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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

O GAVIÃO DO MAR / THE SEA HAWK (1940) - ESTADOS UNIDOS

UM DOS MELHORES DO GÊNERO

Século XVI. Espanha e Inglaterra estão em um momento de tensão e a Rainha Elizabeth I (Flora Robson) é advertida que o Rei Filipe II de Espanha (Montagu Love) pode estar tramando uma invasão e conquista de seu território. Apesar de manterem uma relação cordial, o capitão corsário  Geoffrey Thorpe (Errol Flynn) saqueia um navio espanhol que levava ouro e joias, além de libertarem os prisioneiros e levarem em seu barco todos os ocupantes, em especial o  embaixador Don José Alvarez de Cordoba (Claude Rains) e sua sobrinha Doña Maria (Brenda Marshall). Geoffrey se encanta pela bela jovem que, incialmente, o repudia por considerá-lo um simples bandido. Diante do protesto de Don José, Elizabeth I repreende publicamente Geoffrey e o adverte que tal prática implicará em morte, mas, secretamente, suspeita dos planos de Filipe permitindo que o pirata empreenda um ousado plano: navegar até o México e roubar um grande carga de ouro que os espanhóis vem confiscando dos Astecas. Geoffrey parte, secretamente, para o local sem saber que seus planos foram descobertos e que ele e toda a sua tripulação serão capturados e sentenciados, para desespero da Maria, que, após ter suas joias devolvidas pelo pirata descobriu-se apaixonada. 

Clássico capa e espada (apesar de piratas não usarem capas), O Gavião do Mar é tido como um dos melhores trabalhos de Erroll Flynn em parceria com o diretor húngaro, naturalizado estadunidense, Michael Curtiz (Mihaly Kertèsz). E, para entender o filme, precisamos entender o contexto em que ele foi criado. Ou seja, não é apenas um filme sobre piratas. Os produtores da (americana) Warner resolveram transformar a história de Rafael Sabatini, “The Sea Hawk”. O Roteirista Howard Koch (1901–1995) foi instruído a escrever o filme como uma mensagem pro-Inglaterra, que andava em seu primeiro ano de guerra contra a Alemanha.  Koch então  pegou uma historia do co-roteirista Seton I.Miller (1902–1974), sobre o capitão (corsário) Francis Drake, chamada "Beggars of the Sea” e misturou-a com a de Sabatini criando, assim, um novo argumento sobre pirataria na qual colocaram o capitão Geofrey ao lado dos ingleses lutando contra os desígnios imperialistas  do ambicioso Filipe de Espanha, que seria nada mais do que uma  analogia com a situação vivida naquele momento: os ecos da guerra que chegavam da Europa começavam a preocupar os Estados Unidos. E as analogias entre o rei espanhol e Hitler - preparando suas forças para invadir a Inglaterra são claras (ainda que não possam ser realmente comparadas), por força do já dito momento histórico. E a rainha, como que se transformando em uma espécie de Churchill, do século XVI, também pode ser percebida. Assim como a Inglaterra de Churchill, a de Elisabeth I não possuía um contingente bélico equiparável ao do inimigo; e em uma cena em que o monarca da Espanha olha para um mapa do mundo, relatando seus planos para conquistar tudo e se enfurecendo contra a Inglaterra como "uma ilha insignificante e rochosa" que está em seu caminho.

Os idos dos anos 40 eram uma época em que existiam poucos heróis, filmes de pirataria preenchiam com sucesso devastador  a necessidade de ação e aventura, das plateias do mundo inteiro. Era a Época de Ouro de Hollywood. O sucesso de “Capitão Blood” (1935) elevou imediatamente Erroll Flynn ao estrelado, aos 26 anos, e fez com que a Warner rodasse outro capa-espada baseado em livro do anglo-italiano Rafael Sabatini (que teve outras obras adaptadas também para o cinema como “Scaramouche” (1952) e o “Cisne Negro” (1942)). E o investimento foi alto: foram construídas em escala natural (e claro, com uso também de maquetes) duas galeras do século XVI / XVII que entram em combate e nos apresentam eletrizantes cenas de batalha naval. Podemos destacar também  a emboscada de Flynn e seus homens no pântano, além do duelo final com o vilão Lord Wolfingham (Henry Daniel). E, o melhor, é percebemos que não havia efeitos de digitalização para criar os barcos, a Warner inaugurou um novo galpão com tanques apropriados com um milhão de galões de água morna, capaz de reproduzir ondas e tempestades. E era absolutamente comum. Podemos adicionar à produção a ótima música de Erich Wolfgang Korngold indicada ao Oscar e a fotografia (em preto e branco) expressionista de Sol Polito. Nos anos 90 houve um movimento de colorizar vários filmes e O Gavião do Mar foi um deles. A colorização é uma excelente estratégia para alcançar um novo público avesso aos filmes “velhos”, mas precisamos ter em mente que um filme em preto e branco é projetado para ter a iluminação adequada aquele formato. A colorização tira esse brilho. E há a interessante utilização de tom sépia nas cenas do Panamá.

