domingo, 4 de setembro de 2016

ÁGUAS RASAS / THE SHALLOWS (2016) - ESTADOS UNIDOS

 

PRAIA PARADISÍACA, SURF E TUBARÃO BRANCO

Nancy curte ferias no México e resolve dirigir-se a uma praia isolada que, como o homem que lhe dá carona comenta é “um verdadeiro paraíso” para a prática do surfe. Sua amiga de viagem arruma um encontro e prefere dar o bolo em Nancy. O paraíso dos surfistas é uma linda praia de mar aberto, boas ondas,  águas verdes e cristalinas. Apenas dois rapazes encontram-se no local, desfrutando a beleza de uma natureza quase intocável. Advertida por eles de que está escurecendo, a jovem prefere aproveitar cada momento ficando para trás. Os jovens se foram, um enorme tubarão branco surgiu e a atacou. Nancy consegue refúgio numa pequena pedra, mas um enorme sangramento na perna e a hipotermia da noite gelada serão seus desafios. Além de uma maré que tende a subir em certos dias.


Produção americana, filmada na Austrália, Águas Rasas ("Shallows", no original) é um filme do diretor espanhol Jaume Collet-Serra, que tem em seu currículo bons filmes como: "A Casa de Cera" (2005); "A Órfã" (2009); "Desconhecido" (2011) e "Sem Escalas" (2014). Suspense e ação o diretor já mostrou que sabe fazer. Águas Rasas é uma nova empreitada: agora é filme de sobrevivência. Mulher contra a natureza e contra um enorme e furioso tubarão branco. Existem muitas qualidades nesta produção e alguns  "senões" que devem ser esmiuçados. Comecemos pelas qualidades.



Não é fácil fazer um filme de tubarão com apenas uma personagem em cena, durante grande parte da projeção, em uma hora e meia,  com a proposta de prender o espectador na poltrona. Um orçamento de 17 milhões não paga o salário de Leonardo Di Caprio, que recebeu 25 milhões de dólares pelo filme "O Lobo de Wall Street". Então a ordem é: criatividade e eficácia.


Sem dúvida eficácia teve e muito, a começar pela  esplêndida fotografia de Flavio Martínez Labiano, que já fez parceria com o diretor nos filmes de 2011 e 2014, citados acima. Flavio nos brinda como belas tomadas, algumas vistas de cima, outras panorâmicas, da bela praia com suas águas esmeraldas e seus corais no fundo (que ficam ótimas numa tela de cinema). Tudo regado a um lindo sol e uma escuridão apropriada, que impede o espectador de forçar os olhos para localizar a protagonista. 


A escolha de Blake Lively vista recentemente no filme "Café Society" (em cartaz), do diretor Woody Allen, foi um acerto. A atriz saiu-se muito bem e mostra que, futuramente, pode sustentar filmes de ação.  O tubarão foi muito bem criado e consegue passar aquele ar de autenticidade pouco comum em produções do gênero. Algumas tomadas de cima, mostram a criatura passeando rente à água com um tamanho assustador.


Agora o elo fraco do filme: produções do gênero costumam exagerar em alguns pontos e exemplos não faltam: tubarão de rio, tubarões pré-históricos, tubarões geneticamente modificados, inteligentes e até tubarões caindo do céu (como "Sharknado"). Para dar um ar de suspense e alguns sustos, optou-se por um tubarão que cria uma verdadeira fixação pela personagem. Muitos poderão dizer que o sangue escorrendo de Nancy manteria a criatura no local, mas já, no início, há algo pouco comum: após atacar e matar uma baleia, o Grande (e coloca grande nisso!) Tubarão Branco continua a atacar qualquer um que adentre em seu  domínio momentâneo, ignorando o alimento que acabara de obter. Ok, ligando o botão da supressão voluntária da descrença, podemos aceitar que o tubarão (por um motivo que o espectador descobrirá perto do final) ataca furiosamente tudo que vê. É ela contra o tubarão. E posso dizer que gostei da solução dada ao filme. Criativa e inteligenteO tamanho da criatura é algo a ser citado: realmente é muito grande. Intencionalmente o diretor e equipe de efeitos fizeram um animal fora das proporções normais, que parece possuir mais de 12 metros (o tamanho original de um Tubarão Branco encontra-se abaixo em “Curiosidades”)
 

Águas Rasas é um filme acima da média nas produções do gênero e uma grata surpresa. Não por acaso, o filme já alcançou 54 milhões nos EUA (conforme IMDB), colhendo boas críticas estrangeiras (apesar de não sei porque me lembrar os filmes “Morte Súbita” - aquele do crocodilo gigante - e “127 Horas”). Infelizmente não esquentou a cadeira no circuito cinematográfico brasileiro, que acaba tendo que abrir espaço para outras produções nem sempre do mesmo nível. Espero que consiga fazer relativo sucesso no mercado de vídeo ou na TV a Cabo, visto que é uma produção caprichada, com bons (e poucos) atores e que mantém atenção até o fim. Além de ter uma gaivota simpática (ponto de escape da tensão), que  divide com Nancy um pedaço de pedra contra o ataque de um Carcharodon Carcharias (nome científico) que não se intimida como nada.

