segunda-feira, 19 de agosto de 2024

VIDAS AMARGAS / EAST OF EDEN (1955) - ESTADOS UNIDOS


 ALEGORIA BÍBLICA

Salinas Valley, Califórnia, 1917. Cal (James Dean) circunda uma vizinhança na cidade de Monterrey para descobrir quem é a dona do bordel local. Na verdade, ele apenas deseja confirmar suas suspeitas: ela é Kate (Jo Van Fleet), sua mãe, que seu pai Adam Trask (Raymond Massey) sustentava aos filhos, quando pequenos, que falecera e “fora para o céu”.

Adam Trask é um rico agricultor local que reprova constantemente os modos com a qual seu filho Cal conduz sua vida, mas demonstra grande afeto por seu outro filho, Aron (Richard Davalos), que namora Abra (Julie Harris), desejando esposá-la. Para Cal há sempre sermões e leituras de versículos bíblicos, para Aron, elogios. Mas a vida toma outro rumo quando Adam enfrenta um revés, em um negócio malsucedido, praticamente levando-o a falência. E tudo piora quando Cal confronta o seu pai a respeito de Kate e o porquê de seu destino. Enquanto isso, o amor de Abra começa a mudar de lado. As relações familiares começam a se deteriorar, sem que Aron saiba o destino de sua mãe. Cal, na ânsia de agradar ao pai, entra em negócio que lhe trará lucros, com a chegada da primeira Guerra Mundial, mas sua atitude não será a que imaginara por parte do pai.

Vidas Amargas é um filme originário do livro homônimo de John Steinbeck, publicado em 1952, cujo diretor Elia Kazan (que vinha de Sindicato de Ladrões), em seu décimo primeiro filme, o primeiro em cores (Warnercolor), preferiu não abordar as três gerações apresentadas no romance. Kazan resolveu filmar os capítulos finais, a partir da relação diferenciada do patriarca para com seus dois filhos e como isso viria a destruir os laços familiares de forma trágica.

Vidas Amargas se revela em seu título original, “East of Eden”, mostrando-se uma alegoria bíblica da história de Abel e Caim, mas com suas devidas mudanças. Kazan se preocupou em compor a história em torno de seus cinco personagens centrais, modificando situações, excluindo personagens e trocando épocas. Na Bíblia (Gênesis), Caim partiu para a terra de Nod, a Leste do Éden (daí o título “East of Eden”). Provavelmente, por motivos comerciais, o distribuidor brasileiro considerou Vidas Amargas como um título que traria mais público aos cinemas. E não foi um título ruim, pois se encaixou na estória.  

Vidas Amargas não é um espetáculo que divirta, mas que faz refletir, apresentando uma moral ambígua em vários pontos. O mal não existe só em Caim (Cal) e o bem não é privilégio somente de Abel (Aron). Um conto repleto de citações bíblicas, aproximando-se de uma tragédia grega. Steinbeck / Kazan tentam nos dizer que o mal ou o bem não são frutos de uma predestinação, mas um estado de coisas. Adam (referência a Adão) vivia com Kate (uma analogia a Eva) em seu rancho (o paraíso) com seus dois filhos (não vemos a infância, apenas a adolescência destes), mas sua “Eva” não gostava do “paraíso” nem do comportamento do marido (muito religioso e austero). Ela queria viver de emoções, uma vida diferente (a maçã) e abandonou o paraíso em Salinas partindo para Monterrey (ao leste do “Éden”). Adam, rejeitado e amargurado, fracionou o seu amor entre os filhos: Caleb “Cal” (outro nome bíblico) e Aron (também bíblico). Aos seus olhos, passou a ver Cal parecido com sua esposa, uma “herança genética ruim”: arredio, irrequieto, explosivo, contestador e indiferente aos ensinamentos bíblicos que ministra. Quanto à Aron, acha que parece consigo: um jovem quieto, religioso e considerado bom moço, um modelo de probidade. Ao conhecer a mãe e como esta se encontra, Cal passa a acreditar que realmente herdou a “herança maldita”, mas ainda assim busca de todas as formas o afeto que o pai lhe nega (e talvez esse seja um problema do filme, pois não vemos como Adam diferenciou esse afeto durante a infância de seus filhos – a condensação dos capítulos do livro transformou, no início, Cal em um “rebelde sem causa” aos olhos do espectador). Cal se sente ferido, enjeitado. Sente a maneira desigual como é tratado, inveja o irmão e colhe o ódio deste quando Aron percebe que Abra parece mudar de lado o seu afeto. Aqui, este “Caim” talvez seja o personagem mais humano, repleto de contradições.

