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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O MISTÉRIO DA PASSAGEM DA MORTE / THE DYATLOV PASS INCIDENT (2013) - ESTADOS UNIDOS / RUSSIA / REINO UNIDO






MISTÉRIO SEM SOLUÇÃO
Esses são os fatos reais: Em 2 de fevereiro de 1959 um grupo de nove esquiadores russos foram encontrados mortos, em circunstâncias misteriosas, em um local chamado Montes Urais (antiga União Soviética). Seu destino era uma montanha chamada Otorten (que na língua dos povos nativos significa "não vá até lá"). O que se sabe foi que, no quarto dia, uma nevasca obrigou o grupo a acampar em um local chamado Montanha Kholat Syakhl (que significa “Montanha dos Mortos”). Dez dias depois uma equipe de resgate foi à procura do grupo. A investigação concluiu que as barracas foram cortadas de dentro para fora; o grupo fugiu de meias ou descalços; não havia sinais de luta, os corpos estavam prematuramente envelhecidos e suas peles estavam alaranjadas e os cabelos esbranquiçados.



Eram sete homens e duas mulheres. Os cinco primeiros encontrados (apenas com roupas íntimas) morreram de hipotermia. Os quatro corpos encontrados, 2 meses depois, mudaria o rumo das investigações: dois estavam com fraturas no crânio e outros dois corpos com costelas fraturadas que perfuraram os corações (mas as peles estavam intactas) e um dos corpos femininos estava sem a língua (jornalistas chegaram a relatar que 6 dos membros do grupo morreram de hipotermia e 3 de ferimentos fatais)
A investigação chegou a conclusão que somente uma força extremamente poderosa poderia ter causado alguns dos ferimentos que se assemelhavam a uma colisão com um automóvel em alta velocidade ou um esmagamento de alta pressão. E havia evidências de radiação nas roupas. Houve relatos de estranhas esferas de cor laranja sobrevoando o local. Nunca se chegou a uma conclusão do ocorrido e o local passou a ser chamado de “Passo Dyatlov”, em homenagem ao líder do experiente grupo, Igor Dyatlov. Os corpos foram enterrados em caixões de zinco.
Documentos que foram arquivados pelo serviço secreto só vieram a público nos anos 90 e com partes faltando sobre o que se denominaria "Incidente do Passo Dyatlov".


Então chegamos a "O Mistério da Passagem da Morte", filme de 2013, dirigido pelo diretor Renny Harlin ("A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos"; "Duro de Matar 2"; "Risco Total"; "Do Fundo do Mar"...) que tenta aproveitar a história e dar o que seria sua versão do extraordinário. E o problema talvez resida exatamente aí: o filme é baseado em fatos reais apenas ao contar o ocorrido no local, no início do filme. Daí pra frente é algo completamente diferente: cinco estudantes norte-americanos resolvem fazer um trabalho para a faculdade abordando o curioso caso de "Passo Dyatlov" e nada como ir onde ocorreram as misteriosas mortes e fazer um trabalho "in loco". E claro que acontecerão vários problemas e o que quer que esteja no local aparecerá novamente, depois de décadas, atrás dos incautos estudantes. Isso está bem na cara, nem precisa olhar a sinopse.  Já viu esse filme antes? Provavelmente, mas até que o filme prende a atenção.



O diretor resolveu dirigir uma versão fantástica dos acontecimentos, onde colocou um pouquinho de cada coisa: monstro das neves, conspirações  e até citou  o cobertor de eletricidade de Einstein, mostrado em forma de ficção no filme "Projeto Filadélfia", aliado a isso temos o paradoxo da predestinação comentado de forma bem sutil, o que explica um pouco do final que muitos não perceberam. As cenas de ação ficaram boas porque o diretor tem experiência na área e sabe conduzir bem uma estória.


Não sei se a opção pelo found footage foi a melhor escolha. Desde "A Bruxa de Blair" muitos tentam esse formato e poucos conseguem resultados destacados. Se a intenção era dar “veracidade” a estóriao roteiro pecou em juntar diversos elementos para se aprofundar em apenas um determinado, perto do final.  Com isso o espectador deve ter em mente que o filme não é uma dramatização do ocorrido, mas um exercício de criatividade sob a  história oficial.

