"A PLAUSIBILIDADE É BASEADA EM DETALHES"
Adrián Doria um jovem executivo que alcançou o sucesso
rapidamente é encontrado em um hotel desacordado ao lado de sua amante Laura.
Detalhe: está foi assassinada e ao seu lado muitas notas de dinheiro.
Adrian é o principal culpado e alega ter sido golpeado. A polícia o considera culpado, pois não há arrombamento na porta, estava trancada por dentro e as janelas, por segurança, no inverno, são travadas. Virginia Goodman, uma renomada advogada, especialista em treinar os réus para suportarem o júri, lhe pede que conte toda a
história, desde o início, com detalhes e
sem enrolações. Adrián conta o que se lembra do ocorrido. Com a informação de
que uma nova testemunha surgiu e está sendo levada ao tribunal, agora Virginia tem poucas horas
para saber de toda verdade, mas o que surge é uma outra história por trás da
história.
Envolvente suspense espanhol que poucos ainda tiveram
contato. A história do rico homem de negócios que tinha uma família feliz e se
envolveu em um caso de assassinato com sua amante (também casada) pode parecer
um filme banal. Apenas parece. "Um Contratempo" leva o espectador a acompanhar o
relato de Adrián e sua história que deu muito errado. Um imprevisto mudou tudo
na vida do casal de amantes. A advogada começa a perceber que a narração tem amarras soltas e que ela deve preenchê-las. O espectador começa a
tomar conhecimento de que algo muito pior ocorreu até o momento da prisão do jovem
executivo e a viagem dos pombinhos e suas ações podem ter sido o
motivo de uma vingança planejada contra a dupla, visando incriminá-lo. Só
que as reviravoltas vão acontecendo à medida que os fatos veem à tona e quando
o espectador começa a construir uma teoria de quem são os envolvidos e o que
fizeram, novas suposições surgem que também podem fazer sentido.
O diretor Oriol Paulo (de "El Cuerpo") escreveu e
transportou para as telas uma narrativa envolvente, um mistério daqueles ao bom
estilo de Alfred Hitchcock, onde nada pode ter realmente acontecido ou tudo que
Adrian conta pode ser verdade. Os detalhes no final são o que fazem a
diferença.
O vai e vem da história foi dirigida de uma forma bem linear
onde o espectador não terá dificuldades de acompanhar o andamento nem suas
reviravoltas (que alguns gostam de chamar de "Plot twist") que o
roteiro tão habilmente traz volta e meia. Não é um filme que deixa o espectador
confuso com excesso de informações e termos, na verdade, são a quantidade de
opções que a história parece possuir que faz quem o assistir a especular o que é
verdade e o que é mentira. Adrián foi vítima de uma artimanha ou matou sua
amante? Qual seria sua motivação? As pessoas que podem ser as culpadas
realmente o são? A advogada conseguirá reunir o quebra cabeças e montar uma
defesa que mostre a inocência de seu empregador ou ela que nunca perdeu um caso
criará uma história que faça todo o sentido? Se você acha que tem as
respostas, preparasse, poderá estar muito enganado.
O elenco está ótimo. O quarteto central: o executivo (o ator Mario Casas), sua amante Laura (Bárbara
Lennie), a avogada tenaz (Ana Wagener)
estão ótimos, sendo que essa última está numa atuação inspiradíssima. José Coronado, como Tomás Garrido, é outro que
chama a atenção em uma atuação sólida.
"Um Contratempo" é uma referência para quem quer ver um filme
bem acima da média do que é apresentado hoje, principalmente nos roteiros
"mais do mesmo" das produções americanas. Filme que prende desde o primeiro
minuto e surpreende com o seu final bem elaborado e não muito fácil de se
descobrir. Um gol de placa do cinema espanhol, um novo diretor a ser
acompanhado (quem sabe Hollywood o convide para ajeitar algumas produções
capengas) e uma chance de sair do circuitão comum e apreciar o que o cinema
europeu vem produzindo de melhor
Trailer:
Curiosidades:
Clip da música Nadie va a venir a buscarte interpretada por Zahara
Clip da música Nadie va a venir a buscarte interpretada por Zahara
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