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sábado, 25 de setembro de 2021

ENCHENTE: QUEM SALVARÁ NOSSOS FILHOS? / THE FLOOD: WHO WILL SAVE OUR CHILDREN? (1993) - AUSTRÁLIA / ESTADOS UNIDOS

ENTRE A REALIDADE E A FIÇÇÃO

Após uma semana em uma colônia de férias no “Rancho Pot O 'Gold”, em Hill Country, fiéis da “Igreja Batista Seagoville Road” são surpreendidos, na véspera da partida, com a notícia de uma forte tempestade que se aproxima. Apesar de convocarem todos os membros a saírem mais cedo, o grupo é obrigado a pegar um desvio de rota, próprio para estes incidentes, porém quando o comboio chega à beira de um rio percebe que as águas estão subindo, mas o nível ainda está baixo o suficiente para atravessarem.  A travessia se inicia, porém, um dos  ônibus, dirigido pelo Reverendo Richard Koons, recebe água no motor, parando, o que ocasiona  também a parada da van que vinha logo atrás. Koons toma a atitude de descer com a esposa Lavonda e os jovens para que, junto com os ocupantes da van, realizem uma corrente humana e consigam retornar com segurança à parte seca. As águas, porém, sobem rapidamente desfazendo a corrente e arremessando todos no forte dilúvio que arrasta os veículos. Agora todos terão que tentar sobreviver agarrando-se em arvores, enquanto as águas elevam-se à altura das árvores e sua força torna-se intensa. 

Dirigido pelo neozelandês Chris Thomson (1945–2015) de “Trucks: Comboio do Terror” (1997), “Enchente...” aborda um caso real ocorrido em 17 de julho de 1987 em Comfort, Texas, quando uma enchente tirou a vida de dez adolescentes que estavam a caminho de casa ao saírem do acampamento da igreja após uma semana de confraternização.  E talvez maioria dos espectadores deva se perguntar por que Koons insistiu em atravessar o rio levando crianças e as expondo a perigos? Aí entra a realidade dos fatos contra a ficção (leia-se visão deturpada) criada pelos envolvidos do filme, um recurso comumente utilizado, para dramatizar mais a história.

A verdade, conforme publicado pelos jornais Washington Post e Los Angeles Times, na época, foi que Koons não atravessou o Rio Guadalupe. Eles estavam na estrada quando as águas do rio invadiram o local. Ao todo eram 43 pessoas, em quatro ônibus e uma van, quando os dois últimos tiveram problemas e ficaram presos no meio do caminho vendo as águas subirem e os arrastarem, obrigando cada um a tentar sobreviver até a chegada do resgate.

Conforme alguns depoimentos de sobreviventes e informações dos jornais: Jerry Smith (Norm Skaggs) nunca ficara zangado com seu filho e nunca lhe dissera que este seria o responsável direto em cuidar de suas irmãs no acampamento; o jovem que salvou vários amigos antes de ser visto pela última vez e, aliás, nunca foi encontrado, recebeu o prêmio “Medalha por Bravura” do “Young American”, concedido pelo presidente Bush e foi retratado como um jovem “sem noção” no filme; quando os bombeiros voluntários e outros chegaram, a forte torrente marrom já havia varrido o ônibus e a van para fora da estrada; uma menina de 14 anos, que foi retirada de uma árvore por um helicóptero, caiu para a morte antes que pudesse ser baixada para terra firme; outra filmagem mostra um socorrista em uma corda tentando inutilmente alcançar outra garota. Ela também se afogou; o helicóptero de filmagem realmente tentou ajudar nos resgates até que o combustível acabou; uma centena de outros voluntários que vieram de todo o país ajudaram a vasculhar as margens do rio (foram 2 semanas), 21 quilômetros de estrada (com cerca de 500 pessoas, apoiadas por helicópteros, guardas nacionais, mergulhadores e cães especialmente treinado). Todos os corpos foram encontrados menos o de John Bankston (no filme com o nome de Jeff Bowman); várias famílias processaram os proprietários do "Rancho Pot O 'Gold" pela morte de seus filhos. Os casos foram resolvidos fora dos tribunais; a esposa de Koons, Lavonda, foi arrastada um quilômetro rio abaixo; os policiais disseram, em uma entrevista coletiva, que o ônibus estava a 56 metros da passagem de baixa-mar quando tentou virar à esquerda, paralelo ao rio, e seguir três outros ônibus para uma estrada pavimentada mais alta; um jovem disse que foi ajudado a ficar em segurança pegando uma carona com um cervo assustado que nadava pelo rio turbulento. Quando as águas baixaram foram encontrados objetos nas árvores a cerca de 12 metros de altura. 

