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segunda-feira, 15 de abril de 2024

DRÁCULA - A ÚLTIMA VIAGEM DO DEMETER / THE LAST VOYAGE OF THE DEMETER (2023) - ESTADOS UNIDOS / REINO UNIDO/ CANADÁ/ ÍNDIA / ALEMANHA

“UM BARCO SEM RATOS? TAL COISA É CONTRA A NATUREZA!”

1897. A escuna russa Demeter está prestes a zarpar de um porto em Varna, na Bulgária, rumo a Londres, com uma pequena tripulação, levando uma carga desconhecida por um bom valor e um bônus caso chegue pontualmente em seu destino. O capitão Eliot (Liam Cunningham) tenta recrutar mais marujos, porém coisas estranhas parecem surgir: nenhum dos aldeões responsáveis ​​por trazer a carga parecem tranquilos, na verdade, mostram-se afoitos em retornar o mais rápido possível para os seus lares antes do pôr do sol. Ao uma das cargas se soltar dentro do navio, um dos homens recrutados (o ator Noureddine Farihi (1957-2022)) mostra-se assombrado pelo símbolo que vê na caixa e abandona rapidamente o barco, deixando uma advertência de mal presságio.

Clemens (Corey Hawkins) é um médico formado em Cambridge e que foi “excluído” da medicina por causa de sua cor. A princípio, é recusado no navio com o motivo de não aparentar ser um homem capaz de aguentar o trabalho que uma escuna precisa, mas diante da desistência do marujo e por salvar o neto do capitão de um acidente, ele consegue convencer Eliot de que ter um médico a bordo pode ser de grande valia, ainda que diga ser capaz de lidar com outras tarefas. O navio parte com outros tripulantes: o primeiro imediato russo Wojchek (David Dastmalchian); o cozinheiro religioso Joseph (Jon Jon Briones); o garoto Toby (Woody Norman), neto do capitão; Olgaren (Stefan Kapicic); o russo Petrofsky (Nikolai Nikoleff); o jovem Abrams (Chris Walley) e Larsen (Martin Furulund).

Durante a viagem, uma das “caixas” se abre acidentalmente e a tripulação descobre conter uma aparente clandestina (Aisling Franciosi). Ao analisar o estado da Jovem, Clemens acredita estar diante de uma doença misteriosa, que necessitará de algumas transfusões de sangue. Os animais, levados no navio para alimentarem a tripulação, aparecem trucidados tornando a comida escassa. Quando a jovem recobra a consciência, ela confidencia a Clemens que algo diabólico e terrível se encontra dentro do barco, uma criatura horrenda e mortífera e que provavelmente todos no navio serão presas fáceis contra algo que eles nunca ouviram falar. Mas sua versão parece ser delirante e fantasiosa demais.


Para aqueles que leram o clássico “Drácula de Bram Stoker" não é novidade que a estória do Demeter foi narrada em seu sétimo capítulo, em uma breve passagem, com poucas páginas e com precárias informações. Com o filme se situando no mesmo ano em que "Drácula" foi realmente publicado, a ideia de apresentar o personagem, que já teve inúmeras versões (oficiais e não oficiais), mostrou-se um desafio. Logo, ampliar a narrativa do livro e investigar os acontecimentos que teriam ocorrido durante a viagem seria um interessante desenvolvimento de criatividade. Sabemos que o Demeter saiu da Bulgária em direção à Londres. Sabemos, obviamente, que Drácula sobreviveu, afinal sua fama se deu após essa chegada e porque, logo no início, o navio é encontrado destroçado com o diário do capitão narrando os eventos e deixando um tenebroso alerta. Mas o que aconteceu durante aquela viagem?; quem eram os seus tripulantes?; como eles tiveram que lidar com o vampiro (termo não citado no filme) mais famoso do cinema? Coube ao diretor André Øvredal (A Autópsia) singrar por este episódio pouco explorado. Øvredal descreveu o filme como "Alien - O 8º Passageiro em um navio em 1897". Mas será que podemos considerar realmente essa citação como algo correto?


Levar às telas o filme não foi uma tarefa simples. Foram quase 20 anos para finalmente “O Diário do Capitão” sair do papel, pois vários diretores foram cogitados (Marcus Nispel, Neil Marshall, Robert Schwentke...). Já o roteiro, sofreu diversas mudanças e lapidações e o elenco, em detrimento disso, precisava ser constantemente repensado. O nascimento do projeto aconteceu pelas mãos do roteirista Bragi F. Schut quando trabalhava em uma loja e viu a miniatura de Demeter usada em “Drácula de Bram Stoker” (1992). O roteiro original não tinha a personagem Anna, em vez disso, apresentava uma tripulação totalmente masculina. Noomi Rapace foi escalada como Anna e Ben Kinsley como o capitão do navio (em 2010). Rapace acabou realizando Prometheus (em 2012). Viggo Mortensen foi contratado para estrelar o filme, mas acabou saindo. Jude Law foi outro ator cogitado. O ator David Dastmalchian também havia escrito um roteiro abordando esse evento. Quando a produtora o informou que um projeto já estava em desenvolvimento, ele fez um teste para conseguir um papel no filme, obtendo o de Wojceck. De acordo com o maquiador Göran Lundström, o plano original era representar cinco fases diferentes para Drácula, incluindo uma metamorfose licantropa (lobisomem) que atacaria Petrofsky, mas a ideia não foi à frente para não causar confusão na mente dos espectadores. Inclusive, no livro "Drácula", este também pode assumir a forma de um lobo (Quem viu "Drácula" com Frank Langela se lembrará da cena inicial – aliás este filme emenda bem com o filme de 1979). Essa forma surge apenas em cenas deletadas.

Os vampiros sempre foram uma espécie de pedra angular do cinema de terror e as melhores adaptações lograram êxito em apresentá-lo tanto como homem quanto como monstro, mas aqui os envolvidos resolveram revelá-lo de uma forma crua (e cruel), excluindo o lado sensual de um personagem que conquista suas vítimas. Nosso Drácula aqui é apenas uma criatura sedenta de sangue, um predador incansável, mas nunca isento de raciocínio (como Anna revela) e que precisa se alimentar até chegar ao seu destino. O interessante é saber que o público conhece, de antemão, a força sobrenatural da criatura e seu objetivo, mas para a tripulação (menos Anna) eles estão lidando com algo completamente desconhecido, sem prévias informações, que surge e parece desparecer na escuridão do mar à noite ceifando uma vida atrás da outra. E cabe aos que tentam manter-se vivos tentar obter alguma vantagem, uma mínima percepção do que possa salvá-los.

Øvredal citou “Alien”, mas esse, quando lançado, era um personagem completamente desconhecido para o público e para os personagens, mas aqui não. E no Brasil, ainda foi introduzida a palavra “Drácula” (para atrair o público, visto que o nome é citado no filme) no título, um artifício que destrói qualquer surpresa a quem não leu a sinopse. 


Quanto a criatura, a visualização intentada aqui é uma variação particularmente grotesca, altamente violenta e demoníaca e que funciona para a proposta do filme. Muitos perceberão que parecemos estar diante de um Gárgula Medieval (um artifício interessante que remete o público ao inconsciente de criaturas semelhantes no topo de igrejas europeias – muito comum em filmes de terror). Já a atmosfera revela-se sombria e assombrada - mesmo nas cenas ambientadas durante o dia. E o diretor soube muito bem trabalhar a crescente sensação de desespero e desesperança (“A Autópsia” é um bom exemplo do trabalho do diretor nesse sentido) que vai se amplificando, principalmente, no terço final. 

