), um homem
inescrupuloso que deseja se apoderar do local. Para tanto conta com o apoio de
Kitsune (Rinko Kikuchi), uma poderosa feiticeira. Sob efeito de um feitiço Asano ataca lorde Kira, profanando as regras de hospitalidades que regem a época. O Shogun Tokugawa Tsunayosh (Cary-Hiroyuki Tagawa) que também estava
como convidado de Asano o sentencia a uma morte honrosa, através do seppuku,
passando todas as suas posses para Kira (como era o costume da época),
inclusive sentenciando Mika (Ko Shibasaki), a filha de Asano, a ficar de luto durante um ano,
casando-se posteriormente com Kira. Este, agora como novo chefe do domo, transforma
os samurais que ali viviam em Ronins, samurais sem mestre .
Kira prende o conselheiro e líder dos samurais
de Asano, Oishi (Hiroyuki Sanada), levando como prisioneiro Kai (Keanu Reeves) metade japonês, metade inglês
encontrado sozinho nos pântanos quando criança e acolhido por Asano.
Perto de
completar um ano Oishi é libertado. Ao procurar seus antigos companheiros
descobre que alguns vivem errantes nas imediações. Ele resolve reunir este
antigo grupo e vingar seu mestre, mas antes precisa resgatar kai, que fora
vendido como escravo e que possui estranhos poderes, entre eles reconhecer a
bruxa e seus feitiços.
Não dá para
reconstituir uma estória e adicionar um elemento principal fictício. Pois foi
exatamente isso que Hollywwod fez. Colocou um nipo-anglicano dentro da história
japonesa e deu a ele uma importância fundamental à trama, além de ser o
chamariz nos créditos. O personagem de keanu Reeves foi criado para o filme e
talvez sem ele esta superprodução não saísse do papel. Se o espectador engolir
a história de um descendente de ingleses lutando como samurai nos idos de 1700
durante a Dinastia Tokugawa...
O filme
conseguirá atrair a atenção daqueles adeptos da famosa “suspensão voluntária da
descrença” até se depararem com outro aspecto que dispersou vários
espectadores: a magia. Num filme que se preza por abordar uma história clássica
da cultura japonesa, colocar magia com um elemento de tal relevância para o
filme o transformou em uma espécie de conto sobrenatural, daqueles contados às crianças. Mas engana-se quem
pensa que o filme seja voltado para esta faixa etária. Melhor tivessem
utilizado somente atores orientais e ressaltassem como estes guerreiros
conseguiram realizar sua história de vingança, sem bruxas (ou com elas apenas
funcionando como parte da cultura), sem monstros ou pessoas capazes de
transformações. Num filme de Conan funcionaria, pois todos sabem que é um
personagem fictício, oriundo de literatura. Aqui fica difícil acompanhar com um
olhar criterioso esta ótima história, estragada por um herói que não existiu em
uma narrativa que teria existido.
O diretor
Carl Rinschem, em seu primeiro filme, teve que pegar a chance e fazer o melhor
com o roteiro que lhe colocaram nas mãos. E não saiu-se mal. A história tem uma
boa condução e é fácil de ser compreendida.
Rinschem soube tirar ótimas atuações, principalmente do ator Hiroyuki Sanada. Sua vigorosa atuação, com o
personagem Oishi, rouba todas as cenas em que está presente. Keanu Reeves, como
sempre, consegue dar a seus personagens o carisma necessário para o público
acompanhá-lo e aqui não é diferente. Temos ainda a participação do ator
Cary-Hiroyuki Tagawa como o Shogun Tokugawa Tsunayosh. O restante do elenco não
é muito conhecido do grande público, mas todos estão muito bem dentro de seus
papéis.
A
fotografia do filme talvez seja o ponto mais elogiável. O diretor de
fotografia John Mathieson que trabalhou em filmes como "Gladiador" (2000);
"Cruzada" (2005); "Robin Hood" (2010) e "X-Men : Primeira Classe" (2011), os três
primeiros com o diretor Ridley
Scott, soube criar a atmosfera perfeita
e belas tomadas que podem ser percebidas e apreciadas pelos que curtem este aspecto em filmes.
