terça-feira, 20 de junho de 2017

UM HOMEM CHAMADO OVE / EN MAN SOM HETER OVE (2015) - SUÉCIA






REDESCOBRINDO A VIDA


Ove Lindahl (Rolf Lassgård) é um senhor de 59 anos que recebe a notícia de que, após 43 anos de dedicação à empresa, está sendo dispensado. Atuando também como administrador de um condomínio de casas onde vive, é conhecido por ser uma pessoa nitidamente rabugenta, mal humorada, sem paciência com outras pessoas, metódico e irônico em seus comentários. Acha que todos são estúpidos e indolentes. Divide seu tempo em tentar se fazer ouvir e visitar o túmulo da falecida esposa com quem conversa sobre seus desafetos cotidianos. Mas Ove tem uma outra faceta oculta: é um suicida em potencial e está decidido a por fim em sua vida para encontrar sua amada. Só que a chegada de novos vizinhos mudará a vida deste senhor de um modo como jamais imaginara.


Um Homem Chamado Ove é uma grata surpresa, vinda da Suécia, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2017. Podemos conceituá-lo como uma celebração à vida. Narrada com uma sensibilidade ímpar pelo diretor Hannes Holm, que também escreveu o roteiro a partir do livro de Fredrik Backman, nos mostra, aos poucos, o que aconteceu na vida deste senhor para torná-lo de tão difícil convivência. Um homem que odeia a tudo e a todos, mas que ao longo do filme conquistará o coração de seus pares e do público, ao ir se "humanizando" novamente e nos brindando com mensagens de amor e de vida de uma forma muito sensível.


Essa mistura de comédia fina com drama ficou de ótimo gosto. O filme transita entre o presente do intolerável Ove com o passado de um homem que encontrou a felicidade e a  dureza que uma vida pode proporcionar a uma pessoa. Através da memória deste jovem ancião (não pela idade mas pelo ótimo  efeito de maquiagem) vemos um envolvente personagem como muitas pessoas que conhecemos no nosso cotidiano, mas que não temos a oportunidade de espiar o que os tornaram assim. 


O filme apresenta várias críticas acerca da sociedade sueca: o despreparo das empresas para lidar com pessoas com necessidades especiais, o despreparo das empresas ao despedirem as pessoas, ética no trabalho. A questão dos imigrantes na Europa ... tudo de uma forma bem sutil e sensível. 



Quando espiamos um pouco da vida de Ove, antes de sua falecida esposa Sonja (pronuncia-se "Sonia"), o filme cresce e mostra uma vida cheia de possibilidades: aquele amor verdadeiro entre duas pessoas, seus momentos de felicidade. O espectador até esquece do Ove atual: deprecivo, suicida (que rende cenas muito engraçadas), mas sua vida começa a mudar a partir da chegada do casal de imigrantes. 
Ove tem seus defeitos, mas também qualidades: não é racista, prova-se um homem que gosta dos animais e é capaz de ajudar uma pessoa quando todos não sabem como proceder. E a chegada desse casal, em especial da muçulmana Parvaneh (da ótima atriz irariana Bahar Pars), o força a interagir novamente com as pessoas e a medida que os laços se estreitam, um novo Ove nos é apresentado. Ele começa a mudar gradualmente de atitude e começa a tocar a vida dos que os cercam. Parvaneh é a força motriz do filme: inteligente, decidida, simpática, mas como todas as pessoas tem seus medos e problemas.


Um Homem Chamado Ove é para quem curte filmes que fujam do estilo Holywoodiano com dramas exagerados, heróis imponentes, sociedade doentia ... É voltado às pessoas com sensibilidade para compreender o âmago humano. Para quem não se importa de assistir filmes com um ritmo mais cadenciado (sem nunca ser cansativo) e para os que gostam de ver produções europeias de qualidade. É um filme que acrescenta, faz pensar, diverte, emociona e nos mostra que ótimas produções estão aí, esperando que alguém as descubram.


Trailer:

 


Curiosidades:

Lançado em originalmente em 2015, concorreu ao Oscar de 2017 nas categorias  Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Maquiagem



O ator Filip Berg interpreta o jovem Ove

Fotografia Goran Hallberg (O Centenário Que Fugiu Pela Janela e Desapareceu) 

O Livro:

 









Trilha Sonora:
Forever and Ever interpretada por Demis Roussos
Always On My Mind interpretada por Willie Nelson
En stund på jorden interpretada por Laleh (Laleh Pourkarim)
Blott en dag interpretada por  Stockholms Symfoniorkester (Stockholm Symphony Orchestra)  
Var är tvålen? interpretada por  Povel Ramel
Suite Bergamasque: Clair de lune (de Debussy)
Din skugga stannar  interpretada por kvar Lillemor 'Lill' Lindfors
 

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