quarta-feira, 18 de julho de 2018

MARCAS DA VIOLÊNCIA / A HISTORY OF VIOLENCE (2005) - ESTADOS UNIDOS / CANADÁ / ALEMANHA




VIOLÊNCIA PELA VIOLÊNCIA

Tom Stall (Viggo Mortensen) é um pacato dono de um bar / restaurante na (fictícia)  cidadezinha de Millbrook, Indiana, nos Estados Unidos que tem seu estabelecimento assaltado por uma dupla de homicidas. Stall acaba confrontando a dupla que morre no local. Após o incidente, Stall se torna herói local passando a aparecer nos noticiários com repórteres batendo a sua porta em busca de um furo. Aos poucos sua vida parece voltar a rotina com a esposa (Maria Bello) e seu filho adolescente, Jack (Ashton Holmes), um jovem que sofre bullying nas mãos de um outro estudante, mas não comunica à família.


Dias depois surge em seu restaurante um homem enigmático com uma cicatriz no rosto e cercado de capangas. Ele começa a instigar Stall e chamá-lo de Joey continuamente. Stall e sua esposa ficam confusos quando esse misterioso homem chamado Carl Fogarty (Ed Harris) alega conhecer Stall de anos atrás e ter contas a acertar. Mesmo com a negativa de Stall,  Fogarty passa a rondar o local em seu luxuoso caso até que o xerife local descobre que esse homem que chegou a cidade é um perigoso matador com uma ficha extensa e ligações com o crime organizado. O cerco começa a se fechar e várias dúvidas a respeito de Stall e Fogarty começam a surgir.


Interessante filme do famoso diretor  canadense David Cronenberg (“Scanners: Sua Mente Pode Destruir”; “A Hora da Zona Morta”, “A Mosca”, “Spider - Desafie Sua Mente”, “Senhores do Crime”) num filme que é uma mistura de drama, suspense e ação oriunda de uma homônima Graphic Novel escrita por John Wagner e ilustrada por Vince Locke, em 1997, que foi  publicada pela Paradox Press e, mais tarde, pelo selo Vertigo, ambos da DC Comics. Devido Cronenberg não foi informado, até o momento de aceitar dirigir o filme, de que a estória seria baseada em quadrinhos, optando por fazer algumas mudanças e não seguir o publicado por achar que assim o filme teria alma própria.


Tratando-se de Cronenberg, um diretor prestigiado, a pergunta se o filme é bom depende de alguns critérios. Se o espectador nunca viu uma obra do diretor e está apenas assistindo ao filme podemos dizer que é um filme bem interessante. Há a questão do bullying sofrido pelo filho de Stan, há o mistério por trás do surgimento de um homem que alega que o pacato cidadão não é quem diz ser e uma esposa que começa a ficar confusa se o homem que conhece há anos nunca foi quem ela imaginara. Ou que tudo não passa de uma vingança pela por conta da dupla morta anteriormente no bar ?


O filme vai, aos poucos descortinando a vida de Stall e o espectador começa a ficar com uma "pulga atrás da orelha" com a eficiência de um dono de restaurante ao confrontar perigosos criminosos. O cerco começa a se fechar, Stall percebe que sua família está frente a um perigo mortal.  Fogarty é um homem decidido. Não vai apenas embora, quer que Stall o acompanhe até a Filadélfia para esclarecimentos. Stall diz que está sendo confundido com outra pessoa, mas agora esse é um problema menor. Sua vida e de sua família está em risco e Fogarty precisa ser contido de qualquer forma.


É um filme com muitas reviravoltas o que permite prender o espectador. Se é bom? Se observarmos o parágrafo anterior podemos dizer que sim, é um filme que surpreende por sua violência, cenas de sexo e as mudanças constantes que vão ocorrendo, mas se é o melhor de Cronenberg aí é outra estória. O diretor, sim, já fez filmes melhores e mais impactantes, mas Marcas da Violência não é um filme menor. É um filme bem feito com personagens bem delineados (tanto que deu uma indicação ao Oscar a Willam Hurt em uma participação de apenas 10 minutos) e oriundo de um material que valia a pena ser levado às telas. Cronenberg já havia passeado pelo tema "histórias de gangsters" no ótimo "Senhores do Crime", onde Mortensen está igualmente ótimo. Se compararmos as duas produções, podemos perceber o porquê deste filme não ser considerado o melhor do diretor (mas talvez o melhor nos últimos anos), ainda que valha muito a pena ser assistido.


O elenco se destaca. Ainda que Mortessen não tenha sido a primeira escolha para o papel (Thomas Jane de “O Nevoeiro” e “O Justiceiro” e Harrison Ford declinaram) é um ator de excelentes recursos e sem dúvida funcionou muito bem. Ed Harris é um ator que tem presença cênica muito forte e seu misterioso criminoso é um contraponto interessante. A ótima atriz Maria Belo tem um papel menor, mas não menos importante (foi indicada ao Globo de Ouro por sua atuação) e apesar de ser apenas 11 anos mais velha que o ator Ashton Holmes, no papel de seu filho, essa particularidade não é percebida pelo espectador. William Hurt abocanhou uma indicação ao Oscar (perdeu para George Clooney por Syriana - A Indústria do Petróleo), particularmente não entendi muito essa indicação. O resto do elenco está muito bem.