Do elenco, os mais conhecidos são: Joe Spano, como o Reverendo Richard Koons e Renée O'Connor como Leslie. Renée se tornaria conhecida pelo seriado neozelandês “Xena: A Princesa Guerreira” (1995-2001) no papel de Gabriele. O restante do elenco é conhecido por participações em telefilmes e séries.

“Enchente ...”, uma produção da rede NBC americana, estreou por aqui na TV Globo em 1996, no Intercine, tendo uma reprise na “Sessão da Tarde” de 1997. Posteriormente, foi para o SBT que passou a reprisar em várias ocasiões em sua sessão “Cinema em Casa”, onde o filme ficou mais conhecido dos espectadores. É um bom filme, bem dirigido, com ótimos atores, que acrescentou alguns pontos e não acentuou outros, mas que a crítica disse ter sido bem próximo aos eventos.


Trailer:



Curiosidades

Disponível no YouTube

Joe Spano conquistou um Emmy por sua participação no seriado Midnight Caller (1988–1991) e uma indicação pelo seriado Chumbo Grosso em 1981;

Renée O'Connor já trabalhou como diretora em cinco produções, duas do seriado Xena;

David Lascher (no papel de Brad Jamison) participou dos seriados: Barrados no Baile (1991-1992); Blossom (1992-1995);As Patricinhas de Beverly Hills (1996-1997); Sabrina, a Aprendiz de Feiticeira (1999-2002);

Michael A. Goorjian (como Scott Chapman) esteve em Eternamente Jovem (1992); Chaplin (1992); Despedida em Las Vegas (1995) e no seriado O Quinteto (1994-2000) participando esporadicamente de vários outros seriados. Tornou-se diretor com 14 produções até o momento;

Norm Skaggs (1955–2013) faleceu de câncer, aos 58 anos, em 2013. Ele fez o papel de Jerry Smith, pai de Mike (Scott Michael Campbell);

Filme de estreia da atriz Holly Brisley no papel de Tonya Smith;

O Rev. Richard Koons agora é pastor de outra Igreja Batista na área de Dallas.


Joe Spano em NCIS: Investigações Criminais








Renée O'Connor no seriado Xena









Os atores / atrizes atualmente














Cartaz:












Filmografia Parcial:

Joe Spano







Esposas Abandonadas (1972); Loucuras de Verão (1973); Sem Medo da Morte (1976); A Incrível Mulher que Encolheu (1981); Chumbo Grosso (seriado 1981-1987); O Grande Terremoto de Los Angeles (1990); Enchente: Quem Salvará Nossos Filhos? (1993); Apollo 13: Do Desastre ao Triunfo (1995); As Duas Faces de um Crime (1996); Uma Chamada do Passado (1997); A Guerra de Logan: Em Nome da Honra  (1998); Uma Questão De Fé (2000); Texas Rangers - Acima da Lei (2001); Terror em São Francisco (2001); A Guerra de Hart (2002); Nova Iorque Contra o Crime (seriado 2001-2003);  Um Crime de Mestre (2007); Frost/Nixon (2008); NCIS: Investigações Criminais (seriado 2003-2021)


Renée O'Connor







Tudo pelo Poder (1989); Um Assassino na Noite (1989); A Fúria do Justiceiro (1991); As Aventuras de Huck Finn (1993); Enchente: Quem Salvará Nossos Filhos? (1993); Hércules em Busca do Reino Perdido  (1994); Rio da Coragem (1995); Arquivo Confidencials: A Blessing in Disguise (1995); Darkman 2: O Retorno de Durant (1995); Hércules (seriado 1997-1999);  Xena: A Princesa Guerreira (seriado 1995-2001); Alien Apocalypse (2005); Ghost Town: The Movie (2007); O Pesadelo 2 (2007); Perigosas (2009); Ark (seriado 2010); Uma Questão de Fé (2017) Watch the Sky (2017)