Quanto ao elenco, Errol Flynn sempre foi muito bem nos filmes de capa e espada, seja em um castelo, seja em um navio pirata; um tipo de herói explorado pelo cinema americano desde os primeiros filmes (mudos) de Douglas Fairbanks. Flynn virou sinônimo de pirataria: ágil e hábil para as cenas acrobáticas e duelos de espada. Era o pirata por excelência.  E a dupla Curtiz-Flynn fez treze filmes juntos, entre eles “Capitão Blood”, “Carga da Brigada Ligeira” e “As Aventuras de Robin Hood”. Claude Rains (Don Jose Alvarez) convenceu como um aristocrata espanhol assim como convenceu como o capitão francês no filme “Casablanca” (talvez o maior sucesso do diretor Michael Curtiz). A “Elizabeth” de Flora Robson (1902-1984) muito pouco ou quase nada tinha a ver com a que Bette Davis interpretara, um ano antes em "Meu Reino por Amor", também de Curtiz, com Flynn vivendo o conde de Essesx, amor impossível da rainha. Desta feita, só há um amor platônico. Mas seu papel de “rainha que finge que não aprova” que a galera inglesa “Albatrós” combata os espanhóis a seu serviço lhe caiu como uma luva. Inclusive na versão do filme lançada na Inglaterra, a rainha tem um discurso antinazista condenando a ambição das grandes nações: "Quando a ambição de um homem quer engolfar o mundo, é uma solene obrigação dos homens livres defender sua liberdade, e o solo onde vivemos". A atriz Brenda Marshall (futura senhora William Holden) fez a sobrinha do espanhol Don Jose de um modo bem doce, típico dos anos 40, mas que agrada muito aos que gostam de produções dessa época. Henry Daniel tem um confronto (obrigatório) de espadas contra Flynn que resgata aquela nostalgia de quem procura essas produções. Quanto ao diretor Curtiz, fez mais de 100 filmes em 35 anos de carreira, dirigiu, logo na estreia hollywoodiana, Bette Davis e Spencer Tracy em “O Gênio do Mal”. Em 1947 deu a Joan Crowford o Oscar por “Alma em Suplicio” que Bette Davis poderia ter recebido senão tivesse recusado o papel. Encerrou a trajetória em 1961 com John Wayne em “Os Comancheros”. E dirigiu o filme símbolo de Hollywood: “Casablanca”.


Indicado a 4 Oscars, O Gavião do Mar até hoje é celebrado como um dos melhores filmes do gênero. Uma pena que seja outro daqueles filmes relegados a quem garimpa na internet, pois é uma produção que ainda agrada nos diais atuais para quem era criança ou adolescente entre os anos 70 e 90 (início) quando era exibido na Sessão da Tarde (foi também na TV Tupi) e  nas madrugadas da Globo e, claro, para quem os assistiu no cinema. Um filme que merecia novas exibições por parte das emissoras seja em preto e branco ou colorizado.

 

Trailer:




Curiosidades:

Basil Rathbone, que já havia lutado com Errol Flynn em O Capitão Blood (1935) e As Aventuras de Robin Hood (1938), recusou o papel de Lord Wolfingham;

 Disponível, até o presente momento, no YOUTUBE em versão legendada;

Em 1943, um cinema de Detroit exibiu este filme com aromas, incluindo o cheiro de alcatrão para invocar o ambiente de um navio de madeira;

Henry Daniell não sabia esgrimir. O duelo clímax teve que ser filmado usando um duplo e habilidoso entrecortado; 

As cenas da carruagem de Dona Maria (Brenda Marshall) viajando pelo campo foram tiradas de David Copperfield (1935). O filme teve que ser escurecido para disfarçar o fato de que a carruagem retratada era claramente muito moderna para o cenário elisabetano deste filme;

Os figurinos lindamente elaborados foram feitos para o filme de Errol Flynn, Meu Reino Por um Amor (1939). Reutilizá-los economizou uma enorme quantia de dinheiro para a Warner Brothers, já que os figurinos foram muito pesquisados, meticulosamente criados e muito caros; 

A Warner Brothers construiu um enorme palco então conhecido como Palco Marítimo. Tinha um tanque interno que podia ser inundado. O palco era grande o suficiente para abrigar dois veleiros de tamanho normal posicionados lado a lado. Um mecanismo de pano de fundo especialmente construído simulava realisticamente as ondas. O palco, numerado 21, era, na época, o maior palco sonoro do lote da Warner Brothers e o segundo maior em Hollywood, perdendo apenas para o “Stage 15” da MGM. O Palco Marítimo foi destruído por um incêndio em 1951;

O papel de Doña Maria foi destinado a Olivia de Havilland, mas ela estava cansada de estar em filmes de “swashbuckling movies” (subgênero do gênero filme de ação, muitas vezes caracterizado por luta de espadas e personagens heroicos aventureiros. e aceitou outra oferta, então Brenda Marshall foi chamada para substituí-la;

Dame Flora Robson não estava disposta a assumir o papel da rainha Elizabeth I por causa de uma oferta de teatro que chegou a ela na mesma época. O diretor Michael Curtiz finalmente a convenceu a fazer o filme, prometendo filmar suas cenas primeiro para que ela pudesse assumir o papel no palco;

A essa altura, Errol Flynn era a principal estrela masculina do estúdio, trazendo mais bilheteria do que qualquer outro na lista, mas ele sentiu que não recebeu o mesmo tratamento respeitoso que alguns de seus colegas. Flynn sempre se sentiu maltratado pelo estúdio e estava em desacordo frequente com Jack L. Warner, que dirigia a operação da Costa Oeste. Warner, por sua vez, estava cansado dos constantes problemas que tinha com sua estrela. Tentando assustá-lo, o estúdio testou o ator contratado Dennis Morgan para o papel, mas nunca seria o filme de outra pessoa além de Flynn - e ele sabia disso;

Flora Robson anteriormente interpretou a rainha Elizabeth I em "Fogo Por Sobre a Inglaterra" (1937), que também retratou a Armada Espanhola;