 
Quanto ao elenco, a utilização de atores pouco conhecidos não influenciou, mas também não funcionou como chamariz para o público querer assistir (a maioria dass pessoas gosta de atores conhecidos). Há dois atores que se destacam (a dupla principal) e o restante compõe a estória.


É um filme bem interessante que vai numa crescente, mas que perto do final perde um pouco de sua força. O diretor deixou algumas pistas pelo caminho. Quem está familiarizado com filmes que abordem paradoxos temporais  terá facilidade de compreender, pois há vários clichês do gênero. A dificuldade ficará para aqueles que pouco veem filmes deste tipo. No final causa certa decepção, mas vale pela solução bem louca que o filme apresenta. Mas claro que um mistério que perdura há anos não seria facilmente desvendado em uma produção de ficção.

Trailer (em inglês):


 
Curiosidades: 
O diretor foi até Moscou fazer pesquisas nos arquivos do governo


Trilha Sonora:
Chalyava  - Brazza
Choose Life  - Mirror Talk
Down and Out - Mirror Talk
Forrest - Yuri Poteyenko
Bunker - Yuri Poteyenko
Au Au  -Yuliana Yan
Ninety Nine Pounds of Dynamite  - Buddy Stewart
Unrest - Oh Boy Les Mecs
Slowly Moving  - Yuri Poteyenko 


O Livro de  Anna Matveeva:


Dicas para entender o final (contém revelações do filme):

A mulher revela ter estado no local dos acontecimentos na época;
A revelação de que nove seria um número incorreto;
Atenção à cena rápida dos lobos passando ao fundo (lobos ou ... descubram !!!!);
A explicação do Experimento Filadélfia  (explicada em minha análise do filme aqui);
Atenção ao início da análise onde explano os fatos reais e o estado dos  corpos;
Atenção ambientação dos personagens no final do filme (pela frase dos militares surpresos);

quinta-feira, 9 de março de 2017

PROJETO ALMANAQUE - PROJECT ALMANAC (2015) - ESTADOS UNIDOS



BOM FILME COM UMA POLÊMICA
        
David Raskin (Jonny Weston) é um jovem que busca uma vaga para estudar numa instituição de renome. Enquanto elabora projetos interessantes, busca um projeto que seu falecido pai possa ter pensado. Em seu sótão, com sua irmã, descobre uma câmera com a festa de seu aniversário no dia em que seu pai falecera em um acidente de carro. Relembrando os momentos, algo desperta a curiosidade do rapaz: em determinado momento da filmagem vê sua silhueta em um espelho, mas é sua própria imagem atual em sua festa de 7 anos. Ao mostrar o video aos amigos estes ficam intrigados. Logo David descobre no laboratório do pai uma máquina do tempo com um esquema que se refere ao Projeto Almanaque. David, seu grupo e uma nova amiga descobrem como acionar a máquina do tempo, viajando alguns minutos à frente. Varias situações começam a acontecer de acordo com o salto do grupo, porém algumas começam a sair do controle e David percebe que terá que quebrar a regra principal do grupo: jamais saltar no tempo sozinho.

                                                                                                            
Aventura de viagem no tempo juvenil produzida por Michael Bay (Pearl Harbor, Armageddon e a saga Transformers). 
Histórias de idas e vindas no tempo não faltam: desde a vitoriosa saga “De Volta Para o Futuro” a filmes já esquecidos no tempo como “Um Século em 43 minutos”, produções com essa temática podem acertar em cheio ou "dar com os burros n’água". Aqui o resultado é um meio termo, que agrada com seu argumento dinâmico, calcado na onda Found Footage. 


David é um jovem que perdeu o pai. Descobre uma máquina do tempo e segue os amigos em divertidas situações como ganhar na loteria, refazer aquela prova em que se deu mal (numa cena muito divertida) e, principalmente ir para shows e eventos durante horas e regressar alguns minutos ao tempo atual. 

 
Só que Projeto Almanaque não fica apenas em festas e resolve beber um pouco da fonte do próprio “De Volta Para o Futuro” e “O Efeito Borboleta. Cada vez que alguém volta no tempo para interagir com outras pessoas ou mudar um acontecimento cria-se um conjunto de novas situações como um avião caindo porque um aluno quebrou a perna.
Como em “O Efeito Borboleta”, o protagonista decide voltar no tempo para consertar algumas coisas que mudaram o presente e tudo acaba ficando fora de controle. Não tem a complexidade de “O Predestinado”, mas trabalha como o Paradoxo da Predestinação em que o personagem está fadado a repetir os eventos indefinidamente num looping temporal. 