domingo, 11 de abril de 2021

CROCODILO DUNDEE / "CROCODILE" DUNDEE (1986) - AUSTRÁLIA

CAINDO NO GOSTO DO PÚBLICO

Sue Charlton (Linda Kozlowski) é uma jornalista de um jornal de Nova York enviada para entrevistar  o lendário Michael J. 'Crocodilo' Dundee (Paul Hogan)  que supostamente fora atacado por enorme crocodilo onde perdera uma das pernas, mas que conseguira sobreviver ao arrastar-se por centenas de quilômetros pelos sertões australianos.  Sue faz contato com Walter Reilly (John Meillon), o coproprietário da empresa "Never Never Safari Tours" que irá apresentá-la a "Mick", como é chamado,  e este a levará a uma viagem de três dias até o local do ataque para que obtenha fotos e ilustre sua matéria. Só que Mick é bem diferente da lenda: foi criado por uma tribo aborígine local, sabe como caçar crocodilos, matar cobras venenosas com as próprias,  possui as duas pernas, é carismático, enigmático, charmoso  e inegavelmente chauvinista, mas durante a viagem ela percebe certo encanto naquele homem simples em sua relação com a natureza selvagem, um lugar completamente inapropriado a uma pessoa da cidade.

Depois de concluída a reportagem, Sue tem uma ideia: levar Mick, que nunca saíra de sua terra, para Nova York e terminar a história de um modo bem original. Dundee chega na  selva urbana de Manhattan onde descobre que as pessoas da cidade grande podem ser mais estranhas do que qualquer coisa que vira até então. Enquanto Sue passa a apresentar o ingênuo turista Mick a sociedade local, seu namorado e editor do jornal, Richard (Mark Blum)  não simpatiza com o cowboy australiano que nutri sentimento recíproco. Dundee encontrará personagens estranhos e divertidos em sua aventura na cidade, aprontará um sem número de confusões enquanto o sentimento por Sue vai aumentando e sendo correspondido.

O Ano era 1986. O ator era popular em sua terra natal e conhecido na América por ser garoto propaganda de um programa de incentivo ao turismo australiano. A concorrência era pesada: Top Gun; Conta Comigo; Platoon; Highlander; Karatê Kid 2, Aliens, o Resgate; Jornada nas Estrelas IV entre tantos outros. E “Crocodilo” Dundee (com aspas para o púbico americano entender que não era um crocodilo com nome de Dundee) se transformou no segundo maior sucesso de bilheteria daquele ano (perdeu para Top Gun e superou Platoon),  com indicação ao Oscar de Melhor Roteiro, o prêmio de melhor ator no Globo de Ouro para Hogan e indicação de melhor atriz na mesma premiação para Linda. Orçado em 7,8 Milhões , com um faturamento mundial de 360 milhões e 174,8 milhões só no mercado americano, pouco se acreditava que o filme alcançaria tal sucesso, até o ator Paul Hogan acreditava que seria um filme popular na Austrália visto que era famoso por uma série de tv australiana chamada "A Current Affair “(1971) e pelo seu programa "The Paul Hogan Show". Mas o filme se tornou a produção estrangeira de maior sucesso comercial até então com elementos que agradariam o público mundo afora: uma comédia de costumes, situações divertidas, um personagem muito simpático, humor ingênuo  e um romance cuja química funcionou plenamente na tela, chegando a extrapolar para a vida real onde Paul e Linda se casaram. Inclusive o consagrado diretor Ingmar Bergman possuía uma cópia em VHS do filme em sua filmoteca particular. A popularidade do filme e do personagem-título era tal que o número de turistas americanos à Austrália aumentou dramaticamente durante o ano de 1987.

 

Qual o motivo do sucesso? um filme salpicado de momentos memoráveis​​: na primeira parte com Mick “descobrindo a hora” ao olhar para o sol; hipnotizando um búfalo;  o canguru confrontando os caçadores; Sue sendo atacada por um crocodilo. Na segunda parte quando Mick, um peixe fora d'água,  passeia pelos meandros da cidade de Nova York: o encontro com os assaltantes, a ingênua conversa com a dupla de prostitutas,  uma maneira de determinar se uma mulher é realmente uma mulher (essa cena com certeza não seria utilizada atualmente, pelos motivos óbvios) ou aprendendo um pouco sobre escadas rolantes, gorjetas, o enigma do bidê; como usar uma lata para conter um furto...  o que nos leva a um final que nos remete a um conto de fadas que termina em uma cena bem engraçada na estação de metrô. E embora a maioria desses elementos fossem triviais, fundi-los foi pouco convencional o suficiente para que o filme parecesse algo novo. Não foi difícil entender o apelo que o filme tinha. Na visão de Hogan as pessoas nos EUA viram seu personagem como um cruzamento entre Chuck Norris (?) e Rambo (a faca de Dundee pode ser um indício deste último).