O elenco funciona muito bem. O ator Javier Botet (“It”, “Histórias Assustadoras para Contar no Escuro”, “Mama”), por trás de pesada maquiagem, próteses e efeitos, interpreta o “mal em sua essência” dando expressões necessárias ao personagem. Liam Cunningham (Games of Thrones), como capitão, entregou um personagem que o roteiro precisava: um capitão que resolvera se aposentar nesta última viagem e que se apresenta quase inerte diante do horror que surge diante de seus olhos. Corey Hawkins (“Straight Outta Compton: A História do N.W.A”. (2015), “Kong: A Ilha da Caveira” (2017) e “Infiltrado na Klan” (2018)) faz o médico que deseja aproveitar a ida da escuna para Londres e começar uma nova vida. Ele acaba sendo o fio condutor dessa narrativa (e como ele faz a transfusão de sangue sem identificar o tipo sanguíneo de sua paciente, para mim é um mistério, pelo menos na versão em que assisti). A atriz irlandesa Aisling Franciosi (do seriado “The Fall” e do filme “Imperdoável”), cujo personagem é visto como “mau-agouro”, por ser uma mulher no navio, consegue se destacar frente a um elenco predominantemente masculino. O restante do elenco complementa muito bem o filme. 


Drácula – A Última Viagem do Demeter é um filme que provavelmente agradará parte do público que curte filmes de Drácula, mas poderá desagradar aqueles que se apresentam mais conhecedores do personagem (dotado de uma poderosa imagem metafórica), que são mais exigentes, e que assistiram diversas produções do personagem, aptos em elaborar comparações. Se o filme se tornará uma produção clássica, só o tempo dirá (muitos filmes lançados sofrem revisões posteriores que os reclassificam como obras de gosto amplo), mas apresenta um ar de novidade, de revitalização, ainda que em um momento ou outro pareça um filme B. Ambientar o filme no navio, respeitando à época, foi um acerto, mas o seu clímax final nos remete, ao infeliz, cansativo e repetitivo artifício de Hollywood em preparar um gancho para futuras continuações na expectativa do filme apresentar um bom desempenho de bilheteria (o que não aconteceu) ou arregimentar fãs no streaming. Um filme muito interessante e que complementa uma mitologia largamente explorada pelo cinema.

 

Trailer:

 


 Curiosidades (o texto possui spoilers):

Orçado em US$ 45.000.000 (estimativa). Faturamento Bruto Mundial: US$ 21.786.275

O visual do Drácula é baseado no Conde Orlok da adaptação não autorizada Nosferatu (1922). Esse também foi o modelo para o visual do vampiro Barlow no original Os Vampiros de Salem (1979)

Drácula tem uma bengala com cabeça de lobo. No livro, Drácula se transforma em lobo, além de morcego e névoa.

No romance original, "O Diário de Deméter" tem apenas cinco páginas.

Antes de aprender sobre Drácula, a tripulação suspeita que a morte dos animais se deva à raiva, mas rapidamente descarta a ideia por não se adequar à situação. O vampirismo, especialmente descrito por Bram Stoker, é fortemente baseado na progressão do vírus da raiva em humanos e influencia a associação dos vampiros com morcegos e lobos, dois animais que comumente transmitem raiva.

Na antiga religião e mitologia grega, Demeter é a deusa olímpica da colheita e da agricultura. Embora ela seja mais conhecida como uma deusa dos grãos, ela também apareceu como uma deusa da saúde, do nascimento e do casamento, e tinha conexões com o submundo.

A viagem da Transilvânia para a Inglaterra teria sido realmente árdua na época. A Transilvânia fica no interior do porto romeno de Constanta, no Mar Negro, então primeiro a carga teria viajado por estrada e depois por rio até o navio na Bulgária. Em seguida, teriam descido o mar através do Estreito de Bósforo, atravessariam o Mar de Mármara e entrariam no Mar Mediterrâneo. De lá, sairiam pelo Estreito de Gibraltar e subiriam em direção à Inglaterra. À vela, a viagem teria durado muitas semanas, com escalas feitas em outros portos de carga ao longo do caminho.

Drácula precisava da sujeira de sua terra natal (a terra) para regenerar sua saúde e garantir que descansasse bem enquanto vivia em terras estrangeiras.

O filme quase apresentou duas outras mulheres, embora como cadáveres, que foram descobertas por Clemens e Anna como tendo sido guardadas por Drácula para alimentação. As cenas podem ser vistas entre as cenas deletadas.

O filme se passa na década de 1890 e Clemens faz questão de observar que ele se formou na faculdade de medicina de Cambridge. Cambridge só admitiu estudantes afrodescendentes em sua faculdade de medicina cerca de vinte anos depois, e o primeiro estudante afrodescendente a se formar em medicina só se formou em 1918.

O produtor Bradley J. Fischer revelou que o final quase incluiu uma participação especial do professor Abraham Van Helsing. Ele afirmou: "Passamos por muitas abordagens diferentes para a história, mas nada que fosse muito diferente do filme que terminamos, na verdade tivemos um final por um bom tempo. A cena na taverna seria com um sobrevivente sendo abordado por um homem estranho e sombrio, que inicia uma conversa e parece ter algum conhecimento das experiências pelas quais ele passou, se apresentando como Van Helsing”

Embora os créditos sejam "Baseado no capítulo “Diário do Capitão” de “Drácula de Bram Stoker", isso não é totalmente preciso. O Capítulo 7 de "Drácula" é na verdade intitulado “Recorte do The Dailygraph”, 8 de agosto (colado no Diário de Mina Murray) e dentro desse capítulo há uma seção “Diário de Demeter”. Esta seção, e as partes antes e depois da seção do Capítulo 7, é onde este filme se situa mais precisamente.

O segundo de dois filmes da Universal de 2023 com o Conde Drácula; o outro é Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe (2023).

Thomas Newman foi originalmente escalado para fazer a trilha sonora do filme, mas desistiu devido a conflitos de agenda sendo substituído por Bear McCreary.

A bengala com cabeça de lobo que Drácula carrega é uma referência à bengala usada por Lawrence Talbot em "' Lobisomem" / The Wolf Man (1941).

Quando o diretor David Slade foi escolhido para dirigir, ele queria que Jude Law fizesse o papel principal.

O filme foi lançado em 11 de agosto, três dias após a data indicada para a queda do Demeter no romance original do Drácula.

As sequências no porto búlgaro, do início do filme, foram filmadas em Malta, compartilhando locações com “Gladiador” (2000).

Último filme do ator Noureddine Farihi, que faleceu em 2022, aos 65 anos, em decorrência de um câncer


Cartazes:





Filmografias Parciais:

Corey Hawkins







Recalled (2012), Homem de Ferro 3 (2013), Sem Escalas (2014), Romeu e Julieta (2014), Straight Outta Compton: A História do N.W.A. (2015), The Walking Dead (2015–2016), Kong: A Ilha da Caveira (2017), 24 Horas: O Legado (seriado - 2016–2017), Infiltrado na Klan (2018), Esquadrão 6 (2019), Em um Bairro de Nova York (2021), A Tragédia de Macbeth (2021), Tempestade (2022), Drácula - A Última Viagem do Demeter (2023), A Cor Púrpura (2023) 

  

Liam Cunningham


 

 




No Limite da Inocência (1992); Lancelot - O Primeiro Cavaleiro (1995); Paixão Proibida (1996); A Revelação (2001); As Aventuras da Família Robinson (2002); Dog Soldiers - Cães de Caça (2002); Ventos da Liberdade (2006); Fome (2008); A Múmia: Tumba do Imperador Dragão (2008); Caçadores de Vampiros (2009); Vingança Entre Assassinos (2009); Harry Brown (2009); Centurião (2010); Fúria de Titãs (2010); A Informante (2010); Borboletas Negras (2011); Cavalo de Guerra (2011); Protegendo o Inimigo (2012); Códigos de Defesa (2013); A Infância de um Líder (2015); Game of Thrones (seriado 2012 a 2017), Drácula - A Última Viagem do Demeter (2023)   

 

