sexta-feira, 22 de julho de 2016

DJANGO / DJANGO ( 1966 ) - ITÁLIA / ESPANHA



SEMPRE COPIADO, NUNCA IGUALADO

Estranho chega em um vilarejo da fronteira mexicana arrastando um caixão, acompanhado de Maria (Loredana Nusciak), uma mulher que salvara, aonde dois grupos controlam a cidade: os mexicanos, liderados  pelo General Hugo Rodriguez (José Bódalo) e um grupo de ex-confederados, liderados por um homem chamado Major Jackson (Eduardo Fajardo), um malfeitor que cobra proteção do dono de um saloom e massacra o povo mexicano que não tem dinheiro para lhe pagar. O misterioso pistoleiro entra em rota de colisão com o Major matando dezenas de seus comparsas. Django deixa claro que sua chegada é um plano de vingança e quem ficar em seu caminho não permanecerá vivo por muito tempo. 


O que falar de Django? Um clássico do Western Spaghetti, dirigido por um dos grandes cineastas desse gênero:  Sergio Corbucci (1926–1990) que, ao lado do também diretor Sergio Leone (1929-1989), tornou-se um dos expoentes do gênero. Django é, sem dúvida, seu maior êxito comercial, objeto de culto até hoje. Os elementos que criaram essa mística em torno do filme são vários: primeiro a escalação do ator Franco Nero. Sem dúvida, o ator imortalizou o personagem  que, de tão famoso, continuou a surgir na tela através de outros atores, como Terence Hill (que ficou famoso por fazer dupla com o recém falecido Bud Spencer). A atuação de Nero é fria, seca, de poucas palavras, e um olhar pronto para confusão. Um herói e anti-herói ao mesmo tempo. Sua habilidade com o gatilho é única abatendo vários oponentes em apenas uma sequência. A Guerra de Secessão Americana (1861-1865) acabara recentemente (podemos concluir pelo diálogo de Django com o major sulista que alega não gostar de pessoas "do norte"). O Norte ganhou a guerra contra o Sul. Django foi um ex-militar dessa guerra civil (nos créditos de abertura aparece suas botas e a calça com uma lista, vestimentas da guerra) e tornou-se um mercenário trabalhando, no passado, com o general mexicano Hugo Rodríguez, mas agora é chamado de Yankee e tido como um pistoleiro furioso.


A influência de Django foi tão grande que Quentin Tarantino lançou seu "Django Livre" e colocou Nero em uma pequena participação com a mesma música de abertura. Filmes com o título de Django não faltaram. Eis alguns exemplos: “Poucos Dólares para Django” (1966) com Anthony Steffen; “Django Atira Primeiro” (1966) com Glenn Saxson; “Django Mata por Dinheiro” (1967) com Gianni Garko; “Django Mata em Silêncio” (1967) com George Eastman; “Django Não Espera, Mata” (1967) com Ivan Rassimov; “Viva Django!” (1968) com Terence Hill; “Django, o Bastardo” (1969) com Anthony Steffen; “Django Desafia Sartana” (1970) com Tony Kendall e assim vai. Poucos filmes tiveram uma quantidade tamanha de filmes derivados do original. Ainda que Clint Eastwood tenha tido uma carreira cinematográfica mais sólida com o diretor Sergio Leone e, posteriormente, se tornando um ator e diretor de respeito, podemos dizer que Django tornou-se inesquecível.


Quanto ao elenco, não há muito o que falar: a história centra no ex-major; no general mexicano; no bartender Nathaniel,  vivido pelo ator Ángel Álvarez e na figura feminina de Maria (Loredana Nusciak 1942–2006), que é um dos motivos da ira dos dois grupos e que se apaixona pelo pistoleiro, mas era amante do Major. Django se encanta por Maria, mas não deixa transparecer (bem caricato). Fora isso é Django e mais Django, junto com seu enigmático caixão que traz medo e curiosidade a quem cruza com ele. Há cenas que serão sempre lembradas? Sim. O major colocando camponeses para correr e atirando neles, como num perverso jogo de tiro ao alvo; a revelação do conteúdo do caixão e sua utilização em um momento chave; o castigo que Django recebe e, claro, a cena final em que enfrenta os malfeitores em um cemitério com as mãos quebradas.


A trilha sonora é o destaque. Interpretada pelo americano (nascido italiano) Rocky Roberts (nascido Charles Roberts) colou nos ouvidos e ficou muito famosa, ainda mais que o timbre vocal do cantor, aqui, assemelhou-se muito ao de Elvis, o que deve ter causado certa confusão numa época de poucas informações e sem as maravilhas da internet. A música que, infelizmente não vem com legendas no filme, serve como uma introdução ao personagem, falando do amor que perdeu e o seu descontentamento com a vida sem sua amada. Apesar desse detalhe, o filme mostra um roteiro em que o espectador, com meia hora de projeção, já compreende o que pode ter acontecido para o justiceiro ter ido naquele meio do nada. Os mais atentos perceberão que praticamente não existem habitantes no povoado: apenas duas quadrilhas, um saloom com seu dono e suas "garotas" para diversão, além de uns pobres camponeses sendo mortos por um grupo. O filme ainda assim consegue passar por cima desses detalhes e entregar um produto bem interessante.