Este filme é uma versão da história de Seton I. Miller "Beggars of the Sea", e como tal é radicalmente diferente do romance e filme original "Sea Hawk" (The Sea Hawk (1924));

Este filme foi colorido digitalmente em 1991. Versões coloridas foram transmitidas na televisão americana e distribuídas em VHS, mas apenas as versões em preto e branco, editadas (uma hora e quarenta e nove minutos) e restauradas/sem cortes (duas horas e sete minutos), foram lançadas em formatos de DVD. Atualmente, não há planos para lançar a versão colorida digitalmente em DVD;

Devido à falta de um palco grande o suficiente para acomodar os navios em grande escala usados ​​na produção, o estúdio construiu um novo palco que cobria um tanque de água de lago artificial especialmente construído. Os navios tinham cento e sessenta e cinco pés e cento e trinta e cinco pés e estavam cercados por água de doze pés de profundidade;

Lord Wolfingham, o vilão deste filme, foi baseado em Lord Francis Walsingham - uma calúnia infeliz para um grande patriota. Lord Walsingham era um dos conselheiros mais próximos da rainha Elizabeth I e nunca a teria traído;

Este foi um dos filmes favoritos de Winston Churchill;

Este filme é o filme pirata em preto e branco que Sloth (John Matuszak) assiste na televisão em “Os Goonies” (1985);

Estreia no cinema, sem créditos, de Whit Bissell (Guarda do Portão na Entrada do Palácio). Bissell fez o General Kirk no seriado "Túnel do Tempo";

Muitas das cenas de batalha foram tiradas do filme de Errol Flynn, Capitão Sangue, de 1937;

A cena na "galera espanhola com escravos remadores" lembra a cena de Charlton Heston em Ben Hur, feito anos depois;

O filmes feitos pela dupla Curtiz-Flynn: A Noiva Curiosa (1935); O Capitão Blood (1935); A Carga de Cavalaria Ligeira (1936); O Homem Perfeito (1937); As Aventuras de Robin Hood (1938); Meu Reino Por um Amor (1939); Uma Cidade que Surge (1939); Caravana de Ouro (1940); O Gavião do Mar (1940); A Estrada de Santa Fé (1940);  Demônios do Céu (1941); Show-Business at War (1943 - documentário) e Mademoiselle Fifi (1949); 

Flora Robson foi indicada ao Oscar pelo filme Mulher Exótica (1945);

O nome de batismo de Brenda Marshall é Ardis Ankerson;

Errol Flynn faleceu aos 50 anos de ataque cardíaco;

Brenda Marshall faleceu aos 76 anos em decorrência de um câncer de garganta;

Claude Rains foi indicado quatro vezes ao Oscar: A Mulher Faz o Homem (1939); Casabalnca (1942);  Vaidosa (1944); Interlúdio (1946). O ator faleceu aos 77 anos em decorrência de uma hemorragia abdominal;

Flora Robson faleceu aos 82 em decorrência de um câncer;

Henry Daniell (Charles Henry Pywell Daniell) faleceu aos 69 anos de ataque cardíaco.



Cartazes:








Filmografia Parcial:

Errol Flynn  (1909–1959)







A Noiva Curiosa (1935); O Capitão Blood (1935); A Carga de Cavalaria Ligeira (1936); Luz de Esperança (1937); O Príncipe e o Mendigo (1937); O Homem Perfeito (1937); As Aventuras de Robin Hood (1938);  Amando Sem Saber (1938); Patrulha da Madrugada (1938); Meu Reino Por um Amor (1939); Uma Cidade que Surge (1939); Caravana de Ouro (1940); O Gavião do Mar (1940); A Estrada de Santa Fé (1940); Demônios do Céu (1941); O Intrépido General Custer (1941); Fugitivos do Inferno (1942); O Ídolo do Público (1942); Perseguidos (1943); Um Punhado de Bravos (1945); Cidade sem Lei (1945); Mansão da Loucura (1947); Sangue e Prata (1948); As Aventuras de Don Juan (1948); A Glória de Amar (1949); Aventuras do Capitão Fabian (1951); Contra Todas as Bandeiras (1952); Minha Espada, Minha Lei (1953);  Ousadia de Valente (1954); O Príncipe Negro (1955); E Agora Brilha o Sol (1957); O Gosto Amargo da Glória (1958); Raízes do Céu (1958); Cuban Rebel Girls (1959)

 

Claude Rains (1889–1967)







O Homem Invisível (1933); Crime Sem Paixão (1934); Corações Divididos (1936); O Príncipe e o Mendigo (1937); As Aventuras de Robin Hood (1938); Tornaram-me um Criminoso (1939); Filhas Corajosas (1939); Quatro Esposas (1939); O Gavião do Mar (1940); Que Espere o Céu (1941); O Lobisomem (1941); Casablanca (1942); O Fantasma da Ópera (1943); Passagem Para Marselha (1944); César e Cleópatra (1945); Interlúdio (1946); Neve e Sangue (1950); O Corsário Maldito (1951); Lisboa (1956); O Vale das Paixões (1959); O Mundo Perdido (1960); O Planeta dos Desaparecidos (1961); Lawrence da Arábia (1962); A Maior História de Todos os Tempos (1965) 

  

Flora Robson (1902–1984) 