Aisling Franciosi 






Jimmy's Hall (2014), Legends: Identidade Perdida (série 2015), The Fall (seriado - 2013–2016), Game of Thrones (seriado 2016–2017 - 2 episódios), Nightingale (2018), Home (2020), Narciso Negro (Minissérie 2020), Imperdoável (2021), Criaturas do Senhor (2022), Drácula - A Última Viagem do Demeter (2023), Stopmotion (2023)

  

Javier Botet 






Mistério no Lago (2005), [Rec] (2007), Quando a Porca Torce o Rabo (2007), Sexykiller, Morirás por Ella (2008), [REC] Possuídos (2009), Balada do Amor e do Ódio (2010), Diamond Flash (2011), La chispa de la vida (2011), Sin cobertura (2011), [Rec]³: Genesis (2012), Desafío final 5 (2012), Mama (2013), As Bruxas de Zugarramurdi (2013), El día del padre (2013), A Garota de Fogo (2014), [Rec] 4: Apocalipsis (2014), Dark Moor: Project X (2015), A Colina Escarlate (2015), O Regresso (2015), Do Outro Lado da Porta (2016), Invocação do Mal 2 (2016), O Guardião Invisível (2017), Os Portões Do Inferno (2017), Alien: Covenant (2017), A Múmia (2017), Exorcismos e Demônios (2017), Depois do Apocalipse (2017), It: A Coisa (2017), Sobrenatural: A Última Chave (2018), Slender Man: Pesadelo Sem Rosto (2018), Mara: o Demônio do Sono (2018), Morte Instantânea (2019), Histórias Assustadoras para Contar no Escuro (2019), It: Capítulo Dois (2019), Amigo (2019), La Reina de los Lagartos (2019), O 3º Andar: Terror na Rua Malasaña (2020), O Que Ficou Para Trás (2020), Diários da Quarentena (2020), Vozes (2020), Camera Café, la película (2022), El Fantástico Caso del Golem (2023), Drácula - A Última Viagem do Demeter (2023)

segunda-feira, 24 de julho de 2023

DRÁCULA / DRACULA (1979) - REINO UNIDO


“NOS ÚLTIMOS 500 ANOS, PROFESSOR, DAQUELES QUE CRUZARAM MEU CAMINHO, MORRERAM TODOS, ALGUNS DE FORMA BEM DESAGRADÁVEL” - DRÁCULA

1913. Uma poderosa tempestade se instala no curso da escuna romena Demeter. A tripulação apavorada tenta livrar-se de um caixão sem sucesso. O naufrágio ocorre perto da costa de Whitby, Yorkshire, sudoeste da Inglaterra, tendo apenas um sobrevivente: o Conde Drácula, sendo encontrado pela jovem Mina Van Helsin (Jan Francis) em uma caverna.

O Conde, oriundo da Transilvânia, se instala na Abadia de Carfax, uma mansão recém-adquirida, majestosa, mas em ruínas, sendo convidado para um jantar em Billerbeck Hall. Apresentando-se como um elegante aristocrata de boas maneiras, imponente e de vasta cultura, magnetiza a atenção dos que ali estão presentes: a jovem que lhe ajudara, Mina, o Doutor Jack Seward (Donald Pleasence) que dirige um asilo com uma pequena equipe e Lucy Seward (Kate Nelligan) e seu noivo Trevor Eve (Jonathan Harker). Durante a noite, Drácula ataca Mina que vem a falecer no dia seguinte. Seu pai Abraham Van Helsing (Laurence Olivier) chega da Holanda para o sepultamento da filha apenas para descobrir que esta pode ter sido transformada em uma morta-viva e que Lucy corre extremo perigo. O trio precisará enfrentar o Mestre dos Vampiros para tentar salvar Lucy de transformar-se definitivamente em uma vampira.

Primeira adaptação produzida pelos Estúdios Universal, 48 anos após a versão de 1931, com Bela Lugossi. Este Drácula, recebeu a direção de John Badham (em seu terceiro longa-metragem, mas já com duas indicações ao Emmy) que vinha do sucesso “Os Embalos de Sábado à Noite” (1977). E Badham não atualizou Drácula, apenas fez algumas mudanças, sabiamente, evitando dá-lhe um estilo contemporâneo. Talvez a mais perceptível mudança seja que os nomes das protagonistas femininas, Mina e Lucy, foram invertidos, pois no livro de Bran Stoker (e em outras versões) Mina era a noiva de Jonathan e Lucy a jovem que se transformava em vampira. Outra mudança foi dar maior visibilidade em cena aos personagens de Jack e Trevor. Mas a adaptação deste filme não se concentra apenas no livro de Stoker.

Lá no início de tudo, Hamilton Deane, amigo de Bran Stoker, escreveu e montou com John L. Balderston, no Little Theather, em Londres, uma peça a partir do livro “Drácula” (1897) de Stoker. Deane a encenou 391 vezes (ele próprio interpretando Van Helsing a salvar Lucy) fazendo, posteriormente, sucesso na Broadway em outubro de 1927 através de Bela Lugossi que levou a peça para o cinema em 1931 numa criação por muitos considerada inigualável. Um personagem que já faz parte da mitologia americana (ainda que este seja inglês). Já Langella, vinha angariando elogios da crítica e público, no Martin Beck Theatre, Nova York, em 1977 (50 anos depois), sendo convidado a seguir os passos de Lugossi ao também levar sua caracterização para os cinemas. Badham assistira à encenação de "Drácula" com Langella e depois ainda voltaria pelo menos mais quatro vezes para ver a reação do público (principalmente o feminino) e o produtor Walter Mirisch (“West Side Story” – “Se Meu Apartamento Falasse” – “No Calor daNoite”) estava convencido de que uma nova versão de Drácula seria uma proposta viável. Então elaborou-se o roteiro a partir das ideias de Deane e John L. Balderston (1889-1954) convocando-se o roteirista W.D. Richter (“Invasores deCorpos” - 1978; “Brubaker”- 1981 e “Os Aventureiros do Bairro Proibido” - 1986). Langella faria sua última apresentação no palco na pele do personagem em 15 de outubro de 1978, partindo para as filmagens.

ATENÇÃO - SPOLIERS NESTE PARÁGRAFO: Badham incorporou situações interessantes a estória: no início vemos um navio naufragado (um trabalho de arte que criou logo de cara um ótimo cartão de visitas ao filme); nos é mostrado que o capitão do navio morrera (amarrado ao leme)  ao ter o pescoço dilacerado pelo lobo que surgiu a bordo – uma lembrança que rosários não detiveram Drácula; a entrada no quarto de Mina do Senhor dos Vampiros, de ponta-cabeça, impressiona – uma cena muito criativa; Drácula aqui é capaz de agarrar a cruz que Harker está segurando e fazê-la incendiar – crucifixos não o detém (pelo menos não nas mãos de qualquer um); Mina não mais possui sua imagem refletida, conforme Helsing demonstra por um espelho, mas o diretor criou uma saída, na forma de uma “licença poética”, em prol do momento narrativo tenso de outra cena, que nos permite (e a Helsing) ver Mina refletida em uma poça d’agua; ao personagem Van Helsing é retirada a figura do caçador de vampiros (como no livro) e inserida uma bem-vinda figura de um pai enlutado além de um momento interessante fornecido pelo roteiro: Van Helsing termina por morrer empalado por sua própria estaca: um dos cruéis modos de como o verdadeiro Vlad Tepes (o imperador que deu origem ao personagem) matava seus adversários e desafetos. Outro momento em que roteiro e direção mostram suas qualidades é na sutileza da cena em que Lucy visita Drácula pela primeira vez, a cena nos é revelada de um ponto alto através de uma teia de aranha com um aracnídeo avançando pela teia enquanto Lucy adentra à sala (um singular enfoque de Lucy caindo na teia montada por Drácula). E temos uma dicotomia interessante: ele deseja levá-la para o túmulo para que ela possa viver além do túmulo. Há a citação de “Nosferatu” (os diálogos bem construídos são um ponto forte desta produção) e, curiosamente, a nova versão homônima, do diretor Werner Herzog, estreava no início de 1979 – ainda que a comédia “Amor a Primeira Mordida” tenha sido considerado o grande empecilho para o sucesso do filme de Badham. Claro que a cena final não poderia ficar de fora: com o enigmático e malicioso sorriso de Lucy podemos conjecturar que aquele amor não se findou ainda que o protagonista tenha sido açoitado pela poderosa luz diurna que condena estes seres da noite.

