CONTINUAÇÃO INFERIOR
Hélene Delambre (Patricia Owens), viúva de André (David Hedison), faleceu 15 anos depois aos fatos ocorridos no filme anterior que destruíram sua mente ao longo dos anos. Philippe (Brett Halsey), filho do casal e sobrinho de François (Vincent Price) resolveu seguir os passos do pai, se tornando também cientista, criando um laboratório secreto e desejando obter sucesso onde seu pai falhara. Com o falecimento de sua mãe, que nunca lhe contara o que sucedera com seu pai e a catástrofe do experimento, Philippe consegue extrair de François toda a história e acesso ao laboratório que fora fechado no dia seguinte após a morte de seu pai.
“Phill” inicia os experimentos sob os manuscritos de seu pai agora com a ajuda de Alan Hinds (David Frankham), ex-funcionário de François e amigo do jovem. O que ninguém sabe é que Alan almeja, na verdade, vender os projetos do desintegrador -reintegrador, um transmissor de estruturas moleculares tridimensionais que desintegra as moléculas de matéria de um ponto a outro, através de um inescrupuloso agente funerário chamado Max Berthold (Dan Seymour), ao melhor lance. Quando “Phill” descobre a traição de Alan é subjugado por este e posto à prova científica.
Feito em menos de um ano após o primeiro filme, com a intenção de se aproveitar de seu sucesso, essa continuação de “A Mosca da Cabeça Branca” (“The Fly”, no original), hoje visto como um dos expoentes da ficção científica e um dos raros filmes de ficção científica produzidos na Hollywood dos anos 50, com alto orçamento para a época, não logrou entre os fãs o êxito de seu antecessor por vários motivos.
Para baratear os custos e se aproximar mais dos filmes B do gênero, a produção optou por abortar os efeitos óticos valorizados pela fotografia colorida em Cinemascope do primeiro filme e utilizou o preto e branco em tons góticos. Só que também incluiu elementos policiais e uma história de vingança, desvirtuando-se dos aspectos do filme anterior. O elenco principal, excetuando-se Price, não voltou, por isso a personagem de Hélene é suprimida, assim como o inspetor Charras que dá lugar a outro inspetor chamado Beecham (John Sutton) que teria trabalhado com Charras (na verdade Beechan não aparece e nem é citado no filme de 1958). Price, em entrevista, disse ter aceitado participar do filme ao ler o roteiro e perceber que seria um daqueles casos raros quando a sequencia provava ser melhor do que o original, mas para sua surpresa o filme começou a receber “enxertos” que o descaracterizam da visão original, porém Price agora teria mais tempo de tela o que se provou a decisão mais acertada da produção. A troca de direção, Kurt Neumann (1908–1958) por Edward Bernds (1905–2000) de “Os Três Patetas - com Hércules no Olimpo” (1962) talvez não tenha ajudado (Neumann faleceu ao término do primeiro filme), mas o fato do filme não receber os mesmos recursos do original impactou profundamente sua realização.
Na verdade quando alguns assistirem talvez possam ter a impressão de que foi filmado por dois diretores diferentes ou que dois roteiros diferentes foram “emendados”. A razão: até o momento do primeiro experimento temos uma interessante mescla de suspense e ficção científica que prende a atenção, com uma estrutura narrativa sólida. Após esse evento, o que vemos é um filme de monstro, vingança e elementos que se provam confusos. Essa irregularidade, presente no segundo arco da história, poderia ter recebido uma atenção especial que acredito que seja o que Price se referia ao dizer que “enxertos, truques para ser popular”, foram incluídos no filme.
Quanto ao elenco, Price é o grande nome da produção, o condutor da narrativa e, atualmente, o motivo do filme ainda ter seus fãs. Price foi um dos maiores expoentes do gênero e aqui empresta seu talento em um papel sóbrio. Outro que chama a atenção é David Frankham que começa como um cara que parece que será um apenas um coadjuvante na história até se tornar um vilão disposto a tudo para alcançar seus objetivos. Brett Halsey, ironicamente, lembrou um pouco David Hedison, mas seu personagem se tornou bem óbvio. A sorte é que o motivo pela qual é conduzido ao mesmo processo e transformação do pai, recebe uma dose de inventividade que impede o filme de se tornar absurdamente semelhante ao anterior. O restante do elenco está bem e Danielle De Metz como “Cecile” é uma justificativa para criar um interesse romântico que nunca é plenamente desenvolvido.
“O Monstro dos Mil Olhos” (título nacional que em nada sugere ser uma continuação de “A Mosca da Cabeça Branca”) é uma continuação inferior a tudo e por tudo, não oferecendo as mesmas emoções, cujo elemento surpresa desaparece completamente dado às limitações do roteiro. A própria narrativa não flui com a mesma agilidade e o seu final beira o medíocre frente a memorável sequência final do primeiro filme. Fica a dúvida se os produtores acharam que o filme não valia um bom investimento ou se a ideia era ter um retorno alto com um baixo custo. No final não é um filme de todo ruim, mas perdeu uma ótima chance de apresentar um roteiro que dissecasse os contratempos de uma invenção tão revolucionária, com seus males e benefícios. Com certeza fez algum sucesso na época, mas atualmente gera apenas curiosidade de se ver o segundo exemplar de uma trilogia que se encerrou com “A Maldição da Mosca” (1965)
Trailer:
Curiosidades:
A faixa etária nos cinemas brasileiros, na época, foi 18 anos
A Rede Tupi, em 1979, exibiu o filme com o título de "A Volta do Homem Mosca" apesar de ter sido veiculado, previamente, na Tv, com o título dos cinemas
Brett Halsey e Vincent Price trabalharam também em "Nos Domínios do Terror "(1963)
Brett Halsey usou o pseudônimo de Montgomery Ford em alguns filmes
Estreia no cinema da francesa Danielle De Metz
Cartazes:
Filmografia Parcial:
Vincent Price (1911–1993)
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