A Rainha Imortal (1934); Fogo Por Sobre a Inglaterra (1937);  Adeus ao Passado (1937); O Morro dos Ventos Uivantes (1939); Não Estamos Sós (1939);  Homens Marcados (1939); O Gavião do Mar (1940); A Ilha dos Amores (1941); Mulher Exótica (1945); César e Cleópatra (1945); Narciso Negro (1947);  Sarabanda (1948); Heróis de Malta (1953); Romeu e Julieta (1954); Por Amor Também se Mata (1958); 55 Dias em Pequim (1963);  Os Rifles de Batasi (1964); Esses Maravilhosos Homens e suas Máquinas Voadoras (1965);  O Olho do Diabo (1966); Tortura de um Pesadelo (1970); As Aventuras de Alice no Mundo das Maravilhas (1972); Dominique (1979); Fúria de Titãs (1981)


Brenda Marshall (1915–1992)







A Ilha Sinistra (1939); Agente de Espionagem (1939); O Gavião do Mar (1940); A Mulher e o Dinheiro (1940); Ao Sul de Suez (1940); Caminhando nas Sombras (1941); Mulher Fatídica (1941); Corsários das Nuvens (1942); Mercado Negro (1942) Paris nas Trevas (1943); Pesadelo Horrível (1946); Abutres Humanos (1948); Pista Cruenta (1950)


Henry Daniell (1894–1963)







Ciúmes (1929); O Segredo de Lady Helen (1936); A Dama das Camélias (1936);  Madame X (1937); Maria Antonieta (1938); O Gavião do Mar (1940);  O Grande Ditador (1940); Núpcias de Escândalo (1940); Ceia Fatal (1941); 4 Valetes e uma Dama (1942); Castelo do Deserto (1942);  Sherlock Holmes e a Voz do Terror (1942); Uma Aventura em Paris (1942); Horas de Tormenta (1943); Jane Eyre (1943) O Túmulo Vazio (1945); Capitão Kidd (1945); O Filho de Robin Hood (1946); Sonata de Amor (1947); O Exilado (1947); Atlântida, O Continente Perdido (1949); O Segredo de Saint Ives (1949); A Rainha dos Piratas (1950); O Egípcio (1954); O Filho Pródigo (1955); Diana da França |(1956) Sede de Viver (1956); E Agora Brilha o Sol (1957) A História da Humanidade (1957); Testemunha de Acusação (1957); Da Terra à Lua (1958); O Mistério das Caveiras (1959); Viagem ao Fundo do Mar (1961); Os Comancheros (1961); Cinco Semanas num Balão (1962); O Grande Motim (1962); Minha Bela Dama (1964)

sábado, 5 de maio de 2018

A MARCA DO ZORRO / THE MARK OF ZORRO (1974) - ESTADOS UNIDOS



UM ZORRO NA MEDIDA

Nos idos de 1840, Don Diego (Frank Langella) é mandado a Espanha para estudos onde se torna um exímio espadachim. Ao saber que as coisas não andam boas nas terras de seu pai, ele retorna à Califórnia para fazer uma visita e ficar a par dos acontecimentos. Quando chega na casa do Alcaide, que era de seu pai, percebe que esta está agora ocupada por um tirano chamado Don Luis Quintero (Robert Middleton) e sua esposa Inez (Louise Sorel) e que são assessorados pelo impiedoso Capitão Esteban (Ricardo Montalban). Don Diego rapidamente muda de postura e se apresenta como um homem que frequenta a requintada corte da Espanha e adepto de frivolidades, pouco interessado nos acontecimentos fora de seu meio. Ao chegar em casa conversa com sua mãe Isabella (Yvonne De Carlo) e encontra o seu pai Don Alejandro Vega  (Gilbert Roland) cercado de proprietários de terra que desejam depor Quinteiro. Don Diego percebe que deve manter a farsa e, diante da recusa de seu pai em abraçar a causa, resolve usar as vestimentas do Zorro, um herói lendário quase esquecido.



Versão para tv, em papel carbono, do clássico, A Marca do Zorro,  de 1940 interpretado por Tyrone Power. Este novo A Marca do Zorro trouxe como protagonista Frank Langella que vinha de elogiados papéis na Broadway e que em 1979 faria o também elogiado Drácula. O diretor  Don McDougall (1917–1991) sempre esteve a frentes das câmeras em filmes para tv  e episódios de séries ("Mulher Maravilha", "Planeta dos Macacos", "O Homem de Seis Milhões de Dolares", "Bonanza"...) e em 1h e 18min resolveu refilmar um clássico. E até que se saiu muito bem. McDougall deu um bom ritmo, apoiado em um montagem dinâmica e auxiliado por um elenco bem afinado.


A História é bem clássica: Em um lugar de tirania, surge um justiceiro mascarado munido de uma vestimenta negra, uma grande habilidade no manejo da espada e um cavalo veloz. A ideia era até interessante: revitalizar a série "Zorro" que fizera estrondoso sucesso com Guy Williams com um chamado "backdoor pilot" que é quando se realiza um telefilme e se este possuir uma audiência for boa, pode ser transformado em série. Nessa categoria nem todos os personagens podem ser aproveitados na série, ou seja, é uma tentativa de lançar um filme e ver se aquele personagem (já existente) ainda é atrativo o suficiente para gerar uma nova franquia e aí poderá vir em outro modelo e atores. Diferente de um episódio piloto que é  a produção do primeiro episódio de uma série e apresentado a emissora que pode dar o aval ou não para a continuidade.