Há ainda que se falar da parte técnica deste filme, que teve papel fundamental para a obra. O aclamado compositor John Williams fez um grande trabalho nessa produção, conseguindo capturar a atmosfera necessária, no entanto pouco é lembrado por este filme. Assim que o primeiro corte foi concluído, Williams que fora contratado quase um ano antes para escrever a partitura, a concluiu, sendo executada pela Orquestra Sinfônica de Londres. O quesito edição ficou com John Bloom, Oscar por “Gandhi” (1982) e com indicações também ao prêmio por “A Mulher do Tenente Francês” (1981) e “Chorus Line” (1985). Gilbert Taylor (1914 - 2013) foi o responsável pela bela fotografia, imprimindo uma atmosfera gótica ao filme. Taylor também contribuiu em filmes como “Dr. Fantástico” (1964), “A Profecia” (1976) e “Star Wars” (1977). Maurice Binder (1925-1991) ficou com a parte dos efeitos visuais. Binder ficou conhecido pelas icônicas aberturas dos filmes de 007 e trabalhou em dezenas de produção em várias áreas como “O Nimitz Volta ao Inferno” (1980), “Barbarella” (1968), “Sementes de Tamarindo” (1974), “O Céu que nos Protege” (1990). Peter Murton (1924-2009) responsável pelo designer de produção (de filmes como “Superman II e III”, “Sheena”, “Stargate”, “007 Contra Goldfinger” ...) e a figurinista Julie Harris (1921-2015) de filmes como “A Cidadela dos Robinson” (1960), “Casino Royale” (1967), “Com 007 Viva e Deixe Morrer” (1973) ... ficaram encarregados de acentuar uma sensação romântica através das cores branco, cinza e preto. Albert Whitlock foi o responsável pelas pinturas foscas que se integraram aos cenários trazendo a impressão do castelo de Drácula realmente existir exteriormente. Uma forma de fazer um cenário irreal parecer convincente. 

Quanto ao elenco, Frank Langella impôs duas condições para interpretar seu personagem: sem cenas com presas pingando sangue e sem promoção comercial como Drácula. Langella criou um Drácula imponente e sedutor que combinava com sua aparência de Conde e conseguiu criar uma intensidade erótica sem nenhuma explicitação sexual fugindo das atuações burlescas de alguns de seus antecessores. Laurence Olivier,  o nome mais proeminente da produção e considerado um dos maiores atores de todos os tempos foi uma surpresa, pois foi o seu único filme de Terror / Horror. Olivier recebeu $ 750.000 e o motivo de sua presença seria apenas o dinheiro. O ator ficou gravemente doente e havia dúvidas se concluiria o filme. Seu sotaque me soou estranho no personagem. Donald Pleasence (muitos se lembrarão pela antiga franquia Halloween) tinha a reputação de ser um “ladrão de cenas” que sempre utilizava adereços do set nas cenas para captar a atenção espectador. O ator disse que lhe fora oferecido inicialmente o papel de Van Helsing, mas recusou considerando-o parecido com o de seu personagem em Halloween: A Noite do Terror (1978). Não por acaso, em alguns momentos, o ator surge comendo algo e assim desviando a atenção para si. Jan Francis (Mina) organizou a sequência de dança com Drácula e Lucy e teve um ótimo momento com Laurence Olivier. Francis era dançarina profissional antes de se tornar atriz. Tony Haygarth (o comedor de insetos Renfield) não está a bordo do navio quando Drácula desembarca na forma de um lobo, como no livro, mas apresentou momentos engraçados. Kate Nelligan interpreta uma Lucy que se sente atraída por Drácula, ao mesmo tempo que a sensação de liberdade feminina invade seu ser, numa Inglaterra que ainda caminhava quanto a igualdade entre homens e mulheres. Trevor Eve interpreta o advogado e noivo de Lucy que se vê perdido no meio da guerra de Drácula e Van Helsing e impotente quanto a recuperar o amor de Lucy. 

Mesmo que uma versão definitiva do personagem ainda não tenha sido feita e alguns possam apoiar que este não é o Drácula de Stoker, o que é correto, pois tanto se inspira na peça como no romance original, e mesmo que este exemplar se desvie da linha tradicional do filme de terror, é uma obra-prima visual, não chegando a ser uma reinterpretação, mas uma versão inspirada, liderada por um ator que merecia estar na galeria de melhores interpretações do personagem e uma elogiada área técnica que está muito presente e que foi fundamental mesmo que muitos não a notem. Houve inúmeras adaptações do Drácula de Bram Stoker e nesta Badham e o produtor Richter mexeram com as convenções da tradição vampírica confundindo assim nossas expectativas, ao driblar o final clássico e óbvio e ao nos deixar em dúvida da verdadeira vitória do bem sobre o mal. Filmado em Panavision.


Trailer:


Curiosidades:

Kate Nelligan foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por "O Príncipe das Marés" (1992)

O diretor John Badham pretendia filmar em preto e branco, mas foi forçado pelo estúdio a fazê-lo em Technicolor. Quando o filme foi relançado em laserdisc em 1991, a mando de Badham, a cor exuberante foi drenada do filme. Todos os lançamentos subsequentes de vídeos caseiros apresentam a impressão dessaturada.

Frank Langella sofre de uma doença ocular chamada nistagmo, que faz com que os olhos se movam involuntariamente. Os produtores estavam cientes de que isso poderia diminuir a ameaça que ele era capaz de retratar no papel, mas o escalaram mesmo assim, pois confiavam em sua presença geral na tela para fazer o papel funcionar. Em muitas cenas, seus olhos se movem de forma irregular, enquanto em outras cenas, ele pode ser observado mantendo-os parados, seja por força de vontade ou focando em objetos à distância.

De acordo com o livro "Luzes! Câmera! Grite!" (1983) de Stephen Mooser, o castelo do Conde Drácula não era um local real, mas um fosco de vidro pintado pelo guru dos efeitos visuais Albert Whitlock.

O diretor Ken Russell também estava planejando uma versão na mesma época. Em um estágio, ele considerou Laurence Olivier como o Conde. Seu elenco posterior foi Peter O'Toole ou Mick Fleetwood (da banda Fleetwood Mac) no personagem título com Peter Ustinov como Van Helsing. Ele também queria Oliver Reed como Renfield, com Sarah Miles e Mia Farrow como Lucy e Mina, respectivamente. Michael York e James Coburn também estavam na lista de desejos de Russell

Este foi um dos cinco filmes do Drácula lançados em 1979, juntamente com Nosferatu: O Vampiro da Noite (1979), Amor à Primeira Mordida (1979), Nocturna (1979) e Graf Dracula in Oberbayern (1979). Ânsia (1979) e Os Vampiros de Salem (1979), ambos filmes de vampiros, foram lançados no mesmo ano. Assim como Vlad Tepes (1979), um filme romeno sobre o conde da Transilvânia da vida real que inspirou o personagem

Coincidentemente o ator George Hamilton acabou interpretando em forma de comédia dois personagens de Langella: Zorro em "As Duas Faces de Zorro" (1981) e Drácula em  "Amor a Primeira Mordida" (1979)

A participação de um ator de tanto prestígio como Laurence Olivier em um filme de monstros repercutiu na indústria e levou vários outros atores conceituados a fazer o mesmo. Talvez o melhor exemplo seja "Histórias de Fantasmas" (1981), que teve no elenco nomes como Fred Astaire, Douglas Fairbanks Jr., Melvyn Douglas e John Houseman.