Quanto ao elenco Paull Hogan será sempre lembrado pelo seu característico personagem de chapéu Akubra, ingênuo, mas muito perspicaz quando a situação exigia. Linda Koslowski vinha do teatro e mostrou-se muito a vontade com uma personagem destemida e independente quando está em seu habitat. Era a estreia da dupla na telona e a inversão de papéis que os personagens sofrem quando não estão em seu habitat natural cria uma aura de simpatia a produção.  John Meillon é o simpático amigo e sócio de Dundee.  David Gulpilil é um aborígene que fez alguns papéis no cinema. Ele encontra Dundee e faz a dança com outros aborígenes.  Mark Blum (1950–2020), que faz o namorado de Sue, poderá ser lembrado pelo filme "Procura-se Susan Desesperadamente". O ator faleceu ano passado, aos 69 anos, em decorrência do Coivd-19.


Crocodilo Dundee é um filme divertido para todas as idades. Visto atualmente ainda se revela uma produção bem consistente. Teve quatro outras continuações: a segunda bem interessante (1988), a terceira fraca (2001) e a quarta lançada ano passado com o título "Very Excellent Mr. Dundee" (2020) 

 

Trailer:





 Curiosidades:

Apesar da insistência de Paul Hogan de que Crocodile Dundee era sua própria criação, mais tarde foi revelado que a inspiração da vida real para o personagem foi o bosquímano Rod Ansell. Rod Ansell se tornou popular na Austrália em 1977, quando seu barco virou durante uma expedição de caça solo e ele teve que passar dois meses preso no deserto. Ele sobreviveu bebendo sangue de vaca, dormindo com cobras e ocasionalmente lutando e decapitando crocodilos. Durante uma entrevista posterior à BBC sobre sua aventura (à qual ele teria comparecido descalço), Ansell mencionou que o hotel em que o colocaram era muito bom e tudo, mas ele decidiu dormir no chão. Estranhamente, foi esse pequeno detalhe - não qualquer coisa de luta animal - que teria inspirado Crocodile Dundee. Infelizmente, Ansell não viu um centavo com o uso de sua dita história e sua vida e casamento desmoronaram e ele acabou desenvolvendo um vício em drogas que culminou em um tiroteio com policiais, matando um. Alguns dizem que ele ficou louco devido à sua exclusão do sucesso dos filmes Crocodile Dundee - a produtora até o proibiu de iniciar sua própria "turnê Crocodile Dundee".

Quando Paul Hogan deu uma entrevista para Crocodilo Dundee em Hollywood (2001), ele acabou com o mito de que havia um verdadeiro Crocodilo Dundee. Ele garantiu ao entrevistador que não, e que a ideia do personagem veio de sua própria cabeça. Hogan admitiu que em uma viagem a Nova York se sentiu como um completo peixe fora d'água e a ideia começou a se formar em sua cabeça.

Rodado entre 3 de janeiro e 28 de fevereiro de 1986

Sergio Galvão e Marly Ribeiro dublaram Hogan e Linda respectivamente

Paul Greco (o nova-iorquino que conversa na rua e Dundee interrompe) e John Snyder (o cafetão) estiveram em Warriors - Os Selvagens da Noite (1979).

David Gulpilil (Nev) coreografou a tradicional dança aborígine exibida no filme. Ele é um dos dançarinos tribais mais famosos e aclamados de todos os tempos na Austrália.

Linda Kozlowski foi a única americana no set durante todo o tempo em que filmaram no Território do Norte da Austrália.

Este foi foi um dos cinquenta filmes australianos selecionados para preservação como parte do Arquivo Nacional de Cinema e Som do Projeto de Restauração da Coleção de Cinema Kodak / Atlab da Austrália.

O búfalo que Mick Dundee pacificou foi drogado.

O filme até hoje é o longa-metragem australiano de maior sucesso comercial da história do país.