Este Zorro tem fatores bem interessantes que os distingue dos demais: é mais sério, ao contrário das versões anteriores que usavam o humor em algumas cenas. Frank Langella está ótimo e consegue até nos fazer esquecer do ótimo trabalho de Tyrone Power. Ele é um Don Diego engraçado e um Zorro sério. O mexicano Ricardo Montalban sempre entregou ótimas performances. Durante boa época foi uma espécie de "Latin Lover" do cinema, mas para quem o assistiu entre os anos 70 e 80 se lembrará dele como o Sr Roarke, do memorável seriado "Ilha da Fantasia  (1977-1984), além do inesquecível vilão de "Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan". Comparar Montalban com Basil Rathbone,  da versão de 1940, é muito complicado. Ambos tem suas qualidades reconhecidas por gerações distintas, mas ainda Montalban esteja ótimo, Basil teve um roteiro melhor para desenvolver seu personagem (até porque a versão de 40 é um longa para o cinema). Yvonne De Carlo (1922–2007) foi uma conhecidíssima atriz dos anos de ouro de Hollywood, mas o "mais novos" se lembrarão dela no famoso seriado "Os Monstros" da década de 60 e no mega sucesso "Os 10 Mandamentos" (1956) como Sephora. A grande surpresa fica pela personagem Teresa vivida ainda pela jovem Anne Archer (a esposa do personagem de Michael Douglas em "Atração Fatal"). Alguns poderão achar o rosto de  Gilbert Roland  (1905–1994) conhecido, provavelmente pelo filme "A Virgem de Fátima" (1952). O restante do elenco está bem, mas faltou a presença do criado mudo que auxilia Zorro em busca de sua justiça: Bernardo. Mas a baixa duração provavelmente foi um fator decisivo para não agregar mais um personagem à estória


O nome Zorro (que significa "raposa" na tradução) recebe essa alcunha devido o personagem mover-se como o animal, esgueirando-se de seus inimigos com astúcia. E não foram poucos que encarnaram os personagens: Alain Delon, Douglas Fairbanks, Guy Williams, Antonio Bandeiras, Tyrone Power ... além de centenas de filmes de várias nacionalidades com o herói. Houve, inclusive,  no Brasil um seriado com o personagem: "As Aventuras do Zorro" (1969) estrelada por José Paulo de Andrade com a participação de Jardel Filho e Suely Franco. Até Batman foi inspirado neste famoso personagem. Quando Bruce Wayne vê os pais sendo assassinados ele saíra de uma seção de "A Marca do Zorro" com Tyrone Power. Mesmo com Antonio Bandeiras dando uma revitalizada na franquia alguns heróis perderam espaço, mesmo que volta e meia Hollywood tente adaptá-los, sem muito interesse do público, como "Tarzan", "O Fantasma", "O Sombra", 'Simbad", "Robin Hood" ... Por isso os filmes antigos ainda conseguem manter aquela aura de magia que o mundo atual de armas de destruição não possui mais. Aquela ingenuidade do herói que resolvia tudo na espada (e as vezes com uma pistola antiga) não volta mais e a nova geração tem seus próprios heróis mais adaptados a realidade.



Esta versão televisiva de ainda pode manter o interesse daqueles que sentem saudades de um herói de outra época. Sua motivação é universal: um combatente contra as injustiças. Quando vemos um herói atual com uma fantasia combatendo vilões não há como não imaginar que lá no fundo tem alguma essência do Zorro. Filme que vale a pena ser revisto pelo capricho com que cuidaram do personagem, por ser divertido, ter uma estória fiel ao personagem, um pouco tempo de projeção que ajudou muito e um elenco muito bom que deu a consistência que o filme precisava. Para os saudosos da "Sessão da Tarde" que apresentava filmes com ótimas dublagens

Curiosidades

Alcaide era o antigo governador de uma província ou comarca

Frank Langella fez o esqueleto no filme Mestres do Universo (He-Man)


Frank Langella - Mestres do Universo












 Yvonne De Carlo no seriado "Os Monstros"

















Ricardo Montalban em A Ilha da Fantasia



















Filmografia Parcial:

Frank Langella: 














A Marca do Zorro (1974); Drácula (1979); Mestres do Universo (1987), 1492: A Conquista do Paraíso (1992); Dave, Presidente por um Dia (1993); Brainscan: Jogo Mortal (1994); Má Companhia (1995); A Ilha da Garganta Cortada (1995); Eddie, Ninguém Segura esta Mulher (1996); O Último Portal (1999); Doce Novembro (2001); Reflexos da Amizade (2004); Parceiros no Crime (2005); Boa Noite e Boa Sorte (2005); Superman: O Retorno (2006); Frost / Nixon (2008); Entre Segredos e Mentiras (2010); Desconhecido (2011); Frank e o Robô (2012); A Grande Luta de Muhammad Ali (2013); A Grande Escolha (2014); Encontro Marcado (2014); Grace de Mônaco (2104); O Mistério de Stella (2015); Capitão Fantástico (2016); The Americans (seriado 2015 a 2017);  Kidding (seriado 2018 a 2020); The Trial of the Chicago 7 (2020)

Ricardo Montalban (1920–2009)
















Os Três Mosqueteiros (1942); Beijou-me um Bandido (1948); O Preço da Glória (1949); Quando Canta o Coração (1950); A Marca do Renegado (1951); Assim São os Fortes (1951); México de Meus Amores (1953); A Espada Sarracena (1954); Rainha da Babilonia (1954); Sayonara (1957); Algemas Partidas (1960); Rashomon (1960); O Pirata Negro (1961); Mercado de Corações (1963); Crepúsculo de Uma Raça (1964); Madame X (1966); Joaquim Murietta (1968); Charity, Meu Amor (1969); Fuga do Planeta dos Macacos (1971); A Conquista do Planeta dos Macacos (1972); A Marca do Zorro (1974); Marujos Intrépidos (1977); Jornada nas Estrelas II - A Ira de Khan (1982); Ilha da Fantasia (seriado 1977-1984);  Um Rally Muito Louco (1984); Corra Que a Polícia Vem Aí! (1988); Pequenos Espiões 2: A Ilha dos Sonhos Perdidos (2002); Pequenos Espiões 3-D: Game Over (2003)    