Junto com Richard Roxburgh e Christopher Lee, Frank Langella é um dos poucos atores a interpretar o Conde Drácula e Sherlock Holmes no cinema e na televisão.

Quando Van Helsing está se preparando para tornar a caixa de terra do Drácula inutilizável para o vampiro, ele é mostrado quebrando uma única hóstia sagrada em quatro partes. Quando ele os coloca, ele realmente insere cinco partes, não quatro.

Um problema comum com muitos filmes de vampiros é repetido aqui: as marcas de mordidas no pescoço das mulheres são colocadas de tal forma que os dentes do vampiro deveriam estar um atrás do outro, não um ao lado do outro. A colocação das mordidas faria com que Drácula realizasse um ato contorcionista sério para enfiar os dentes nas vítimas voluntárias.

Jonathan e Lucy dançam "La Cumparsita". A peça foi composta em 1916, quase 3 anos após a ambientação do filme.

Quando Renfield surpreende Jonathan no carro e implora para ajudá-lo, há um morcego - aparentemente Drácula- observando-os. O animal é um morcego frugívoro amazônico, não um morcego vampiro. No entanto, nenhum deles pode ser encontrado em qualquer lugar da Europa.


Cartazes:




Filmografias Parciais:

Frank Langella







A Marca do Zorro (1974); Drácula (1979); Mestres do Universo (1987), 1492: A Conquista do Paraíso (1992); Dave, Presidente por um Dia (1993); Brainscan: Jogo Mortal (1994); Má Companhia (1995); A Ilha da Garganta Cortada (1995); Eddie, Ninguém Segura esta Mulher (1996); O Último Portal (1999); Doce Novembro (2001); Reflexos da Amizade (2004); Parceiros no Crime (2005); Boa Noite e Boa Sorte (2005); Superman: O Retorno (2006); Frost / Nixon (2008); Entre Segredos e Mentiras (2010); Desconhecido (2011); Frank e o Robô (2012); A Grande Luta de Muhammad Ali (2013); A Grande Escolha (2014); Encontro Marcado (2014); Grace de Mônaco (2104); O Mistério de Stella (2015); Capitão Fantástico (2016); The Americans (seriado 2015 a 2017);  Kidding (seriado 2018 a 2020); The Trial of the Chicago 7 (2020)


Laurence Olivier (1907 – 1989)







O Divórcio de Lady X (1938); O Morro dos Ventos Uivantes (1939); Rebecca, A Mulher Inesquecível (1940); Orgulho e Preconceito (1940); Invasão de Bárbaros (1941); Henrique (1944); Hamlet (1948); Ricardo III (1955); Spartacus (1960); Othello (1965); As Sandálias do Pescador (1968); As Aventuras de David Copperfield (1970); Os Amantes de Lady Caroline (1972); Maratona da Morte (1976); Jesus de Nazaré  (1977); Meninos do Brasil (1978); Drácula (1979); Fúria de Titãs (1981); Rei Lear (1983); Os últimos Dias de Pompéia (1984 mini-série); Caçado pelos Cães de Guerra (1986).


Donald Pleasence (1919–1995)






Náufragos da Vida (1954); Entre a Terra e o Céu (1957); Paixão Proibida (1959); A Morte Vem do Kilimanjaro (1959); Circo dos Horrores (1960); David e o Rei Saul (1960); Fugindo do Inferno (1963); A Maior História de Todos os Tempos (1965); Armadilha do Destino (1966); Viagem Fantástica (1966); A Noite dos Generais (1967); Com 007 Só Se Vive Duas Vezes (1967); ...E o Bravo Ficou Só (1967); Quando é Preciso Ser Homem (1970); A Lenda da Flauta Mágica (1972); Henrique VIII e Suas Seis Esposas (1972); O Grande Seqüestro (1972); Dr. Jekyll and Mr. Hyde (1973); Vozes do Além (1974); O Conde de Monte Cristo (1975); A Montanha Enfeitiçada (1975); O Último Magnata (1976); A Águia Pousou (1976); Jesus de Nazaré (mini-série 1977);  Alguém Lá em Cima Gosta de Mim (1977); Halloween: A Noite do Terror (1978); Drácula (1979); Fuga de Nova York (1981); Halloween 2 - O Pesadelo Continua! (1981); Noite de Pânico (1982); O Senhor das Águias (1984); Os Irmãos Corsos (1985); A Rainha Guerreira (1987); Príncipe das Sombras (1987); Django - A Volta do Vingador (1987); Halloween 4: O Retorno de Michael Myers (1988); O Caso dos Dez Negrinhos (1989); Halloween 5: A Vingaça de Michael Myers (1989); Enterrado Vivo (1990); Neblina e Sombras (1991); Guinevere - A Rainha de Excalibur (1994); Halloween 6: A Última Vingança (1995)


Kate Nelligan






O Conde de Monte Cristo (1975); A Inglesa Romântica (1975); Drácula (1979); A Outra Face da Razão (1980); O Buraco da Agulha (1981); As Vítimas (1982); Sequestro sem Pista (1983); O Preço da Justiça (1987); O Segredo do Quarto Branco (1990); Frankie & Johnny (1991); Neblina e Sombras (1991); O Príncipe das Marés (1991); Desafiando os Limites (1993); Distração Fatal (1993); Verdades e Mentiras (1994); Lobo (1994); Prece de uma Mãe (1995); O Museu de Margaret (1995); Colcha de Retalhos (1995); Íntimo & Pessoal (1996); U.S. Marshals: Os Federais (1998); O Desafio da Lei (1999); Regras da Vida (1999); Uma Dobra no Tempo (2003); Premonições (2007)


Jan Francis







A Journey to London (1975); Drácula (1979); Enquanto Existir Esperança (1984); Bloodlines (2005); Reunited (2010); Monochrome (2016) e participaação em vários seriados ingleses


Trevor Eve






Children (1976); Drácula (1979); Os Irmãos Corsos (1985); Rumo ao Sol (1988); Escândalo: A História que Seduziu o Mundo (1989); Inocente Ameaça (1992); Aspen - Dinheiro, Sedução e Perigo (1993); Don't Get Me Started (1994); Simplesmente Para Amar (1996); Possessão (2002); Tróia (2004); Ela é Demais para Mim (2010); Waking the Dead (seriado 2000 a 2011); Death of a Farmer (2014); O Natal do Meu Melhor Amigo (2019) e participação em vários seriados ingleses


Tony Haygarth (1945-2017)






O Mais Atrevido dos Transplantes (1971); O Mistério de Agatha (1979); Drácula (1979); S.O.S. Titanic (1979); Ivanhoé (1982); Hospital dos Malucos (1982); Meu Reino Por um Leitão (1984); A Prometida (1985); Uma Corrida Contra o Tempo (1986); Um Mês no Campo (1987); O Processo (1993); Infiltrator: Em Busca da Verdade (1995); Trazido pelo Mar (1997); Don Quixote (2000); Gracie! (2009) e participação em vários seriados ingleses


Alguns filmes do diretor John Badham:

Embalos de Sábado à Noite (1977); Drácula (1979); De Quem é a Vida Afinal? (1981); Trovão Azul (1983); Jogos de Guerra (1983); Competição de Destinos (1985); Um Robô em Curto Circuito (1986); Tocaia (1987); Alta Tensão (1990); Aprendiz de Feiticeiro (1991); A assassina (1993); Uma Nova Tocaia (1993); Zona Mortal (1994); Tempo Esgotado (1995); Incógnito (1997)

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

FOME DE VIVER / THE HUNGER (1983) - REINO UNIDO

"QUE SEJA ETERNO ENQUANTO DURE"

Miriam Blaylock (Catherine Deneuve) é a última descendente de uma raça de seres que datam de uma antiga civilização egípcia e que possuíam o segredo da vida eterna.  Ela é o que podemos chamar de uma verdadeira vampira.  John Blaylock (David Bowie) é o atual amante de Miriam. Se conheceram na Inglaterra do século XVIII. Agora John parece ter atingido o limite de sua longevidade de 300 anos, artificialmente induzida pelo sangue de suas vítimas, começando a envelhecer anos em poucas horas. A promessa de Miriam de que viveriam um amor eterno não era completamente verdadeira.

