sexta-feira, 5 de maio de 2017

GAVIÃO E A FLECHA / THE FLAME AND THE ARROW (1950) - ESTADOS UNIDOS




HUMOR E INGENUIDADE

Século XII. O norte da Itália foi subjugado pelo imperador alemão Frederick Barbarossa, porém nas montanhas da Normandia haviam aqueles que se negavam a curvarem-se diante de seu novo imperador.  A história parte de Dardo (Lancaster), um exímio arqueiro que vive nas montanhas com seu filho Rudi. Apesar de ser adorado pelos aldeões locais, não quer se envolver na questão. Seu lema é “não dependo de ninguém, não devem depender de mim”. 



Tudo muda com a chegada ao vilarejo do Conde Ulrich (Frank Allenby), “O Gavião” que, há 5 anos, “tomara” a esposa de Dardo que queria viver com alguém que tivesse posses. Dardo revela ao filho que sua mãe vive com o conde e derruba uma ave do lorde que, em represaria, o ataca e leva Rudi para viver no castelo com a mãe. 




O Arqueiro passa a viver como foragido e reúne um grupo na floresta que, por terem lhe ajudado, também são alvos da ira de Ulrich. Dardo salva o Marquês de Granazia (Robert Douglas) que negara a pagar impostos a Ulrich e sequestra Anne (Virginia Mayo), a sobrinha do conde, para fazer uma troca pelo seu filho, sempre com seu fiel escudeiro mudo Piccolo (Nick Cravat), amigo de infância do arqueiro.


           
Aventura de capa e espada de 1950 com o par central Burt Lancaster e Virginia Mayo. O Gavião e a Flecha é uma aventura movimentada com bastante humor e um toque de certa ingenuidade, bem característica de algumas produções da época.  O filme apenas situa a ação, mas não deve ser considerado fiel aos fatos da época. A ideia era explorar o carisma de Lancaster,  ex-artista de circo que se tornou, ao longo dos anos, um dos atores mais prestigiados de Hollywood. Aqui temos o ator no auge de sua performance ao lado do ator Nick Cravat, amigo de longa data e parceiro de Lancaster em nove produções. A dupla rendeu os melhores momentos, com direito a muitos malabarismos  circenses .
            


O diretor Jacques Tourneur fez um clássico filme de capa e espada, com ares de filmes de Robin Hood, movimentado e que em nenhum momento cansa. Lancaster fez grande parte das acrobacias e tornou o filme ótimo. Virginia Mayo (1920 -2005) emprestou sua beleza e talento ao filme.  O Gavião e a Flecha é um daqueles filmes que é previsível quanto ao seu final, mas nem por isso se torna desinteressante. As lutas são muito bem coreografadas e propositadamente divertidas. Certa hora, soa até confusa diante da quantidade de extras: os homens de Dardo, os soldados de Ulrich, os atores mambembes e os aldeões, com direito a paneladas na cabeça e até um cachorrinho perdido no meio da confusão. Mas essa salada mista, descompromissada com a realidade, talvez seja o grande mérito do filme: não há lutas brutais, não há sangue. O filme enfatiza o bom coração, a solidariedade, a coragem e o companheirismo, tudo regado com um romance bem suave e crescente dos protagonistas e um clímax adequado aos padrões da época.


          
O elenco é o grande destaque: Lancaster e Cravat estiveram ótimos. Virginia Mayo surgiu aos poucos, como a bela e doce castelã, que aderiu a causa de Dardo, conseguindo a química ideal com o protagonista para que o filme funcionasse. Frank Allenby conseguiu fazer um bom vilão, que cobrava impostos e queria roubar as terras dos aldeões e Robert Douglas convenceu com seu Marquês de caráter duvidoso. Quanto a trilha sonora, a música do austríaco Max Steiner (1988-1971) (de dezenas de filmes como “Casablanca”, “As Aventuras de Don Juan” e “ E O Vento Levou”) caiu como uma luva, pautando os melhores momentos com melodias inspiradas.


                   
O Falcão e a Flecha pode soar, nos dias de hoje, como uma aventura muito ingênua, mas sem dúvida é um ótimo passatempo e oportunidade para quem quer olhar um bom filme antigo com valores intrínsecos em sua história. Vale a pena rever esse filme que praticamente desapareceu das programações da Tv aberta e a cabo.



Curiosidades :
Frank Allenby faleceria três anos depois, em 1953, aos 55 anos.

Burt Lancaster começou a atuar aos 32 anos. Morreu aos 80 anos devido a vários problemas de saúde. Ganhou o Oscar de melhor ator pelo filme “Entre Deus e o Pecado” (Elmer Gantry) 1960. Foi indicado ao Oscar de melhor ator nos filmes: “A Um Passo da Eternidade” de 1953; “O Homem de Alcatraz” de 1962 (prêmio de melhor ator do festival de Veneza) e “Atlantic City” de 1981.

Burt Lancaster  e Virginia Mayo atuaram novamente no filme “Furacão de Emoções” (South Sea Woman) de 1953

Lancaster e Cravat atuaram como acrobatas em circos e usavam os nomes artísticos de “Lang & Cravat” (IMDB)

Trailer: 




Filmografia Parcial:

Burton Stephen Lancaster - “Burt Lancaster” (1913–1994)


O Pirata Sangrento (1952), A Um Passo da Eternidade (1953); O Ultimo Bravo (1954) ; Vera Cruz (1954); A Rosa Tatuada (1955); Trapézio (1956); Sem Lei e Sem Alma (1957); O Leopardo (1963); Aeroporto (1970); Quando os Bravos se Encontram (1971); Oeste Selvagem (1976); O Último Brilho do Crepúsculo (1977); A Ilha do Dr. Moreau (1977); Atlantic City (1980); A Pele (1981); O Casal Osterman (1983); Os Últimos Durões (1986); O Rochedo de Gibraltar (1988);  Campo dos Sonhos (1989). 

Virginia Clara Jones - “Virginia Mayo” (1920–2005)

 

 A Princesa e o Pirata (1944); A Máscara da Traição (1949); Falcão dos Mares (1951); Ricardo, Coração de Leão (1954); O Cálice Sagrado (1954); A História da Humanidade (1957) e participações em seriados.


Nick Cuccia - “Nick Cravat” (1912–1994) 

O Pirata Sangrento (1952); Ricardo, Coração de Leão (1954); O Rei do Circo (1954); A História da Humanidade (1957); Dívida de Sangue (1965); Aeroporto (1970); Quando os Bravos se Encontram (1971); A Ilha do Dr. Moreau (1977).

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