UM MUNDO QUE POUCO CONHECEMOS
Cécile (Audrey Dana) é uma
mulher na casa dos 30 anos que vai até Benin, oeste da África para encontrar
Didier Germain (Robinson Stévenin), a quem ama e encontra-se em trabalho
humanitário. Certo dia uma jovem africana cruza o caminho de Cécile. A jovem
abandona uma criança recém-nascida e pede que cuide dela e a proteja da morte.
Cécile conversa com Dilmer que lhe sugere entregar ao orfanato para que alguém
o adote. Apesar de ouvir o conselho resolve, diante das péssimas condições de
vida dos que lá vivem, adotar o menino a qual dá o nome de Lancelot (Élie Lucas
Moussoko). Didier é informado que a criança não é bem-vinda na aldeia, pois
seria uma entidade maligna, mas prefere esconder a informação de Cécile.
Sete anos depois, Cécile e
Lancelot vivem uma vida conturbada, na qual o menino encontra-se em meio a
crises de sonambulismo, racismo por parte das outras crianças, além de não
aceitar sua condição de ter sido "indesejado" ao nascer. Cécile
resolve levar Lancelot de volta para Berin para que possa conhecer onde nasceu
e tentar encontrar seus pais. Lá é informada que Lancelot é considerado uma
espécie de feiticeiro do mal pelo Clã Bariba, pois quando nasceu possuía um
dente de leite na arcada superior, além de ter nascido prematuro. Cécile
percebe que se encontra em meio a uma cultura rodeada de crenças supersticiosas
e que colocou Lancelot em grande risco ao levá-lo de volta, visto que a
"cura" para o seu "mal" é o recondicionamento, leia-se a
morte, na mão de um carrasco a fim de evitar que traga mau agouro ao local.
Drama baseado em fatos reais
onde a diretora Christine François utilizou atores amadores e filmou em Benin.
É um filme denúncia sobre uma prática, ainda hoje utilizada, onde o
infanticídio daqueles considerados fora do padrão é feito para colocar em ordem
as pessoas supersticiosas e daqueles que alimentam tal prática. É o ritual de "purificação" em que a "alma"
(e, principalmente, o corpo) dos pobres rejeitados sofrerão pelo
"bem" da comunidade. No final
da postagem está a explicação para o título do filme
O filme é muito bem dirigido
e prende a atenção, do início ao fim. Os atores locais, apesar de alguns serem
amadores, saem-se muito bem, mas quem garante o filme é a atriz Audrey Dana que
consegue transmitir todos os sentimentos exigidos neste tipo de produção. O
filme tem o mérito de não partir para o sensacionalismo ou sentimentalismo
piegas, concentrando-se em apenas contar uma estória. O lado místico é levemente
mostrado, nos ataques noturno de Lancelot que fica em transe, ou nos verdadeiros
pais à procura de redenção, que tiveram que praticar um ritual para que o menino
voltasse à aldeia e assim pudessem gerar filhos, pois, após terem Lancelot,
mesmo sem problemas, não conseguiram gerar mais nenhuma criança.
Exibido por aqui pelo canal Le Monde é um filme importante pelo seu
estilo de denúncia, por mostrar o quanto crenças, valores e superstições
influenciam nos comportamentos de grupos e como ainda no século XXI ainda é
possível que se ocorra o extermínio de crianças inocentes, baseado em
ignorantes crendices. Um filme que vale a pena ser visto.
Trailer:
Atenção
<SPOILERS>
A diretora escolheu esse
nome para o título do filme porque Lancelot será sacrificado e deixado dentro
de um formigueiro gigante, já utilizado em outras vítimas. Ali as formigas
gigantes destroçaram a carne da vitima, comendo-a em milhares de pedaços e
assim espalhando para todas as partes o mal.
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