segunda-feira, 16 de abril de 2018

O ESTRANGEIRO / (2017) - REINO UNIDO / CHINA / ESTADOS UNIDOS



JOGO DE GATO E RATO

Quan Ngoc Minh (Jackie Chan) é um cidadão radicado na Inglaterra que possui um pequeno restaurante chinês. Quando sua filha é morta durante um atentado do IRA, sua vida também é destruída. Na busca por culpados e entendimento de tal ato vil, seu caminho acaba se encontrando com o de Liam Hennessy (Pierce Brosnan), primeiro ministro irlandês, ex-membro do ira e responsável por dialogar pela paz em um hiato de 19 anos sem atentados. Hennessy atribui os atentados a uma nova célula, sem relações com os antigos membros e cria uma força tarefa para buscar os culpados. Quan não quer esperar, ele quer os culpados e irá pressionar o governo com tudo que aprendeu de seu esquecido passado: táticas de intimidação e infiltração que farão Hennessy ter uma dor de cabeça que jamais consideraria.


"O Estrangeiro" é um filme bem interessante. Dirigido por Martin Campbell (depois de seis anos) de dois bons exemplares da franquia 007 (“007 Contra GoldenEye” e ” 007 - Cassino Royale”) e de filmes que não foram tão bem recebidos como “Lanterna Verde” (2011) e do subestimado “O Fim da Escuridão” (2010), com Mel Gibson, deixa uma pergunta  a ser feita: qual das produções Campbell se aproxima mais? A resposta talvez não seja muito fácil de ser obtida, mas há algumas considerações a serem feitas.


Com um roteiro de David Marconi (“Inimigo do Estado” (1998) e “Duro de Matar 4.0” (2007)) adaptado do livro "The Chinaman"  de Stephen Leather, o filme cresceu muito devido a linearidade como a estória é apresentada: um homem aparentemente simples que se revela um perigoso ex-agente que vai com tudo pra cima de um ex-terrorista que hoje costura a paz, mas que parece saber mais do que aparenta.  O que parecia algo meio fantasioso, ganha ares de novidade nas mãos de Campbell que sabe como transformar um bom roteiro em uma diversão com ritmo de ação na medida. Esse jogo de gato e rato é bem costurado e, aos poucos, os jogadores se revelam no tabuleiro. 


Outro ponto crucial para o filme funcionar é a força de seus protagonistas.  Sempre é muito bom ver Jackie Chan (64 anos) surfar fora de sua zona de conforto: o kung fu e suas habilidades quase acrobáticas. Claro que a idade chega para todos e chegou para a dupla, mas quem viu Chan no cinema, lá nos idos dos anos 80, com A Fúria do Protetor” e mais recentemente com “A Hora do Acerto” sabe que o astro pode transitar entre os gêneros que não utilizem comédia. E este é um deles. Chan faz um homem amargurado, sofrido com a perda da última pessoa de sua família. Um homem com um passado desconhecido e que o mantivera assim por diversos motivos. O ato de terror foi para confrontar o governo (e sua filha estava, por acaso, no caminho), mas quem resolve tomar as dores é um homem comum: sem trâmites burocráticos ele é mais ágil e  pressiona as autoridades, com práticas e treinamento adquiridos, em busca daqueles que tiraram a vida de sua filha. Ah sim ! Tem lutas no filme e são bem legais.  Pierce Brosnan, que se tornaria famoso ao virar mais um ator na franquia do mais famoso agente britânico, (fora convidado antes, mas como estava preso a série “Remington Steele” -“Jogo Duplo”-, não pode aceitar) é um ator que vem fazendo trabalhos muito bons. “November Man – Um Espião Nunca Morre” é um deles. Brosnan, aos 65 anos, mostra fôlego para encarar filmes de ação e espionagem. Chan talvez, no quesito, forma física, surpreenda mais porque ainda consegue fazer boas coreografias. Agora é inevitável perceber que os dois atores, que faziam milhões isoladamente, façam um filme juntos e que suas presenças não colham cifras milionárias.


O Estrangeiro é um bom filme: roteiro, direção e elenco de qualidade, mas  fica a impressão de que alguma coisa ficou faltando para o filme se tornar um grande gerador de caixa (como a indústria e investidores veem os filmes). O filme prende a atenção, mas entrega alguns aspectos que deveriam ter sido guardados mais para o final. Vale pelos atores e por ser um movimentado passatempo nas mãos de um diretor que conhece muito desse gênero.

Trailer:






Curiosidades: 
Jackie Chan canta nos créditos finais a canção "A Common Man" 

O diretor Nick Cassavetes  foi uma das opções para a direção.

Segundo filme de Chan com um ex-ator de 007. O Anterior foi uma rápida participação no filme "Quem Não Corre Voa" que tinha Roger Moore no elenco.




Filmografia Parcial :

Jackie Chan

 









  


A Fúria do Dragão (1972); Garras do Dragão (1978); A Vingança do Dragão (1979); O Grande Lutador (1980); Quem Não Corre, Voa (1981); Um Rally Muito Louco (1984); Detonando em Barcelona (1984); A Fúria do Protetor (1985); Police Story (1985); O Mestre Invencível (1994); Arrebentando em Nova York (1995);  Primeiro Impacto (1996); Mr. Nice Guy - Bom de Briga (1997); A Hora do Rush (1998); Bater ou Correr (2000); A Hora do Rush 2 (2001); O Terno de Dois Bilhões de Dólares (2002); Bater ou Correr em Londres (2003); O Medalhão (2003); A Hora do Acerto (2004); A Hora do Rush 3 (2007); Massacre no Bairro Chinês (2009); Karate Kid (2010); 1911 - A Revolução (2011); Operação Zodíaco (2012); Em Nome da Lei (2013); Batalha dos Impérios (2015); Fora do Rumo (2016); O Estrangeiro (2017)

Pierce Brosnan
















A Corrida da Vingança (1989); O Passageiro do Futuro (1992); O Detonador de Alta Voltagem (1992); Uma Babá Quase Perfeita (1993); 007 Contra GoldenEye (1995); O Espelho Tem Duas Faces (1996); O Inferno de Dante (1997); Robinson Crusoé (1997); 007 - O Amanhã Nunca Morre (1997); Thomas Crown - A Arte do Crime (1999); 007 - O Mundo Não é o Bastante (1999); 007 - Um Novo Dia Para Morrer (2002); Ladrão de Diamantes (2004); Encurralados (2007); Mamma Mia! (2008); Percy Jackson e o Ladrão de Raios (2010); Um Plano Brilhante (2013); November Man: Um Espião Nunca Morre (2014); Perseguindo Abbott (2015); Horas de Desespero (2015); Invasão de Privacidade (2016); The King's Daughter (2017); The Foreigner (2017); Mamma Mia: Here We Go Again! (2018)

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