Em seu desespero, John procura a Dra. Sarah Roberts (Susan Sarandon), uma jovem escritora e brilhante cientista engajada no estudo sobre o processo de envelhecimento acelerado (Chamado “Condição Projeria”). Em um primeiro momento, Sarah não acredita na insólita história de envelhecimento de John, tomando-o por louco e deixando-o à sua espera por duas horas. Tudo muda quando Sarah percebe que aquele senhor que falara com ela há pouco se mostra um John incrivelmente mais velho neste curto período, mas John resolve partir enfurecido. Já Miriam, busca um meio de salvar John, mesmo sabendo como tudo terminará. Ao conhecer Sarah, percebe que substituir John afinal não lhe afetará tanto enquanto para este será reservado o mesmo destino de seus antigos amantes: ser colocado em um caixão e viver o suplício de um morto-vivo consciente. Seduzida, Sarah descobre que seu sangue parece ter um potente agente cientificamente desconhecido e incontrolável, tentando entender com Miriam o que lhe ocorreu. A verdade não lhe soa nada agradável.

Fome de Viver, produção inglesa do até então estreante diretor Tony Scott (1944-2012), se tornou um cult instantâneo e, apesar de sua baixa bilheteria em seu lançamento americano (U$ 5,9 milhões), foi conquistando o público e a crítica com o seu misto de horror e estética moderna, em uma atmosfera visualmente hipnótica que foge do horror tradicional, carregado de uma pitada de erotismo. Tudo começou quando Ivan Davis e Michael Thomas roteirizaram o romance de Whitely Streiber a pedido do produtor Richard Shepherd (“A Árvore dos Enforcados”, “Bonequinha de Luxo”, “Robin e Marian”) que chegou a convidar Ridley Scott (irmão de Tony), mas este recusou. Como o empresário era o mesmo de ambos, surgiu a oportunidade de Scott fazer sua estreia em longa metragens principalmente após uma sondagem a Alan Parker (“O Expresso da Meia-Noite”) que indicou Tony por sua larga experiência e um apurado senso estético com comerciais, mas sua falta de experiência deixou Catherine Deneuve em dúvida sobre apostar no filme. Com a entrada de Bowie, tudo mudou. Um condicionou sua participação a presença do outro, com Sarandon também incorporada ao elenco.

Já nos créditos de abertura, a música "Bela Lugosi's Dead", da banda Bauhaus, é ouvida (Tony descobriu o grupo em uma boate de Londres e decidiu colocá-los no filme) em uma discoteca, local onde a dupla escolhe as vitimas, aliás, a música tem papel fundamental, pois no filme o casal é musicista. Mas, apesar das alegorias musicais e visuais, a estória é simples, sendo no fundo uma reflexão sobre vida e morte, juventude e velhice e o próprio tempo; uma ligação entre o fim da vida e do amor. A subtrama envolve o desejo de Miriam, que mora em uma casa na elegante zona leste de Manhattan, por uma bela gerontóloga (houve muita controvérsia enquanto o filme estava sendo feito), com seu amante mortal, John Blaylock, sendo posto de lado em sua luta contra o inexorável relógio do tempo. 

O mito do vampirismo como alegoria sexual não é novidade. O romance de Bram Stoker centra-se no desejo obsessivo que este sente pela inocente Mina Harker. A questão dos vampiros modernos foi algo que trouxe frescor ao gênero, na qual o diretor os transforma em uma síntese do comportamento pop da época (e por que não também atual em nossos dias?). Scott & Cia atualizariam e humanizariam o mito do vampirismo que o cinema parecia já ter esquecido em décadas passadas. E nesse “novo conceito”, alguns arquétipos clássicos dos sugadores de sangue foram retirados: não há aversão às cruzes, caminham durante o dia, não apresentam caninos à mostra, não moram em castelos e nem se transformam em morcegos, mas ainda assim tem um roteiro que precisa ser observado, uma narrativa tão estranha (muitos consideraram nebulosa) quanto fascinante, bem distante dos filmes cujo mote é apenas assustar, se o espectador não ficar entretido com as imagens que desfilam na tela. Tudo isso dois anos antes de “A Hora do Espanto” nos apresentar a "espantomania". Se realizado nos EUA, o filme provavelmente centraria nos efeitos de transformação como em “Um Lobisomem Americano em Londres” ou “Grito de Horror” (apesar desses filmes terem uma boa história que os ampare). E nenhuma menção à palavra “vampiro” aparece no filme, aparentemente na tentativa de evitar o rótulo “filme de terror”, que os cineastas temem ser indicativo de Filmes B. E houve que percebesse semelhanças com “A Marca da Pantera” (Cat People - 1982; ou o seu original “O Sangue de Pantera” (Cat People - 1952). Em ambos os filmes, somos apresentados a pessoas de aparência comum que, na verdade, são membros de uma raça antiga que deve se alimentar de humanos para sobreviver. E, em ambos, na nova versão de Cat People e neste filme, temos Bowie (na canção tema do filme de 1982 e atuando e compondo neste em questão). Não podemos deixar de observar também que as atrizes Deneuve e Nastassja Kinski são europeias; Bowie e Malcolm McDowell são atores britânicos


A maquiagem, fotografia e trilha sonora são aspectos a serem destacados. As criaturas parecidas com múmias foram projetadas por Dick Smith (cujos créditos incluem “O Exorcista”, “Taxi Driver” “Scanners:Sua Mente Pode Destruir”, “Histórias de Fantasmas”, “Amadeus”, “Starman”... e que envelheceu Dustin Hoffman em “O Pequeno Grande Homem” e Marlon Brandon em “O Poderoso Chefão”). Smith pesquisou sobre as múmias de Guanajuato, no México (que aparecem nas cenas de abertura do remake de Nosferatu, de Werner Herzog). Para a transformação de Deneuve, foram usados manequins em vez de próteses ou trajes corporais. A fotografia de Stephen Goldblatt (“O Enigma da Pirâmide”, “Máquina Mortífera 2”, “O Príncipe das Marés”, “Batman Eternamente”, “Histórias Cruzadas”, “Um Senhor Estagiário”...) pode ser citada como uma grande influência no estilo visual do filme. E o design de produção de Brian Morris também se destaca. Quanto a trilha sonora, temos Debussy, Ravel, Schubert ... e até a opera Lakme, de  Delibes, que embala a cena de sedução de Miriam com Sarah.