Hogan e Linda se casaram em 1989 e se divorciaram em 2014


Cartaz:













Trilha Sonora:

Different World - INXS

Live it Up - Mental As Anything

Sloppy Crocodile - Mental As Anything 

Only One Like You - Maggie McKinney


Filmografia Parcial:

Paul Hogan 







Crocodilo Dundee (1986); Crocodilo Dundee II (1988); Quase Um Anjo (1990); Rapidinho no Gatilho (1994); Flipper (1996); Hora do Desespero (1998); Crocodilo Dundee em Hollywood (2001); Estranha Amizade (2004); That's Not My Dog! (2018); The Very Excellent Mr. Dundee (2020)

                        

Linda Kozlowski








A Morte de um Caixeiro-Viajante (1985); Crocodilo Dundee (1986); Crocodilo Dundee II (1988); Quase Um Anjo (1990); O Vizinho (1993); Backstreet Justice (1994); A Cidade dos Amaldiçoados (1995); Shaughnessy (1996); Crocodilo Dundee em Hollywood (2001)

 

John Meillon (1934–1989)







A Hora Final (1959); Peregrino da Esperança (1960); Sete Contra a Selva (1961); O Valente dos Mares (1962); O Vingador dos Mares (1962); Cairo (1963); A Sombra de uma Fraude (1963); Inferno nos Céus (1964); Os Rifles de Batasi (1964); Pelos Caminhos do Inferno (1971); A Longa Caminhada (1971); Entre Dois Destinos (1974); O Pônei Selvagem (1975);  Pato Selvagem (1983); Crocodilo Dundee (1986); Tudo pela Pedra Azul (1986); Crocodilo Dundee II (1988); Outback Bound (1988)


Mark Blum (1950–2020)


Procura-se Susan Desesperadamente (1985); Crocodilo Dundee (1986); Encontro às Escuras (1987); Mais Forte que o Ódio (1988); Casos e Casamentos (1995); Louco por Você (2000); O Preço de uma Verdade (2003); Ela Dança, Eu Danço 3 (2010); Assédio (2011); Inocência Perdida (2011); Infiel (2015); Missão: Moedas (2017); Amor Invisível (2019); Sister of the Groom (2020)


Reginald VelJohnson








Lobos (1981); Os Caça-Fantasmas (1984); Remo, Desarmado e Perigoso (1985); Crocodilo Dundee (1986); Assassinato em Segundo Grau (1987); Duro de Matar (1988); Uma Dupla Quase Perfeita (1989); Duro de Matar 2 (1990); Posse: A Vingança de Jessie Lee (1993); Family Matters (seriado 1989 -1998);  Pequenos Grandes Astros (2002); Pai, Filho e um Espírito Louco!! (2006); Steppin: The Movie (2009); Você de Novo (2010); Tron: A Resistência (seriado 2012- 2013);  12 Dias de Cão (2014); O Voo Antes do Natal (2015); Turner & Hooch (2021)


Fontes:

Jornal do Brasil

O Globo

IMDB

The NY Times

The Guardian

L A Times

Variety

Collider


quarta-feira, 8 de julho de 2020

MAD MAX: ALÉM DA CÚPULA DO TROVÃO / MAD MAX: BEYOND THUNDERDOME (1985) - AUSTRÁLIA



"DOIS HOMENS ENTRAM, UM HOMEM SAI"

Quinze anos após os eventos vistos em Mad Max II a civilização, como conhecida, é apenas uma memória. Os carros movidos a gasolina não existem mais, nem os criminosos nesses outrora possantes carros. Homens caminham como nômades a coletar resquícios de uma sociedade que ficou para trás. Nesse ambiente vemos Max em uma charrete improvisada com camelos sendo atacado por um pequeno avião biplano, cujo piloto, Jedediah e seu filho acabam por se apropriar. Max segue o trajeto do avião e descobre Batertown (“Cidade do Escambo”), onde a moeda de troca são utensílios e habilidades. A fim de tentar reaver suas posses, Max faz um acordo com Aunty Entity (Tina Turner), a poderosa governante local:  ele deve enfrentar "Blaster", o guarda-costas de "Master", um homem que divide o poder com Aunty e controla o fornecimento de gás metano à cidade.  A luta deve ser dentro da "Cúpula do Trovão" ("Thunderdome"), uma redoma onde desavenças são resolvidas e “dois homens entram e apenas um sai”. E "Blaster" sempre saiu. Max deve derrotar o gigante para que Aunty assuma o controle, soberana, mas o acordo entre os dois não pode vir à publico.