A lenda dos
47 Ronins já foi contada outras vezes pelo cinema japonês, mas sem uma produção
hollywoodiana por detrás. Se o roteiro
seguisse a linha de uma narrativa mais fiel, talvez tivéssemos um filme ainda
mais interessante ao nível de "O Último Samurai" com Tom Cruise, que coloca um
herói da Guerra Civil Americana (1861 a 1865) dentro de um contexto também de
samurais. 47 ronins recebeu uma grande
quantidade de críticas negativas e o filme não se pagou, sendo orçado em 225
milhões de dólares e faturando em torno
dos 151 milhões (conforme Wikipedia), mas como passatempo, sem compromisso com
a história, até flui, devido principalmente aos valores incutidos no filme como
lealdade, coragem, amizade, sacrifício, código de honra, bons efeitos
especiais, composição de época, vestuário e montagem dinâmica que prendem o
espectador.
Trailer:
Curiosidades
O roteiro teve várias mudanças por ordem dos produtores, inclusive uma mudança do persoangem de Keanu Reeves
Reeves hesitou em pegar o papel por achar que seu personagem não estava bem encaixado na história.
Apesar de não ter ido bem nos cinemas houve uma boa aceitação no mercado de video, DVD e Blu-Ray
Keanu significa em havaiano: "uma brisa fresca sobre as montanhas".
Primeiro e único longa metragem do diretor.
Keanu Reeves nasceu em Beirute, Líbano.
Filmografia Parcial:
Keanu Reeves
Veia de Campeão (1986); Voando para o Sucesso (1986); Juventude Assassina (1986); Ligações Perigosas (1988); Bill & Ted - Uma Aventura Fantástica (1989); O Tiro Que Não Saiu Pela Culatra (1989); Caçadores de Emoção (1991); Garotos de Programa (1991); Drácula de Bram Stoker (1992); Muito Barulho por Nada (1993); O Pequeno Buda (1993); Velocidade Máxima (1994); Johnny Mnemonic: O Cyborg do Futuro (1995); Reação em Cadeia (1996); Matrix (1999); Advogado do Diabo (1997); Virando o Jogo (2000); O Dom da Premonição (2000); Hardball - O Jogo da Vida (2001); Matrix Reloaded (2003); Matrix Revolutions (2003); Alguém Tem Que Ceder (2003); Constantine (2005); O Homem Duplo (2006); A Casa do Lago (2006); A Casa do Lago (2008); O Dia em que a Terra Parou (2008); O Homem do Tai Chi (2013);47 Ronins (2013); De Volta ao Jogo (2014); Filha de Deus (2016); Demônio de Neon (2016); John Wick: Um Novo Dia para Matar (2017); Replicas (2017); Siberia (2018)
Hiroyuki Sanada
Mensagem do Espaço (1978); Portal do Inferno (1981); A Guerra dos Ninja (1982); A Lenda dos Oito Samurais (1983); Missão Vingança (1986); Ring: O Chamado (1998); Ringu 2 (1999); O Último Samurai (2003); Sunshine - Alerta Solar (20007); A Hora do Rush 3 (2007); Speed Racer (2008); Lost (seriado 2010); Wolverine: Imortal (2013); 47 Ronins (2013); Helix (seriado 2014-2015); Sr. Sherlock Holmes (2015); Vida (2017).
Cary-Hiroyuki Tagawa
Cary-Hiroyuki Tagawa
O Último Imperador (1987); Irmãos Gêmeos (1988); Feitiço Diabólico (1988); 007 - Permissão para Matar (1989); A Arma Perfeita (1991); Massacre no Bairro Japonês (1991); América do Medo (1992); Nemesis - O Exterminador de Andróides (1992); Sol Nascente (1993); Mortal Kombat (1995); O Fantasma (1996); Vampiros De John Carpenter (1998); Duelo de Dragões (1999); A Cilada (2000); Pearl Harbor (2001); O Planeta dos Macacos (2001); Elektra (2005); Memórias de uma Gueixa (2005); Genghis Khan: A Lenda de um Conquistador (2009); Sempre ao Seu Lado (2009); 47 Ronins (2013); Skin Trade - Em Busca de Vingança (2014); O Homem com Punhos de Ferro 2 (2015); Little Boy - Além do Impossível (2015); Confronto em Manila (2016); Perdidos no Espaço (seriado 2018); O Homem do Castelo Alto (seriado 2015-2018); Armadilha Sexual (2019); Sky Sharks (2020)
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