ESCOLHAS E CONSEQUÊNCIAS NUM CONTO DE AMOR E SACRIFÍCIO
Tom
Sherbourne (Michael Fassbender) é um ex-oficial recém chegado da primeira
grande guerra. A fim de passar um tempo sozinho, se candidata a ser o novo
empregado à cuidar de um farol que serve de orientação aos navios. A princípio
seu trabalho seria de apenas 3 meses, em substituição temporária ao antigo
faroleiro, que adoecera. Só que Tom recebe, posteriormente, a oferta de um novo contrato de 3 anos, aceitando de
imediato a proposta. Os meses passam e o novo personagem passa a integrar-se à
comunidade local onde acaba conhecendo a jovem Isabel Graysmark (Alicia Vikander).
A paixão é imediata e logo se encontram casados, com Isabel se mudando para a
ilha solitária de Tom.
Isabel
engravida, mas acaba perdendo o filho prematuramente. Uma nova gravidez e uma
nova perda abalam o casal que permanece isolado e não revela o ocorrido. Certo
dia um barco chega com um corpo adulto junto a um bebê ainda
vivo. Tom e Isabel resolvem ficar com a criança, não notificar o ocorrido e
apresentar a criança como sendo fruto da gravidez desta. Tudo parece
transcorrer dentro do normal, quando o casal, na cidade, vai batizar “Lucy” e
Tom conhece Hannah Roennfeldt (Rachel Weisz), que perdera o marido e a filha Grace em
alto mar. Tom resolve enviar um bilhete anônimo à verdadeira mãe, informando que
sua filha encontra-se viva e bem. Hannah ganha um incentivo para tentar
localizar sua filha de todas as maneiras, enquanto Tom começa a entrar em uma crise de
consciência.
Baseado no
romance de M.L. Stedman, "The Light Between Oceans", seu primeiro livro, a
abordagem centra na ética e nos dilemas morais que o trio passará ao longo da
estória. O diretor Derek Cianfrance (de “Namorados Para Sempre” (2010)), que
também ficou responsável pela adaptação, aproveitou os ótimos cenários de Cape
Campbell Lighthouse, em Marlborough,
Nova Zelândia e em Stanley, Tasmânia na
Austrália. Essa escolha fez toda a diferença para a estória funcionar.
A bela fotografia de Adam Arkapaw (“Reino Animal” -2010- e “Assassin's Creed”
-2016-) leva o espectador a emergir num local remoto e de muita calmaria.
O drama
segue um ritmo crescente: começa com uma rápida apresentação dos personagens,
um romance e a vida no farol isolado. A partir da chegada do bebê tudo muda. O
filme cresce, os personagens começam a entrar em dilemas e tudo caminha para
Hannah descobrir toda estória. Devemos lembrar que o filme se inicia logo após a
primeira guerra (1914-1918) e Tom é apresentado ao espectador como um homem que viu o tipo de ser humano que
a guerra produz, supõe-se, pela sua fisionomia melancólica, que trouxe coisas
que deverão ser esquecidas. Viver em isolamento, quase esquecido o fará bem.
Isabel é
uma jovem que se apaixona por aquele “homem da guerra” e é correspondida. A
criança aparece como uma bênção, "um presente de Deus", que veio
direto para os seus braços. Tudo levaria a supor que o destino assim o queria,
mas esse mesmo destino prega peças e coloca Tom diretamente com a mãe da
criança que explica todo o episódio. Duas mães que perderam seus filhos: uma
nunca poderá recuperá-los, outra sim. Hannah ainda tem essa possibilidade. Tom
fica no dilema: tirar o "novo" filho de Isabel a deixando em cacos ou
deixar em cacos Hannah que acredita ter perdido o filho para sempre. Tom é
racional, Isabel emocional. Sua decisão não pode ser compartilhada
com a esposa, mas essa decisão tem um custo: ainda que acreditassem estar
fazendo o melhor, cometeram um crime: o homem encontrado morto não fora
notificado às autoridades e, assim também, deveria ter sido feito com a
criança.
O elenco
está ótimo. Michael Fassbender e Alicia Vikander obtiveram uma química
perfeita. Não por acaso o casal se conheceu durante as
filmagens e continua junto atualmente, o que contribuiu, certamente, para o sucesso
do filme. Rachel Weisz ("A Múmia" e "Círculo de Fogo") é uma ótima atriz e sua
concepção de uma mãe desesperada em encontrar a filha, a qualquer custo,
funcionou muito bem. Coincidências da vida que Fassbender e Vikander fizeram dois personagens
dotados de inteligência artificial (ele "Prometheus", ela "Ex- Machina').
A Luz Entre
os Oceanos é um bom filme, que poderá levar as lágrimas os mais sensíveis,
devido algumas passagens mais emocionantes. Para os que não se comovem facilmente
fica um bom drama levado às telas com eficiência e sensibilidade. Apesar de não
ter tido um retorno financeiro nas bilheterias, pode ser redescoberto pelo mercado
de vídeo e pelas tvs. Diversão de bom gosto.
Trailer:
Curiosidades:
Michael
Fassbender é alemão e foi indicado a 2 Oscars: "12 Anos de
Escravidão" (2013) como Melhor Ator Coadjuvante e "Steve Jobs" (2015) como Melhor
Ator
Alicia
Vikander é sueca e foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por
"A Garota Dinamarquesa" (2015)
Rachel
Weisz é inglesa e ganhou o Oscar de Melhor atriz Coadjuvante por "O
Jardineiro Fiel" (2005)
O filme
custou 20 milhões de dolares e rendeu 4 milhões a mais
Filmografia Parcial:
Michael
Fassbender
300 (2006); Sem Saída (2008); Bastardos Inglórios (2009); Renascido das Trevas (2009); Centurião (2010); Jonah Hex - Caçador de Recompensas (2010); X-Men:Primeira Classe (2011); Shame (2011); Prometheus (2012); 12 Anos de Escravidão (2013); Steve Jobs (2015); X-Men: Apocalipse (2016); A Luz Entre Oceanos (2016); Assassin's Creed (2016); Alien: Covenant (2017); The Snowman (2017)
Alicia
Vikander
O Amante da Rainha (2012); Anna Karenina (2012); O Quinto Poder (2013); Sangue Jovem (2014); Ex_Machina: Instinto Artificial (2014); O Sétimo Filho (2014); O Agente da U.N.C.L.E. (2015); A Garota Dinamarquesa (2015); Jason Bourne (2016); A Luz Entre Oceanos (2016); Tomb Raider (2018)
Rachel
Weisz
Beleza Roubada (1996); Reação em Cadeia (1996); A Múmia (1999); Sunshine - O Despertar de um Século (1999); Círculo de Fogo (2001); Círculo de Fogo (2001); O Júri (2003); Constantine (2005); O Jardineiro Fiel (2005); Três Vezes Amor (2008); Um Olhar do Paraíso (2009); A Informante (2010); O Legado Bourne (2012); Oz: Mágico e Poderoso (2013); A Luz Entre Oceanos (2016)
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