Quanto ao elenco, a atuação de James Dean, em seu primeiro filme, foi criticada por imitar o estilo de atuação de Marlon Brandon. A morte prematura do ator, aos 24 anos, em um desastre de automóvel, próximo ao local de onde se passa a estória do livro, chocou o público. James Dean, além deste filme, fez apenas mais dois “Juventude Transviada” (1955) e “Assim Caminha a Humanidade” (1956) tornando-se um ícone que atravessa gerações. Seu Caleb é um jovem que se julga mau por força da hereditariedade, que deseja fazer o bem, mas faz o mal que não queria, um jovem em busca de sentido para a própria vida e que com a aproximação de Abra descobre que pode ser senhor de si mesmo. Quando o pai rejeita seu presente, ele se sente humilhado e expulso do coração deste. Quando Carl usa o punhal (o punhal é simbólico, mas seu efeito é real) essa destruição repercute de forma avassaladora.  Raymond Massey interpretou um pai amargurado pela partida e pela opção de vida da esposa, que tentou esconder dos filhos até onde pode. Um filho que aprecia e outro que ele não compreende e vê na rebeldia do mais novo uma identificação com sua esposa, que o incomoda e o afasta deste (mesmo que já não mais perceba), com isso termina por alimentar o ódio surdo entre os irmãos. Estreia de Jo Van Fleet, aos 38 anos,  no cinema e que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Sua Kate mostra-se uma mulher dura, repleta de melancolia, mas que alardeia sucesso comercial. Estreia também no cinema de Richard Davalos, interpretando o filho bom que vive numa “torre de marfim”, sem capacidade de suportar a rudeza da realidade. Ele começa a ver Abra se interessar pelo irmão e toma uma atitude, atitude essa que gera uma atitude mais forte e que repercutirá diretamente na vida do pai dali em diante. A cena no trem, com um rosto fulminando como um raio, é uma das mais impactantes e revela todas as emoções contidas. Julie Harris fez uma Abra delicada e sensível, que parece ser a única a compreender Cal, ela também fora privada de afeto materno. Ela se vê entre a forte atração por Cal e a vontade de amar Aron que lhe inspira segurança. O ator Harold Gordon interpretou um imigrante alemão que começa a sofrer ataques, de seus outrora amigos, com a chegada da Primeira Guerra. Burl Ives faz uma rápida aparição como o xerife.

Produzido e dirigido por Elia Kazan, Vidas Amargas pode ser classificado como amargo e cruel, humano e brutal. Um filme que descreve o estado da alma dos personagens. O drama de Caim e Abel inspirando o autor a traçar um paralelo entre Caleb e Aron. Um filme que aborda como o ambiente pode transformar pessoas, como a falta de amor e compreensão pode destruir à volta e como não saber aceitar certas situações pode destruir uma pessoa. Virtude e vício não se imitam, mas se praticam voluntariamente. Talvez a mensagem final do filme seja dar e aceitar o perdão.

 

Trailer:

 

Curiosidades:

O compositor Leonard Roseman também faria a partitura de Juventude Transviada

Elia Kazan foi indicado sete vezes ao Oscar e ganhou por "A Luz é Para Todos" (1948) e "Sindicato dos Ladrões" (1955)

Para alguns, James Dean provou ser bastante difícil de lidar durante a produção. Houve momentos em que o ator se recusou a sair do camarim ou a falar com alguém. A única maneira de Dean ser remotamente receptivo era se o filme estivesse sendo discutido.

Elia Kazan afirmou que sentiu uma conexão pessoal com o papel de Cal em uma entrevista várias décadas depois de fazer este filme. Kazan disse que “a imagem do menino é muito clara para mim, eu conheci um menino assim, ou seja, eu mesmo”.

Elia Kazan ficou atraído pela história porque também tinha um relacionamento tenso com seu próprio pai, um homem severo e implacável, como Adam Trask no romance, que nunca aprovou realmente o caminho de vida de seu filho. Kazan também queria fazer um filme que atacasse o ponto de vista puritano personificado por Adam Trask.