Dirigido por George Miller, em conjunto com George Ogilvie, “Mad Mad III” completa uma trilogia que define a personalidade do personagem principal. Visto sequencialmente percebemos que Miller criou uma jornada para o nosso herói. Se nas duas primeiras aventuras Max é um homem guiado por seus próprios princípios (como no segundo: “estou aqui somente pela gasolina”), primeiro movido pela vingança, posteriormente, pela sobrevivência. Aqui o personagem amadureceu, envelheceu, tornou-se mais profundo e humano, mas ao contrário da civilização em que se encontra, não perdeu seus princípios morais, uma característica que pouco vale nesse mundo e que lhe causará problemas.  


Miller queria fazer algo diferente, mostrar os estágios que a civilização precisaria galgar para se reerguer novamente. Para isso era necessário fugir das continuações que mantém uma fórmula intacta e repete o mesmo tema, exaustivamente, mudando apenas as situações. Miller ousou. Trocou a faixa adulta pela juvenil (13 anos nos EUA e 14 anos por aqui); abandonou a violência explícita; deu um caráter messiânico ao seu personagem retirando-o do “Guerreiro da Estrada” e tornando-o um “Guerreiro Nômade”; introduziu o humor e o nonsense (há homenagens aos “Caçadores da Arca Perdida” e “Indiana Jones e o Templo da Perdição”) e trocou a ação pela aventura. O resultado, para muitos, foi um filme inferior aos dois primeiros, mas ainda superior a muitas produções lançadas. Mas para aqueles que nunca tinham tido acesso ao primeiro e segundo filmes, devido a faixa etária para maiores, conhecendo somente agora Max, o filme agradou muito, até porque esse filmes podem ser vistos de uma forma independente não necessitando o conhecimento pregresso, mas, claro, quem acompanhou todos os filmes terá uma visão plena da obra de Miller, o que diferenciará muito sua percepção.


Talvez o maior problema com esse terceiro exemplar seja que a sequência mais empolgante do filme, o confronto na Cúpula do Trovão, acontece logo na primeira metade, com um clímax final muito breve.  Miller superficializou a estória que ficou carecendo de objetividade, num roteiro longo demais, sem um senso dramático e com um visual estilizado entre o primitivo e o futurista. Batertown, o primeiro assentamento substancial que vimos nessa distopia futura e que se reorganiza a partir do escambo (“onde só havia roubo, há comercio; onde só havia deserto há cidade”) foi uma boa ideia. Max se envolve no confronto político local, luta, sobrevive a "Blaster" (é na redoma que Max ainda se percebe humano, que possui dignidade, que não se perverterá como seus pares)  e a Aunty, mas as crianças perdidas (que simbolizam a pureza, a inocência não tocada por aquele mundo perverso e degenerado) frearam a ação ainda que justifique a ideia de Max se sacrificar pelo que será uma nova era para a humanidade. Difícil dizer se Max viu em “Feral Kid”, no segundo filme, um substituto ao seu filho e se essas crianças para Max simbolizam o que ele perdeu no primeiro filme, mas o conceito é interessante. Miller criou uma trilogia lógica, ainda que em seu último exemplar a história tenha perdido muito de seu ímpeto.


