O
DIREITO DE VIVER LIVRE
Norte
do Quênia. George Adamson (Bill Travers), guarda de uma reserva, é solicitado a
matar um leão que vem atacando os moradores de um povoado. Tendo cumprido sua missão é surpreendido pelo
ataque de uma leoa terminando também por abatê-la, descobrindo, porém, que na
verdade estava protegendo seus 3 filhotes. Sentindo-se responsável pela vida
das pequenas criaturas as leva para casa onde serão cuidados. Sua esposa, Joy (Virginia
McKenna), logo se apaixona por um dos felinos, uma pequenina leoa, que passa a
chamar de Elsa. A pequena leoa passa a acompanhar Joy no seu dia a dia e um denso
laço afetivo é criado. Quando chega a
puberdade suas travessuras começam a gerar problemas mais sérios, como por
exemplo desviar uma manada de elefantes em direção a uma aldeia. É solicitado a
George e Joy que a entreguem a um zoológico, visto que uma vez retirada da
natureza a sua reintrodução é fora de cogitação. O casal entregara os outros
dois felinos, mas Elsa, que fora criada livremente, toca no coração de Joy que
não a deseja ver o resto de sua vida entre grades. O casal então resolve tomar
uma decisão complexa: tentar reintroduzir a leoa à natureza selvagem, mas
conseguirá uma felina domesticada aprender a caçar, viver em bando e se
defender de situações hostis?
A
História de Elsa foi um filme de enorme sucesso. A leveza e sensibilidade com
que a história, baseada no best-seller de Joy Adamson, foi conduzida muito
contribuiu para que o espectador fosse envolvido e se identificasse com as
expectativas do casal. Habilmente o diretor James Hill nos transmite a sensação
de também estarmos criando Elza, a pequena leoa que captura o coração de Joy
com uma fofura ímpar. O dilema do casal começa a crescer quando descobrem que a
licença de trabalho de George irá expirar em breve e que Elsa fora criada em um
mundo de humanos, mas ainda é vista por alguns habitantes como um animal
selvagem de instintos primários, mesmo que nunca tenha apresentado as características
de seu pai: o leão que passou a atacar pessoas. Elsa se acostumou a pessoas. Muitas
vezes se percebe uma natureza quase canina ao vermos o animal esperando
ansiosamente por sua dona. Ela não se reconhece em seus pares (ainda que seus
instintos a confundam). A opção é o Zoo. Afastá-la de seus "pais" e
confiná-la é o início de uma morte lenta. Mas é a regra dos homens. Elsa não
possui consciência para entender o que acontece ao seu redor. Cabe a Joy e
George resolverem a questão e tentarem criar meios para que sua
"filha" sobreviva em seu verdadeiro mundo.
Há
ótimos momentos no filme: o início com os três filhotes brincando e aprontando
muito; quando somos levados a reflexão do que é liberdade, na frase de George:
"a liberdade é tão importante?" e a resposta dada por Joy; ou quando
iniciam a tentativa de adaptação de Elsa ao seu estranho mundo novo e como ela
se comporta, até o final revelador e comovente de seu destino, após o casal
voltar ao Quênia (que fora colônia britânica entre 1920 e 1963) e procurá-la na
região. Fala também sobre apego versus desapego. Sobre consertar as coisas,
afinal um evento não natural tirou Elsa da natureza, nada como devolvê-la ao
curso de seu destino.
Adaptado
por Lester Cole (1904–1985), sob o pseudônimo de Gerald L.C. Copley, um dos
perseguidos pelo Macarthismo, uma verdadeira caça às bruxas que atingiu vários
artistas nos anos 50, teve nesse filme seu último roteiro para o cinema. James
Hill (1919–1994) e Tom McGowan (não creditado) dividiram a direção com muita
sensibilidade, alternando um leve humor com momentos mais sentimentais sem apelar
em nenhum momento para cenas de gosto duvidoso.
Cabe destacar também a linda fotografia de Kenneth Talbot (1920–1993) de
series como "Tarzan" (Com Ron Ely) dentre tantas outras. John Barry
(1933-2011), compositor de várias trilhas sonoras, ganhou o primeiro Oscar de
sua carreira (na verdade dois) nesta produção e ganharia mais três estatuetas
durante sua carreira. Suas composições se adequaram perfeitamente as fases que
o filme atravessa sendo justa a premiação. Bill Travers e Virginia McKenna eram
casados na vida real o que deu um ar de veracidade ao filme embora o casal, na
vida real, Joy e George, não vivessem harmoniosamente. O afeto mútuo e
cumplicidade do casal, na tela, tornou o filme tão interessante quanto o relato
autobiográfico escrito por Joy Adamson.
O
filme, baseado em fatos reais, é uma daquelas produções simples e comoventes
que permanecem em nossas retinas. Interessante que passadas décadas de sua
produção, ainda permaneça um grande filme, indicado para toda família, onde os
mais sensíveis poderão sentir uma lágrima escorrendo na face. É uma celebração
à vida, à liberdade, à natureza e à perseverança humana aqui dotada de um
singelo encantamento.
Trailer:
Curiosidades:
Houve
mais dois livros lançados: Living Free (1961) e Forever Free (1963).
Os leões
"Boy", "Girl" e "Ugas" foram libertados após a
conclusão das filmagens. Sob protesto do estúdio de cinema que queria vendê-lo para oológicos, a fim de recuperar o dinheiro das filmagens.
O túmulo de Elsa
está localizado no Parque Nacional Meru, no Quênia.