Depois que chegaram a Los Angeles para iniciar a produção, Elia Kazan acompanhou James Dean para visitar seu pai distante, que morava lá na época. Ele testemunhou em primeira mão o quanto o pai tratava Dean e o quanto o menino queria agradá-lo. Ao conhecer melhor Dean, Kazan percebeu como esse relacionamento havia incutido nele muita raiva por causa do amor frustrado, a chave para o personagem Cal: "Foi o elenco mais adequado que já fiz em minha vida."

Um dos filmes favoritos de Nicolas Cage. Em 2014, Cage admitiu que começou a atuar porque “queria ser James Dean”.

As citações da Bíblia são do Salmo 32 versículos 1-2 e 5-7 (a leitura à mesa) e Gênesis capítulo 4 versículos 9 e 16 (citadas pelo xerife).

Muitos membros do elenco e da equipe, especialmente o diretor Elia Kazan, comentaram que James Dean estava frequentemente despreparado no set e não sabia suas falas. Dean se desviaria consideravelmente do roteiro em muitas tomadas, algumas das quais eram carregadas de emoção e, em última análise, usadas na versão final do filme. Raymond Massey ficou indignado com o que considerou ser a falta de profissionalismo de Dean e passou a desprezar o ator durante a realização deste filme.

Foi bem divulgado que James Dean e Paul Newman fizeram testes juntos para papéis neste filme, o que levou à grande entrada de Dean na indústria cinematográfica. Embora Newman não tenha conseguido o papel para o qual testou neste filme, as carreiras dele e de Dean foram tragicamente interligadas. Indiscutivelmente, a grande chance de Newman em Hollywood veio no papel de Rocky Graziano em “Marcado pela Sarjeta (1956)” do ano seguinte. James Dean foi escalado para interpretar o papel antes de seu acidente fatal de carro e o papel acabou indo para seu amigo Paul Newman.

Este é o único dos "três grandes" filmes de James Dean a ser lançado antes de sua morte e o único que ele assistiu pessoalmente na íntegra.

Richard Davalos disse que, com a ajuda de James Dean, ele assumiu tanto o papel de irmão que levou dois anos para superar isso. Os dois se comportaram juntos fora do set, exatamente como fizeram na história. Quando eles dividiram um pequeno apartamento por um tempo, disse Davalos, eles se tornaram Aron e Cal “até os dentes".

Vidas Amargas (1955) oferece um exemplo marcante do "Método" do Actors' Studio, que atingiu seu apogeu na época deste lançamento, com muitos de seus atores - e seu diretor - defensores vivos do estilo. Isso explica a qualidade exagerada que muitas vezes permeia o filme, com interrupções frequentes, diálogos superficialmente memorizados e respostas físicas extremas quando os atores estão entrando ou saindo das cenas. Isso fica particularmente evidente quando Julie Harris compartilha a tela, já que ela foi uma das poucas atrizes de teatro daquela época que evitou o Método, optando por confiar em seus próprios instintos.

Na época do lançamento do filme, muitos críticos não ficaram impressionados com a atuação de James Dean. A reclamação mais frequente era que ele imitava o estilo de atuação de Marlon Brando. O "New York Times" e a "Variety" foram particularmente duros em suas críticas e consideraram Dean uma cópia barata de Brando

James Dean recusou-se a comparecer à festa de estreia, o que quase lhe custou o papel em Juventude Transviada (1955)

Para se sentir o mais desconfortável possível na cena da roda gigante, James Dean recusou-se a urinar o dia inteiro até que a sequência fosse concluído. Ele também se recusou a fazer uma cena com Julie Harris em um telhado inclinado. Elia Kazan superou sua relutância embebedando o ator.

Na cena em que Adam se recusa a aceitar o dinheiro de Cal, o roteiro pedia que Cal se afastasse de seu pai com raiva. Foi instinto de James Dean abraçá-lo. Isso foi uma surpresa para Raymond Massey, que não conseguiu pensar em nada para fazer a não ser dizer: "Cal! Cal!" em resposta.

Elia Kazan negou os rumores de que não gostava de James Dean: "Você não pode gostar de um cara com tanta dor... Você sabe como um cachorro será mau e rosnará para você, então você dá um tapinha nele e" Ele está em cima de você com carinho? Foi assim que Dean fez." Kazan interveio severamente, no entanto, quando Dean começou a sentir seu poder como uma estrela emergente e tratou os membros da tripulação com desrespeito.

Vários membros do elenco relataram que as emoções de James Dean o dominavam com tanta força que ele chorava com frequência. Elia Kazan geralmente deixava esses momentos passarem antes de retomar as filmagens, mas ele deixou um dos colapsos de Dean - a cena em que Cal é arrasado pela rejeição de seu pai ao dinheiro que ganhou para ele.