O elenco principal é um dos motivos do filme funcionar. A francesa Catherine Deneuve (indicada ao Oscar por “Indochina” (1992)) era considerada uma das atrizes mais belas do cinema e já possuía extensa filmografia que incluía “Repulsa ao Sexo” (1965) e “A Bela da Tarde” (1967). Sua personagem, que atravessa séculos indiferente ao tempo, surge revestida de uma “beleza fria” dando o charme e o toque de classe que o filme precisava. O inglês David Bowie (1947–2016) vinha de elogiáveis atuações em filmes como “O Homem Que Caiu na Terra” (1976) e “Furyo: Em Nome da Honra” (1983) disse que, para deixar sua voz adequadamente rouca para quando envelheceu tão drasticamente no filme, ficava na ponte George Washington todas as noites e gritava todas as músicas de punk rock que conhecia. E realmente aprendeu a tocar violoncelo para suas cenas musicais. Bowie entregou um personagem muito interessante no tempo que esteve em cena. A americana Susan Sarandon, ex-esposa de Chris Sarandon (de 1967 a 1979) que, por coincidência viria a protagonizar “A Hora do Espanto”, fez um ótimo personagem emprestando beleza e personalidade. Cliff de Young (Um Dia de Sol) interpretou o interesse amoroso de Sarah, que acabou sendo trocado por uma amiga mais exótica. Beth Ehlers, de 14 anos, fez Alice, a garotinha ao lado que se junta a John e Miriam em musicais improvisados ​​à tarde. Willem Dafoe (“Homem-Aranha”, “Platoon” e “Ruas de Fogo”) surge em uma ponta e foi uma conquista do diretor que lutou por sua presença no filme. Quem também aparece em uma rápida cena é  Sophie Ward (Enigma da Pirâmide) em uma cena na casa de Londres

Com locações no Reino Unido e Estados Unidos, “Fome de Viver” apresenta uma arquitetura de contornos góticos com vampiros modernos e inseridos dentro da época do filme. Tony Scott (“Top Gun”, “Maré Vermelha”, “Inimigo do Estado”, “O Sequestro do Metrô”, “Chamas da Vingança” (2004)...) estreava com uma edição minimalista e um impressionante domínio da linguagem cinematográfica nos brindando com vampiros aristocráticos, desgostosos pelo passar dos séculos, personagens tão atormentados quanto qualquer mortal. Muito se disse que o promissor diretor voltou-se a filmes menos estilizados e mais populares (leia-se lucrativos), mas seu filme mostrou ao mercado que o vampirismo ainda tinha muitos fãs, bastava investir nesse segmento abandonando o visual dos anos 50, 60 e 70. Em suma: um filme muito interessante. Muitos reclamaram da falta dos aspectos mais importantes da mitologia dos vampiros, outros observaram uma inovação bem-vinda. A única coisa que não deixa o espectador ficar é indiferente.


Trailer:



Curiosidades (contém spoliers):

Tony Scott dirigiu os clips Danger Zone (Kenny Loggins), One More Try (George Michael)

A adaga cruzada em miniatura é chamada de Ankh. Também é conhecida como "a chave da vida", "a chave do Nilo" e "crux ansata" (do latim que significa "cruz com cabo"). O Ankh é um antigo caractere hieroglífico egípcio que significa "vida", um sinal trilateral para três consoantes. O componente da faca é algo que foi fisicamente adaptado, a lâmina geralmente não existe como parte do símbolo. A faca Ankh apareceu com destaque em um dos principais cartazes do filme.

Um dia durante as filmagens, a figurinista Milena Canonero, desapareceu e não foi encontrada em lugar nenhum. Descobriu-se que ela havia voado para Roma para comprar tecido para um lenço que David Bowie deveria usar. Incapaz de encontrar o tecido de que gostava em Londres, Canonero voou para Roma às suas próprias custas para encontrar o tecido de que precisava.

David Bowie disse sobre este filme depois que foi feito: "Devo dizer, não há nada que se pareça com ele no mercado. Mas estou um pouco preocupado que seja perversamente sangrento em alguns pontos".

Este filme é dedicado em memória do irmão de Tony Scott, Frank Scott. O irmão mais velho de Tony, Ridley Scott dedicou Blade Runner: O Caçador de Androides (1982) a Frank.

David Bowie teria ficado um pouco intimidado por Catherine Deneuve, mas se deu bem com Susan Sarandon.

Em uma entrevista ao The Daily Beast no final de julho de 2014, Susan Sarandon revelou que teve um caso com David Bowie enquanto os dois trabalhavam neste filme.

A idade da vampira Miriam Blaylock (Catherine Deneuve) era de seis mil anos. A quantidade de tempo que ela foi amante de John Blaylock (David Bowie) foi de trezentos anos.

Tony Scott queria filmar todo o filme em Nova York, mas teve que se contentar em filmar a maior parte do filme em Londres, Inglaterra, porque o orçamento não era grande o suficiente para pagar a filmagem inteira em Nova York.

O cinegrafista Hugh Johnson se envolveu com Catherine Deneuve enquanto fazia o filme e eles viveram juntos por cerca de dois anos.

Tony Scott citou o fotógrafo norte-americano Irving Penn (1917-2009) como uma grande influência no estilo visual do filme.

Sob a direção do estúdio MGM, o final do filme foi alterado para permitir a possibilidade de sequências e uma franquia, algo comum ao gênero de filmes de terror, mas nenhuma sequência chegou a acontecer.

O romancista de origem Whitley Strieber escreveu duas sequências para seu romance "The Hunger". Eles foram "The Last Vampire" (2001) e "Lilith's Dream: A Tale of the Vampire Life" (2003), mas nenhum deles foi filmado.

Catherine Deneuve revelou que a famosa cena de amor entre ela e Susan Sarandon foi filmada em um set fechado e usando dublês. "Não toda a cena da cama, não, mas havia algumas imagens com dublês", disse ela.

O filme estimulou uma série de TV produzida pela HBO com o mesmo nome "The Hunger"  entre 1997 e 2000. A série, transmitida pela primeira vez quatorze anos após este filme, utilizou o mesmo título e tradição de vampiros, mas não teve conexões de enredo ou personagem com este filme. Durou 44 episódios e teve artistas como David Bowie e Terence Stamp ("Superman II" e "Sim Senhor")

A música clássica intitulada "Lakmé" (Viens Malika... Dôme épais le jasmine) de Léo Delibes apresentada neste filme de Tony Scott também faria parte do filme Perigo na Noite (1987), de seu irmão Ridley Scott, que foi feito e lançado por volta de quatro anos depois.

Uma participação especial de Willem Dafoe e John Pankow pode ser vista perto de uma cabine telefônica. Ambos estrelaram dois anos depois "Viver e Morrer em Los Angeles", de William Friedkin; ironicamente, nos créditos Willem Dafoe é identificado como "segundo jovem na cabine telefônica" ("2nd Phone Booth Youth"), embora ele seja o primeiro visto e ouvido na cena da cabine telefônica.

A música tocada ao piano é "The Flower Duet" (em francês: "Sous le dôme épais") da ópera Lakmé de Léo Delibes. O dueto tem sido frequentemente usado em comerciais; não sem surpresa, o diretor Tony Scott dirigiu comerciais antes de dirigir este filme.

"Funtime" de Iggy Pop aparece com destaque em uma cena. David Bowie co-escreveu e produziu a música, além de fazer backing vocals, guitarra, sintetizadores e piano.

Em setembro de 2009, o estúdio da Warner Brothers anunciou um remake deste filme com o roteiro a ser escrito desta vez pelo romancista fonte Whitley Strieber, mas até o momento não foi feito.

Ann Magnuson, que interpreta a garota da discoteca escolhida por Catherine Deneuve e David Bowie, ironicamente era uma musicista da banda indie "Vulcan Death Grip".

Dois do elenco tinham feito parte da indústria da música. Cliff De Young tinha sido vocalista do grupo de rock "Clear Light" dos anos 1960, enquanto David Bowie era um superstar pop internacionalmente conhecido.

John é representado como tendo 300 anos. Incluindo seu caixão, um total de sete caixões são mostrados. Se 300 anos é a expectativa de vida padrão, isso levaria as coisas de volta a aproximadamente 1.000 a.C., o que se correlaciona vagamente com a imagem do amante egípcio vista em um flashback. Isso significa que ao longo dos anos "Catherine" transportou os restos mortais de seus ex-amantes pela Europa e pelo Atlântico. Quanto a seus amantes anteriores, que remontavam a outros quatro milênios, pode-se supor que ela teve muito trabalho em transportá-los.

O filme Performance (1970), primeiro longa dos diretores Donald Cammell e Nicolas Roeg, teve grande influência neste filme, que foi o primeiro longa de Tony Scott.

O nome do livro acadêmico que a Dra. Sarah Roberts (Susan Sarandon) escreveu foi "Sono e Longevidade"."Sleep and Longevity".

