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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

TROVÃO NEGRO / CHERNAYA MOLNIYA / BLACK LIGHTNING (2009) - RUSSIA

 


HEROI RUSSO AOS MOLDES AMERICANOS

Moscou, 2004, Dima (Grigoriy Dobrygin) é um jovem como outro qualquer que recebe um carro (Volga preto) de presente de seu pai em seu aniversário. O carro na verdade é um projeto secreto de um laboratório militar, possui a capacidade de voar em alta velocidade (graças a um nano-catalisador) e pousar na vertical. Quando ocorre um inesperado e doloroso evento, sua vida se modifica e Dima se transforma no herói Trovão Negro salvando pessoas e prendendo bandidos. 

Apaixonado pela bela Nastya (Ekaterina Vilkova), Dima vê suas chances irem por água a baixo quando outro pretendente, Maks (Ivan Zhidkov), se passando pelo Trovão Negro, atrai a atenção da jovem, ao mesmo tempo um inescrupuloso empresário resolve que o herói pode se transformar em um obstáculo em seus propósitos criminosos de perfurar a cidade em busca de um reduto de diamantes.

Curiosa tentativa do cinema russo de fazer uma aventura de super heroi, com carros voadores e mocinha em perigo. Não há nada de novo neste filme que o torne inesquecível, na qual apresenta vários elementos incorporados  de outros filmes. Pode-se perceber claramente que o diretor Dmitriy Kiselev, aqui em parceria com o produtor Timur Bekmambetov, diretor dos  filmes “Arena da Morte” (aquele das mulheres gladiadoras romanas); “Guardiões da Noite”; “Guardiões do Dia”; “O Procurado” (com Angelina Jolie); “Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros” e “Ben-Hur” (2016) seguiram o mesmo padrão narrativo das histórias convencionais de super-heróis, mais particularmente, o “Homem Aranha” com um episódio bem próximo ao  famoso "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades". Dima tem poderes, mesmo que sejam oriundos de um carro e consegue vantagem sobre seus inimigos. É um estudante tímido, apaixonado por uma bela jovem e possui uma vida dupla. Um incidente transformará sua visão do mundo, mais “Homem-Aranha” impossível (só faltava o carro soltar teia).

Forçando a barra, podemos até ver uma inspiração no visual do herói de Bruce Willis em “Corpo Fechado” (2000), quando nosso herói se utiliza de uma roupa com capuz. E até podemos lembrar-nos de “De Volta para o Futuro”, como se fosse um segundo protótipo do De Lorean de McFly, quando vemos que o vilão criou uma versão para si. Ficou bem parecido. De resto é um filme até assistível, um passatempo sem muita pretensão, mas se vermos com os olhos de uma produção russa, podemos até considerar um bom filme.

Protagonizado por jovens para jovens. Se considerarmos que os efeitos especiais são bons, apesar de a história ser meio que "inspirada" em personagens hollywwodianos (não por acaso a Universal Pictures esteve envolvida no projeto), valerá a pena darmos uma olhada neste curioso  mix de aventura / romance com ficção científica (a destacar a cena do celular do herói tocando debaixo d'agua). Quem sabe um dia o brasileiro possa assistir um filme deste tipo produzido por aqui. Este pode ser uma boa referência na área da criatividade.


Trailer:




Curiosidades:

Este é considerado o primeiro filme de super-herói russo.


Cartazes:







Filmografia Parcial:

Grigoriy Dobrygin







Trovão Negro (2009); Como eu Terminei Este Verão (2010); O Homem Mais Procurado (2014); Mar Negro (2014); Nosso Fiel Traidor (2016); Matilda (2017);


