Julie (Audrey Totter) vive o dilema de ser esposa de um lutador fracassado e envelhecido, que na última luta, após sofrer uma derrota, ficou algumas horas sem sequer reconhecê-la. Ela decide que não irá mais acompanhar as lutas do marido, principalmente contra um jovem de 23 anos. Stoker esteve “a um soco” de conquistar o título e passou a vida “a um soco de vencer várias lutas”. Ainda que o marido suporte mais algumas surras no ringue, ela não consegue mais suportar tais cenas, apenas deseja que ele desista e tente seguir outro caminho, sem saber que seu marido acabou de ser traído e que a derrota, afinal, seria um golpe de sorte para ambos.
Dirigido por Robert Wise (A Noviça Rebelde, O Dia em que a Terra Parou, Jornada das Estrelas - O Filme ...), que durante 5 anos se ocupou de filmes B do estúdio RKO, vindo de “Sangue na Lua” (Blood on the Moon). Foi a partir de “Punhos de Campeão” que Wise “estorou”, optando por uma abordagem realista, não glorificando o boxe, centrando na brutalidade e nos sacrifícios físicos e emocionais do grupo de lutadores que ali estarão em troca de dinheiro ou de uma ilusão de fama. Colocar o filme se passando em tempo real (72 minutos), o que corresponde exatamente ao tempo da ação na tela, aumentou a sensação de urgência para o espectador, méritos para o editor Roland Gross E principalmente para Wise que revelou ter editado o filme, após a tentativa de Gross, pois a quantidade de material era muito grande. “Matar e Morrer” (1952) não confirma a inspiração (se desenrola em 85 minutos), mas ambos funcionam nesse modelo e ambos evitam exageros heroicos, mostrando protagonistas vulneráveis, a sensação de solidão em meio ao caos e suas lutas interiores. O “Touro Indomável” é citado como sendo inspirado por Punhos de Lutador.
Traições, um protagonista encarando a inexorável ação do tempo, expectativas desfeitas, vinganças ... foram elementos trazidos a partir do poema de Joseph Moncure March, The Set Up (1928) e adaptado por Art Cohn, de Stromboli (1950), compondo um dos melhores retratos do mundo do boxe no cinema.
A fotografia de Milton R. Krasner se revela marcada por fortes contrastes de luz e sombra, típicos do estilo noir, criando uma atmosfera sombria e opressiva, agregando a isso o uso de planos fechados e ângulos baixos, o que intensificou a sensação de claustrofobia, nas cenas dentro do ringue. Já a trilha sonora foi composta por C. Bakaleinikoff (Fuga do Passado – 1947), com Wise optando por uma abordagem mais econômica, onde a música aparece apenas quando realmente intensifica momentos-chave da narrativa, deixando que a tensão crie seu próprio espaço.
Quanto ao elenco, Robert Ryan desempenhou muito bem o papel do lutador com a idade contra si, percebendo que há algo errado por parte de seus amigos no ringue. Ryan compôs aquele personagem que cria um mundo de ilusão de que um dia sua sorte nesse esporte mudará. Audrey Totter interpretou a esposa que não suporta mais aquela vida, esperando angustiada o dia que receberá seu marido em um caixão. Ela só quer uma vida ao lado de quem ama. Alan Baxter interceptou Little Boy, poucas falas e um ar de constante ameaça. George Tobias ficou conhecido por ser Abner no icônico seriado a Feiticeira (1964-1971).
Produzido
pelo estúdio RKO Radio Pictures, um dos estúdios mais influentes da Era de Ouro
de Hollywood, conhecido por clássicos como Cidadão Kane (1941) e King Kong
(1933), que após ser comprado pelo bilionário Howard Hughes, em 1948, começou
sua derrocada culminando com seu último filme “Verão e Fumaça” (1961), “Punhos
de Campeão” ganhou seu status de clássico ao longo das décadas e hoje é sempre
lembrado como uma das grandes produções a abordar o mundo do boxe.
Trailer:
Curiosidades:
O filme recebeu dois prêmios em Cannes : Melhor Diretor e Fotografia
O relógio no início da praça marca 21h05, e o mesmo relógio no final marca 22h16. O filme se passa em tempo real.
Enquanto estudava na Universidade de Dartmouth, o astro Robert Ryan era um campeão invicto de boxe. O ex-boxeador profissional John Indrisano foi escalado para coreografar a luta, golpe por golpe, e é creditado na tela pelas "sequências de luta", treinando Ryan para a produção. Hal Fieberling, que interpreta "Tiger Nelson" no filme, também era um boxeador experiente, de acordo com a LAT
Martin Scorsese é um grande fã do filme e ficou tão impressionado com as sequências de boxe que teve que evitar deliberadamente copiar qualquer truque de câmera de Robert Wise quando chegou a sua vez de fazer um filme de boxe, Touro Indomável (1980) .
Um dos primeiros filmes a ser rodado utilizando o recurso do tempo real (ou seja, o filme tem a mesma duração dos eventos que retrata). Outros exemplos notáveis desse recurso narrativo incluem Festim Diabólico (1948) , Matar ou Morrer (1952) e Tempo Esgotado (1995) .
Robert Wise utilizou três câmeras para capturar as cenas de boxe — uma capaz de ver todo o ringue, outra focada nos lutadores e uma câmera portátil para tomadas rápidas e closes.
Com este filme, seu nono para a RKO, Robert Wise cumpriu seu contrato com o estúdio e pôde trabalhar como freelancer para outros estúdios
De acordo com JR Jones, biógrafo de Robert Ryan , Cary Grant parabenizou Ryan pessoalmente por sua atuação neste filme.