Interessante que David construa a máquina como o cientista Doc, em “De Volta Para o Futuro”, mas aja como McFly (Michael J. Fox) ao mexer no passado. Por falar em mexer no passado bem que Michael Bay gostaria que a máquina tivesse funcionado de verdade, visto que a cena da queda do avião foi uma cena real, incorporada ao filme e que o produtor teve que vir a público pedir desculpas pelo ocorrido. Disse desconhecer que seu jovem diretor tivesse aproveitado a imagem de um acidente de 1994 e que imaginou ser oriunda de computação gráfica e que esta seria retirada na confecção do DVD.




O diretor Dean Israelite, em sua estreia, optou por uma aventura bem leve, um passatempo sem muita preocupação e fez um filme simpático ainda longe de ser um clássico. O filme não alcançou a bilheteria esperada nos Estados Unidos, com isso veio direto para o mercado de vídeo no Brasil. Não é ruim, nem brilhante apenas um passatempo interessante voltado para a faixa etária adolescente.

Trailer:




Curiosidades:

O acidente na qual se gerou a polêmica teria ocorrido na base militar de  Fairchild Air Force Base, em Washington, onde vitimou todos os 4 tripulantes do vôo. A produção alegou que usou as imagens de outro acidente: a queda de um avião em março de 2009,  no Narita International Airport emTokyo. . Bay informou que a cena seria retirada do DVD.

O custo da produção ficou em 12 milhões de dolares

Filmografia Parcial:

Jonny Weston
John Morre no Final (2012);  Doce Tentação (2012); Busca Implacável 3 (2014); Projeto Almanaque (2015); A Série Divergente: Insurgente (2015); A Série Divergente: Convergente (2016); A Série Divergente: Ascendente (2017).


Sofia Black-D'Elia
Era Uma Vez em Nova York (2013); Viral (2016); Ben-Hur (2016).

Sam Lerner
A Inveja Mata (2004);  Caminho Para o Coração (2012); Projeto Almanaque (2015); Mono (2016).

Allen Evangelista
Loucos de Amor (2005);  A Vida Secreta de uma Adolescente Americana (seriado 2008 -2013); Projeto Almanaque (2015).

Virginia Gardner
Projeto Almanaque (2015);  Como Defender um Assassino  (2015);  Nerds, Bebidas e Curtição (2016). 

Amy Landecker
Um Homem Sério (2009);  Apagar Histórico (2013);  À Procura do Amor (2013);  Projeto Almanaque (2015); A Intrometida (2015); Doutor Estranho (2016).

sábado, 22 de agosto de 2015

INFECTADO / AFFLICTED (2013) - CANADÁ





UMA CÂMERA NA MÃO E UM RESULTADO MUITO INTERESSANTE

Dois amigos resolvem partir em uma viagem de um ano ao redor do mundo documentando e postando na Internet. A viagem planejada pela dupla é especial para Derek Lee (Derek), que possui uma anomalia no cérebro que pode lhe causar um aneurisma e até mesmo levá-lo à morte. Derek, a contragosto da família, resolve embarcar na viagem com Clif Prowse (Clif) no medo de estar incapacitado em um futuro bem próximo e ter perdido a chance de aproveitar a vida. Tudo começa a mudar quando a dupla reencontra alguns amigos da banda de rock "Unalaska" em Paris e estes decidem que Derek deve conquistar uma mulher. Surge Audrey (Baya Rehaz), uma mulher que sai com Derek. Resolvendo fazer uma pegadinha com o rapaz o grupo vai atrás, mas quando entram no quarto vêem Derek ferido e inconsciente. Audrey desaparecera e restou apenas alguns de seus pertences. Com medo de ir para o hospital e perceberem o seu problema cerebral, Derek minimiza os acontecimentos e segue viagem com Clif para a Itália. Porém, a cada dia, Derek piora: começa a sentir-se muito mal, tendo mal estar ao alimentar-se, e seu aspecto físico nitidamente piora. O mais estranho é que, no meio desse processo, Derek começa a perceber que sua força e velocidade aumentaram muito e suas crises na mesma escala. De acordo com que o tempo passa, Derek parece cada vez mais perigoso, criando situações de risco que colocam a polícia no encalço da dupla.


