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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

ATÉ QUE PROVEM A INOCÊNCIA - UNTIL PROVEN INNOCENT - 2009 - NOVA ZELÃNDIA



ERRO JUDICIÁRIO

1992,  David Dougherty (Cohen Holloway) vai a julgamento e é condenado pelo rapto e estupro de Kate Coburn (Holly McDonald), sua vizinha de apenas 11 anos.  A defesa apela e novamente David é condenado, mesmo com provas inconclusivas. Seu advogado, Murray Gibson (Peter Elliott),  resolve fazer uma petição ao governador geral. Entra em cena Donna Chisholm (Jodie Rimmer), repórter à procura de uma boa matéria. Ao conversar com David, ela passa a ter a convicção de que prenderam um inocente. Enquanto David amarga seus anos na prisão, a dupla passa a tentar rever provas e furos no processo que tinha como principal carta na manga o depoimento da menina que, mesmo vendada, o reconhecera e de uma doutora que, mesmo após o exame de DNA  ter dado negativo, manteve a convicção de que não podia dizer que David não havia sido o responsável.



Telefilme neozelandês, de 2009, que aborda um caso de condenação errônea. David aceita fazer todos os testes, mas erros processuais o levaram a amargar sua prisão. Não consegue entender porque fora acusado ou porque seus exames negativos não são considerados como prova irrefutável. Donna parece ser a tábua de salvação de David que já não acredita mais no sistema. Seu passado de problemas com a polícia o torna um suspeito ideal.


Até Que Provem a Inocência é um filme desconhecido do grande publico talvez devido ao seu pais de origem: Nova Zelândia. Poucos são os filmes desse país que chegam por aqui, mais voltado aos Estados Unidos  e filmes europeus. Donna, ao tentar defender David, começa a perder seus amigos que não acreditam que ela está defendendo um estuprador. Mas Donna é determinada. Descobre-se grávida, mas segue tentando a liberdade de David pelo senso de justiça. Ela sabe que se estiver errada sua carreira se encerra naquele ponto, mas a determinação do advogado de David e o próprio alegando justiça dão á repórter o combustível neessário para seguir adiante, mesmo que implique ficar contra todos. Donna e o advogado de David passam a fazer um nova investigação e descobrem que muitos profissionais, principalmente no exterior, acreditam que o teste de DNA negativo já seria suficiente. Um novo método de análise pode ser a esperança que David aguarda, mas o exame apenas o levará para um novo julgamento que pode deixa-lo atrás das grades.


Baseado em fatos reais ocorridos em 1992, que deixaram David Dougherty preso até sua soltura em 1997, o filme é conduzido em um ritmo cadenciado, mostrando as narrações da jovem atacada, mas evitando, acertadamente, mostrar a cena em si. A ideia foi mostrar o empenho da repórter e do advogado, ajudados por uma terceira pessoa (um cientista) que se conectava com médicos e outros cientistas para embasar a defesa.



Temos uma Donna vacilante, a ponto de desistir, parte por estar grávida e sofrer pressão do marido, parte por ver as portas se fechando para David, mas sua determinação falam mais alto. David é mostrado como um homem sem esperanças, amargurado e descrente do sistema que duas vezes o condenou injustamente. Admite já ter tido problemas com a polícia (o filme não entra em detalhes), mas o crime de que é acusado não é culpado. O Estado, de certa forma, não parece mais interessado em seu caso, nem o público. David sabe que é sua última cartada, mas a jovem que o acusa é firme em suas acusações que o incriminam.  O filme mostrará, por fim, o culpado e também que a jovem, mesmo com a inequívoca prova de DNA, acredita na culpabilidade de David. O filme deixa bem claro que Kate, não acusou David levianamente, ela sempre acreditou que ele fosse o culpado.


Até Que Prove a Inocência é um bom filme investigativo e um bom filme de tribunal. Por ser um telefilme não se deve esperar nenhuma superprodução ou gastos elevados. É um filme muito interessante e que agradará aqueles que gostam da temática erro judicial. Não é um primor de filme, mas não deixa que o espectador perca o interesse na trama.  Bom passatempo de um filme pouco conhecido.


Trailer:


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

O CASO DOS IRMÃO NAVES (1967) - BRASIL





“QUANTAS INJUSTIÇAS SE COMETEM EM NOME DA JUSTIÇA”
 
Cidade de Araguari, interior de Minas Gerais, 29 de novembro de  1937,  Benedito Pereira Caetano, sócio dos irmãos Joaquim (Juca de Oliveira)  e Sebastião Naves (Raul Cortez) vende um carregamento de arroz, que trouxera para a cidade,  por uma quantia vultuosa de 90 contos e 40 mil réis (era época dos réis). Em tempo atuais, mais de duzentos mil reais. Benedito hospeda-se na casa do primo Joaquim e, durante uma festa, vai embora da cidade sem avisar a ninguém. Com medo do desaparecimento do primo, que levava consigo o dinheiro e o medo de que sofrera algum ataque, os irmão Naves vão a delegacia prestar queixa.


