FILMADO EM 5 DIAS
Jasmine
(Bresha Webb) é uma advogada que imaginava ter uma carreira bem diferente da
que possui, o escritório de advocacia em que trabalha é especializado em fechar
acordos: o réu se declara culpado e precisa de advogado, o escritório entra em ação e evita o
julgamento aguardando apenas a declaração da pena e o dinheiro no caixa da
empresa. Tudo muda quando é designada a fechar um caso rapidamente que está
agitando a mídia: Grace (Crystal Fox) é acusada de matar o marido, Shannon
(Mehcad Brooks), de forma brutal, sendo que o corpo ainda não foi localizado.
Na
prisão, Jasmine desconfia se Grace, que se declarou culpada, esconde parte da
história e que poderia ser inocente. A jovem e inexperiente advogada tenta extrair
toda a história de sua cliente mesmo contra as ordens diretas de seu patrão que
a ameaça de demissão caso leve o caso para os tribunais. A princípio Grace
reluta, pois a fama de Jasmine de só fechar casos e não defender ninguém já é
conhecida entre os presos, mas um vínculo de confiança é estabelecido e Grace
resolve contar o que a levou a prisão. A advogada terá que provar que Grace é
inocente ou pelo menos reduzir sua pena, mas como defender a quem se declara espontaneamente culpada?
Produção
da Netflix, O Limite da Traição foi feito em apenas 5 dias e traz elementos bem interessantes em sua estória: Grace é
uma mulher madura, cujo casamento fracassou. Conhece Shannon, um jovem e
prodigioso fotógrafo que lhe parece muito simpático. Uma química imediata surge
entre o casal e Shannon revela a Grace que se apaixonara por ela. Rapidamente o
casal apaixonado resolve juntar as alianças e viver na casa de Grace. Parece o
casamento dos sonhos: Shane revelou-se gentil e educado, mas as coisas começam
a mudar rapidamente: o jovem fotógrafo revela-se um "bom vivant", de fala mansa,
que trai a esposa dentro da própria casa, e ainda debocha dela. Humilhada, Grace
perde o chão e para piorar o banco em que trabalha a acusa de desvio financeiro
e, em outro banco, há um documento com sua assinatura contraindo uma enorme dívida.
O
filme do diretor / escritor / produtor executivo e co-produtor Tyler Perry
(que atua também como o dono do escritório de advocacia) recebeu críticas pouco
atrativas até porque seus filmes já realizados (telefilmes que não passaram por
aqui) apresentam uma temática bem parecida como a levada às telas, mas para
aqueles que não acompanham sua carreira de diretor nos EUA o filme apresenta um
thriller bem interessante que prende o espectador até o final. Perry, na verdade,
nos mostra duas estórias: a de Jasmine em busca de se reconhecer
verdadeiramente como advogada e o mistério por trás da prisão de Grace. Se a
primeira estória (Jasmine) carece de alguns elementos a serem melhor dissecados, a segunda
(Grace) nos mostra a angústia de uma mulher que perdeu tudo e não sabe sequer
como sair do estado em que se encontra. O desespero, humilhação e vergonha a paralisaram. E cabe a Jasmine recuperar sua cliente e responder algumas
perguntas: Grace é a assassina? O motivo de seu crime pode ser amenizado,
evitando a pena máxima? aonde está o corpo de Shannon? A história de Grace é
verdadeira ou ela esconde algo? Cabe também a Jasmine sair do escritório e
trabalhar como uma verdadeira advogada e buscar testemunhas e provas. É um caso
dificílimo e Jasmine não sabe, mas está pisando em território minado.
O
quarteto central Bresha Webb (Jasmine), Crystal Fox (Grace), Mehcad Brooks (Shannon)
e Phylicia Rashad (a testemunha de defesa e amiga de Grace) funcionam
plenamente em seus papeis e conseguem prender o espectador, principalmente a
dupla de "apaixonados, mas nem tanto" que leva a quem assiste a se
indignar e condoer-se do sofrimento de Grace. Mas fazer um filme em tempo tão
reduzido não deixa impune seus realizadores: há situações mal resolvidas e
alguns coadjuvantes com falas e tomadas muito rápidas (entram e saem da estória rápido). Prestem atenção a uma
cena em particular: durante o jantar de Grace e Shannon um senhor de cabelos
brancos (figurante) janta ao fundo, reparem que ele coloca um copo vazio e finge beber,
além de que ele toca na comida (batata
frita) simulando levar à boca, mas não a come. É uma cena importante, é uma cena longa e é uma cena filmada com pressa
e descaso, tanto que esqueci o diálogos e fiquei preso aquela cena do extra e
tive que voltar para rever o que tinha perdido. Ah, e o trailer revela muito do
filme, melhor não olhá-lo antes de assistir ao filme.
O
Limite da Traição é um thriller investigativo bem interessante, que pela
velocidade com que foi concebido merece elogios. Tem as famosas reviravoltas,
pode ter seu enigma solucionado antes do final por alguns mais atentos e pode
surpreender positivamente a outros. Em uma análise apenas técnica, há alguns
defeitos, mas como passatempo é bem interessante nos remetendo aqueles bons
telefilmes que passavam na TV nas noites de sábado dos anos 90. Não é um filme para o
cinema, mas funciona plenamente na telinha.
