FERIDAS NA ALMA E NO CORPO
Cielo (Eugenia Suárez) é uma estudante,
entre 15 e 16 anos, que mantém conversas pela internet com um homem nove anos mais
velho, chamado Alejo (Esteban Lamothe). Cielo tem problemas de relacionamento: sem
amigas e mudando frequentemente de escola. Um dia recebe um convite para
conhecer Alejo e o grupo da qual ambos participam ocasionalmente. Uma forte
paixão arrebata Cielo. O tempo passa e a jovem vai estudar na capital, agora
com 18 anos, mas sua obsessão se torna mais forte a medida que Alejo não
deseja mais um relacionamento sério. Cielo começa gradativamente a
adquirir anorexia nervosa, criando um blog onde mostra a doença como um estilo
de vida, atraindo várias pessoas na mesma condição. Mas o processo de auto
destruição fica mais intenso, na mesma dimensão do amor por Alejo.
Baseado na obra autobiográfica da escritora Cielo Latini, Abzurdah,
que se transformou em best seller na Argentina e esgotou as primeiras edições no Brasil,
narra a vida da autora que conhece Alejandro (ou Alejo) e
cria uma paixão obsessiva que a leva para vários problemas como: Transtorno de
Bordeline, Bulimia, Anorexia Nervosa e até o suicídio. Essas experiências foram
passadas para o livro e sua migração para as telas foi praticamente uma
consequência.
A diretora Daniela Goggi, em sua primeira experiência no cinema,
fez um filme muito interessante de ser assistido. A escolha de uma mulher para
falar desse universo (tenso) feminino foi mais do que acertada. Goggi mostra
muita sensibilidade e foca muito nas questões do afloramento dos sentimentos.
Temos um pouco da vida dos personagens, mas o que Cielo sente o espectador
percebe e algumas pessoas poderão ter uma incômoda identificação.
O mérito do filme (ou do livro, como queiram) é mostrar
uma pessoa comum, introvertida, sem amigas e sem uma identidade no mundo
que vive, mas com grandes problemas. Algo muito comum nos dias de hoje. Cielo se apegou a uma pessoa que
considerava como único amigo (ainda que virtual). Este amigo, agora na vida real, lhe dá amor e carinho. Um sentimento
aflora. Paixão e amor se confundem. A entrega é total. Mas sabemos que
relacionamentos não são como esperamos e que flores podem vir com espinhos.
Esses espinhos não tardam a aparecer. Começam ferindo a alma, depois roubam a
personalidade, a identidade e, posteriormente, ferem fisicamente. Essa metáfora é o
caminho de Cielo, que se entregou de cabeça a um amor não correspondido, e da outra parte que queria apenas um relacionamento passageiro. Um vínculo físico e não emocional.
O tempo passa e a paixão não diminui. Cielo e Alejo se
esbarram, quase sempre não é por acaso. A anorexia pode chamar a atenção de seu
amado e dá-lhe o sentimento de culpa necessário para compadecer-se e amá-la. Ela já não se importa se é por piedade, mas Alejo quer
seguir sua vida e Cielo não está nela. A família descobre o problema. E
problemas antigos surgem como formadores do problema atual. Cielo pensa em
suicídio como a única saída. A falta do outro implica em eliminar a própria
vida.
María Suárez e Esteban Lamothe fizeram um ótimo
par. Desde o início há uma empatia, um envolvimento que prende o público. A
história ajuda e a trilha sonora (com a música “Trátame Suavemente” do grupo Soda
Estereo, em algumas sequências) é de bom gosto, assim como o uso da melodia ao piano
que permeia o filme.
Abzurdah (para nós Absurda) é um filme tenso,
angustiante, adulto. Muito bem dirigido e indicado para aqueles que se
interessam pelo assunto adolescentes em conflito interno ou nos problemas acima
relatados. Ótimo filme argentino.
Curiosidades:
O livro Abzurdah foi publicado em 2006.
Na semana de estreia argentina, o filme foi visto por mais de 240.000 espectadores.
A atriz María Eugenia Suárez ficou conhecida no Brasil pela série "Quase Anjos", exibida pela Band.
Abzurdah é o apelido utilizado pela jovem no chat com Alejo e com seus amigos virtuais.
Soda Stereo - Tratame Suavemente (adicionado no blog em agosto/19)
Soda Stereo - Tratame Suavemente (adicionado no blog em agosto/19)
Ainda não tive a oportunidade de ver este filme, mas como a história é fantástica tenho certeza que é ótimo! Aliás, adorei este livro, quando li fiquei impactada com o enredo, ou seja, já estou curiosa para assistir. Bom, se formos ver bem, o cinema argentino , sempre com filmes tão densos e, em todos os gêneros sempre primando pela excelência. Tanto que raramente vemos um filme ruim! E eles sempre estão nas premiações mais importantes.
ResponderExcluirBoa Noite. (Você não disse o seu nome)
ExcluirEste é um filme realmente interessante e tem estado aqui no blog por semanas entre os dez mais acessados. Você tem razão quanto o cinema argentino ter ótimas produções. Sempre possuem bons filmes com bons diretores e elenco. Volte sempre e obrigado por comentar. Um grande abraço.
Gostaria de saber quem canta aquela música no momento em que ela está no quarto e depois começa a falar com o namorado e a mãe entra? Alguém sabe me responder.
ResponderExcluirBom dia (Você não citou seu nome)
ExcluirA música que toca durante o filme em dois momentos é Trátame Suavemente, interpretada pela banda Soda Stereo e pela cantora Eugenia Suárez. Espero que seja esta a que se refere. Um grande abraço e volte sempre
A própria atriz do filme tbm canta, voc pode procurar no Google... Mas a música é da banda soda stereo... tratame suavemente
ResponderExcluirBoa Noite (você não citou o seu nome)
ResponderExcluirObrigado pelo comentário e pela informação. Um grande abraço