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

LADYHAWKE, O FEITIÇO DE AQUILA / LADYHAWKE (1985) - ESTADOS UNIDOS



A AURORA E O CREPÚSCULO

O filme se inicia no século XIII, com  Phillipe Gaston (Matthew Broderick), o rato, sendo  o primeiro preso a fugir das masmorras de Áquila. O bispo (John Wood) solicita ao seu capitão da guarda, Marquet (Ken Hutchison), que o recapture. O jovem consegue alguma vantagem, mas logo  é alcançado pelo guardas. Eis que surge um cavaleiro (Rutger Hauer) vestido de negro, em um cavalo de mesma cor, trazendo em seu braço um falcão. O cavaleiro, chamado Etienne Navarre, luta com os guardas e foge com o garoto. 


Quando chega o entardecer, Etienne solicita ao jovem que cuide de seu cavalo e vá buscar lenha. Na floresta, Gaston é perseguido por um enorme lobo negro. Ao tentar pedir ajuda ao cavaleiro,  é surpreendido por uma linda e misteriosa mulher (Michelle Pfeiffer), de capuz, que lhe impede de matar o lobo. Minutos depois Gaston a vê desaparecer  na mata com o animal. 


Ladyhawke foi um enorme sucesso em seu lançamento. Um conto de fadas medieval mesclado a uma aventura mitológica, uma fábula sobre o amor, com boas cenas de luta, cenários reais (o diretor abriu mão de cenários artificiais e as filmagens foram feitas em três castelos na Itália), efeitos e uma trilha sonora assinada por Alan Parsons (Alan Parsons Project, dos famosos hits "Eye in the Sky" e "Time") que utilizou uma sonoridade pop, com uso de sintetizadores.


Existem cenas belíssimas tais como: o momento em que ambos se tocam, o lobo no gelo e o duelo de espadas. Sua qualidade de filme atemporal lhe permite uma longevidade que ainda hoje é bem vista. Essa belíssima estória (escrita por Edward Khmara) de amor clássica, amparada em um roteiro inovador e a elogiada  direção de  Richard Donner  ("A Profecia", “Superman 1 e 2”, “Goonies” e os “Máquina Mortífera”), deu um status de filme cult a essa produção. 


A química entre Hauer (Etienne) e Pfeiffer (Isabeau d'Anjou) foi o grande destaque desse filme, amparado por um Matthew Broderick (que no ano seguinte faria o clássico juvenil Curtindo a Vida Adoidado) inspiradíssimo e por Leo McKer (o padre) com uma atuação na medida certa, tendo apenas com ressalva a trilha de Alan Parsons, que destoa do clima, chegando a soar estranho em alguns momentos. Como exemplo, podemos citar a abertura, embalada por sintetizadores eletrizantes, mas que fica parecendo uma longa abertura de um seriado  francês da década de 80, chamado "Guilherme Tell" que era exibido pela extinta Rede Manchete. 


A estória é universal. O filme, muitas vezes, parece uma produção de capa e espada antiga e, mesmo trinta e poucos anos depois, ainda seduz muitas pessoas que gostam de uma história de amor verdadeiro, situado  na época medieval, com toques de magia e final feliz.


Trailer:




Curiosidades:

Richard Donner convidou Kurt Russell para o papel de Navarrre e Hutger Hauer para o papel de capitão da guarda. O papel não interessou a Hauer. Quando Russel não pode aceitar o papel, Hauer ficou com o personagem.

Sean Penn e Dustin Hoffman foram cogitados para o papel de  Phillipe Gaston.

A ave do filme é da espécie Búteo-de-cauda-vermelha (red-tailed hawk), sendo nativa dos Estados Unidos e não da Europa. Foram utilizadas várias aves durante o filme.

Os castelos cedidos para as filmagens pertencem ao diretor italiano Luchino Visconti ("Morte em Veneza" e "O Leopardo") e familiares.

Áquila é o nome latin para Águia.

Edward Khmara que escreveu a estória, escreveu em seguida "Inimigo Meu" (1985).
 

Foram importados quatro lobos siberianos, maiores que os lobos europeus.

O filme custou $ 20.000,00.

Quando o produtor e diretor Richard Donner estava considerando Dustin Hoffman para o papel de Philippe Gaston, ele tinha Sir Sean Connery em mente para o papel do capitão Etienne Navarre.

Foi indicado a 2 Oscars: Melhor Edição de Som e Melhor Mixagem de Som

Spike II, o falcão apresentado neste filme, trabalhou no Universal Bird Show até 2000, quando foi transferida para a sociedade National Audubon e tornou-se embaixadora do Audubon até morrer em maio de 2007. Outro falcão foi usado para cenas de voo e outro sentar no braço de Rutger Hauer. Um gostava tanto da companhia de Hauer que arrepiava suas penas quando sentado em seu braço, fazendo com que parecesse mais uma galinha.