Infectado (Afflicted, um termo para designar pessoas atacadas por uma desordem ou doença mental) é uma produção canadense de 2013 nos estilo  "Found footage" (filmes que se passam por um documentário, com uma filmadora para dar a sensação de realidade) podem dar certo ou muito errado. Exemplo: REC, Atividade Paranormal, Cloverfield e a mais famosa, nesse estilo, A Bruxa de Blair. O filme teve o seu custo em US 318.000,00, ou seja, é uma produção de baixo orçamento, mas, muitas vezes, não parece. O diretor tem um domínio de posicionamento de câmera que contorna situações que poderiam estragar o filme. Inicia meio despretensioso e, devido ao roteiro esperto, prende a atenção, trazendo um novo fôlego ao gênero que parecia estar quase moribundo. O que se deve deixar bem claro que o filme não é sobre uma doença que vai infectando populações inteiras. O título brasileiro sugere esse entendimento, mas aos poucos as situações começam a brotar e fica mais claro o tipo de filme que está passando

 
A ideia de filmar em três países, Itália, Espanha e França, mostra que a dupla pensou bem em como utilizar os seus recursos “in loco”, ao mesmo tempo em que propicia ao espectador imagens “naturais” dos países, sem digitalização. O espectador vai aos poucos sendo pego pela dupla de protagonistas que tentam resolver seus problemas das formas mais inusitadas e, em alguns momentos, até divertidas. O interessante é que a falta de grandes efeitos digitalizados contribuiu para aquele cinema meio autoral, onde a história e o diretor são tudo. Muito do que se vê é formado na mente de quem assiste e este é um grande aspecto, pois o espectador é obrigado a “entrar no clima” do filme e torcer pelos protagonistas ou pelo menos acompanhar suas angústias até o final bem bolado.


Na verdade, "Infectado" poderia ser facilmente classificado como a produção do meio, ou seja , ele abre brechas que permitem contar os fatos anteriores a este filme, como a origem de Aubrey, e os posteriores em uma continuação, revelando o destino dos personagens. O que normalmente ocorre em filmes com mais recursos é que passam a ter suas finanças controladas, com tempo estabelecido e ideias (leia-se criatividade) podadas, isso quando o diretor termina sendo pressionado a seguir as determinações do estúdio “do que realmente a plateia deseja”. Por isso, creio que uma continuação com total liberdade e um orçamento um pouco maior podem ser bem-vindos. A dupla de diretores / roteiristas e atores centrais devem ter deixados muitos de boca aberta ao produzirem um filme com tão baixo recurso e repleto de grande criatividade, onde gastam-se milhões em produções insossas ou que naufragam totalmente. E, de repente, uma dupla de adultos, que mais parecem saídos da adolescência, utilizam a máxima “uma câmera na mão e uma boa ideia” e mostram que, para se fazer um filme de horror, não são necessários baldes de dinheiro. Talento, criatividade e perseverança podem fazer uma baita diferença. 


Infectado ganhou prêmios no Fantastic Fest (Texas), nos Festivais de Stiges (Espanha) e Toronto (Canadá) que são festivais de renome. Por onde passou deixou sua marca. O filme em si não é nenhuma obra prima e muitos reclamarão exatamente de sua falta de recursos e efeitos de primeira linha. Alguns dirão que uma refilmagem com um orçamento decente permitiria uma obra que valesse a pena. Bobagem . Infectado não deve ser refilmado, para que possa lembrar a alguns diretores que existe muita gente boa com possibilidades, ainda que ocasionalmente, capazes de criarem um produto de qualidade. E o público tem que entender a dinâmica de ser fazer um filme em que se cata dinheiro na família e preenche os papéis secundários com amigos. Um filme para aqueles que gostam de assistir produções de terror sem a necessidade de terem sido feitos com algum grande ator como chamariz ou diretor de renome ou, até mesmo,  patrocinado por um grande estúdio. Uma boa pedida para quem estuda cinema e quer uma boa referência sobre bons filmes de baixo orçamento.

Trailer em inglês :

 

              
Curiosidades:

Em uma entrevista, os diretores informaram que a parede não era tão mole quanto imaginavam e que a mão de Derek ficou quase um ano lesionada.


O filme é de 2013, mas foi lançado comercialmente em 2014