Trailers legendados:

Trailer 1:



 Trailer 2:



Curiosidades:
O comprimento de um Tubarão Branco é descrito entre 5 a 7 metros. Em 1870, no sul da Austrália, houve a alegação da captura (contestada) de um espécime de 11 metros. (Wikipedia)

O maior tubarão é o Tubarão-baleia (Rhincodon typus) com 20 metros; o segundo é o Tubarão-peregrino (Cetorhinus maximus) que alcança em torno de 9 metros; o terceiro é o Tubarão-branco (Carcharodon carcharias) com 7,92 m; o quarto Cação-raposa (Alopias vulpinus) com 7,60m e o quinto o Tubarão-tigre (Galeocerdo cuvieri) com 7,50 metros (fonte: site Discovery Brasil).

O apelido de Nancy para a gaivota é Steven Seagull, que é, claro, um trocadilho com o ator Steven Seagal.

As externas foram filmadas na ilha de Lord Howe, New South Wales e Mount Tamborine, Queensland, ambas na Austrália.

Blake Lively estava grávida de seu segundo filho durante as filmagens.

Blake Lively só tinha um dublê para as cenas de surf, pois não podia surfar profissionalmente, "Tudo o que fiz foi remar", ela lembrou, seu dublê de surf foi a surfista australiana profissional de 19 anos Isabella Nichols, ela ensinou Blake a remar corretamente , como encerar uma prancha e colocar uma corda nas pernas e barbatanas para torná-la autêntica.

Blake Lively foi parcialmente inspirada pelo trabalho de seu marido Ryan Reynolds no filme igualmente minimalista Enterrado Vivo (2010), afirmando que "essa foi uma das razões pelas quais eu queria tanto participar desse filme, porque sei o quão difícil foi para ele e como foi gratificante."

O caranguejo que Nancy esmaga enquanto está em sua rocha é CGI, embora o caranguejo esmagado que ela tenta comer seja real. As reações de desgosto de Blake Lively são genuínas, pois o diretor Jaume Collet-Serra afirma que "não temos permissão para machucar nenhum animal, então não havia caranguejos vivos, mas enviamos nosso departamento de arte pela manhã para encontrar caranguejos que morreram naturalmente nas praias, então há algumas delas lá."

Jaume Collet-Serra juntou-se ao departamento de arte para o design do tubarão. "Cheguei à conclusão de que o tubarão tinha que ser fêmea", diz o diretor. "As fêmeas são um pouco maiores e têm grandes cicatrizes do acasalamento. Visualmente são mais assustadoras, pois são mais protetoras." Criar o tubarão geralmente levou milhares de horas de pesquisa, então a equipe de filmagem assistiu a cada episódio da Shark Week para ter a ideia de criar o tubarão ele acrescentou ainda "ela é um tubarão fêmea, sabemos exatamente o quanto ela pesa. Cada cicatriz que ela tem uma história por trás disso. É realmente um trabalho incrível de arte e pesquisa".

O filme originalmente seria filmado na Costa do Golfo do Texas, perto de Galveston, mas os cineastas não tiveram permissão para filmar por razões de segurança.

Blake Lively revelou em entrevista que tem pavor de tubarões na vida real e que nunca viu Tubarão (1975).

O tubarão digital foi feito principalmente por uma empresa sueca especializada em tubarões digitais chamada Important Looking Pirates (ILP).

A dublagem mexicana muda a localização da praia para o Brasil, e os personagens estrangeiros falam português em vez de espanhol.

Blake Lively acidentalmente bateu o rosto na bóia, o que fez com que ela ficasse com o nariz escorrendo enquanto filmava o final climático. A lesão vista no filme e a reação de Lively a ela são reais. O golpe no rosto e o nariz sangrando chegaram ao corte final do filme, que pode ser visto durante o clímax final.

O nome da praia nunca é revelado. Pode ter sido Isla de tiburón (ilha do tubarão).


Trilha Sonora
El Lado Más Bestia de la Vida (Walk On The Wild Side)  - Albert Pla
Trouble - Neon Jungle
Bird Set Free - Sia



Bird Set Free  - Sia (Fã Video)





Filmografia Parcial:
Blake Lively









Elvis & Anabelle: O Despertar de um Amor (2007); Nova York, Eu Te Amo (2008); Lanterna Verde (2011); A Incrível História de Adaline (2015); Café Society (2016); Águas Rasas (2016); Por Trás dos Seus Olhos (2016); Um Pequeno Favor (2018); O Ritmo da Vingança (2020)

Óscar Jaenada









Novembro (2003); Che 2: A Guerrilha (2008);Os Limites do Controle (2009);Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas (2011); Fuga Implacável (2012); Cantinflas: A Magia da Comédia (2014); Águas Rasas (2016); Escobar: A Traição (2017); Oro (2017); O Homem que Matou Dom Quixote (2018); Rambo: Até o Fim (2019); Xtremo (2021); Luis Miguel: A Série (seriado 2018-2021); Awareness (2022)

Brett Cullen









Escola de Aeromoças (1986);  O Último Duelo (1991); Diário de um Crime (1991); Wyatt Earp (1994); Apollo 13 - Do Desastre ao Triunfo (1995); As Oito Condenadas (2000); Virando o Jogo (2000); Segurança Nacional (2003); A Gangue está em Campo (2006); Motoqueiro Fantasma (2007); Sem Medo de Morrer (2007); The Runaways: Garotas do Rock (2010); Código de honra (2011); Além da Escuridão (2011); Amanhecer Violento (2012); 42: A História de uma Lenda (2013); Águas Rasas (2016); Narcos (seriado 2016 -2017); Coringa (2019); Lista Negra (seriado 2019-2021); Lakers: Hora de Vencer  (seriado 2022)    

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