terça-feira, 14 de julho de 2020

COMA: A DIMENSÃO DO FUTURO / KOMA (2019) - RÚSSIA


FICÇÃO-CIENTÍFICA RUSSA

Viktor (Rinal Mukhametov) é um jovem arquiteto que acorda pela manhã e vê que a realidade está mudada: prédios estão desaparecendo e muitos estão de ponta-cabeça ou suspensos no ar. Pessoas estão se desintegrando e uma misteriosa criatura parece brotar das imensas “ligas” negras que cobrem os céus. Ao ser atacado por uma dessas criaturas é salvo por Phantom (Anton Pampushnyy) e pela soldado Fly (Lyubov Aksyonova) que o levam para um local que abriga outras pessoas. Viktor descobre que está em outro mundo: um mundo das pessoas que ficam em coma e que tudo ali é produzido pelas memórias dos que estão inconscientes, inclusive as mortais criaturas chamadas "Ceifadores". Se alguém é morto por essas criaturas nessa realidade, não mais acordará no mundo real.  Yan (Konstantin Lavronenko) é o mais antigo naquela realidade e por isso líder. Ele explica que todos possuem habilidades naquele mundo, mas pouco as desenvolvem, Phantom, por exemplo, tem super-força e super-velocidade, mas é instável, imaturo e arrogante e Fly o poder de cura. Yan crê que Victor possui habilidades que o ajudarão em seu plano e Phantom começa a se incomodar com a aproximação de Victor e Fly. Mas o grande mistério para Victor é entender o que lhe aconteceu para ter entrado em coma.


O cinema russo no Brasil ainda é pouco conhecido do grande público. Alguns podem ter visto O Encouraçado Potemkin (1925), Guerra e Paz (1965), Solaris (1972); Vá e Veja (1985); Arca Russa (2002)... mas essas produções não são para todo o tipo de público, principalmente os que gostam de produções made in USA. Mas de um tempo para cá jovens cineastas russos tem se aproximado mais do estilo ocidental de fazer cinema. Quem viu os Guardiões, a versão americana de os Vingadores, percebeu que ainda que engatinhe em certos aspectos, há uma luz na escuridão e principalmente os filmes de ficção científica tem apresentado melhores resultados para o grande público ainda que as estórias careçam de melhor dramatização e estilo. "Coma" não foge muito à regra, mas apresenta melhoras perceptíveis do que podemos esperar nos próximos anos.


Em sua estreia na direção, Nikita Argunov, que foi uma das produtoras de “Os Guardiões”, mas sua até então experiência era no campo dos efeitos especiais (como “O Guerreiro Genghis Khan” de 2007), nos entrega um filme visualmente hipnotizante com efeitos especiais de primeira linha, mas a estória que até flui bem, tem alguns altos e baixos como uma primeira parte mais lenta, algumas perguntas sem resposta apostando num ritmo mais dinâmico perto do final. Quem viu “A Origem” e “Doutor Estranho” perceberá que a cineasta bebeu nessas fontes quanto a questão dos efeitos, mas o filme tem vida própria e se afasta dessas produções ao elaborar sua própria estória que evita a violência habitual dos filmes atuais preenchendo de aventura, ação e fantasia.  Há um certo mistério quanto a toda situação, que será esclarecida ao longo da estória. Satisfará alguns, mas outros sentirão que mais alguns minutos dariam um final bem mais estruturado.


No elenco não temos rostos conhecidos e algumas atuações ficam no automático, algo que o cinema russo ainda precisa resolver. Lyubov Aksyonova esteve em Salyut-7 e em um episódio da série Jack Ryan (2019). Anton Pampushnyy foi "Arsus" em "Os Guardiões" e o restante do elenco vem de produções russas.


Koma custou em torno e 4 milhões de dólares, mas sua arrecadação mundial ficou em torno da metade do valor. Sabendo que americanos não gostam de filmes estrangeiros para não lerem legendas e que outros países preferem divulgar filmes de países mais conhecidos, justifica-se porque essa produção pouco arrecadou e porque muitos ainda não a conhecem. Não é um filme fantástico, não é um filme inesquecível, mas pode ser assistido como um bom passatempo e até como curiosidade em como a indústria cinematográfica russa vem se desenvolvendo no século XXI.

Trailer:







Cartazes:





sexta-feira, 9 de março de 2018

OS GUARDIÕES / ZASHCHITNIKI / THE GUARDIANS (2017) - RÚSSIA



MAIS DO MESMO

Na época da Guerra Fria a antiga União Soviética fez experimentos genéticos que tentavam aperfeiçoar o potencial humano. Algumas dessas experiências foram bem sucedidas. Agora, décadas depois, um vilão poderoso surge para dominar a Rússia com seus superpoderes, seu exército de clones e máquinas de guerras tecnológicas. Um grupo de 4 superseres é recrutado para combatê-lo.



Pela sinopse você já viu vários filmes assim, mas um filme de heróis russo é a grande novidade. Antes da estreia do filme um trailer instigava a curiosidade com bons efeitos e uma possível promessa de poderia competir com a Marvel e DC em um futuro próximo. Mas veio o filme e  a decepção.  Os Guardiões  é uma produção com vários problemas, mas que poderia ter sido um bom filme no fim das contas.