A música tema não
foi ouvida no lançamento original britânico do filme, embora mais tarde tenha
ganhado o Oscar de Melhor Canção.
Após as filmagens
de Born Free, George Adamson fundou uma reserva de leões, a Kora Reserve, no
Quênia. Ele o fundou especificamente para ajudar a reabilitar os leões usados
no filme. Um documentário, "The Lions Are Free" (1967), foi feito sobre ele e a
reserva, e conta o que aconteceu com os leões Garoto, Garota, Ugas, Mara,
Henrietta e Little Elsa e outros leões que apareceram no primeiro filme.
Quando John Barry
ganhou o Oscar de "Melhor música, trilha sonora original" e
"Melhor música, música original" neste filme, não foi apenas sua
primeira vitória no Oscar, mas também a primeira vez que um inglês venceu ambas
as categorias em particular. Barry ouviu pela primeira vez suas vitórias do
amigo Michael Crawford, que assistiu à cerimônia na televisão em Nova York, e
ligou para ele no Reino Unido dando a notícia.
Apesar da música
tema se tornar um clássico, o apresentador Carl Foreman não gostou e a removeu
do lançamento original britânico. Depois que alcançou as paradas americanas em
uma versão cover do pianista Roger Williams, Foreman viu chances no Oscar e reintegrou
a música. Matt Monro continuou a cantá-la pelo resto de sua carreira.
De acordo com o
filme, Joy nomeou a leoa menor de Elsa porque a lembrava de uma menininha que
conhecia na escola; no entanto, na vida real, Elsa foi nomeada pela mãe do segundo
marido de Joy.
Os Adamsons da vida
real, George e Joy, não eram o casal feliz como retratado na tela. Com uma
atitude bastante obstinada e às vezes intimidadora, Joy se tornou tão irritante
que foi banida do set de filmagens.
Ao contrário do
filme, Joy Adamson tinha uma reputação de temperamental e tratamento severo com
seus funcionários. Os Adamson se separaram quatro anos após o lançamento do
filme. Joy havia se mudado para um local a cerca de 160 quilômetros ao sul,
para que pudesse se concentrar em guepardos e leopardos enquanto George
permanecia em sua casa, continuando seu trabalho com leões. Nos anos
posteriores, ambos foram assassinados, em incidentes separados, com quase dez
anos de diferença. (Fonte IMDB)
Virginia McKenna
disse em uma entrevista que, durante as filmagens, um leão chamado Boy uma vez
a derrubou ao chão, quebrando-lhe o tornozelo, enquanto outro chamado Girl lhe mordeu
o ombro.
Virginia McKenna e
Bill Travers, junto com o filho Will Travers, fundaram em 1984 o "Born Free
Foundation"
A Sequência: Vivendo Livremente (1972) - com Nigel Davenport e Susan Hampshire
O Seriado (1974): Com Diana Muldaur e Gary Collins
A História de Elza - Parte 2 (1996)
Joy Adamson
George Adamson
Filmografia
Parcial:
Virginia
McKenna
Simba
(1955); A Morte de um Herói (1955); Conflito de Duas Almas (1958); O Navio
Condenado (1959); A História de Elsa (1966); A Lontra Travessa (1969); An
Elephant Called Slowly (1970); Waterloo (1970); Swallows and Amazons (1974);
Peter Pan (1976); O Desaparecimento (1977); Exterminação 2000 (1977); Elo de
Sangue (1982); Sedução Perigosa (1991); De Caso com o Acaso (1998); Golden
Years (2016); Widow's Walk (2020)
Bill
Travers (1922 - 1994)
Nunca
te Amei (1951); Robin Hood, o Justiceiro (1952); A Volta do Criminoso (1953);
Punhos Traiçoeiros (1953); Romeu e Julieta (1954); A Cruz do Meu Destino
(1955); A Encruzilhada dos Destinos (1956); O Sétimo Pecado (1957); Conflito de
Duas Almas (1958); Mórbida Curiosidade ou Tortura do Medo (1960); Couraça Verde (1961); A História de Elsa (1966); A Lontra
Travessa (1969); An Elephant Called Slowly (1970); Belstone - A História de uma
Raposa (1973);
Geoffrey
Keen (1916 - 2005)
A
Ilha do Tesouro (1950); As 3 Máscaras do Destino (1953); O Grande Rebelde
(1953); Trinta Homens e uma Mulher (1955); Tormenta Sobre o Nilo (1955); O
Homem que Nunca Existiu (1956); Cidade Amedrontada (1957); Horrores do Museu
Negro (1959); O Estranho Caso do Conde (1959); Afundem o Bismarck (1960);
Labirinto de Paixões (1962); Estranha Obsessão (1963); O Cavaleiro da Máscara
Negra (1963); Doutor Jivago (1965); A História de Elsa (1966); O Sangue de
Drácula (1970); Cromwell, O Homem de Ferro (1970); Sacco e Vanzetti (1971); Vivendo Livremente
(1972); 007: O Espião que me Amava (1977); Exterminação 2000 (1977); 007 Contra
o Foguete da Morte (1979); 007 - Somente Para Seus Olhos (1981); 007 Contra
Octopussy (1983); 007 - Na Mira dos Assassinos (1985); 007 - Na Mira dos
Assassinos (1985)
Fontes:
NY Times
The Guardian
Telegraph
IMDB
Guia de Filmes Nova Cultural
Fontes:
NY Times
The Guardian
Telegraph
IMDB
Guia de Filmes Nova Cultural
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