domingo, 19 de junho de 2016

GUERREIRO DE AÇO, A LENDA / ATOR, IL GUERRERO DE FIERRO / IRON WARRIOR , THE LEGEND (1987) ITÁLIA


GUERREIROS CONFUSOS

Ator (Miles O'Keeffe) é separado na infância de seu irmão gêmeo pelas mãos da feiticeira maligna Phoedra (Elisabeth Kaza) que é julgada pelo ato e exilada. 18 anos depois volta acompanhada de um guerreiro chamado Trogar (Franco Daddi), aparentemente invencível. Phoedra mata o rei, mas sua filha, a princesa Janna (Savina Gersak), consegue escapar. Logo o clã das feiticeiras do bem, liderada por Deeva (Iris Peynado), convoca Ator para proteger a jovem e bela princesa até o seu destino. Com Phoedra e Trogar em seu encalço, Ator passará por vários desafios ao lado de Janna, até o derradeiro confronto final com a dupla maligna.


Iron Warrior é o título americano (voltado ao mercado internacional) para o filme italiano "Ator, Il Guerrero de Fierro". Ator é uma série de filmes do diretor Joe D'Amato (com o pseudônimo de David Hills), responsável pela direção dos dois primeiros “Ator” e o quarto filme. D'Amato não reconhece esta produção, dirigida por Al Bradley  (1930 - 2001 - pseudônimo de  Alfonso Brescia), como sendo parte da saga. Alfonso Brescia teve poucos filmes, mas se aventurou em filmes de gladiadores, western spaghetti e até ficção científica.


A história começa com um garotinho sendo sequestrado por uma bruxa. A seguir a feiticeira é julgada pelo crime, num claro plágio ao julgamento do general Zod em Superman (de Christopher Reeve). Só que aqui os efeitos são substituídos por dois bambolês (é, aquele que as crianças gostavam de brincar) que "prendem" a feiticeira enquanto é julgada por outra feiticeira do bem e três rostos, em imagens, ao fundo. Logo é enviada a Zona Negativa, quero dizer, as profundezas de sabe-se lá onde por 18 anos. O filme parece uma daquelas produções amadoras feitas e postadas no Youtube por candidatos a revelação de cineastas, só que com um pouco mais de dinheiro, o que lhe dá direito a cavalos, roupas e muita fumaça. As lutas são horrivelmente coreografadas, sem nenhuma emoção ou espontaneidade. 


Os diálogos são um comentário a parte. Vamos a algumas pérolas:
Deeva: - e se matarem você?
 Ator: - aí eu morro. Mas não vão me matar.
....
Princesa Janna: - Poderes malignos estão tomando conta do meu reino (a conclusão da princesa depois de 40 minutos de filme)
Ator: - Já notei (responde Ator)...
Princesa Janna: - Uma velha bruxa pôs mau olhado na minha casa. Há um falso rei no meu trono (diálogo explicativo, caso você não tenha conseguido entender a "complexidade" da trama)


Temos também duas tomadas curiosas: Lá pelos 34 minutos a princesa é  presa em cordas com homens à cavalo e Ator surge mascarado lutando. Parece claramente que o diretor utilizou outro ator (não há como evitar o trocadilho) e enxertou alguns minutos de ação para logo depois aparecer O'Keeffe sem máscara e bem diferente. Lá pelos quase 70 minutos "Ator" volta a usar um pano no rosto com novas cenas de luta e cabelo com tonalidade diferente, menor e mais fraco fisicamente.

Quanto aos efeitos, temos alguns interessantes: a já citada cena do julgamento de Phoedra e duas rochas que correm atrás da dupla central por um labirinto, plagiando "Os Caçadores da Arca Perdida". O Vilão é um caso à parte: sua máscara, em forma de caveira, parece ter sido feita com papel alumínio com um lenço ridículo tapando o pescoço. O vilão desaparece através daqueles efeitos antigos da década de 60 e 70.  Em uma cena, que deveria passar medo, a feiticeira Phoedra claramente está em cima de uma plataforma de trilhos com um ventilador, simulando um vento em seu rosto. A nossa mocinha é presa a cavalos, arrastada e não sofre qualquer tipo de corte, apenas deita e descansa para se recuperar.


Quanto a interpretação está difícil saber quem foi o pior. Miles O'Keeffe, eleito o pior Tarzan do Cinema em “Tarzan, O Homem Macaco” (81), também não se sai bem lutando com espada e elimina seus adversários, muitas vezes, com a espada passando longe. Elisabeth Kaza parece estar interpretando uma peça de Shakespeare. Savina Gersak é a princesa bela e desprotegida. Iris Peynado (Deeva) até tenta passar alguma dramaticidade e Tiziana Altieri mostra,  com destaque, sua nudez .



Curiosidades:

O cartaz dá mais destaque ao vilão do que o herói
 
O subtítulo do cartaz brasileiro foi: Nascido de uma feiticeira...gerado por um dragão... batizado em sangue. (Que Dragão ?)

Parte de sua filmagem foi em estúdio, parte na Ilha de Gozo, em Malta.

Miles O'Keeffe interpretou Ator em  "Ator l'invincibile" (82) e  "Ator 2 - L'invincibile Orion" (84). Guerreiro de Aço não é uma continuação, visto que tudo é diferente das histórias anteriores, além do ator ser loiro nos 2 primeiros.

10 anos depois, a espada de Ator foi repintada e reutilizada como a Espada de Atlântida na série de TV Conan.

O cenário da vila do filme Popeye de 1980 foi usado durante as filmagens.

Assim como Ator usou a espada de Conan dos filmes. O Guerreiro de Ferro usou a espada de Guerreiros de Fogo (Red Sonja)  daquele filme.

Trailer:





Filmografia Parcial:
Miles O'Keeffe










Tarzan, o Filho das Selvas (1981); Ator O invencível (1982); Ator 2 - L'invincibile Orion (1982); A Espada do Valente (1984); Comandos Mercenários (1987); Estranha Obsessão (1988); Segredos da Noite (1993); Tolerância Zero (1994); A Hora da Vingança (1997); A Montanha Mágica (2000); The Unknown (2005).

Savina Gersak




O Guerreiro de Aço (1987); Afganistan - The Last War Bus (L'ultimo Bus di Guerra) (1989); Uma Carona para o Inferno (1990).


Iris Peynado










Attila flagello di Dio (1982); O Guerreiro de Aço (1987); Jogo Duplo (1991); Max Está em Perigo (1995); Senza nessuna pietà (2014).


Elisabeth Kaza (1924–2004)









O Monstro (1975); Setembro Negro (1975); E la Nave Va (1983); O Guerreiro de Aço (1987); A Casa do Sorriso (1991); Jefferson em Paris (1995), Herança Maldita (1995); A Janela da Frente (2003); Missão Córsega - O Filme (2004).

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