Elia Kazan primeiro brincou com a ideia de escalar Marlon Brando como Cal e Montgomery Clift como Aaron, mas aos 30 e 34 anos, respectivamente, eles eram velhos demais para interpretar os irmãos adolescentes de John Steinbeck. Ironicamente, Paul Newman, de aparência jovem, um ano mais novo que Brando, foi finalista para o papel de Cal, que acabou sendo interpretado pelo amigo de Newman, James Dean. Dean era sete anos mais novo que Newman.

Anthony Perkins fez o teste com Elia Kazan para o papel de Cal. Kazan não o considerou adequado para o papel, mas em vez disso contratou Perkins para o papel principal de Tom Lee no segundo ano da série original da Broadway de "Tea and Sympathy", que Kazan também dirigiu. 

A música ouvida na cena do carnaval em que James Dean e Julie Harris acabam juntos na roda gigante, traz a mesma versão calíope de "Ain't She Sweet" usada na sequência do carrossel do clássico filme de Alfred Hitchcock, Pacto Sinistro (1951).

 

 

Cartazes:



Filmografia Parciais:

James Dean (1931-1955)






Danger (seriado - 1950 - 4 episódios), Vidas Amargas (1955), Juventude Transviada (1955), Assim Caminha a Humanidade (1956)


Jo Van Fleet (1915-1996)






Vidas Amargas (1955), Eu Chorarei Amanhã (1955), A Rosa Tatuada (1955), Esse Homem é Meu (1956), Sem Lei e Sem Alma (1957), Terra Cruel (1957), Rio Violento (1960), Cinderella (1965), Rebeldia Indomável (1967), O Abilolado Endoidou (1968), 80 Passos para a Felicidade (1969), Quase, Quase uma Máfia (1971), O Inquilino (1976), Power (1980)

 

Julie Harris (1925–2013)






Vidas Amargas (1955); As Sete Mulheres de Minha Vida (1957); Réquiem Para um Lutador (1962); Desafio do Além (1963); Hamlet (1964); Caçador de Aventuras (1966); O Refúgio Secreto (1975); A Viagem dos Condenados (1976); O Aniquilador (1986); Nas Montanhas dos Gorilas (1988); Como Agarrar um Marido (1992); The Way Back Home (2006); The Golden Boys (2008); The Lightkeepers (2009)

 

Raymond Massey (1896-1983)


 

 



A Tira Salpicada (1931), A Casa Sinistra (1932), Lábios Pecadores (1937), O Poder de Richelieu (1937), O Prisioneiro de Zenda (1937), O Libertador (1940), A Estrada de Santa Fé (1940), Invasão de Bárbaros (1941), Vendaval de Paixões (1942), Fugitivos do Inferno (1942), Comboio Para o Leste (1943), Este Mundo é um Hospício (1944), Um Retrato de Mulher (1944), Fogueira de Paixão (1947), Conflito de Paixões (1947), Vontade Indômita (1949), A Morte não é o Fim (1950), Vingador Impiedoso (1950), David e Betsabá (1951), O Gênio da Ribalta (1955), Vidas Amargas (1955), 7 Homens Enfurecidos (1955), A Morte Tem Seu Preço (1958), O Grande Impostor (1960), Vitória dos Bravos (1961), Os Soldados da Rainha (1961), A Conquista do Oeste (1962), Dr. Kildare (seriado 1961–1966), O Ouro de Mackenna (1969)

 

Richard Davalos (1930-2016) 


 

 


Vidas Amargas (1955), Mares Violentos (1955), Morrendo a Cada Instante (1955), Os Invencíveis (1960), A Mansão do Dr. Caligari (1962), Rebeldia Indomável (1967), Os Guerreiros Pilantras (1970), Os Três Super-Tiras (1979), Mercenários das Galáxias (1980), Perseguição Mortal (1981), No Templo das Tentações (1983)

 

Burl Ives (1909-1995)






Furacão Negro (1946);  Vidas Amargas (1955); Da Terra Nascem os Homens (1958);  Os Grandes Deste Mundo (1956); Gata em Teto de Zinco Quente (1958);  Jornada Tétrica (1958); Quadrilha Maldita (1959); Labirinto de Paixões (1962); Um Gênio Entrou Lá em Casa (1964); O Barco do Desespero (1964); Aqueles Fantásticos Loucos Voadores (1967);  O Império dos Homens Maus (1970); Psicose Diabólica (1970); Nas Profundezas das Bermudas (1978);  As Novas Aventuras de Heidi (1978); Cão Branco (1982);  Vigaristas do Barulho (1986); Um Toque de Sedução (1988)