Trailer
Curiosidades
Mehcad Brooks e Phylicia Rashad também aparecem juntos no filme "Just Wright" (2010).
Enquanto Sarah faz chá, a sombra do microfone é visível nos armários enquanto ela se move.
Quando Grace sai da cama para ver onde Shannon está, ela veste chinelos, mas quando é vista descendo as escadas, está descalça.
Às 13h02, quando Shannon se vira para sair da sala, um transmissor de microfone sem fio é visível nas costas.
Cartaz:
Filmografia
Parcial:
Crystal Fox
Conduzindo Miss Daisy (1989); Once Upon a Time... When
We Were Colored (1995); O Limite da Traição (2020); The Haves and the Have Nots
(seriado 2013 a 2020)
Phylicia
Rashad
Os
Defensores (1981); Polly Volta para Casa (1990); Perigosas, mas Não Muito
(1991); The Cosby Show (seraido 1984 a 1992); Prisioneiro do Silêncio (1994);
Once Upon a Time... When We Were Colored (1995); Rumo à Liberdade (1998); Cosby
(seriado 1996 a 2000); O Sol Tornará a Brilhar (2008); Jogada Certa (2010);
Frankie & Alice (2010); Flores de Aço (2012); Creed: Nascido para Lutar
(2015); Empire: Fama e Poder (2016 a 2018); Creed II (2018); O Limite da
Traição (2020)
Bresha
Webb
Plantão
Médico (2008 a 2009); De Volta a Estaca Zero (2014); Na Porta do Diabo (2014);
Love That Girl! (seriado 2010 a 2014); Policial em Apuros 2 (2016); Acrimônia -
Ela Quer Vingança (2018); Marlon (seriado 2017 a 2018); Seis Vezes Confusão
(2019); O Limite da Traição (2020)
Mehcad
Brooks
Radimi: Who Stole the Dream (2002); seriado (2005 a 2006); No Vale das Sombras (2007); Jogada Certa (2010); True Blood (2008 a 2010); Sobre Ontem à Noite (2014); supergirl (2015 a 2019); O Limite da Traição (2020); Mortal Kombat (2021)
Tyler
Perry
Diário
de uma Louca (2005); Por Que Eu Me Casei? (2007); Star Trek (2009); Por Que Eu
Me Casei Também? (2010); As Testemunhas de Madea (2012); A Sombra do Inimigo
(2012); O Natal de Madea (2013); Garota Exemplar (2014); As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras (2016);
Vice (2018); Um Funeral em Família (2019); O Limite da Traição (2020)
Cicely Tyson (1924–2021)
Homens em Fúria (1959); Um Homem Chamado Adam (1966); Os Farsantes (1967); Por que tem de ser Assim? (1968); Lágrimas de Esperança (1972); O Pássaro Azul (1976); Aeroporto 79: O Concorde (1979); Rompendo Correntes (1981); Samaritan: The Mitch Snyder Story (1986); Tomates Verdes Fritos (1991); Veias do Ódio (1997); Espíritos de Natal (1997); Diário de uma Louca (2005); Histórias Cruzadas (2011); Evocando Espíritos 2 (2013); O Regresso para Bountiful (2014); O Limite da Traição (2020); Como Defender um Assassino (seriado 2015-2020).
Bom dia, uma premissa interessante e um filme que começa pelo fim. Um cenário onde vemos uma ré desesperançada, uma inexperiente e insegura advogada rodeada de colegas descrentes e um chefe perseguidor e antiético. A saga de uma mulher de meia idade sendo enganada e maltratada até atingir o seu limite de frustração e raiva
ResponderExcluironde o espectador assiste uma boa pessoa sendo responsabilizada injustamente. A reviravolta final através de um detalhe e a rápida conclusão desse interessante filme. Há uns furos de roteiro, algumas partes soltas e um final que dá ideia de continuação, mas nada que comprometa esse bom passatempo. Grande abraço.
Bom dia Janerson.
ResponderExcluirComo passatempo de rápido consumo o filme revela-se interessante. Seu maior mérito está no tempo de realização e no produto final entregue. Um filme mediano, mas superior a muitos filmes feitos por longos períodos e que se mostram uma bomba. Obrigado por mais este comentário e um grande abraço
Bom dia, Luis. Voltando aqui para lembrar e enaltecer o tempo recorde de realização desse filme o que torna tudo ainda mais interessante. Vale muito a pena assistir até pelo bom desenrolar da história. Em tempo: ator Tyler Perry em visual à la Jules Winfield. Grande abraço e até uma próxima resenha.
ResponderExcluirSim, vale a pena dar uma olhada.
ResponderExcluirOlha, agora que você comentou o visual do ator Tyler Perry, com o de Samuel L. Jackson em Pulp Fiction (como Jules Winfield), foi que percebi a semelhança (ou homenagem). Um grande abraço.