O HOMEM EM
SUA ETERNA BUSCA PELO SIGNIFICADO DA VIDA
Isabel
Bradley (Gene Tierney) namora Larry Darrell (Tyrone Power) para o desgosto de
seu excêntrico e aristocrata tio Elliott
Templeton (Clifton Webb), que vê no jovem um homem sem desejos de trabalhar ou
constituir família. Larry não consegue encontrar algo que lhe dê desejo de
trabalhar: sente-se diferente das demais pessoas, com muitas perguntas na qual
sonha obter as respostas. Isabel, diante da indecisão de Larry, que busca
empreender uma viagem à Paris para buscar certas respostas, decide terminar o
relacionamento. Explode a Primeira Guerra Mundial e ao final dela Larry conhece
um homem que esteve na índia e lhe fala de um “homem santo” que tem muitas
respostas. Ele parte para a índia e passa anos aprendendo. Ao voltar encontra
Isabel casada e resolve aplicar seus ensinamentos para seguir com sua vida
auxiliando as pessoas a sua volta.
Derivado do
livro homônimo de Somerset Maugham, publicado aos 70
anos de idade, foi um sucesso absoluto e a ida às telas não tardou a
acontecer. O Fio da Navalha estrearia em 1946 trazendo dois grandes
astros à frente do elenco: Tyrone Power e Gene Tierney e a escolha foi
perfeita: um show de interpretações, diálogos inspirados, fotografia e trilha
sonora em perfeita sintonia.
Mas o que
torna o Fio da Navalha tão interessante? Seus personagens e a força do elenco
por trás das interpretações. Larry Darrell é um homem em busca do sentido da
vida (ainda que não cheguemos a compreender - no filme - os conflitos que o levaram a
empreender essa busca existencial). Sua fase na Índia (feita em estúdio) foi muito
bem filmada e daí surge o título do filme em uma frase: "A estrada da salvação é
difícil de atravessar. Difícil como se fosse o fio de uma navalha". Frases
e conceitos filosóficos não faltam ao filme. Larry vai de encontro a iluminação
e encontra Deus no fim do caminho. Isso muda tudo e a todos. Ele agora é uma
pessoa sem ódio que compreende o próximo. Entende suas limitações. Sabe quais são
os sentimentos que movem o ser humano. É a solução dos conflitos interiores
através de uma tranquilidade religiosa.
O
delineamento dos personagens é algo que ficou muito evidente no filme: Isabel é
uma mulher que seguiu sua vida e que não queria casar com um homem idealista e
sem perspectivas. Casou com alguém que
lhe desse segurança. O destino lhe pregou uma peça, mas seu amor por sua antiga
paixão parece não ter diminuído. Só que sua paixão encontrou uma pessoa que não
se encaixa nos moldes da sociedade: Sophie MacDonald: uma amiga que se tornou alcoólatra e drogada e que vive uma vida em ruínas
(e que deu a Anne Baxter a estatueta), após sua vida sofrer um terrível revés. Larry
vê o ser humano por trás da bebida e decide que a ajudará e que casará com ela
para a fúria de Isabel.
Tyrone
Power já era um astro de diversos filmes como "A Marca do Zorro" (1940) e O Cisne
Negro (1942). Sua cara de bom moço sempre lhe trouxe a admiração de muitas fãs,
mas a crítica sempre o colocou como um ator limitado. Aqui ele está ótimo. Gene
Tierney talvez seja o grande nome do filme. Sua atuação se destaca dos demais e
dá um banho de interpretação. Atriz de rosto angelical, expressão agressiva e muito
talento. Perfeita para Hollywood. Sua vida particular, porém teve muitos
problemas como um abalo nervoso que tomou cinco anos de sua vida, levando-a a internar-se voluntariamente em uma clínica. Sua filmografia vai até 1969 e depois só voltaria em uma minissérie em 1980. Herbert
Marshall interpreta o próprio Somerset Maugham, amigo de Elliott, que o introduz na vida dos principais personagens e participa dos momentos
cruciais deste tido “melodrama”. Clifton Webb faz um Elliott repleto de arrogância,
um homem que usa seu poder e riqueza para conseguir o que deseja. Rotula as
pessoas de acordo com sua visão do mundo e consegue ser um ser humano de incrível futilidade,
mas que se acha dono de um intelecto superior. Cecil Humphreys (1883–1947) faz
o sábio indiano com muita eficiência. O ator pode ser lembrado por sua participação
em “O Morro dos Ventos Uivantes” de 1939.
O Fio da
Navalha é um filme que se mostra, nos tempos atuais,
ainda de muito bom gosto. É uma produção sem violência ou sangue, mas
com muita reflexão e uma estória que sempre cativará, pois é atemporal com uma sensibilidade rara nas
produções do gênero. Após ver o filme dá uma vontade de comprar e ler este
livro que foi um dos mais vendidos ao longo dos anos.