2 comentários:

  1. Luís, td bem?
    Não assisti integralmente Vidas Amargas ( acho o nome original mais poético ). Me lembro de ter visto algumas cenas esparsas dele na TV, não sei porque não o vi todo.
    Recordo de uma interpretação um tanto histriônica de James Dean e isso me incomodou um pouco. Também me lembro das cenas em que Jo Van Fleet aparecia e aí foi o contrário: aparecendo entre sombras, fria e hesitante com o filho, aquilo me impressionou na época. Parecia um fantasma. Um fantasma do passado.
    E há um ponto interessante para mim no que se refere a essa estória.
    Eu já tinha lido o livro.
    E por conta disso tenho de dizer que John Steimbeck é muito agradável e atual e que a riqueza dos relatos no livro é imensa e fundamental para dar o tamanho daquele duro drama que todos vivem. Somado tudo, recomendo muito a obra.
    E talvez tenha ficado um pouco desmotivado em assistir o filme por essa razão também, não sei.
    Merecia outra olhada, não é?
    Bem, sempre chamou a atenção o método do Actors Studio, deve ter sido uma revolução, fico imaginando o impacto que causou. Marlon Brando foi seu maior exemplo?
    Elia Kazan foi um expoente daquele período. Isto sem citar sua controversa situação política. Um homem com opinião, creio que queria fazer o mundo mudar e seus espectadores pensarem, ainda que com estórias secas e duras.
    Ainda uma outra coisa: li Ao Leste do Éden — o livro se chama assim — através do Reader’s Digest, que vinha em edições mensais e meu avô as tinha . Ele foi a primeira pessoa que conheci na vida que era assinante de uma revista. Raro, ali no nosso mundinho. E olha que ele era um agricultor aposentado, veja só.
    Vinha uma ou duas vezes por ano uma edição brinde para os assinantes, capa dura e em impressão caprichada, geralmente títulos e autores consagrados. Um primor, marcou época para os amantes da leitura.
    Então, conheci vários clássicos americanos por meio da Reader’s Digest ( tinhamos eu e meu avô uma dificuldade imensa para pronunciar estas palavras, mas ninguém reparava ). Sou muito grato pela experiência que meu avô proporcionou. Nos tornamos mais próximos por isso.
    Luís, bela escolha. Um filme que merece toda evidência.
    Um abraço!

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    Respostas
    1. Olá Mario. Tudo bem ?
      Não conhecia ninguém que tivesse lido este livro. Livros adaptados para o cinema são muito interessantes. O grande público acha que se viu o filme não precisa ler o livro, mas estes sempre são mais completos. Até entendo não ver o filme. Quando lemos, concebemos os personagens, situações, tensões... E o filme pode tirar muito desse encanto. Dou três exemplos. O Morro dos Ventos Uivantes, O Caçador de Pipas e A Menina Que Roubava Livros. O primeiro houve várias adaptações, algumas boas e outras nem tanto. Mas não vi nenhuma que sintetizasse a estória do livro. O Caçador de Pipas vi no cinema. Para mim, o roteirista e diretor foram muito infelizes nas escolhas das partes e o filme ficou muito abaixo. A Menina que Roubava Livros parei de gostar do filme no meio, daí foi só acompanhar até o final. Por isso achei muito interessante você ter lido o livro. Me lembrei do antigo Círculo do Livro que li alguns livros. Bons tempos.
      Quanto a atuação de Dean, pesquisando a crítica da época, muitos consideraram realmente sua atuação histriônica como você também observou, mas a morte do ator nunca vai nos dizer se ele apenas estava começando a elaborar um jeito de atuar e iria se transformando como outros atores. Estou preparando a analise de Marcado Pela Sarjeta e Newman também foi dito que no filme copiou Brando. Mas o filme colheu ótimas críticas e Newman também.
      A proposta do Blog é passear pelo mundo do cinema abordando suas várias décadas e tentando trazer à tona filmes que possam interessar , que divirtam ou tragam reflexão. As vezes consigo outras não.
      Muito obrigado por mais este comentário, entre os diversos já feitos, um grande abraço e até a próxima.


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