Mel Gibson (nome de batismo: Mel Columcille Gerard Gibson) está a vontade em seu Max. A pitada de humor e leveza que seu personagem carrega aqui parece que foi meio que um laboratório para a quadrilogia de sucesso “Máquina Mortífera” que estrelaria, no ano seguinte, ao lado de Danny Glover. Max se encontra no mundo devastado e faz a diferença no fim. De certo modo, sua jornada será vinculada a construção de dois pilares do novo mundo: a tribo do norte, cujo líder será o “Fera Kid” e as das “crianças do piloto Walker”.  A aparição de Bruce Spencer como Jedediah até hoje levanta questões se ele não seria o mesmo "Capitão Gyro" do filme anterior. A revista americana "Starlog" nº 44 (1985) afirmou serem personagens diferentes. O motivo de o ator receber um novo convite de Miller foi sua participação ter agrado os fãs em "Mad Max II". Até porque o “The Feral Kid”, já idoso, informa que eles tiveram sucesso em organizar uma sociedade e o capitão giro fora o primeiro dos líderes.  De certa maneira o filme meio que começa e se encerra também com seu personagem.  Tina Turner (nome real de Anna Mae Bullock), aos 46 anos,  fora convidada para estrelar “A Cor Púrpura” (1985) de Spielberg, mas declinou e, antes, tinha feito uma participação no filme Tommy (1975). A atriz conduziu bem, até porque houve uma identificação com  a personagem que perdeu tudo, sobreviveu e conseguiu se sobressair. Temos o veterano ator  Frank Thring (1926–1994), irreconhecível, do clássico “Ben Hur” entre outros na pele do Colecionador. Edwin Hodgeman como o leiloeiro e apresentador do “Thunderdome”, Dr. Dealgood, também se sobressai em rápida aparição.  Paul Larsson  que fez o "Blaster, na armadura" e o ator Stephen Hayes o "Blaster sem a máscara", além de Angelo Rossitto 1908-1991 (o pequenino "Master") ficaram bem caracterizados. Destaque para as aparições de Angry Anderson (como ”Ironbar”), vocalista da banda australiana de Hard Rock/ Heavy Metal “Rose Tattoo”; Geeling Ching (como uma guarda de Aunty) que participou do videoclipe de David Bowie, “China Girl”, e Brian Ellison, dublê e ator, que neste filme faz o homem que maneja a faca e Max atira em seu chapéu. Brian foi escolhido exatamente por fazer esse malabarismo no set de filmagens e chamar a atenção de Miller. Para a cena funcionar foi colocada uma pequena carga explosiva em seu adereço que, acionada, simulou receber um tiro.  Helen Buday que faz a jovem, líder das crianças, seguiu carreira no cinema australiano e está na ativa. Tom Jennings, o jovem guerreiro, voltou-se a séries e telefilmes australianos encerrando a carreira em 1992.


Max Max, Além da Cúpula do Trovão, se comparado dentro da trilogia, é o mais fraco, por mudar muito o conceito até então mostrado, mas finaliza a jornada de um homem tentando se reencontrar. Miller tentou trazer um ar de novidade à saga e agradou os que nunca tinham visto o personagem.  É um bom filme, no fim das contas: mais elaborado, mais pretensioso, mas que não obteve, junto aos fãs mais antigos, o aceite dessa obra. Ainda assim é um bom divertimento. Miller reuniria os elementos da trilogia em "Mad Max: Estrada da Fúria" na qual já anunciou que completará com mais duas sequências.

Trailer:






Curiosidades (contém spoliers):

Blaster foi interpretado por dois atores

George Miller perdeu o interesse no projeto depois que seu amigo e produtor Byron Kennedy foi morto em um acidente de helicóptero enquanto fazia uma inspeção no local. Isso pode explicar por que Miller lidou apenas com as cenas de ação, enquanto George Ogilvie lidou com o resto. O filme é dedicado a Byron Kennedy.

O filme não era originalmente um filme "Mad Max", mas um filme pós-apocalíptico de "O Senhor das Moscas", sobre uma tribo de crianças encontradas por um adulto. Tornou-se o terceiro filme de Mad Max, quando George Miller foi sugerido que Max é o homem que encontra as crianças.

Tina Turner teve que raspar a cabeça para que a peruca caísse. Ela teria tido nenhum problema com isso.

Os olhos de Max são diferentes; a pupila no olho esquerdo está permanentemente dilatada. Este é um aceno para Mad Max 2: A Caçada Continua (1981): Quando seu carro é forçado a sair da estrada por Wez e Max cai, ele sofre uma lesão grave no olho esquerdo, entre outras partes do corpo. A disparidade é mais fácil de ver em close-ups e muito fácil de ver em versões de alta definição do filme. 

A tempestade de areia no final do filme era real, e um avião de câmera voou nele para algumas fotos. A tempestade, na sua totalidade, atingiu a tripulação no deserto, forçando-os a montá-la em seus carros e onde quer que eles pudessem encontrar cobertura.

O vestido de malha de aço da Aunty Entity (Tina Turner) pesava mais de 55 kg.

Quando Max conhece Aunty, um saxofone é ouvido tocando, a câmera revela que a música não é a trilha sonora, mas acontece dentro do próprio filme, como um dos homens de Aunty está tocando. Este é um aceno para Mad Max (1979), onde a esposa de Max, tocando saxofone, é revelada da mesma maneira.