Marcas da Violência traz a assinatura de David Cronenberg, um diretor querido pela crítica europeia, por fazer um cinema bem diferente do tradicional e com muitas obras de destaque.  O "rei do terror fisiológico" (de filmes como "A Mosca" e "Gêmeos, uma Mórbida Semelhança”) fez um filme vigoroso, com momentos de suspense e cenas de ação muito bem coreografadas envolto em um questionamento sobre a natureza da violência. Seus filmes mais atuais não se enquadram dentro de um gênero propriamente dito e Marcas da Violência pode ser definido dessa forma. No final é exatamente o que o título original diz: "Uma História de Violência", bem contada, bem dirigida e com ótimos atores, mas com uma mensagem complicada: a violência como solução para conter a violência.

Trailer:





Curiosidades: 
Orçado em torno de 30 milhões e arrecadado o dobro

A publicação Empire nomeou o filme como 448º maior filme de todos os tempos. 

A revista cinematográfica francesa Cahiers du Cinéma classificou o filme como o 5º lugar na lista dos melhores filmes da década 2000-2009. 

Indicações  ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado 

As filmagens ocorreram no Canadá

Trilha Sonora:
Life of a Fool - Paul Burch
Club Hoppin' - Blinky Blink 


Filmografia Parcial:

Viggo Mortensen:












A Testemunha (1985); Duro de Prender (1987); Jovens Demais Para Morrer (1990); Anjos Rebeldes (1995); Corrida Contra o Destino (1997); O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001); O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002); O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003); Mar de Fogo (2004); Senhores do Crime (2007); A Estrada (2009); As Duas Faces de Janeiro (2014); Longe dos Homens (2014); Capitão Fantástico (2016).

Ed Harris














Coma (1978); A Fronteira (1980); Cavaleiros de Aço (1981); Creepshow: Show de Horrores (1982); Os Eleitos - Onde o Futuro Começa (1983); A Baía do Ódio (1985); Walker (1987); Paris Trout (1991); O Sucesso a Qualquer Preço (1992); A Firma (1993); Apollo 13 - Do Desastre ao Triunfo (1995); A Rocha (1996); Poder Absoluto (1997); O Show de Truman (1998); Círculo de Fogo (2001); Uma Mente Brilhante (2001); As Horas (2002); Meu Nome é Radio (2003); Marcas da Violência (2005); O Segredo de Beethoven (2006); Medo da Verdade (2007); A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos (2007); Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei (2008); Sem Dor, Sem Ganho (2013); Expresso do Amanhã (2013); Mãe (2017); Tempestade: Planeta em Fúria (2017); Westworld (seriado 2016 a 2018) 


Maria Bello
 











Plantão Médico (seriado 1997-1998); Duets: Vem Cantar Comigo (2000); A Janela Secreta (2004);  Assalto à 13ª Delegacia (2005); Marcas da Violência (2005); Escuridão (2005); Obrigado por Fumar (2005); As Torres Gêmeas (2006); Encurralados (2007); O Clube de Leitura de Jane Austen (2007); A Múmia: Tumba do Imperador Dragão (2008); A Grande Virada (2010); Sem Saída (2011); Sequestro Relâmpago (2011); Os Suspeitos (2013); A Casa dos Mortos (2015); A 5ª Onda (2016); Quando as Luzes se Apagam (2016); Em Busca de Fellini (2017); NCIS: Investigações Criminais (seriado 2017-2018)


William Hurt














Viagens Alucinantes (1980); Testemunha Fatal (1981); Corpos Ardentes (1981); O Reencontro (1983);  Mistério no Parque Gorky (1983); O Beijo da Mulher Aranha (1985); Filhos do Silêncio (1986); Nos Bastidores da Notícia (1987); Momento do Destino (1988); Simplesmente Alice (1990); Até o Fim do Mundo (1991); Tribunal Sob Suspeita (1994); Michael: Anjo e Sedutor (1996); Cidade das Sombras (1998); A Proposta (1998); Perdidos no Espaço: O Filme (1998);  Sunshine - O Despertar de um Século (1999); A.I.: Inteligência Artificial (2001); A Borboleta Azul (2004);  A Vila (2004); Syriana - A Indústria do Petróleo (2005); O Bom Pastor (2006); Na Natureza Selvagem (2007); Ponto de Vista (2008); O Incrível Hulk (2008); A Condessa (2009);  Robin Hood (2010);  Sombras do Além (2011); A Hospedeira (2013); Um Conto do Destino (2014);  Raça (2016); Capitão América: Guerra Civil (2016);  

Ashton Holmes
 

 


Marcas da Violência (2005); Poder Além da Vida (2006); Estrada Maldita (2007); O Abrigo (20110; Revenge (seriado 2011-2012); Acts of Violence (2018)

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