Entra em cena o tenente (na função de delegado) da polícia Francisco Vieira dos Santos (Anselmo Duarte). Este resolve elucidar o caso da forma mais improvável possível: atribui a culpa aos irmãos acreditando que estes roubaram Benedito e que deram uma falsa queixa de desaparecimento, mesmo com o depoimento de um homem chamado Zé Prontidão que teria falado com Benedito e que seu patrão teria dado um emprego ao desaparecido por três dias. Com isso, inicia uma série de intimidações às testemunhas para que deponham ou mudem seus depoimentos de acordo com o que acredita ter acontecido. Os irmãos e seus parentes são torturados, inclusive a mãe dos acusados. As esposas são vítimas de tentativa de estupro e assassinato de seus filhos de colo. O filme poupa o espectador das reais agressões.

      
Enquanto estão presos, os irmãos são torturados de várias maneiras. Levados a locais ermos (no campo), sofrem novas torturas. Finalmente, um dos irmãos resolve confessar, imaginando seu irmão morto pelos algozes e pela exaustão de seu corpo diante das agressões.


Entra em cena o advogado João Alamy Filho (John Herbert) que tenta de todas as maneiras retirar os irmãos da cadeia, porém tendo seus pedidos de Harbea Corpus negados. Quando o julgamento absolve os acusados, um novo recurso é impetrado anulando o anterior. Novamente os irmãos saem vencedores e, mesmo assim, a justiça resolve determinar a sentença: 25 anos. 15 anos depois, o aparecimento de Benedito Caetano dá uma reviravolta no caso que ficou conhecido como "o maior erro judiciário do Brasil".

    

Os fatos narrados acima são de autoria da produção do filme, baseado no livro de João Alamy Filho, que teria se baseado em sua história e nos autos do processo. O filme é de 1967 e o período é 1937, época do Estado Novo de Getúlio Vargas (10/11/37 a 29/10/45). Um período de ditadura e supressão dos direitos civis. Neste conturbado período se encaixa a história dos Naves .


O caso dos Irmãos Naves é uma tradução às telas, de uma forma mais branda, de como homens inocentes e seus familiares sofreram torturas horríveis e deploráveis, lhes sendo negado qualquer investigação prévia séria. Mesmo clamando por inocência, sua vozes foram sufocadas e seus corpos mutilados até que seus espíritos foram vencidos pelo sentimento de desespero e obrigados a assinarem uma confissão fantasiosa. O filme é um líbero contra as injustiças. Um grito de liberdade daqueles que são inocentes, mas não podem prová-lo e que acabam cedendo a culpa para não mais sofrerem.


O filme, apesar de ser da década de 60, possui ainda hoje uma força incrível tanto em sua direção de Luís Sérgio Person como na atuação do quarteto  Juca de Oliveira,  Raul Cortez, Anselmo Duarte e John Herbert. Sem dúvida a escolha para os papéis foi mais do que acertada o que deu uma força adicional ao filme. O filme possui cenas de torturas, tribunal e narração em off. A alternância entre filme e documentário, devido a sua narrativa, deu o crédito que a produção precisou. 


          
É uma crítica ao totalitarismo que julga e condena sem provas. Um período que a juventude atual só conhece dos livros de história e uma boa oportunidade para conhecer um filme brasileiro de primeira linha e os costumes da época.



Reportagem do programa Linha Direta de 2003:





 

Curiosidades:
O filme venceu o festival de Brasília de 1967 nas categorias: Melhor Roteiro e  Melhor Atriz Coadjuvante (Lélia Abramo) e concorreu no Festival Grand Prix de Moscou.

Francisco Vieira dos Santos morreu de derrame 4 anos antes do encontro de Sebastião com Benedito.

Três meses da morte de Francisco Vieira, Joaquim Naves morre em um asilo, debilitado, em virtude das torturas.

Benedito alegou ter sido roubado e que fugiu por não ter como pagar as dívidas contraídas, além de não saber do caso, mas trocou de nome de modo oficial. 

Benedito foi  preso. Sua mulher e os dois filhos, que moravam em Goiás,  foram convocados para depor sobre o caso, mas o avião caiu matando todos. Benedito foi solto, desapareceu e não mais foi visto.

Em 1958 a mães dos irmãos naves, Dona Ana Rosa foi eleita a mãe do ano ganhando um colar de pérolas da então mulher de Juscelino Kubitcheck, sara Kubistechk.

Em 1960 o Estado de Minas Gerais foi condenado a pagar uma indenização 

Raul Cortez (1932-2006) faleceu aos 73 anos vítima de câncer

Anselmo Duarte (1920 -2009) faleceu aos 89 de AVC hemorrágico. Anselmo foi o único diretor brasileiro a ganhar a Palma de Ouro no festival de Cannes. em 1962. pelo filme "O Pagador de Promessas".

John Herbert (1929 -2011) faleceu aos 81 anos vítima de Enfisema Pulmonar

Houve uma moda de Viola intitulada "Erro Judiciário" de Sulino e Antônio Carlos que canta o episódio ocorrido. Esta versão é da dupla Leyde e Laura para o extinto programa da Tv Cultura "Viola Minha Viola."