Em entrevistas sobre Mad Max 2: A Caçada Continua (1981), George Miller disse que, enquanto o mundo de Max estava após o colapso do sistema social / político / econômico que conhecemos, não foi após a Terceira Guerra Mundial. No entanto, de acordo com a introdução do Dr. Dealgood no Thunderdome, este filme se passa explicitamente após uma guerra, embora não necessariamente na Terceira Guerra Mundial.

Uma cena foi filmada, mas cortada, que Max tem um pesadelo sobre sua esposa Jesse e seu filho Sprog. Ele acorda, começa a chorar e começa a perceber que se tornou como a gangue de motociclistas que assassinou sua família. A cena excluída estava na novelização de Joan D. Vinge, mas faltam as imagens da cena excluída.

A arte do cartaz deste filme foi uma das últimas feitas por Richard Amsel.

Quando Max está desistindo de suas armas em Bartertown, ele desiste da besta de punho de Wez em Mad Max 2: A Caçada Continua (1981), que ele provavelmente recuperou depois que Wez foi morto por um caminhão.

Desde este filme, o termo "Assassino de Porcos" passou a significar "um pária vivendo à margem da sociedade".

Quando Max conhece "o assassino de porcos", eles passam por outro prisioneiro que é o personagem Charlie, do Mad Max original (o policial que se machuca e precisa falar com uma caixa de voz). (fonte IMDB)

O filme se passa quinze anos após o filme anterior Mad Max 2: A Caçada Continua (1981), que ocorreu cinco anos após Mad Max (1979). Isso faz com que este filme ocorra vinte anos após o primeiro.

A primeira da franquia feita com financiamento dos EUA, o que explica por que Tina Turner apareceu no filme.

George Miller havia planejado trazer Mad Max para a tela pequena e começou a desenvolver uma série de televisão baseada nos filmes Mad Max e que ele queria que Jon Blake, com quem ele havia trabalhado em Cool Change (1986), estrelasse a série. Mas a carreira de ator de Jon Blake terminou quando ele sofreu danos cerebrais permanentes em um acidente de carro e a série de televisão Mad Max nunca foi feita.

O co-roteirista Terry Hayes disse que: "Bartertown é uma versão aprimorada do nosso mundo (hoje)".

Havia rumores de que a sequência Mad Max: Fury Road (2015) se passa após Mad Max: Beyond Thunderdome (1985). No entanto, em Mad Max: Beyond Thunderdome (1985), Max tem cerca de quarenta anos e, em Mad Max: Fury Road (2015), Max tem cerca de 30 anos.


O apito que Max usa para atormentar temporariamente Blaster é o cachimbo de um Sailswain de marinheiro ainda hoje usado em navios da Marinha.

Não se explica por que Max não matou Blaster no filme. É possível que Blaster tenha lembrado Max de Benno (Max Fairchild), o lavrador autista que morava na fazenda de May Swaisey em Mad Max (1979) quando a esposa e filho foram assassinados por The Toecutter e sua gangue de motociclistas, ou ainda pode ter restado humanidade em Max que  achou ser errado e desumano mataro Blaster com deficiência mental. Alguns acreditam que Benno e Blaster são o mesmo personagem, apesar de serem interpretados por diferentes atores, e é possível que Benno possa ter sobrevivido à guerra nuclear.

Cartazes:






















Trilha Sonora:




















O Filme foi capa da antiga Revista Cinemin nº 19





















Capas de Revistas Estrangeiras:

                                     


Passado e Presente





















































We Don't Need Another Hero (Tina Turner)



One of Living (Tina Turner)




Uma Compilação do segundo e terceiro filmes



Frank Thring (1926–1994)














Angry Andreson 















Filmografia Parcial:
Mel Gibson










Mad Max (1979); Gallipoli (1981); O Ano Que Vivemos em Perigo (1982); Mad Max 2: A Caçada Continua (1981); Mad Max - Além da Cúpula do Trovão (1985); Máquina Mortífera (1987); Máquina Mortífera II (1989); Máquina Mortífera 3 (1992); Maverick (1994); Coração Valente (1995); O Preço de Um Resgate (1996); O Troco (1999); O Patriota (2000); Sinais (2002); O Fim da Escuridão (2010); Os Mercenários 3 (2014); Um Novo Despertar (2011); Plano de Fuga (2012); Os Mercenários 3 (2014); Herança de Sangue (2016); Pai em Dose Dupla 2 (2017); O Gênio e o Louco (2019); Boss Level (2019); Force of Nature (2020).