Baseado em fatos geográficos, históricos e astronômicos, a ação deste filme presumivelmente se passa em 1386, na Itália, trinta e seis anos após a Peste Negra. No entanto, embora um eclipse total real tenha ocorrido do sul da França para a Itália em 1º de janeiro de 1386, o diálogo refere-se especificamente às Cruzadas e não há nenhum sobre a Peste Negra - e o marketing do filme indicou que este filme ocorre durante o século XIII. No entanto, como este filme é uma obra de ficção completa, nada disso importa.

O produtor e diretor Richard Donner disse que considerou o cantor Mick Jagger para o papel do Bispo.

Filmografia Parcial:

Rutger Hauer (1944-2019)

 








Louca Paixão (1973); Conspiração Violenta (1975); Soldado de Laranja (1977); Os Falcões da Noite (1981); Blade Runner, O Caçador de Andróides (1982); O Casal Osterman (1983); Uma Raça a Parte ou O Senhor das Águias (1984) O Feitiço de Áquila (1985); Conquista Sangrenta (1985); A Morte Pede Carona (1986); Exterminador Implacável (1987); A Lenda do Santo Beberrão (1988); Fuga de Sobibor (1987); Fúria Cega (1989); Aliança Mortal (1991); O Destruidor (1992); A Nação do Medo (1994); Sobrevivendo ao Jogo (1994); Omega Doom (1996); Linha Vermelha (1997); Sin City: A Cidade do Pecado (2005); Batman Begins (2005); O Ritual (2011); Dracula 3D (2012); Escorpião Rei 4: Em Busca do Poder (2015); WAX: We Are the X (2015), Beyond Valkyrie: Dawn of the 4th Reich (2016), Drawing Home (2016), Missão: Amsterdam (2017), Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (2017), Um Dia para Viver (2017), The Broken Key (2017), Sansão (2018), Channel Zero (seriado 2018 - 6 episódios), Corbin Nash (2018), Os Irmãos Sisters (2018), A Sonata Maldita (2018), A Máscara de Ferro (2019), Ecstasy (2019)

Michelle Pfeiffer
 

 









Quando o Amor Renasce (1980); Charlie Chan e a Rainha Dragão (1981); As Crianças Que Ninguém Queria (1981); Callie & Son (1981); Grease 2: Os Tempos da Brilhantina Voltaram (1982); Scarface (1983); Um Romance Muito Perigoso (1985); Ladyhawke - O Feitiço de Áquila (1985); As Bruxas de Eastwick (1987); As Amazonas na Lua (1987); De Caso com a Máfia (1988); Conspiração Tequila (1988); Ligações Perigosas (1988); Susie e os Baker Boys (1989); A Casa da Rússia (1990); Frankie & Johnny (1991); Batman: O Retorno (1992); A Época da Inocência (1993); Lobo (1994); Mentes Perigosas (1995); Íntimo & Pessoal (1996); Nas Profundezas do Mar Sem Fim (1999); Revelação (2000); Hairspray: Em Busca da Fama (2007); Sombras da Noite (2012); Mãe! (2017); Assassinato no Expresso do Oriente (2017); Homem-Formiga e a Vespa (2018), Vingadores: Ultimato (2019); Malévola 2: Dona do Mal (2019), Saída à Francesa (2020), The First Lady (série - 2022), Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (2023)


Matthew Broderick












A Volta de Max Dugan (1983); Jogos de Guerra (1983); O Feitiço de Áquila (1985); Curtindo a Vida Adoidado (1986); Projeto Secreto - Macacos (1987); Metido em Encrencas (1988); Negócios de Família (1989); Tempo de Glória (1989); Um Novato na Máfia (1990); O Fantástico Mundo do Dr. Kellogg (1994); O Pentelho (1996); Godzilla (1998); Conte Comigo (2000); Um Natal Brilhante (2006); Roubo nas Alturas (2011); O Lado Americano (2016); The Gettysburg Address (2017); Look Away (2017); To Dust (2018).

domingo, 27 de agosto de 2017

O PRISIONEIRO DE ZENDA / THE PRISONER OF ZENDA (1952) - ESTADOS UNIDOS

           

BOA ADAPTAÇÃO

Rudolf Rassendyll (Stewart Granger) é um lorde inglês, em férias, que chega ao reino (fictício) da Ruritania para o coroamento de seu primo Rudolf V (Stewart Granger) que nunca vira antes e que virá a ser coroado rei. Rudolf V tem muitos inimigos que não desejam ver sua coroação, entre eles seu irmão Michael, o Duke de Strelsau (Robert Douglas) que deseja o trono. A semelhança entre os dois Rudolf é incrível e quando o futuro rei é drogado para que não compareça  à cerimônia, seu primo entra em cena, pois caso contrário seu irmão Michael, pela tradição, será o  coroado. Rassendyll faz com que tudo ocorra como previsto, mas surge algo novo: Rupert de Hentzau (James Mason), um homem ambicioso, sequestra o verdadeiro rei e planeja junto com Michael como se livrar dos dois. O “novo” rei tentará manter a coroa, resgatar o verdadeiro rei sem que ninguém perceba a troca e ainda lidar como uma súbita paixão que surgiu junto à futura esposa do rei.


Aventura de capa e espada dirigida por um cineasta bem tarimbado no assunto: Richard Thorpe e com Stewart Granger em papel duplo. O Prisioneiro de Zenda é uma adaptação do livro de Anthony Hope e a terceira versão para o cinema, a primeira a cores, sendo esses um dos vários  motivos para o seu sucesso.