Django tornou-se cult ao longo dos anos, assim como o gênero Western Spaghetti, que amealhou fãs ao redor do globo, seduzidos por estes filmes rodados, principalmente na  Itália e Espanha, em que vários atores buscaram mercado. Foi uma contraposição bem vinda aos faroestes tidos como "mais densos" que eram produzidas na América. Neste filme, ator e diretor influenciaram toda uma geração de cineastas que perceberam um modo diferente de direção, um rompimento com a estética clássica dos filmes de faroeste americanos que apresentava  heróis de moral inabalada, limpos e de visual correto, sempre ao lado de um belo cavalo.



Trailer:




Curiosidades:
O nome Django foi uma homenagem do diretor ao jazzman belga Jean Baptiste "Django" Reinhardt (1910-1953).

Franco Nero faria um segundo filme do personagem chamado “Django – A Volta do Vingador” (Django Strikes Again) em 1987.

O filme foi, na época, proibido na Inglaterra por sua violência.

Franco Nero nasceu em 1941 com o nome de batismo de  Francesco Clemente Giuseppe Sparanero.

Franco Nero também faria outro filme bem conhecido, com um novo personagem: “Keoma” (1976).



Cartaz:























Django interpretada por Rocky Roberts (Livre adaptação)

Django!

Django, have you always been alone? (Django, você sempre esteve sozinho?)

Django!

Django, have you never loved again? (Django, você nunca amou de novo?)
Love will live on, oh oh oh...          (O amor viverá ...)
Life must go on, oh oh oh...          (A vida deve continuar ...)
For you cannot spend your life regreating. (Para que você não passe o resto da vida se arrependendo.)

Django!

Django, you must face another day. (Django, você deve encarar mais um dia)

Django!

Django, now your love has gone away  (Django, agora o seu amor se foi)
Once you loved her, whoa-oh...   (No passado você a amou ....)
Now you've lost her, whoa-oh-oh-oh... (Agora você a perdeu ...)
But you've lost her forever .... Django. (E você a perdeu para sempre ... Django)

When there are clouds in the skies, (Quando há nuvens no céu)
and they are grey.  (elas são cinzentas)
You may be sad but remember  (Você deve estar triste, mas lembre-se)
that love will pass away.  (que o seu amor perecerá)

Oh Django!
After the showers is the sun. (Após as chuvas é o sol)
Will be shining... (Que brilhará...)

[solo]

Once you loved her, whoa-oh...  (No passado você a amou ....)
Now you've lost her, whoa-oh-oh-oh... (Agora você a perdeu ...)
But you've lost her forever, Django. (E você a perdeu para sempre ... Django)

When there are clouds in the skies,  (Quando há nuvens no céu)
and they are grey.                 (elas são cinzentas)
You may be sad but remember  (Você deve estar triste, mas lembre-se)
that love will pass away. (que o seu amor perecerá)

Oh Django!
After the showers is the sun. (Após as chuvas é o sol)
Will be shining... (Que brilhará...)

Django!
Oh oh oh Django!
You must go on,  (Você deve seguir em frente)
Oh oh oh Django...

 
Filmografia Parcial:
Franco Nero:


 









Django (1966); A Bíblia (1966); Camelot (1967); Os Violentos Vão Para O Inferno (1968); Joana, a Mulher que Foi Papa (1972); Implacável Perseguição (1973); O Vingador Anônimo (1974); Pânico em Munique (1976); Keoma (1976); O Comando 10 de Navarone (1978);Ninja - A Máquina Assassina (1981); Querelle (1982); Django - A Volta do Vingador (1987); Magdalene (1988); Toque Mortal (1992); Paulo, o Apóstolo (2000); Bathory (2008); Cartas Para Julieta (2010); Django Livre (2012); A Sereia Assassina (2014);

2 comentários:

  1. Boa noite!
    Era bem pequena mas lembro dos primeiros filmes que meu alugou quando comprou nosso primeiro vídeo cassete no início dos anos 90:Foi Django pra ele e Bernardo e Bianca pra mim e minhas irmãs.Lembro até de meu pai convidar os vizinhos pra assistir.Oh tempo bom!Ah,quando tiver tempo faz uma resenha de Bernardo e Bianca.Nostalgia pura.
    Abraço.

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  2. Bom dia Fabiana.
    A chegada no Brasil do vídeo cassete foi algo que marcou muitas pessoas.
    VHS ou Betamax? Locadoras ou Cineclubes? Alugar por fita ou um pacote mensal de filmes? Lançamentos (mais caros) ou fitas em catálogos (mais baratas)? Aparelho de 2 cabeças ou 4 cabeças? Gravar da televisão com fitas Verbatin, Basf ... ou Jvc? Fitas de 120 ou 160 min? Normais ou Chrome? Tudo muito confuso, depois tudo muito comum e, finalmente, o fim de uma era e a chegada dos cds e dvds que deram lugar ao Streaming, que é uma volta às locadoras adaptadas ao sec. XXI.
    Django foi um grandes expoentes do Faroeste Spaghetti que, no início, muitos apostaram que não vingaria, afinal os westerns clássicos eram os americanos. Até que diretores como Sergio Leone e atores como Clint Eastwood, Franco Nero, Lee Van Cleef ... se aventuraram e criaram um gênero cultuado até hoje. Obrigado pelos comentários e um grande abraço.

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