Curiosidades:
Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante (Anne Baxter)
Curiosidades:
Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante (Anne Baxter)
Tyrone
Power (1914-1958) faleceu aos 44 anos de ataque cardíaco
Gene
Tierney (1920-1991) faleceu de Efisema
Anne Baxter
(1923-1995) faleceu de Ruptura de Aneurisma
Tyrone e Thierney já haviam estrelado o filme "Ódio no Coração" (Son of Fury) de 1942
Trilha Sonora:
I'll See You in My Dreams - interpretada por Isham Jones
I'm Forever Blowing Bubbles - interpretada por James Kendis, James Brockman and Nat Vincent
April Showers - interpretada por Louis Silvers
Mam'selle - interpretada por Robert Laurent at a bistro and danced by couples
Frère Jacques - interpretada por Susan Hartmann and Suzanne O'Connor
Night Was So Dark - interpretada por Edmund Goulding
M'aime ta pomme - interpretada por Edmund Goulding
Auprès de ma blonde - música tradicional francesa
Miner's Song - interpretada por the coal miners
Loch Lomond - canção tradcional escocesa interpretada por Elsa Lanchester
Trilha Sonora:
I'll See You in My Dreams - interpretada por Isham Jones
I'm Forever Blowing Bubbles - interpretada por James Kendis, James Brockman and Nat Vincent
April Showers - interpretada por Louis Silvers
Mam'selle - interpretada por Robert Laurent at a bistro and danced by couples
Frère Jacques - interpretada por Susan Hartmann and Suzanne O'Connor
Night Was So Dark - interpretada por Edmund Goulding
M'aime ta pomme - interpretada por Edmund Goulding
Auprès de ma blonde - música tradicional francesa
Miner's Song - interpretada por the coal miners
Loch Lomond - canção tradcional escocesa interpretada por Elsa Lanchester
Outras indicações ao Oscar:
Melhor Filme
Melhor Ator Coadjuvante (Clifton Webb)
Melhor Direção de Arte - Decoração de Interiores
Filmografia Parcial:
Tyrone Power (1914–1958)
Ela e o Príncipe (1937); Café Metrópole (1937); Segunda Lua de Mel (1937); Maria Antonieta (1938); Jesse James (1939); A Marca do Zorro (1940); O Filho dos Deuses (1940); Sangue e Areia (1941); Ódio no Coração (1942); O Cisne Negro (1942); O Fio da Navalha (1946); Beco das Almas Perdidas (1947); Capitão de Castela (1947); A Rosa Negra (1950); Jamais Te Esquecerei (1951); O Soldado da Rainha (1952); O Aventureiro do Mississippi (1963); Duelo de Paixões (1955); Melodia Imortal (1956); E Agora Brilha o Sol (1957); E Agora Brilha o Sol (1957); Testemunha de Acusação (1957).
Gene Tierney (1920–1991)
A Volta de Frank James (1940); O Renegado (1941); Tensão em Shangai (1941); Ódio no Coração (1942); Águias de Fogo (1942); O Diabo Disse: Não! (1943); Laura (1944); O Sino de Adan (1945); Amar Foi Minha Ruína (1945); O Fio da Navalha (1946); O Fantasma Apaixonado (1947); A Cortina de Ferro (1948); A Ladra (1949); Sombras do Mal (1950); O Quarto Mandamento (1951); Tormento da Suspeita 91953); O Egípcio (1954); A Viúva Negra (1954); Em Busca do Prazer (1964);
Anne Baxter (1923–1985)
O Eterno Don Juan (1941); O Segredo do Pântano (1941); Um Sonho de Domingo (1944); A Hipócrita (1944); Czarina (1945); O Fio da Navalha (1946); As Muralhas de Jericó (1948); A Malvada (1950); Eram Todos Pecadores (1952); A Tortura do Silêncio (1953); Gardênia Azul (1953); Dela Guardei um Beijo (1955); Rastros da Corrupção (1955); Os Dez Mandamentos (1956); Sombra Maligna (1958); O Amor de Sua Vida (1959); Pelos Bairros do Vício (1962); A Caçada (1967); Batman (seriado 1966 a 1967) e participação em vários seriados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá Cinéfilos.
Obrigado por visitarem minha página.
Estejam à vontade para comentarem, tirarem dúvidas ou sugerirem análises.
Os comentários sofrem análises prévias para evitar spans. Tão logo sejam identificados, publicarei. Quaisquer dúvidas, verifiquem a Política de Conduta do blog.
Sua opinião e comentários são o termômetro do meu trabalho. Não esqueça de informar o seu nome para que possa responder.
Visitem a minha página homônima no Facebook onde coloco muitas curiosidades sobre cinema , séries e quadrinhos (se puderem curtir ajudaria). Comentários que tragam e-mails e telefones não serão postados
Bem-vindos.
Cinéfilos Para Sempre