As cenas de envelhecimento rápido de David Bowie foram comparadas a "O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde.

O personagem de David Bowie pergunta a de Catherine Deneuve se "Alice" seria sua próxima amante "eterna", que era sua jovem estudante de música, interpretada por Beth Ehlers. Isso pode ter um duplo significado para o motivo pelo qual o John de Bowie a mata: tentar permanecer jovem, o motivo usual, e impedir que ela cresça e, eventualmente, termine com Miriam.

Susan Sarandon foi indicada ao Oscar por "Atlantic City" (1980); "Thelma & Louise" (1991); "O Óleo de Lorenzo" (1992); "O Cliente" (1994) conquistando o Oscar por "Os Últimos Passos de um Homem" (1995).

Tony Scott cometeu suicídio aos 68 anos em 2012.


Cartazes:





O livro:












Trilha Sonora:

Bela Lugosi's Dead - Bauhaus



Funtime - Iggy Pop & David Bowie 




 "The Flower Duet (Lakmé)" - Léo Delibes



Le Gibet (Gaspard de la Nuit) - Maurice Ravel 



Piano trio No.2 in E-flat Major. Op.100. - Franz Schubert




Filmografia Parcial:

Catherine Deneuve







A Bela da Tarde (1967);  Tristana, Uma Paixão Mórbida (1970); Crime e Paixão (1975); O Último Metrô (1980); Fome de Viver (1983); Tomara Que Seja Mulher (1986); Indochina (1992); Dançando no Escuro (2000); A Vingança do Mosqueteiro (2001); Reis e Rainha (2004); Perigosa Obsessão (2007); Diário Perdido (2009); Astérix e Obélix: A Serviço de sua Majestad (2012); O Homem Que Elas Amavam Demais (2014); O Novíssimo Testamento (2015); O Ignorante (2016); O Reencontro (2017); A Última Loucura de Claire Darling (2018); Adeus à Noite (2019); Feliz Aniversário (2019); Enquanto Vivo (2021); Femminile Singolare (2022) 

David Bowie (1947–2016)








O Homem Que Caiu na Terra (1976); Apenas um Gigolô (1978); O Boneco de Neve (1982); Fome de Viver (1983); Furyo, Em Nome daHonra (1983); Um Romance Muito Perigoso (1985); Absolute Beginners (1986); Labirinto - A Magia do Tempo (1986); A Última Tentação de Cristo (1988); Romance por Interesse (1991); Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer (1992); Basquiat - Traços de Uma Vida (1996); O Segredo de Mr. Rice (1999); Zoolander (2001); O Grande Truque (2006); Reação Colateral (2008); Twin Peaks: O Mistério (2014)

Susan Sarandon







Joe - Das Drogas à Morte (1970); Quando as Águias se Encontram (1975); Rocky Horror Show (1975); Menina Bonita (1978); Rei dos Ciganos (1978); Atlantic City (1980); Troca de Esposas (1980); Fome de Viver (1983); As Bruxas de Eastwick (1987); Sorte no Amor (1988); O Calendário da Morte (1989); Loucos de Paixão (1990); Thelma & Louise (1991); O Jogador (1992); Bob Roberts (1992); O Óleo de Lorenzo (1992); O Cliente (1994); Os Últimos Passos de um Homem (1995);Fugindo do Passado (1998); Crônica de uma Certa Nova York (2000); Doidas Demais (2002); Dança Comigo? (2004); Alfie, o Sedutor (2004); Tudo Acontece em Elizabethtown (2005); Identidade Roubada (2006); Speed Racer (2008); Irmãos de Sangue (2009); Face Oculta (2010); Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme (2010);  A Negociação (2012); O Casamento do Ano (2013); A Última Aventura de Robin Hood (2013); Tammy: Fora de Controle (2014); Meu Nome é Ray (2015); Zoolander 2 (2016); The Death and Life of John F. Donovan (2018);  Ray Donovan (seriado 2017-2019); Ninguém Brinca com Jesus Quintana (2019); Besouro Azul (2023)

Cliff De Young







Um Dia de Sol (1973); Um Dia de Sol no Natal (1977); Vivendo na Corda Bamba (1978); Pressão Contínua (1980); Tratamento de Choque (1981); Fome de Viver (1983); Jovens sem Rumo (1984); Admiradora Secreta (1985); F/X: Assassinato sem Morte (1986); O Vôo do Navegador (1986); Estado de Alerta (1987); Choque Mortal (1988); Momentos de Terror (1988); Tempo de Glória (1989); Quase sem Destino (1990); Horas Violentas (1992); RoboCop 4 (1994); Carnossauro 2 (1995); O Substituto (1996);  Jovens Bruxas (1996);O Último Homem do Planeta Terra (1999); Em Busca da Justiça (2000); Promessa de Amor (2004); 2012 - O Ano da Profecia (2008); Caminho para o Nada (2010); Livre (2014);  Reality Queen! (2020)


Willem Dafoe







Ruas de Fogo (1984); Viver e Morrer em Los Angeles (1985); Platoon (1986); A Última Tentação de Cristo (1988); Mississipi em Chamas (1988); Nascido em 4 de Julho (1989); Coração Selvagem (1990); Corpo em Evidência (1993); Tão Longe, Tão Perto (1993); O Paciente Inglês (1996); Velocidade Máxima 2 (1997); Santos Justiceiros (1999); Psicopata Americano (2000); Homem-Aranha (2002); Era uma vez no México (2003); Homem-Aranha 2 (2004); O Aviador (2004); xXx 2 - Estado de Emergência (2005); Manderlay (2005); Homem-Aranha 3 (2007); Anticristo (2009); 2019 - O Ano da Extinção (2009); John Carter: Entre Dois Mundos (2012); Ninfomaníaca: Volume 2 (2013); O Grande Hotel Budapeste (2014); A Culpa é das Estrelas (2014); Pasolini (2014); De Volta ao Jogo (2014); Cães Selvagens (2016); Um Homem de Família (2016); A Grande Muralha (2016); Projeto Flórida (2017); Assassinato no Expresso do Oriente (2017); Aquaman  (2018); The Last Thing He Wanted (2019); O Farol (2019) 


Dan Hedaya

 







The Prince of Central Park (1977); A Vida Íntima de um Político (1979); Confissões Verdadeiras (1981);  Dançando como Loucos (1982); Fome de Viver (1983); Jovens sem Rumo (1984); Gosto de Sangue (1984);  As Aventuras de Buckaroo Banzai (1984);  Um Agente na Corda Bamba (1984);  Comando para Matar (1985);  Dois Policiais em Apuros (1986); Amor e Coragem  (1986);  Joe Contra o Vulcão (1990);  Morando com o Perigo (1990);  A Família Addams (1991); Benny & Joon: Corações em Conflito (1993); Lances Inocentes (1993); Por Amor ou por Dinheiro (1993); Um Amor de Verdade (1993); Acerto de Contas (1994); Maverick (1994); Os Suspeitos (1995); Um Sonho sem Limites (1995); As Patricinhas de Beverly Hills (1995); Nixon (1995); O Clube das Desquitadas (1996); O Preço de um Resgate (1996); Daylight (1996); As Filhas de Marvin (1996); Será que Ele é? (1997); Por uma Vida Menos Ordinária (1997); Alien, a Ressurreição (1997); A Qualquer Preço (1998); Preso ao Silêncio (1999); Hurricane, o Furacão (1999); Shaft (2000); Cidade dos Sonhos (2001); Onde Está Ally? (2006); O Último Ato (2014); Animais Fantásticos e Onde Habitam (2016); Funny Face (2020); Slapface (2021); The God Committee (2021)


Fontes:

Twilight Zone

Starburst Magazine

IMDB

Chicago Reader

Variety

The N. Y Times

Starlog

Jornal O Globo

Revista Set - Cinema e Video