A história do sósia que se passa por rei e salva o reinado dos homens maus é antiga, mas normalmente rende filmes interessantes. Esta versão de 1952 é uma das melhores porque tem um bom elenco, com um ótimo Mason como vilão, aventura, romance  e uma direção competente. Elementos a destacar não faltam: o romance entre Granger e Deborah Kerr, que estranha a mudança pra melhor em seu futuro rei e se apaixona perdidamente; o ardiloso Mason que deseja poder e dinheiro e, ao descobrir a mudança, fará de tudo para alcançar seu objetivo, a cena da dança onde o maestro para várias vezes a música e o clímax final que culmina em um ótimo duelo de espadas,  muito bem realizada, algo que o diretor sabia fazer com maestria (quem viu "Os Cavaleiros da Távola Redonda" e "Ivanhoé", ambos com  Robert Taylor, vai se lembrar).



Stewart Granger foi um dos grandes nomes de Hollywood com bons filmes como "Scaramouche" (1942) e "As Minas do Rei Salomão" (1950), conseguiu passar a impressão de que estávamos diante de duas pessoas diferentes. Deborah Kerr foi outra atriz conhecida de filmes como "O Rei e Eu" e "A Um Passo da Eternidade" fez uma princesa que não sabia que se apaixonara por um plebeu. James Mason teve também ótimos filmes no currículo como    "A Raposa do Deserto" e  "Viagem ao Centro da Terra". Granger e Kerr vinham da grande produção "As Minas do Rei Salomão". Manson e Kerr estrelaram "O Castelo do Homem Sem Alma". Esse trio conseguiu segurar o filme até o fim onde o espectador aguardava que os dois protagonistas se enfrentassem e decidissem seus destinos.


O Prisioneiro de Zenda é um ótimo filme de aventuras para se descobrir ou redescobrir. Para poder apreciar como eram feitos os filmes de aventura sem efeitos especiais: tudo suportado apenas por grandes interpretações e histórias bem conduzidas. Passatempo divertido que ainda prende a atenção.


Curiosidades:

O Nome de batismo de  Stewart Granger era James Leblanche Stewart

O Nome de batismo de Deborah Kerr era Deborah Jane Kerr-Trimmer


James Mason foi indicado três vezes ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante: Nasce Uma Estrela (1954); Georgy, a Feiticeira (1966) e O Veredicto (1982).

Deborah Kerr foi indicada 6 vezes ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante: Meu Filho (1949); A Um Passo da Eternidade (1953); O Rei e Eu (1956); O Céu é Testemunha (1957); Vidas Separadas (1958) e Peregrino da Esperança (1960). 


Filmografia Parcial:
Stewart Granger (1913–1993)

 









Galante Rendição (1944); Madona das Sete Luas (1945); César e Cleópatra (1945); Espadas e Corações (1946); Sarabanda (1948); As Minas do Rei Salomão (1950); Scaramouche (1952); O Prisioneiro de Zenda (1952); Salomé (1953); A Rainha Virgem (1953); Todos os Irmãos Eram Valentes (1953); Tentação Verde (1954); O Tesouro de Barba Rubra (1955); A Arma de um Bravo (1957);  A Última Caçada / Caçada Final (1956); A Encruzilhada dos Destinos (1956); Fúria no Alaska (1960); Sodoma e Gomorra (1962); O Espadachim de Siena (1962); Flechas Ardentes (1965); O Último Safári (1967); O Cão dos Baskervilles (1972); Os Selvagens Cães de Guerra (1978).

Deborah Kerr (1921–2007) 

 









O Castelo do Homem Sem Alma (1942); Um Estranho na Escuridão (1946); Narciso Negro (1947); Mercador de Ilusões (1947); Inverno D'Alma (1947); Meu Filho (1949); As Minas do Rei Salomão (1950); Quo Vadis (1951); Uma Aventura na Índia (1951); O Prisioneiro de Zenda (1952); Júlio César (1953); A Rainha Virgem (1953); A Um Passo da Eternidade (1953); O Rei e Eu (1956); O Céu é Testemunha (1957); Tarde Demais para Esquecer (1957); Crepúsculo Vermelho (1959); Peregrino da Esperança (1960); A Tortura da Suspeita (1961); Os inocentes (1961); O Olho do Diabo (1966); Casino Royale (1967); Movidos Pelo Ódio (1969).


James Mason (1909–1984)

 






  

O Castelo do Homem Sem Alma (1942); O Homem de Cinzento (1943); Amor nas Sombras (1944); Malvada (1945); Condenado (1947); A Sedutora Madame Bovary (1949); Na Teia do Destino (1949); A Raposa do Deserto (1951); O Prisioneiro de Zenda (1952); A Náu dos Condenados (1952); Ratos do Deserto (1953);Júlio César (1953); Nasce Uma Estrela (1954); 20.000 Léguas Submarinas (1954); Delírio de Loucura (1956); Intriga Internacional (1959); Viagem ao Centro da Terra (1959); Lolita (1962); O Aventureiro do Tahiti (1962); A Queda do Império Romano (1964); Gengis Khan (1965); Georgy, a Feiticeira (1966); Crepúsculo das Águias (1966); Duffy, O Máximo de Vigarice (1968); O Emissário de MacKintosh (1973); A Viagem dos Condenados (1976); A Cruz de Ferro (1977); Jesus de Nazaré (mini série - 1977); O Céu Pode Esperar (1978); O Céu Pode Esperar (1978);  Assassinato Por Decreto (1979); Resgate Suicida (1980); Assassinato num Dia de Sol (1982); Ivanhoé (1982); O Veredicto (1982); Dr. Fischer de Genebra (1984).