Joan Blondell foi originalmente considerada para o papel da esposa de Thompson antes que o papel fosse para Audrey Totter
Martin Scorsese mostrou o filme a Leonardo DiCaprio antes de filmar O Aviador (2004) . Ambos o consideram uma obra-prima. Este filme é frequentemente citado pela crítica moderna como um dos filmes de boxe mais influentes de sua época. Em uma entrevista recente, Robert Ryan citou seu papel como Stoker Thompson como seu favorito. O diretor Robert Wise ganhou o Prêmio da Crítica no Festival de Cinema de Cannes por seu trabalho no filme.
Este é um dos poucos filmes em que ambos os protagonistas da luta climática eram boxeadores. Ryan era boxeador na faculdade, e Baylor era profissional, com um histórico de 52-2.
Martin Scorsese vê o filme inteiro como uma alegoria do caos da vida, povoado por personagens que não estão apenas com azar, mas completamente azarados.
O boxeador que lê a Bíblia e fala sobre "apostar" na vida após a morte está, na verdade, apresentando um argumento famoso. Blaise Pascal escreveu extensivamente sobre o que é conhecido nos círculos filosóficos como "a aposta de Pascal".
Robert Ryan tinha quase 40 anos quando este filme foi filmado; seu personagem Stoker Thompson tem 35 anos.
Spoliers (se não assistiu ao filme, não leia este parágrafo):
Punhos de Campeão (1949) e O Invencível (1949) apresentaram uma cena em que os protagonistas vitoriosos acabam sendo espancados por mafiosos. Howard Hughes , então chefe da RKO, que produziu Punhos de Campeão (1949) , entrou com uma ação por plágio contra a produtora de Champion, a United Artists. Hughes venceu a ação e acredita-se que a UA retaliou, garantindo que Punhos de Campeão (1949) fosse esnobado no Oscar.
Cartazes:
Filmografias
Parciais:
Robert Ryan (1909-1973)
O Castelo Sinistro (1940), Luvas de Ouro (1940), Mulher Diabólica (1940), Legião de Heróis (1940), A Volta dos Mosqueteiros (1940), Mulheres de Ninguém (1943), Um Drama em Cada Vida (1943), Forjador de Homens (1943), Atrás do Sol Nascente (1943), Tudo por Ti (1943), Bombardeio (1943), Inferno no Pacífico (1944), Rancor (1947), Mulher Desejada (1947), O Passo do Ódio (1947), Ato de Violência (1948), O Menino de Cabelos Verdes (1948), A Volta dos Homens Maus (1948), Expresso para Berlim (1948), Nuvens da Tempestade (1949), Punhos de Campeão (1949), Coração Prisioneiro (1949), Alma Sem Pudor (1950), Cada Vida... Seu Destino (1950), Cinzas que Queimam (1951), A Estrada dos Homens sem Lei (1951), Horizonte de Glórias (1951), O Melhor dos Homens Maus (1951), Laços de Sangue (1951), Império do Pavor (1952), Escravo de Si Mesmo (1952), Só a Mulher Peca (1952), Rastros do Inferno (1953), Cidade Submersa (1953), O Preço de um Homem (1953), Homens de Sua Vida (1954), Sombras que Vivem (1954), Tormenta no Alasca (1954), De Volta da Eternidade (1956), À Borda da Morte (1956), Os que Sabem Morrer (1957), Por um Pouco de Amor (1958), O Pequeno Rincão de Deus (1958), Homens em Fúria (1959), Quadrilha Maldita (1959), O Gigante do Gelo (1960), O Rei dos Reis (1961), Heróis da Polícia Montada (1961), O Mais Longo dos Dias (1962), O Vingador dos Mares (1962), Uma Batalha no Inferno (1965), A Guerra Secreta (1965), Os Profissionais (1966), Caçada ao Pistoleiro (1967), Os Bravos Não se Rendem (1967), A Hora da Pistola (1967), Os Doze Condenados (1967), O Cadáver Ambulante (1967), A Batalha de Anzio (1968), Capitão Nemo e a Cidade Flutuante (1969), Meu Ódio Será Sua Herança (1969), A Máquina do Amor (1971), Foster (1973), O Homem de Gelo (1973), A Quadrilha (1973), Quando o Ódio Explode (1973)
Audrey Totter(1917-2013)
E o Marinheiro Casou (1945), Aventura (1945), Sua Alteza e o Groom (1945), Perfume do Oriente (1945), Mundo de Sombras (1945), Os Quatro Testamentos (1945), Main Street After Dark (1945), Emoção Secreta (1946), A Dama no Lago (1946), Milagres a Granel (1946), O Destino Bate à Porta (1946), Muro de Trevas (1947), Sem Sombra de Suspeita (1947), O Fim ou o Princípio (1947), Um Homem Irresistível (1948), Tensão (1949), Quando Morre uma Ilusão (1949), Punhos de Campeão (1949), O Enviado de Satanás (1949), Mulher e Crime (1951), Ainda Há Sol em Minha Vida (1951), A Morte Aponta a Sua Arma (1951), Companheiro Querido (1952), Intriga em Paris (1952), Sob o Céu da Coréia (1953), Campeão por um Dia (1953), Cantando no Rio (1953), Um Homem nas Trevas (1953), A Renegada (1953), O Massacre do Vale (1954), O Derradeiro Levante (1955), Cada Bala uma Vida (1955), Mulheres Condenadas (1955), Caravana (1957), Ghost Diver (1957), Gatilho Implacável (1958), O Homem de Virgínia (1962), Os Insaciáveis (1964), Chama Ardente (1965), Pelos Mares do Mundo (1968), A Natividade (1978), A Gangue da Tortinha de Maçã Ataca Novamente (1979), Paixão Destruidora (1984)
George
Tobias (1901-1980)
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