UM
OLHAR ESTRANGEIRO SOBRE AS TRADIÇÕES
Zahira (Lina El Arabi) é uma jovem de 18 anos que vive na França com a sua família de origem paquistã. A jovem muçulmana encontra-se grávida de um jovem árabe e seu irmão está empenhado em ajudá-la a abortar a criança. Além disso, Zahira vem de uma família de valores tradicionais na qual uma mulher não pode ficar solteira. Seu pai lhe dá um ultimato: poderá "escolher" entre 3 pretendentes, pela internet, e casar com aquele que considerar mais adequado. Só que a jovem não vê com bons olhos nenhum dos candidatos. O que deverá fazer ? Abortar? Seguir com a gravidez ? Aceitar os pretendentes ou ter sua própria vida com quem quiser, uma vida já ocidentalizada e, com isso, ferir profundamente a honra de uma família ortodoxa.
O choque de culturas é evidente em "A Garota Ocidental". A honra é outro fator bem destacado dentro deste filme. A mulher não tem voz no contexto familiar. Zahira não aceita. Não está no Paquistão. Está em uma sociedade, como prega a bandeira: igualdade, liberdade e fraternidade. Os valores da sociedade francesa também foram incorporados a sua personalidade. Mas isso não interessa a seu pai. Mulher solteira na família? Nem pensar. É uma desonra grave que não pode passar em branco. A imagem da família perante os seus pares e a comunidade de seu país é muito forte e arraigada.
O
filme, em cartaz no Rio de Janeiro, segue um ritmo mais cadenciado,
mas é de fácil entendimento. É o olhar ocidental sobre o tema. O que para nossa
sociedade, em algumas situações, é considerado um tanto como
absurdo para aquela cultura é algo normal. É outra
sociedade, é outro contexto. O filme foge da questão do julgamento, mas não foge do olhar crítico. Ele nos leva à uma reflexão das diversas culturas que nos cercam e nos
revelam aspectos que podemos desconhecer completamente.
Quem quer
tentar entender uma fração deste mundo em que vivemos precisa se inserir nesses
temas. Ler livros e ver filmes, entender como o mundo funciona fora de sua redoma.
E é isso que a Garota Ocidental nos revela. Uma pequena visão de um mundo, através de uma
família, de uma grande sociedade que pouco conhecemos. E o grande mérito do filme é explicar que tudo que acontece tem um porquê o precedendo, nada ocorre de uma
forma inesperada. Para quem está fora é apenas o absurdo do cotidiano, sem uma lógica
aparente, mas para quem está acompanhando as situações diárias fica mais fácil
de preencher as peças do quebra-cabeças.
O diretor
belga Stephan Streker teve o grande mérito de mostrar o extremismo das tradições sem
relacioná-las com o momento conturbado em que vive a Europa. A família de Zahira
é como qualquer outra, no que se diz a viver em sociedade: são trabalhadores,
mantém um negócio honesto e cumprem seus deveres como cidadãos. Não há uma
citação sequer sobre a onda de medo que assola o país, não há terroristas
envolvidos em causas. Apenas uma família que, mesmo distante de seu país natal, tem em seu patriarca o guardião dos costumes praticados naquele país. Esse pode ser sempre
um grande problema para algumas culturas: sair de seu pais, morar fora e não
aceitar criar seus filhos dentro de uma nova realidade. Seja por falta de personalidade ou medo do que a mudança possa causar. Essa incapacidade de adaptação é muito forte no filme. Mansoor Kazim (Babak Karimi) é um homem, aparentemente, bom. Para o
ocidente é um cara duro, ultrapassado e sem capacidade de viver em uma
sociedade livre e igualitária. Para ele, suas crenças e valores dizem que deva
ser o guardião dos costumes, da moalidade. Não pode envergonhar o nome de sua
família. Não pode visitar seus parentes com a humilhação nas costas. Ele é o
patriarca, quem determina o
que a família deve achar. Zahira é a ovelha negra. Ele a ama, mas até que ponto
o amor deva ser sacrificado em prol da tradição ?
O elenco está muito bem. Lina El Arabi, atriz francesa de origem marroquina, conduz muito bem a história ainda que parece ter bem mais do que 18 anos (na verdade possui 22 anos). Ela consegue dar a dramaticidade necessária para o filme fluir. O ator / editor / produtor iraniano Babak Karimi, que interpreta o pai de Zahira, é outro que consegue se destacar bem. Podemos citar ainda a atriz belga de origem africana (Ruanda), Aurora Marion, interpretando o papel de irmã mais velha da protagonista. O pouco tempo que fica em cena consegue se mostrar uma ótima atriz, mas a diferença física entre as duas é algo perceptível e o espectador ficará curioso do porquê são tão diferentes. A resposta está esclarecida. O restante do elenco saiu-se bem ao que foi proposto.
O elenco está muito bem. Lina El Arabi, atriz francesa de origem marroquina, conduz muito bem a história ainda que parece ter bem mais do que 18 anos (na verdade possui 22 anos). Ela consegue dar a dramaticidade necessária para o filme fluir. O ator / editor / produtor iraniano Babak Karimi, que interpreta o pai de Zahira, é outro que consegue se destacar bem. Podemos citar ainda a atriz belga de origem africana (Ruanda), Aurora Marion, interpretando o papel de irmã mais velha da protagonista. O pouco tempo que fica em cena consegue se mostrar uma ótima atriz, mas a diferença física entre as duas é algo perceptível e o espectador ficará curioso do porquê são tão diferentes. A resposta está esclarecida. O restante do elenco saiu-se bem ao que foi proposto.
Garota
ocidental, no Original "Noces" (Núpcias), é um filme para quem gosta de assistir
produções europeias; para quem gosta de dar uma olhada sobre outras sociedades.
Não é um excelente filme, candidato ao "Oscar de Filme Estrangeiro", é um bom
filme, com uma estória que poderia acontecer em qualquer lugar do mundo, mudando
um pouco a contextualização. A forma como é levada ao espectador é que faz
essa produção merecer um olhar mais atento. Um filme bem produzido e bem dirigido.
Trailer:
Curiosidades:
O filme se diz inspirado livremente em fatos reais.
O filme é falado em francês e Urdu.
Nos Estados Unidos o filme recebeu o nome de "A Wedding".
Trailer:
Curiosidades:
O filme se diz inspirado livremente em fatos reais.
O filme é falado em francês e Urdu.
Nos Estados Unidos o filme recebeu o nome de "A Wedding".
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