A estória mostra quatro heróis de repúblicas soviéticas diferentes:  Arsus (Anton Pampushnyy), um homem que se transforma em metade homem, metade urso;  Khan (Sanjar Madi) um homem de traços orientais que carrega duas poderosas foices (uns dos símbolos soviéticos) nas costas. Possui super velocidade e domínio das artes marciais;  Ler (Sebastien Sisak), um homem que domina minerais rochosos e é capaz de cobrir seu corpo com pedra, além de arremessá-las contra os inimigos e  Kseniya (Alina Lanina) uma jovem com poderes de invisibilidade e domínio de técnicas de combate. Esse quarteto (que não é o "Quarteto Fantástico", apesar de ter uma mulher invisível e um "homem-rocha")  enfrentará um vilão meio esquisito que tem poder de comandar máquinas.




E aí começam os problemas. Se fosse lançado antes do ano de 2000, quando a Marvel ainda produzia seus telefilmes do Hulk com Lou Ferrigno,  esse filme faria muito sucesso, pois as estórias estariam num mesmo patamar, mas a Marvel lançou X-Men e daí pra frente a régua de medição de qualidade só vem subindo (com altos e baixos ocasionais, mas que faz parte). O problema é que 18 anos depois do primeiro X-Men, um filme russo chega com um roteiro anos 80 / 90 bem ruim, quase infantil.



A própria Marvel já lançou nos quadrinhos sua versão dos heróis soviéticos e até saiu-se bem, inclusive tem um urso (Ursa Maior) e um herói com um martelo e uma foice !!! (Vanguard)). Era de se esperar algo mais criativo, mas o resultado é decepcionante: os diálogos são rasos, o recrutamento dos heróis sem graça e um vilão nem se fala (parece uma versão melhorada (ou bizarra) daquele personagem que trai o rei Leônidas no filme "300"). O urso só é legal num primeiro momento, depois fica parecendo uma versão gigante do esquilo de "Guardiões da Galáxia". A mulher Invisível é uma clara cópia de sua homônima do "Quarteto" da Marvel e adicione a isso uns combates estilo Viúva Negra dos Vingadores. O Homem – Rocha (ou o que quer que seja) parece um cara com a vestimenta do Assassin's Creed (no início) com aquele desenho antigo do Coisa (onde ele se transformava com as rochas vindo ao seu encontro). Depois alguém arrumou um chicote pra ficar menos sem graça. E Khan uma mistura de Flash (DC) ou Mercúrio (Marvel) com Noturno do "X-Men" (quando ele parece se teletransportar). 


Super Heróis Soviéticos da Marvel
 
Não precisa nem dizer que em determinado momento nosso homem-urso se transformará completamente em um gigantesco animal e perderá as calças, que reaparecerão novamente quando este volta à sua forma humana (mais ridículo impossível - Imagina, no meio da batalha, procurando as calças!!!).  O exército do vilão inclui uns soldados que parecem os nômades de "Guerra nas Estrelas" (1978) com uma mistura de máquinas (para entrar no clima "Transformers") que caminham e que também me lembraram as do seriado "Falling Skies"



O filme investiu em efeitos especiais e isso não temos como reclamar. Esse é o ponto alto do filme. Há também uma bela fotografia que ajuda o filme a seguir em frente e uma trilha sonora interessante com destaque para a música inicial (em inglês para o mercado internacional) e que ficou muito boa.  O elenco não ajudou muito, em detrimento de um roteiro muito ruim, que não deu chance de desenvolverem nenhum personagem. Os heróis não criam empatia com o público e, nesse seguimento, é fracasso certo. O filme sofreu uma dublagem americana, mas como a dublagem brasileira é uma das melhores do mundo até melhorou o filme.



"Os Guardiões" peca por focalizar pesado nos efeitos e relegar a segundo plano a estória.  Parece uma mistura de "Vingadores" com "Quarteto Fantástico" só que décadas passadas, mas para um projeto de blockbuster russo o filme até tenta. Se encontrar um espectador mais condescendente o filme até funciona como um passatempo, mas se for daqueles acostumados a filmes de heróis com qualidade terá uma grande decepção. Indicado para um dia chuvoso aos que tem curiosidade em ver como seria assistir um filme de super-heróis russos.

Trailer:




Trilha Sonora:
Guardians -  Yuliya Tereshchenko



quinta-feira, 8 de março de 2018

TIGRE BRANCO / BELYY TIGR / WHITE TIGER (2012) - RÚSSIA


GUERRA SOBRENATURAL


Segunda Guerra Mundial, uma coluna de tanques soviéticos é dizimada por um único tanque nazista.  O tanque passa a ser apelidado de “Tigre Branco”, um Fantasma da Guerra. Ele surge inesperadamente destruindo tanques e desaparece tão misteriosamente quanto surgira. Há apenas um único sobrevivente: um motorista de tanque encontrado com 90 % do corpo queimado. Inexplicavelmente seu organismo, depois de algumas semanas, promove quase que uma cura completa. A situação deixa a todos curiosos, pois o soldado não se recorda de quem é e o exército não sabe qual sua verdeira identidade ou origem dando-lhe o nome de Naydenov (Aleksey Vertkov). A única lembrança que possui é que fora atacado pelo “Tigre Branco” que descreve como sendo capaz de suportar artilharia pesada  e que seu destino é destruir esse blindado. O comandante  Fedotov (Vitaliy  Kishchenko) recruta Naydenov para enfrentar a indestrutível  máquina com um novo tanque com uma blindagem muito mais reforçada.  Aliado a outros dois soldados, considerados os melhores de seus grupos, o trio começa a caça de algo que pode ser impossível de ser detido.



Filme de guerra russo com fantasia e algum drama, Tigre Branco, foi selecionado pela Rússia a concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2013 (mas não entrou na disputa) e narra a estória (fictícia, baseada no livro de Ilya Boyashov) de um estranho soldado sem identidade que se torna obcecado em destruir um tanque, já perto do final da guerra,  com características sobrenaturais e este passa a declarar poder se comunicar com veículos blindados (!!!???) que lhe ajudariam em um futuro confronto. 


Essa grata surpresa, vinda da Rússia, nos brinda com um filme de guerra muito interessante, pois adiciona elementos sobrenaturais, algo não muito comum de ser visto. Toda guerra cria lendas e mitos em torno de seus eventos e aqui temos duas lendas: a do homem desconhecido e de um tanque que parece não ter tripulantes. Como são raras as produções russas que chegam por aqui, cria-se até uma certa surpresa de vermos um filme bem dirijo e estruturado. Há boas cenas de combate, um mistério em torno de uma máquina de guerra que começa a disseminar rumores que assustam aos soldados e combates bem interessantes. Fazer filmes sobre tanques de guerra, não é algo muito fácil. Há produções premiadas como "Líbano" (2009) e "A Fera da Guerra" (que analisei há poucos dias), um drama de guerra com pitadas de reflexões. Tigre Branco não é um filme que visa levar a divagações, sua principal característica é entreter e, nesse  modelo, o faz muito bem.


O filme apoia-se principalmente na atuação de dois atores:  Aleksey Vertkov e Vitaliy  Kishchenko, mas há mais algumas qualidades a serem destacadas: a ótima fotografia de Aleksandr Kuznetsov,  uma edição de som de primeira (que até inclui um momento de "Cavalgada das Valquírias" de Wagner) e a estória em si que realmente causa expectativa de sua conclusão. Há até uma cena em uma vila abandonada que lembra os climas dos filmes de Western. Mesmo com essas boas características, Tigre Branco não foge de ter alguns (poucos) momentos morosos e um final que até considerei mitológico, numa estória muito próxima  ao conto de "Moby Dick" como o diretor assumira (outros poderão encontrar inspiração em “Encurralado” de Spielberg), apesar de o final mesmo ser uma cena de discurso de cunho filosófico sobre a derrota da Alemanha frente ao exército soviético, o destino de seu líder e o fim guerra onde o anti-semitismo e o fascismo permaneceriam. Algo que destoou do todo. 


Tigre Branco pode ser uma boa pedida pra quem curte filmes de guerra cuja ótica do conflito não seja a americana.  É um outro jeito de filmar, um outro ritmo e aqueles que estão acostumados a heróis com façanhas quase impossíveis no front de batalha poderão ter uma certa insatisfação com o modo mais realísticos de mostrar a guerra.  Uma boa oportunidade de conferir o cinema russo e ver que há muitas qualidades cinematográficas vinda deste país a serem descobertas.

Trailer:




Curiosidades:
O filme custou $11,000,000